N/A: Dedico essa postagem a Débs, Babs e as leitoras do ask.fm que ficaram me pedindo para postar o segundo capítulo. Espero que gostem! |
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“As conversas, que já
tiveram um pouco de consideração, se tornaram diálogos como um esboço de um
jogo por sangue. Não parece justo que suas palavras maléficas consigam me
segurar.”
Not About Love – Fiona Apple
Na mala havia roupas de frio, três blusas, uma camisola. A velha camisa
xadrez era minha favorita, com buraquinhos perto dos botões, o vermelho
desbotado, os fios de linha na bainha, e folgada, muito folgada. Ela disfarçava
a magreza da má alimentação unida ao metabolismo rápido, acrescentando um,
dois, ou três quilos no saco de ossos. De manhã eu a colocava com a mesma calça
jeans dos meus 22 anos, comprada numa promoção da loja de departamentos. Eu
tinha um par de botas de frio tão horrendas que quando andava perto à pista
esperava um caminhão cegonha esmagar minhas pernas só para estragá-las. Gostava
delas. Gostava como crianças gostam de um urso de pelúcia surrado. Ainda não
inventaram a vaidade em Laketown. Tudo o que eu usava passava em branco, assim
como a tecnologia, o dióxido de carbono, o ateísmo e as drogas ilícitas. Estava
vivendo entre os jamais corrompidos, os que fazem de um pedaço da terra o
Paraíso. Eu prezo com todo o meu desejo que o anticristo nasça em Laketown.
A auxiliar de limpeza, que me visitava três ou dois dias da semana,
odiava minha blusa xadrez. Com o seu cheiro característico de chips de queijo
que se aproximava ao vômito, Amparo a olhava esperando queimá-la com o estalar
da língua. Em seu inglês apressado de costa-riquenha, mais precisamente exigia que entregasse a blusa para que
pudesse “lavar”, uma expressão amena da sua real intenção de dar um fim nela.
— Não hoje, é... Talvez outro dia — respondia, segurando o riso.
Como antes de ontem e antes e antes de ontem, Amparo repetiu a pergunta
esperançosa. Tomando uma caneca de café forte, neguei e agradeci o seu serviço,
dizendo que estava liberada. Ela saiu da casa bufando de ódio, lembrando que eu
deveria parar de comer essas “porcarias” e me alimentar com “comida de gente”
para não morrer com os vasos entupidos, como um de seus parentes.
Esperei-a sair quase sorrindo. Amparo era divertida porque não falava,
gritava; não aconselhava, mandava; tratava-me como uma de suas filhas que só
aprontavam. Eu me sentia nova, a adolescente problemática de 12 anos de idade.
Pus mais café voltando a atenção para o site de notícias. Incrível como
nada acontecia. Nada! Sem bombas atômicas, genocídios, sequestro do presidente,
protestos de imigrantes, imagens vazadas de grandes julgamentos ou uma matéria
completa sobre outro preso e sua injeção letal. Se eu quisesse, passaria o
resto da minha vida na casa do lago, e o mundo continuaria estagnado, sem
passos bons ou ruins, exatamente como o deixei.
Fechei o notebook decepcionada. Às vezes era negativa para ter algo com
o que me preocupar. E me preocupava o fato de que nada estava me preocupando.
Sinal de que preparavam alguma rasteira maliciosa.
Percorri a casa enfiando o último pedaço de pão na boca, quase
derrubando o café ao me engasgar. Fui para a varanda da frente, olhando pela
primeira vez a paisagem, a abertura na floresta e a trilha por onde caminhava.
O morador da cabana do outro lado do lago preparava o barco para entrar na água
com a ajuda de duas crianças. A paisagem era linda como todas as outras
paisagens, e a sua falta de diferencial normalmente me enfadava. Mas hoje,
mesmo sendo de manhã, estava ensolarado como o fim de tarde. Um sol frio e
luminoso, os harmoniosos raios ultrapassando a floresta de pinheiros,
refletindo na água negra.
