Version Of Pervesion 05: Will you pour me...

      — Ele é irritante — Emma revelou para o telefone apoiado entre sua orelha e o ombro, enquanto pintava cuidadosamente a unha do pé.

      — Não... Ele é gostoso e isso irrita você. — Respondeu Annabel do outro lado da linha.

    — Não, tenho quase certeza que ele é só irritante mesmo. — decretou enquanto limpava o esmalte preto dos cantos dos dedos.

      — Ok, você quem sabe. — completou rindo.  — Como é Londres?

      — Depressivamente linda.

      — E os londrinos?

      — Charmosos, mas têm calças mais apertadas que as do Inglês.

      — Olha só quem está prestando atenção demais nas calças do inglês errado...

      — Ah, cala a boca. — dessa vez sua risada não deixou de ecoar pelo quarto do hotel. Era fácil demais conversar com Annabel. Se não tivesse o aparelho contra a lateral do rosto, podia jurar que estavam em seu dormitório, um ano antes, conversando embaixo das cobertas. Quando Emma e ela só podiam imaginar o que fariam quando a escola finalmente acabasse.

      — Eu sinto sua falta. — a loira relevou.

      — Eu também. Não posso acredita que já fazem meses da ultima vez que vi você. Meu pai é um idiota.

      O que acontecia era que Annabel era uma encrenqueira. Um imã de problemas, como os professores costumavam dizer. O espírito rebelde e inconsequente não era nada parecido com o disciplinado e amedrontado de Emma. Enquanto ela seguia as regras e ficava debaixo dos lençóis após o toque de recolher, Annabel estava fumando no telhado ou alimentando os cavalos no celeiro. E quando essas informações chegaram até Josh, ele havia agido como de costume e proibido Emma de se encontrar com Annabel, fora da escola, sob acusação de que ela era má influencia.

      Era ridículo.

     — Um idiota que quer o seu bem... — a voz da amiga saiu baixa. Ela ficara magoada, mas sabia como funcionavam as coisas na casa dos Homme.

      — Ainda sim um idiota.

      Houve um silencio, enquanto as duas xingavam Josh mentalmente.

      — Vai passar seu aniversário na Inglaterra?

      Emma suspirou.

      — Acho que sim. Me prometeram um mês inteiro e meu aniversário é em duas semanas.

      A ideia de passar seu aniversário de 19 anos ao lado de Alex não era algo que a mantinha acordada durante a noite, enrolada em ansiedade. Ainda que Josh não fosse ligado a demonstrações de afeto e a garota tivesse se acostumado em fechar-se para o mundo e não esperar muita coisa, Annabel, sua governanta e amigas da escola sempre faziam Emma se sentir especial, no seu aniversário. Mesmo que Josh ligasse tarde da noite numa conversa rápida e insípida, ela ainda tinha boas lembranças de “comemorações” de anos atrás. A perspectiva desse, ao lado do inglês, porém, não era nada boa.

      — 19 anos...

      — Eu sei... O que vai me dar de presente?

      — Não sei...

      — É bom que seja algo legal!

      — Tenho certeza que vou pensar em algo.

     — Preciso dormir. Amanhã o Alex preparou um dia OH-tão-divertido num parque, no centro da cidade. Eu tenho que dizer, Annabel, está se tornando difícil "ser uma rosa" com Alex. Na maior parte do tempo, ele parece inatingível.

      — Ele ainda é homem, Emm. E de acordo com alguns jornais de fofoca, ele é mais homem do que eu e você imaginamos. Só tem que manter isso em mente: se pega mais moscas com mel do que com vinagre.

      Emma deu uma ultima conferida nas unhas pretas dos pés e pensou a respeito.

      — Eu vou encher aquele homem com mel. Com sorte, ele sufoca.

***

      — Ei, Super Nanny, pode passar o amplificador? — Jamie brincou. Não era nem de longe a primeira piada ou trocadilho sobre babás da noite. Reunidos no apartamento provisório de Alex, eles tentavam jogar um jogo de tabuleiro e ter uma noite casual dos Monkeys.

      A diferença era que essa noite era Alex o alvo das provocações. E ele estava começando a ficar puto.

      — Jamie, pede pra Nanny McPhee aí passar a água.

      Nick e Jamie estavam se divertindo bastante com a situação, dava para notar. Desde que chegaram a Londres, as coisas estavam mesmo terrivelmente paradas e a falta do que fazer fazia os companheiros de banda agirem como garotos entediados. Os dias eram intercalados entre pegadinhas, provocações e tentativas de iniciar brigas.

      — Fuck off. — Alex respondeu destravando o celular em busca de novas mensagens.

      — Ei, Al, você já deu banho nela? Porque a irmã da Katie teve bebê há pouco tempo e vive dizendo que você tem que segurar a cabeça deles.

      Era ligeiramente doentio, mas a provocação levou a cabeça de Alex para um lugar diferente do que Nick provavelmente pretendia. A palavra banho junto ao nome de Emma não o trazia desconforto. Na verdade, se ele se permitisse, podia imaginar algo muito mais interessante...

