Now then, Mardy Bum 19: It was her heart that he was stealing

N/A: Demorou, eu sei, diculpa. Mas agora sou uma caloura em Relações Internacionais e me mudei pra Curitiba tem uma semana, então minha vida tá hiper corrida. Mudança é complicado e só instalaram minha internet no começo dessa semana. Quero aproveitar pra agradecer aos comentários hiper lindinhos do ultimo capitulo; cês são uns amores que me mantém com vontade de escrever! A saudadinha do meu namorado me fez escrever um capítulo BEM açucarado (im pretty gay this week), então se cês são diabéticas ou algo assim, eu não me responsabilizo. :(

Seria mentira dizer que fora difícil acordar. Ainda que tenha sido fácil cair no sono embalado pela voz rouca e doce do cara que está dormindo a dez centímetros pra direita, pouco mais de sete da manhã minha cabeça já estava a mil. Repassei tudo que aconteceu noite passada dezena de vezes e tenho quase certeza que sorri em cada uma delas.

Mas então, aproximadamente às nove e meia da manhã, outro pensamento mórbido penetrou a bolha cor de rosa e fofinha e infinitamente pré-adolescente que estava dentro de mim. Quantas garotas haviam tido essa mesma sensação? Quantas garotas haviam acordado ao lado de Alex e relembrado a noite provavelmente maravilhosa que tinham tido e esperado acordar ao lado do mesmo cara com quem dormiam?

E se o Alex-preso-enigma de noite passado tivesse sido substituído por um Alex-eu-nunca-quer-te-odiar-então-não-me-mostre-sua-cama?

Por sorte, seu corpo não tocava o meu em grandes áreas e eu consegui me levantar sem grande esforço. Tomei cuidado para não puxar o lençol ao vestir meu vestido e quando me abaixei para procurar minhas botas, encontrei um sutiã. Um sutiã que eu não estava usando noite passada.

— Isso aí também não é meu. — ele estava praticamente sentado na cama, com os olhos meio fechados por causa da súbita claridade. Seus cabelos apontavam para todos os lados, mas essa visão adorável não combinava com a brincadeira ácida que saíra de seus lábios.

Eu tinha sido pega em flagrante. E ele não planejava me deixar sair dessa tão fácil.

Terminei de fechar o zíper do vestido sozinha, com grande esforço.

— Pretendia sair de fininho?

— Não... Eu...

— Se levantou na ponta dos pés, vestiu a roupa em silencio e iria sair sorrateiramente?

É, basicamente.

.:.

Depois de longos minutos de biquinhos e beijos molhados, finalmente consegui trazer um Alex de banho recém tomado até meu apartamento. Fora dificil vê-lo saindo do banho com gotículas de água em seu ombro e pescoço e não poder sugá-las porque ele disse que era minha punição pelo meu comportamento de "sneaky Mardy Bum". Admito que ele estava com razão ao argumentar que “ Um bom dia seria legal, pra começar. Você podia elogiar meu desempenho noite passada. E sugerir uma ducha, depois, também não seria a pior das ideias. “ era uma saída melhor do que ir embora em silencio, só porque não sabia como agir.

Também fui intimada a ir à abertura do bar que Matt e Nick tinham se tornado sócios, naquela noite. A ideia de ir num lugar chique com os Macacos nunca tinha passado pela minha cabeça, mas Alex me assegurou que a imprensa não estava sabendo e seria algo mais para convidados.

— Aquela é sua cama? — pergunta esticando o pescoço em direção o meu quarto.

Minha resposta é cautelosa. — Depende... Por quê?

— Nada, nada. Só curiosidade.

— O que aconteceu com “I don’t ever want to hate you so don’t show me your bed”?

Suas mãos descartam a ideia demonstrando irrelevância.

 — Eu escrevo um monte de merda. Não deve prestar atenção nisso.

Ele me segue até o quarto com as botas pesadas fazendo um barulhinho agradável no piso de linóleo. Pablo provavelmente ainda dorme e fico esperando que Alex faça menos barulho com suas passadas, mas isso não acontece. Seu peso é jogado na minha cama como se ele fizesse isso o tempo todo, enquanto analisa meu quarto com interesse desconcertante. Analisar o quarto de alguém é mais ou menos como vê-lo de roupa de baixo.

— Quem é esse aqui? — pergunta segurando um porta retratos em vidro fosco do Natal de um ano atrás. Na frente de uma grande mesa está meu pai, minha mãe e Fernando, meu ex namorado. Não faço ideia de porque mantive a foto emoldurada depois de todo esse tempo.

— Meu ex-namorado... — respondo abrindo o guarda roupas causalmente.

— Hunpf. — ele meio que responde. — Não parece com alguém com quem você sairia.

Olho pra ele, as sobrancelhas arqueadas. — Só porque ele não parece com você?

— Entre outros motivos...

Jogo uma camisa embolada nele, não conseguindo ficar de cara fechada.

— O Fernando estudou comigo, na faculdade. Eu cursei escrita criativa por alguns semestres até decidir que eu tinha muito pouco experiência de mundo pra cogitar escrever alguma coisa. E jornalismo é um curso meio arriscado, no Brasil, antes que você pergunte. Ele era realmente inteligente, culto, mas...

— Casa logo com ele. — posso jurar que ouço ele resmungar, recolocando o porta retratos no criado mudo ao lado da minha cama, com a frente virada para a parede. Ele está tirando as coisas de lugar, mas age como um garoto de 16 anos, então não dá pra ficar puta.

Me inclino em sua direção, apoiando minhas duas mãos em cada uma de suas coxas até ficar a centímetros de seu rosto para dar um beijo rápido em sua boca.