Desde o começo da semana levava com Amparo uma conversa sobre comprar um
bicho de estimação. Num dia em que saí da mercearia procurando uma farmácia,
descobri um pet shop espremido entre o correio e a floricultura. Empolguei-me
com a ideia a ponto de escrever em meu bloco de notas nomes para gatos. Sim,
porque eu queria um bicho bem peludo e cinzento, de rosto rabugento,
preguiçoso, odiador nato de carinho. Entretanto, duvidava encontrar um tipo tão
específico de felino nesse pedaço esquecido do mundo. Mesmo assim me deliciava
ao imaginá-lo caçando os ratos da cozinha.
— Por que não um cachorro? São ótimos companheiros — disse Amparo, ao
colocar os pratos no lava-louças.
— Não, nada de cachorros carentes, prefiro gatos.
— Gatos são traiçoeiros e independentes. Para que comprar um animal se
ele não vai ficar ao seu lado?
— Talvez eu queira ficar sozinha.
— Se quisesse ficar sozinha, não cogitaria um bicho de estimação.
Na cabeça de Amparo, afagar-me para dizer gentilmente que eu precisava
de um companheiro de quatro patas era um ato impraticável. Preferia deixar
subentendida sua compreensão sobre mim, a de mulher mimada e que se acovardava
ao chegar à borda da caverna. Acredito que sentia pena do animal que compraria,
nele jogaria a frustração da minha vida.
— Que seja um cachorro — falei, decidida. — Se escolher um gato vou
aturar Amparo reafirmando sua tese de que sou uma mulher medrosa. Será que ela
diria isso? Com certeza diria.
Uma mania que tenho desde a minha infância é pensar em voz alta. Como
era uma garota solitária, tinha um amigo imaginário chamado Adolf. Adolf teve
uma morte inexplicável quando descobri que esse era o primeiro nome de Hitler.
— Aparentemente tenho medo de ser afável — analisei, apoiando os braços
no batente da varanda e observando as ervas-daninhas que estragavam o canteiro
em frente a casa. — Se o meu gato fosse embora, não sentiria sua falta. Agora
se eu me apegasse a um cão...
A ladainha se desfez quando atentei ao barulho de galhos e folhas secas
se quebrando. Um carro cinza saiu da estrada, estacionando na entrada da
cabana. Lembrava cada detalhe seu, o dirigi por dois anos, até Nick o tirar da
garagem, levando-o para um hotel ou a casa da amante — fico com a última opção.
Prevendo quem sairia do automóvel, tentei não recorrer à espingarda sobre a
lareira da sala de estar.
— Sorte te encontrar em casa. Continua insistindo nas caminhadas após o
café da manhã? — travou o carro e pôs um envelope branco sob o braço robusto. — Parece surpresa.
— Não estava preparada para a aparição de um fantasma.
— Pelo visto, seu humor continua o mesmo. — Nick subiu os quatro degraus
para a varanda. Como se nunca tivesse ido embora, beijou minha bochecha, dando
um sorriso que revezava entre o oscilante e o amigável. — Podemos conversar?
— Ih, foi mal, estou atrasada para a “velha caminhada” — apertei a asa
da caneca como âncora, soando mais irônica que sincera. — Por que não volta
outro dia?
— Desculpa, não farei isso. — Ao balançar a cabeça, tornou-se
incorruptível. — Conversaremos hoje, Tracy. Foi uma longa viagem da cidade até
aqui.
— Para perder seu precioso tempo vindo ao meu encontro, deve ser algo
espantosamente importante. Me permita adivinhar... — fechei a mão sob o queixo,
fingindo fortes pensamentos: — Ah! Não me diga que é o convite do seu casamento
com a... Como é mesmo o nome dela?
— Grace.
— Isso! Estou feliz que tenha encontrado uma nova babá — sorri, pondo
saudosamente as mãos em seus ombros.
Ele se agitou, repelindo meu toque com um aperto de lábios. Respondeu-me,
mesmo incomodado:
— Sabe que não é nenhum convite de casamento já que somos marido e
mulher perante a justiça.