     Matt jogou a tampinha da garrafa de água no ombro do musico, balançando a cabeça em desaprovação.

      — Péssima ideia. — o baterista diz, como se pudesse ler os pensamentos de Alex.

      Sim, Matt estava certo. Ele geralmente estava. Mas eram só pensamentos desconexos, ele não estava realmente interessado em se meter na vida bagunçada de Emma e os todos os problemas com o pai que ela tinha. Desde que saíra de turnê, sua relação com Arielle já estava suficientemente balançada. Alex temia que ele tivesse finalmente chegado ao estágio no qual ele perdia interesse não só no relacionamento, mas na garota. Não conseguia se lembrar da ultima vez que havia trepado com Arielle, mas se a cabeça dele já tinha começado a fantasiar com outras garotas, com certeza não era um bom sinal.

      Ele brincou com a tampa branca da garrafa plástica agora colada nos lábios de Matt e suspirou, resignado. Maldito fosse Josh e ele mesmo, por não ter tido os colhões para recusar o pedido.

      — Ela quer ir ao Satisfaction. — revelou pra ninguém em especial, mas Helders era o único próximo o suficiente para ouvi-lo. — O lugar com mais drogas, bebida e caras de pau duro por metro quadrado de Londres.  Acredita nisso?

      — Uma garota de 18 anos querendo beber e se divertir com garotos? — as sobrancelhas de Matt se tocaram, relevando falsa confusão — Não faz sentido nenhum.

      — E o pior é que ela acha que eu sou idiota. Que vou cair nos ardis dela. Não vai conseguir minha aprovação agindo como anda agindo.

      Matt removeu fiozinhos imaginários de sua manga.

      — Imagina que louco um mundo onde uma garota de 18 anos não ligue pra sua aprovação...

      — Ainda por cima, com as roupas que ela veste. É sério, parece que ela tem uma regra de não usar nada que cubra as pernas propriamente.

      — Aham, e isso te incomoda tremendamente.

      — O que isso quer dizer?

      — Que você não liga nem um pouco em olhar o corpo dela.

      — Vai se foder, Helders. Ela é uma criança.

      Foi a vez de Matt rir.

      — Criança?! Você está brincando, não está? Olha só pra ela, Alex. Emma é tudo, menos uma criança. Escuta, eu sei que a tarefa de Josh foi totalmente fodida. E eu lamento que você tenha que perder os poucos dias livres que temos sendo guia turístico da filha dele. Mas você está fazendo tudo errado.

      — Eu estou fazendo o que ele disse que eu deveria fazer. Não deixar nenhum cara chegar perto, sem bebidas ou boates...

      — A maioria das garotas da idade dela não liga a mínima para as opiniões do pai. Desconcertante, eu sei... — a ironia na voz do baterista não escapou a Alex. — Você precisa fazê-la acreditar que está ganhando exatamente o que queria. Ela quer experiências de verdade e você vai proporcioná-las, mas com restrições. Sem garotos ou bebidas. Ela tem que achar que está sob o controle, Al. Não se esqueça que ela é uma mulher, afinal.

      Alex pensou nas curvas generosas que faziam parte do corpo pequeno de Emma. Esquecer-se que ela era uma mulher? Pouco provável.

***

      A London Eye não era exatamente o que Emma ansiava quando descobriu que viria à Inglaterra. Era legal conhecer os pontos turísticos de uma cidade, mas essa viagem significava muito mais para ela que simples férias. Tinha convicção que após o termino, seu pai demoraria até deixá-la fazer algo longe de sua vigília. Londres não era só uma parada, Emma implorava internamente para Londres ser só o inicio da sua vida adulta.

      Mas cada vez que Alex preparava um passeio como esse – o terceiro dessa semana -, a garota podia sentir o sonho murchar. A vida adulta ficava menor no horizonte, enquanto o desespero e a frustração só crescia.

      Ainda sim, seria burrice não apreciar a vista eqnuanto estavam lá em cima. Dentro do globo de vidro, ela conseguia ter uma visão quase de 360 graus da minúscula capital londrina. Era charmosa, tinha que admitir. Dotada de elegância e simpatia, mesmo que estivesse quase sempre coberta pela neblina.

      — O que é tão engraçado?

      Emma virou-se nos calcanhares, surpresa por um segundo que não estivesse sozinha. Alex tinha estado tão silencioso que por alguns instantes ela havia esquecido de onde estavam.

      — Nada, eu só... Estava pensando em Sherlock.

      — Holmes? — ela podia ouvir a confusão na voz rouca dele.

      — Você conhece outro?

      — Eu também não conheço esse, na verdade. Pelo que sei, ele está morto tem algum tempo.

      Emma virou-se novamente para a vista, ignorando Alex.

      — Você não sabe de nada, inglês. Nós estamos descendo. Qual é o plano para agora?

      Não se deu o trabalho de tirar a cartilha com os pontos turísticos da cidade do bolso da jaqueta, só deu de ombros.

      — Eu estava esperando que você tivesse uma ideia.