— Nah, é dos arrogantes, implicantes, teimosos, ligeiramente infantis, liricamente talentosos e sarcásticos que eu gosto.

Ainda que tenhamos passado a noite juntos e ele provavelmente tem memorizado as curvas em meu corpo, abro sutilmente a porta do guarda roupas para que sirva de barreira  - ele ainda está ocupado demais analisando os quatro cantos do meu quarto para notar - enquanto troco de roupa, pegando da cruzeta velha um vestido bonitinho que nunca usei. Assim que termino de ajeitá-lo em meu corpo, penteio meus cabelos com os dedos em frente ao espelho.

— O que está vestindo? — pergunta franzindo o cenho em aparente desaprovação.

— Comprei esse vestido numa lojinha no centro; custou a metade do preço. — dou uma rodopiadinha bem gay e seguro a barra do tecido leve, feliz com meu achado.

— É claro que custou, só tem metade da roupa...

Franzo o cenho e o encaro. — Quando foi que começou a ligar para minhas roupas?

— Provavelmente quando você começou a mostrar a roupa de baixo dentro delas.

Wow, quanto exagero. O comprimento é um pouco acima do meio da coxa!

Me olho no espelho, orgulhosa por várias razões diferentes. O vestido é realmente adorável e me surpreendo que esteja me sentindo bem em algo tão feminino. Talvez essa mudança de comportamento tenha alguma relação com a quantidade de endorfina que fora produzida por causa de mãos ágeis e lábios quentes e exploradores do cara branquelo e totalmente gostoso sentado ao meu lado. Ou talvez seja porque a carranca de Alex transpareça que ele com ciúmes e ele odeia isso.

— Não que eu tenha algo contra você usando poucas vestimentas. Acredite, quanto menos, melhor. Aliás, se você quiser tirar ele agora, eu não vou me opor. Mas nós vamos sair e está frio pra caralho lá fora e você vai acabar me fazendo tirar o casaco e aí o vento pode levantar ele e você não iria querer isso, iria?
Ignoro a desculpa esfarrapada.

— Você não é meu proprietário, Turner. — faço questão de relembrar.

— Mas sou seu chefe. E essas roupas são inapropriadas.

Estreito os olhos. — Não seria inapropriado se eu estivesse usando no seu quarto.

— É diferente.

— Porque?

— Porque seria o meu quarto.

Bufo, implicando com ele sem que note.
— Uma noite comigo e você já acha que é meu dono? Imagina o estrago que eu faria dentro da sua cabeça com uma semana, Turner.

O tom da sua voz adquire um ar mais leve, zombeteiro. Aaaaaand, he’s back.

— Vejam só quem se tornou extremamente presunçosa da noite para o dia. Uma noite comigo e seu ego está atingindo o teto. Imagina o estrago que eu não faria em uma semana.

— Talvez tenhamos trocado mais do que fluídos corporais, ontem, e estejamos com a personalidade um do outro.

Alex franze o cenho, horrorizado. — Só você consegue tirar a diversão de sexo, Mardy Bum.

Bagunço o cabelo dele, envergonhada com meu comentário desnecessário e, tenho que admitir, asqueroso. — Eu não disse que não foi divertido.

Seus braços se fecham atrás de minha cintura. Ele está sentado, enquanto estou em pé com a barriga no nível de seu rosto. Seu olhar está preso ao meu fazendo com que seu queixo se erga como o de um garotinho.

— Então foi bom trocar fluidos corporais comigo, Olivia?

— Cala a boca, sabe que não foi isso que eu quis dizer. Nós não trocamos... — gesticulo com a mão me amaldiçoando pela explicação nojenta que disse antes — Não fizemos... isso. Nós...

Alex rompe numa risada. — O que, nós fizemos amorrrr?  — “did we make luuuuuuv?”

Estreito os olhos.

— Você tem setenta anos ou algo assim? — olho ao redor, fingindo espanto — Oh, Meu Deus, nós dormimos e viemos parar nos anos 50?

Seus braços são estendidos para o alto, numa postura de rendição.

— Me desculpe por querer tornar as coisas mais românticas do que uma simples troca de fluidos corporais.

— Argh. Nunca vai me fazer esquecer essa, vai?

— Nope. — Alex responde negando com a cabeça e sorrindo como um moleque.

Me permito passar os dedos pelos fios rebeldes e negros da cabeça dele, enquanto minha outra mão tira fiapos inexistentes de cima de seu ombro. Ele é tão bonito. - Até tento sufocar essa ideia, mas ela parece estar escrita com letras neons e garrafais em todos os cantos do meu cérebro. - Não bonito do jeito óbvio, do tipo de beleza que é estampada em capas de revistas de moda ou comercial de algum perfume francês com modelos de cueca. Alex é bonito de um jeito inteiramente... Alex. Suas orelhas e nariz são um pouco grandes para o resto do rosto, mas não é o tipo de defeito que chama atenção pela falha.

— Gosto da sua risada. — revelo sem me preocupar com as consequências. Estou me sentindo bem e ficar segurando elogios me parece infinitamente sem sentido.

— Gosto de rir assim.

— Devia fazer com mais frequência, então. Abandonar esse semblante de garoto mal.

Seus ombros são flexionados para frente, daquele jeito desconcertado e incerto característico.

— Acho que é uma risada rara. — seus próprios dedos bagunçam as mexas rentes à nuca — É que parece que só consigo...

— Depois de uma noite trocando fluidos corporais? — brinco fazendo biquinho.

— Quando eu estou contigo.