— Quer dizer que teria coragem de me convidar para--
— Podemos conversar e de preferência sem iniciarmos uma briga? — interrompeu-me impaciente, erguendo a voz.
— Preciso de um pouco mais de café — rolei os olhos e abri a porta de
entrada.
Ele me seguiu até a cozinha, com o habitual pisar troglodita, mal
conseguindo controlar o peso do corpo. Nicholas sempre foi grande, para os
lados e para cima, desajeitado, tímido, quieto. Acompanhei sua transformação de
adolescente silencioso para um adulto silencioso, mas com uma visual melhora no
desempenho social. A primeira vista, continuava como no passado. Bastava abrir
a boca para ser algo mais que sua desastrosa aparência. Disse-me que o bar o
tirou da concha, ajudou com a sociabilidade. Agora entendo seus métodos,
superando a timidez ao paquerar as clientes.
— Ainda prefere chá ou foi mais uma coisa que mudou em sua nova vida,
além da esposa, claro — brinquei, enquanto devolvia o bule de vidro para a
cafeteira.
— Se tiver chá gelado, aceito. — Ele se sentou em uma das cadeiras da
bancada, abrindo o envelope branco. Vê-lo naquela cozinha era o mesmo que
dialogar com um pedaço de ontem.
Da geladeira retirei uma jarra de chá gelado e coloquei ao seu lado
junto ao copo. A obrigação ou o prazer de servi-lo já não existia, assim como a
minha vontade de parecer educada.
— O que quer? — ocupei a cadeira do lado oposto a sua.
— O advogado entregou os papéis da separação. — Com os dedos, empurrou-os
para debaixo dos meus olhos. — Trouxe-os para a sua assinatura.
Desatenta, observei as pequenas letras. Unindo ao fato de estar sem meu
óculos havia a desmotivação de ler pequenos parágrafos robóticos estabelecendo
o término de uma vida.
Bebi um gole de café sem a menor pressa.
— Tem uma caneta? – perguntei vagamente.
Nick passou a mão pelo corpo, primeiro nos bolsos do casaco, depois no
bolso traseiro da calça jeans. Finalmente encontrou uma esferográfica de tinta
preta. Entregou-a hesitante, em seu provável questionamento de “como foi tão
fácil convencê-la de que esse é o caminho certo?”. Sussurrei um gentil
“obrigada” e deslizei o pincel nas letras risíveis. Primeiro o “F”, por
último o “A”... Quando devolvi o papel, a expressão estagnada de seu rosto agiu
como cócegas em minhas entranhas. Ele balbuciou em voz alta a assinatura de
Tracy O’Malley no que um dia foi nosso divórcio:
“Que se foda você e
aquela piranha!”
— Para de infantilidade, Tracy! — bradou assim que o deixei sozinho na
bancada.
— Hora de ir embora, Nick. — Com firmeza, esperei-o no portal da
cozinha.
Ele bateu os pés no assoalho até ficar de frente a mim, tamanha era sua
raiva e mágoa. Ergui meu prepotente nariz, com bastante orgulho e
indiferença a sua aflição.
— Se um dia si perguntou por que fui embora... Está aqui um bom motivo —
rasgou o papel rabiscado diante de meus olhos. — Você é uma criança de humor
insuportável.
— E quando se envolveu comigo sabia muito bem quem eu era! — revidei
preparada para o começo, meio e fim da briga. — Foi o único que isentei de toda
essa inconstância na qual vivo, o único que me esforcei para oferecer o melhor,
e ainda assim teve coragem de me chutar como vândalos chutam flamingos de
jardim!
— Seu ponto de vista, Tracy, não o meu! — arregalou os olhos, apontando
para si. Por ser um homem calmo, sua versão contrariada me impressionava, para
não dizer “assustava”. — Essa acidez esteve presente em todo o casamento, a
frivolidade e distância... Necessitava que eu estivesse triste, fragilizado e
perdido para poder pintar sua imagem bondosa.
— O que esperava? Acha que não tentei transformar o monstro que sou? Eu
sou humana e tenho defeitos, porra! — gritei num desabafo contra a sua busca da
amante perfeita. Pude sentir as veias de meu pescoço latejarem de força e
raiva.
