BE CRUEL TO ME 15: TEMPTATION

  Acordei e as luzes do sol já iluminavam o quarto por inteiro. Virei-me para o lado e só o que vi foi um monte de cobertas. Passei as costas das mãos pelos olhos para desembaçar a visão e de fato, havia só um monte de cobertas. Eliza não estava lá. Estranhei, pois ela nunca acordava antes de mim. Se tinha uma pessoa no mundo que gostava de dormir, era Eliza.

  Então, percebi que havia um bilhete sobre a pequena mesa que ficava ao lado da cama. Estendi meu braço para pegá-lo e me logo reconheci sua caligrafia miúda:

Alexander,

Tenho um compromisso e não posso adia-lo. Não queria lhe acordar então, nós vemos depois.

Com amor, Eliza.

   Levantei-me e deixei o papel na cama. Ela não tinha me falado nada sobre compromisso algum, mas resolvi deixar para lá. Não podia ficar controlando cada passo que ela desse.

Vesti-me e desci as escadas.

  Quando cheguei à cozinha deparei-me com Sam que estava de costas olhando na geladeira. Sua camisola, na verdade era só uma camiseta que ia até a metade da coxa e um tanto transparente. Encarei seu corpo inconscientemente e só percebi o que está fazendo quando ela se virou para mim. Rapidamente, disfarcei e fui até a cafeteira que ficava no balcão ao seu lado.

  Ouvi sua risada irônica atrás de mim.

  - Bom dia para você também, Alex.

  Peguei uma xícara e a enchi de café.

  - Já vi que educação não é seu ponto forte – ela disse após ser ignorada.

  Peguei um cookie que estava no pote a minha frente e sentei-me a mesa.

  - Bom dia – falei.

  - Muito melhor – ela sentou-se na cadeira em frente a mim – Eliza mandou avisar que não sabe que horas vai chegar. Falou que ligava pra você depois.

  Arqueei a sobrancelha e dei um gole no café.

  - Ela disse pra onde ia? – perguntei.

  - Quem tem que saber disso é você, ela é sua namorada não minha.

  - Huh, achei que não soubesse disso ontem a noite.

  Sam se inclinou sobre a mesa com os braços cruzados.

  - Falando desse jeito, você faz parecer que ontem à noite nós transamos loucamente.

  - Bem que você queria – disse me inclinando esperando que ela recuasse.

  Ela não o fez.

  - Não tanto quanto você – falou se inclinando ainda mais, ficando tão perto que pude sentir sua respiração em meu rosto – Mas você não tem coragem o suficiente para isso, não é mesmo?

  - Tsctsc. Garota, você não sabe o que está fazendo – voltei meu corpo para trás cortando nossa aproximação.

  Sam arqueou a sobrancelha a deu uma risada sínica.

  - Eu nunca sei o que estou fazendo, e isso só me trouxe coisas boas. Já você, me parece o tipo de pessoa que sempre toma cuidado a cada passo que dá. Que pensa muito sobre as atitudes antes de toma-las para elas não fazerem você perder a sua pose de durão. Mas olha só pra você, está de quatro por uma mulher que não importa o quanto ela transe, sempre vai ter cara de virgem. É patético o jeito que você olha pra ela. Eu não preciso disso. Sem relacionamentos, sem arrependimentos.

  - Huh. Bela historinha essa, como você chegou essa conclusão? Pesquisou no Google?

  Sua expressão permaneceu indiferente. Era como se estivesse vazia.

  - Não. Está escrito em letras maiúsculas em vermelho sangue bem no meio da sua testa. Só ter um pouco de perspectiva para ver isso – ela fez uma pausa - Você acha que eu sou uma idiota qualquer, mas é você que não sabe nada... Agora, eu tenho que ir me trocar. Algumas pessoas dependem do meu corpo para pintarem seus quadros.

  - Achei que não precisasse de roupa para o que vai fazer.

  Ela lambeu os lábios.

  - Não preciso de roupa para o que você quer fazer comigo.

POV Eliza

  Ele estava sentando em uma mesa do lado de fora do café. Mexia freneticamente em algo entre suas mãos, parecia estar nervoso. Quando me avistou caminhando em sua direção, uma expressão de alívio surgiu em seu rosto.

  - Oi – cumprimentei Dave.

  - Você veio – disse se levantando.

  - É claro que vim. Eu não sou de deixar as pessoas na mão.

  Ele abriu um sorriso. Havia me esquecido do quão bonito era seu sorriso.

  - Ah, por favor – ele puxou uma cadeira para que eu me sentasse.

  Dave ficou me olhando de um jeito que até chegava ser inocente.

  - Eu pedi um suco de maracujá, tudo bem? – desviou sua atenção para o pequeno cardápio em sua mão.

  - Maracujá, meu suco preferido. Quer dizer, nosso.

  - Você lembra. Uau – falou em um tom brincalhão.

  Sua reação me arrancou um riso.

  - Como você está? – perguntou.

  Dei um longo suspiro antes de responder.

  - Bem. E você?

  - Sobrevivendo – franziu a testa.

  - Realmente muito inspirador.

  Foi sua vez de rir.

  - Eu achei que você nunca mais iria querer me ver.

  - Dave, eu não odeio você como eu odiei George Lucas por arruinar Star Wars. Nós somos amigos e seu suco preferido é de Maracujá.

  Ele passou a mão pelos cabelos.

  - Senti falta dessas suas frases malucas – disse abrindo um largo sorriso.

  Dave era a pessoa mais querida e compreensiva que se pudesse conhecer. Eu não havia particularmente gostado do que ele tinha feito, mas sua companhia era acolhedora. Ele era uma das poucas pessoas que eu podia falar sobre tudo e que entendia aquilo que eu falava. Quando me ligou dizendo que queria me ver, primeiramente pensei em recusar, mas então pensei que não havia nada para se temer. Eu tinha consciência de tudo que estava acontecendo, e sabia dos meus verdadeiros sentimentos. Não havia nada que ele pudesse fazer para mudar o que eu sentia por Alexander, logo não havia perigo algum.

  - Senti falta de alguém para eu lutar com sabres de luz. Alexander não gosta muito disso. Acho que ele me acha meio estranha.

  - Mas é exatamente isso que faz você ser tão especial.

***

N/A: Oi meninas! ♥ Bem, vou logo me desculpando por esse capítulo. Eu não fiquei lá muito contente com ele, achei ele meio ZzzzZz e ele é (bem) curto. Mas eu postei porque o que eu tenho em mente pro próximo precisa de um certo tipo de ligação, enfim. Obrigada pelos comentários, vocês são lindassssss. Beijos, Bel.