      A garota quase riu. — Você nem se esforça... Talvez seja melhor eu pegar o próximo voo para os Estados Unidos e voltar pra casa.

      Não houve resposta.

      Ela voltou a atenção ele, com os braços cruzados no peito o encarando.

      — Você ia gostar disso, não ia? Que eu finamente te deixasse em paz?

      — Pode me culpar? Você não tem sido uma companhia exatamente agradável.

      — Não é como se você também fosse a pessoa mais divertida da face da terra.

      — É o que eu estou dizendo. Não seria mais fácil terminar tudo? Dizer ao Josh que você quer voltar para casa? Você não teria que me ver todas as manhãs. — o musico virou, tateando o bolso em busca de cigarros, até notar que estavam dentro da grande esfera de vidro e desistir— Deus sabe que eu ficaria feliz de não precisar ouvir suas reclamações sem fim...

      Do outro lado do vidro de Emma, por fora, uma borboleta pousara. Ela encostou no vidro onde o inseto estava parado e se lembrou da conversa com Annabel. Pelo canto de olho, ela analisou Alex e caminhou em sua direção, encostando eu seu braço para que ele a encarasse. O toque o surpreendeu, assim como a proximidade. Ele arqueou as sobrancelhas quando ela não soltou seu antebraço.

      — Por favor, inglês... Eu sei que isso não deve ser divertido para você, mas é minha única chance. Você não sabe como o Josh pode ser...

      Não sabia, mas podia imaginar. Lembrava da versão super controladora que Josh adquiria quando estava no estúdio. Alex não gostaria de estar perto desse Homme por mais que algumas horas diárias, mesmo que soubesse que o resultado nas musicas era geralmente satisfatório.

      Emma se aproximou alguns milímetros, fincando ainda mais sua pequena mão em cima da sua jaqueta de couro favorita. Alex lembrou vividamente da noite do Limelight, enquanto ela estava tão chapada que não conseguia manter-se em pé. Quando ele passou os lábios por sua clavícula e o perfume adocicado dela provocou suas narinas.

      — Se você pudesse fazer isso por mim... De verdade, eu não sei o que faria para agradecer.

      Porra, ela tinha que estar falando daquela forma? Tão próxima e suavemente, praticamente sussurrando as palavras enquanto seu corpo roçava levemente o braço dele.

      Ela era tão pequena, próxima à ele. E dentro da bola de vidro em que estavam, ainda no alto, mesmo que estivessem em processo de decida, ele notou que além de pequena, Emma era quase indefesa. Se ele quisesse, podia beijá-la até tirar o gosto de ferro que se encontrava na sua boca seca. Podia imaginar que gosto ela teria e se surpreendeu com a dificuldade que teve em espantar esse pensamento.  

      Com um resmungo baixo, Alex se afastou das mãos da garota, colocando a mão na cintura e analisando a reação dela.

      — Quer conhecer a Inglaterra? Quer realmente conhecer a Inglaterra? Porque isso – gesticulou desdenhosamente para a cartilha com os principais pontos turísticos – é só um pedaço. É uma fantasia. O lugar onde eu nasci, as ruas nas quais eu fui criado... É bem diferente. Você não vai ficar em hotéis bonitos com chocolates nos travesseiros e água quente como o que está hospedada.

      — Não me importo. — respondeu sem pensar.

      O musico suspirou, como se tivesse dando um passo arriscado. Dava para notar que a decisão estava sendo tomada ainda naquele segundo, havia um claro sinal de debate interno enquanto ele proferia as palavras que não poderia retirar, assim que escapassem. O convite não poderia ser desfeito e ele não tinha conseguido calcular os resultados e possíveis danos da ideia.

      — Então faça uma mala pequena, nada das quinquilharias que trouxe pro hotel. Só os essenciais, algo que caiba na mala do carro.

      Demorou um tempo para Emma absorver o que ele acabara de dizer.

      — Nós vamos viajar de carro? Como uma Road trip?

      A excitação em sua voz, seguida daquele sorriso infantil que espremia os olhos felinos fez Alex quase ter pena da garota. Ele tinha que estar sob controle e dar a ela somente a ideia de liberdade assim como Homme, mas parecia que algo dentro de si se agitara enquanto ouvia a felicidade urgente dentro da pergunta de Emma. Alex balançou a cabeça com um sorriso vil dançando nos lábios, convencido que a agitação estava somente dentro de suas calças.

      — Sim, Emma, é exatamente o que vamos fazer. Nada mais que música, a estrada e nós dois. Parece bom pra você?

N/A: Inspirada pelos desabafos/ultimos capitulos de duas das minhas autoras favoritas aqui do AMFanfics eu trouxe um outro capitulo pra VOP! Espero que ainda tenha alguém lendo, curtindo a fic. Esse capitulo foi mais pra ligar a proxima "etapa" da fic, uma na qual eu estou beem ansiosa, então desculpa se ficou pequeno ou sem tantos atrativos.. Prometo que os proximos serão mais Alex e Emma e a estrada, hahah. Beijos!