Nick engoliu em seco, levando a mão trêmula às têmporas. Os olhos
vermelhos e marejados se apertaram com força, e num balançar de cabeça voltou a
falar fracamente:
— Várias e várias vezes me perguntei o nível de sua humanidade. Mas na
maior parte do tempo dividia a cama com uma estátua de gelo.
Os meus ouvidos se ofenderam a ponto de quase sangrarem. Sem a menor
delicadeza passei a palma da mão em uma lágrima que escorria. Ele trouxe à
superfície minha versão desconcertada.
— Vá embora — sussurrei.
Acredito que meu ex-marido tenha percebido o quão longe havia ido.
Jamais revelara tamanha sandice, quem sabe tamanha lógica, do que eu era quando
estivemos juntos. É difícil encarar a verdade do que o é o pior de você.
— Tracy, por favor, me desculpe.
— Merda, Nick, só vá embora — insisti, apontando para a porta.
Ele não se mexeu, talvez mais em choque do que a vítima de suas palavras
maléficas.
Se Nick estava estagnado em seu arrependimento, eu sentia-me sufocada
com a divisão de espaço. Com gestos lentos e doloridos, afetada pelo golpe
certeiro, vesti o casaco preparada para a caminhada de todos os dias. Agora
lutava para voltar à rotina e desfazer a sensação ruim da recente discussão.
Saí de casa repreendendo as demais lágrimas, evitando que ele me visse chorar
com a crueldade da sua imprudência.
***
Andei por áreas
inexploradas da floresta, atentando a distância que mantinha da trilha. Como
passava pela falência de autocontrole, voltar à vereda era correr o risco de
reencontrar o carro de Nick junto a uma nova discussão. O medo de desaparecer entre
as árvores, errar o caminho e entregar-me ao perdido se desfez quando aprendi
que, não importa o ritmo dos passos e a direção deles, você sempre encontrará
uma cabana.
Retirei um tempo para
descanso, sentada numa pedra, entretida com um formigueiro ao lado de galhos
partidos. Abstrai o que acontecera e voltei à infância, à astúcia que tinha em
encurralar formigas e fazê-las queimar com uma lupa. Lembro-me de meu pai
chamando o meu nome pela casa, perguntando se havia visto o seu instrumento para
estudos paleográficos. Eu a enrolava numa meia, jogando-a debaixo da cama,
soprando longe a formiga morta, afastando-me do sol que entrava pela janela e
recuperando a atenção dos meus desenhos de guache preto. Meu pai nunca achou
aquela lupa e demorei um bocado até parar com as mortes das formigas.
A minha falha
empática parecia inexplicável. Recebi a mesma educação das demais filhas, mas
era tão oposta a elas quanto o patinho branco misturado aos amarelos. Jamais
senti dó das formigas que matei. Durante anos considerei os homens como
formigas de 1m 73cm; Nick estava isento de outro julgamento. Ofereceu-me uma mão
para sair dessas suposições, agarrei-a crente que aprenderia a perceber o quão
errada estava, e devido a isso fiz de seus ensinamentos minhas regras para
melhor vivência. Hoje, olhando o formigueiro e pensando em Nick, volto a
cogitar a hipótese de que fui enganada por um inseto que reverteu sua lupa
sobre a minha carcaça que queima numa prolongada dor.
A andança estendeu
para novos acessos e deles voltei à trilha principal. Constei a hora no relógio
de pulso para ter certeza que dera tempo o bastante para que Nick se aprumasse
tomando o próprio rumo. A sensação de cansaço e sonolência decaía meu estado de
alerta, logo desatentei as demais coisas, permitindo fluir o desapego
ambiental, insistindo apenas na caminhada até voltar para casa, tomar mais uma
caneca de café e me preparar para a diária visita a cidadezinha de Laketown.
Desacelerei os passos
ao passar por uma cabana vizinha. Precisei olhar duas vezes para ter certeza
que meu péssimo reflexo avistara um carro estacionado na pequena área em frente
à residência. Um homem debruçado na mala retirava bolsas e mais bolsas de
viagem, estabanado na tentativa de equilibrar todas nos ombros. Até então
observei a tudo como uma terceira pessoa camuflada ao cenário, com o intuito de
passar em branco diante dos olhos do desconhecido. Teria permanecido assim se a
cena não tivesse se tornado vergonhosa até mesmo para mim que assistia de
intrusa.
— Gostaria de ajuda?
— perguntei, assumindo a surpresa de ouvir a minha voz.
O homem assustou-se,
mas logo abriu um sorriso, permitindo que as bolsas escorregassem até o chão.
— Olá! — Com a mão
estendida, andou até mim. — Acredito que seja uma vizinha.
— Talvez. — Encarei a
sua mão, desinteressada em apertá-la. Ele recolheu os dedos, desconcertado. —
Há anos está vazia — apontei para a cabana. — Desde que ando por essas bandas
nunca vi ninguém aí dentro.
— Ouvi dizer que a
antiga proprietária morreu e os filhos a herdaram. Decidiram vendê-la para divisão
do dinheiro. — Ele pôs uma das mãos na cintura, ergueu o rosto para observar
melhor a casa, assim como eu. — Deve tá uma sujeira desgraçada.
— Terá um grande
trabalho — completei, distraída, e percebi que não havia me apresentado. —
Tracy O’Malley.
— Alexander Turner. —
Ele assentiu com a cabeça. — Oferecia ajuda?
Disfarcei um suspiro
arrependido. Abri a boca guiada por curiosidade e agora minha preguiça
reclamava tal atitude.
— Se quiser — deixei
em aberto, dando de ombros.
— Não é má ideia.
Podemos dividir essas bolsas que tirei e mais tarde pego apenas as coisas que
estão no banco de trás.
Turner separou as
bolsas entre nós, pegando a maioria delas. Com as sobras na mão fechei a mala e
o segui para a casa, olhando através dos vidros do carro cases de instrumentos
musicais e caixas com CDs no banco traseiro. Alcancei-o na sala de estar quando
caminhava pelo espaço, se acostumando com ele.
— Parece melhor do
que nas fotos.
— Comprou uma casa
sem visitar antes? — reprimi a risada de incredulidade, depositando as bolsas
em frente à escada.
— Não pude fazer
isso, estava na Inglaterra. Como sinto que é impossível disfarçar meu sotaque,
deve ter percebido que não sou americano, embora já tenha morado aqui — explicou,
deslizando o dedo indicador na lareira. — Viu? Sujo.
— A minha cabeça anda
tão cheia que mal prestei atenção no jeito que fala — dei uma risada rouca,
sentindo-me tola.
— Para quem acabou de
te conhecer, seria invasivo perguntar se andou chorando?
Num gesto automático
estreitei os olhos. O processo de análise sobre Alexander Turner andava muito
bem até essa pisada de bola.
— Sim, seria bastante
invasivo.
— Desculpe, não foi
minha intenção soar como um intrometido.
— Vamos dizer que não
estou a fim de falar sobre a minha vida com um estranho – forcei um sorriso,
mas tentei manter a simpatia como forma de disciplina. — Daqui a pouco vou a
Laketown fazer umas compras, gostaria de alguma coisa, como produtos de
limpeza?
— Você acaba de me lembrar
de algo que não trouxe! — fechou os olhos numa autorrepreensão e buscou a
carteira na calça jeans. — De quanto precisa?
— Nem se dê ao
trabalho — balancei a mão enquanto andava para a saída. — Considere como um
presente de boas-vindas.
Ele abriu um sorriso,
sem protestar.
— Agradeço a ajuda.
— Vou indo para que
você possa arrumar a casa em paz.
— Tudo bem, e
obrigado mais uma vez. — Ele segurou a porta próximo a mim, ambos embaixo da
soleira. — Até mais tarde?
— Sim — acenei
desanimada.
— Tchau, Tracy.
Com um aceno de
cabeça, deixei-o para trás. Trabalhei a ideia do quão estranho era travar
conversa com outro homem que não fosse meu pai, um professor da Universidade, o
diretor do antigo colégio que trabalhava ou meu antigo marido. Ainda sentia-me
desconfortável com a simpatia forçada que prestei, mas era um caso de menor
importância. Mais intrigantes eram os aspectos que captei de Turner, a
impressão observadora e a fachada educada. Seus olhos se estreitavam quando
depositados em mim, fazendo uma análise de raios-x que estabelecia uma
distância entre seu olhar e a expressão amistosa.
A curiosidade pelo
novo habitante de Laketown relegara a conversa de Nick a um plano ofuscado. Ao
chegar em casa e bater as botas no tapete de entrada, contentei-me ao perceber
que estava mais interessada no Turner do que no velho cheiro do meu insensível
ex-marido.
Not About Love é um fanfic que me intriga e me traz sentimentos profundos e reflexivos. Tracy ainda é um mistério para mim, mas em suas manias e maneira como lida com a decepção da traição e da separação do homem que ama, acredito que seja uma mulher extremamente intensa, porém solitária e insegura. Ainda utiliza o nome de Nick, e isso é uma representação mais forte do amor e da mágoa que ela sente do que a recusa em assinar o divórcio.
ResponderExcluirNick se mostra um homem cansado, estressado e com resquícios de infelicidade. Certamente não foi um casamento fácil, com tamanhas personalidades distintas pontuo.
Alex chegou demarcando sua faceta alegre e sociável, de maneira tragável. O interesse de Tracy por alguém mais leve e mais superficial, diferente do exemplo dos homens que teve em sua vida, é fácil de se explicar, e a história ganha mais um ponto positivo comigo.
Tua escrita é claro, tão bonita e clara, que pode ser confundida com aquelas corrigidas perfeitamente por uma editora. Talento nato Bia <3
Ansiosa por novidades, e pelo próximo capítulo. Que não demore muito!!!
Obrigada pela dedicação.
Beijos, Débs
PS: Passei pelo tumblr, e essa foto me lembrou muito um certo senhor O'Malley.
https://41.media.tumblr.com/e55e84c13eddba56ad52631b0a137573/tumblr_n6i35pDwTO1t876o6o1_500.jpg
Um dos motivos de ter demorado a responder seu comentário é que eles são sempre tão cuidadosos e dedicados sobre o capítulo da fanfic que não acho justo responder de qualquer jeito. Então esperei surgir esse tempinho que eu pudesse ler o que comentou e tentar retribuir a altura da sua dedicação.
ExcluirTracy é um mistério até mesmo para mim, que sou a escritora. Mas sempre que releio os capítulos que já escrevi e programo os futuros, sinto que a conheço mais. Você está certa sobre o uso do sobrenome do Nick, ele não deu tempo o suficiente para que ela se livrasse do sentimento do amor e mágoa, automaticamente influenciando sua recusa em assinar o divórcio.
Dessa separação ambos saíram muito machucados, infelizmente, mas gosto de pensar que o casamento, mesmo com todas as dificuldades, teve lá seus momentos de felicidade. Planejo postar um capítulo mostrando um tantinho do que esses dois eram antes de se magoarem tanto, quando ainda tinham esperança de um relacionamento que desse certo.
Vamos considerar, numa maneira boba e até simplória, que Alex ainda é o "café com leite" da história hahaha que foi jogado no meio da bomba sem saber exatamente o que está acontecendo mas louco para descobrir. Por esse motivo mesmo consegue chamar a atenção de Tracy, ele é um ponto externo do emaranhado de brigas que pode ajudá-la na recuperação.
Obrigada por acompanhar a fanfic e gostar do que escrevo <3 é por comentários como o seu que dá prazer de continuar com a escrita.
Espero não ter dito apenas o óbvio sobre a história pra que isso possa te ajudar com as próximas atts no universo de NAL.
Beijão Débs <3
PS: adorei a foto e consigo imaginar perfeitamente Nick vestindo uma camisa assim antes de ir até a cabana encontrar Tracy *-*