Now then, Mardy Bum? 21: Have you no idea that you’re in deep?

Depois de chamar um taxi e levá-lo para casa, Jesse não parava de se desculpar. Por ter aparecido pronto para o confronto, pelo que disse e por ter estragado a minha noite. A ultima desculpa eu suspeitava que ele não se importasse, de verdade; fora a noite estragada que me trouxera pra perto dele e, por conseguinte, longe de Alex.

Até Nick me censurou com os olhos quando o som da chuva ecoou pelo salão quando Alex saiu porta afora. Eu tinha feito merda.Eu tinha feito merda e desapontado não só o meu Macaco, mas os outros três por tabela.

Jesse coloca a mão na minha coxa com os olhos arrependidos e eu balanço a cabeça, me corrigindo. Não havia nada meu em Alex.

Bom, pelo menos não depois de hoje.

Abaixei para perto do rosto dele e esfreguei o algodão molhado de remédio. Ele suga o ar com a boca e recua contra o ardor. Deixo uma pontinha de satisfação tomar conta de mim; fico feliz que ele também esteja sofrendo.

Veja bem, não é como se eu não tivesse ficado agradecida pelo soco. Eu não era tão estúpida. Alex me protegera e, por mais que eu odiasse confrontos e violência, não tinha espaço para outras opiniões: Jesse estava errado. Independente de quanto seu coração estava quebrado.

Então porque eu me sentia tão culpada?

Na verdade, eu sabia por quê. Talvez porque mesmo depois de reconhecer que havia mais que simples interesse carnal na maneira como Jesse me olhava, eu não tinha feito nada. Havia o deixado pensar que eu sentia algo também, simplesmente porque o flerte era divertido... Porra, por um momento eu também pensei!

Só que aí eu conheci Alex. E o meu mundo inteiro virou de cabeça para baixo.

Porque parecia que eu era alguém diferente quando estava com ele. Alguém mais forte, mais frágil, mais decidida e confusa. Como se fossemos tão distintos, mas nossos corpos e cabeças se atraíssem. Quando ele não estava lá, eu sentia falta do cheiro forte de tabaco ou da loção pós barba que ele usava. Quando ele estava, era como se o cheiro se tornava intoxicante e eu precisasse me afastar. Ying e Yang; Alex e Olívia. A dualidade era desconcertante. Tão ridícula  como uma garota que se apega a um rock star e faz comparações clichês. Não éramos como imãs, mas era, definitivamente, física. Toda ação corresponde a uma reação.

E para toda ação que Alex aplicava sobre mim, eu respondia mesma direção e intensidade, mas em sentido oposto.

— Quando o Mathew me perguntou se eu faria algo, hoje a noite, eu concordei.  Ele precisava de um garçom de ultima hora e eu precisava da grana. Parecia perfeito... Mas eu sabia que estaria lá. Deixei umas doze mensagens na sua secretária eletrônica, fora pelo menos cinco sms. Sabia que você estaria lá — Jesse repete, enquanto encaro o nada —, e eu precisava te ver.

Eu afasto sua mão da minha coxa, ao me levantar e tentar sorrir.

— Satisfeito?

— Eu não devia ter dito aquilo... — ele recomeça, passando os dedos pelos cabelos loiros.

Não, não devia.

— Eu nem acredito naquilo, foi só... Idiotice.

É, provavelmente.

— Eu já disse isso, mas... Sinto muito, Ollie.

Já disse sim.

— Não esquenta. — consigo dizer, indo até a porta. — Eu realmente preciso de uma ducha.

Jesse levanta do sofá, apressado. Eu me ponho a analisa-lo. Com a blusa branca e a gravata borboleta preta, ele está lindo. E eu o encaro, tentando sentir uma fagulha de excitação que sentia ao ver ele no HardRock antes disso tudo acontecer. Ele retribui o olhar.

Nada.

Nenhuma força, nenhum corpo exercendo ação, nenhuma reação.

Bom, talvez só a minha, recuando.

— Se você pudesse ir... — murmuro com a porta aberta.

— Oh. Claro, deve estar cansada... Olha, eu sei que essa não é a melhor hora pra dizer, mas amanhã vai ter uma festa de despedida do... hm... — Ele coça a garganta. — Deles. É um lance fechado, mas aceitei algumas semanas atrás... Antes de... de... Bom, eu vou entender se você não for.

Penso a respeito. Amanhã. Quer dizer penúltimo dia dos Monkeys em San Diego. Depois disso, eles estarão entrando num avião para um continente diferente. A ideia me assusta e, por mais que eu esteja com medo de revê-los, sei que não posso me dar ao luxo de faltar. Respondo sem olhar para ele, mas sem um resquício de culpa.

— Não, eu não perderia essa por nada.

***

Me concentrei em fazer meu trabalho: fazer drinks, preparar o balcão para as doses de tequila que Jesse pediu, arrumar alguns guardanapos. Avistei a mesa dos Arctic Monkeys e encontrei Alex e uma estranha sentada em seu colo (que eu carinhosamente apelidei de GE, Garota-Escrota). Ela estava rindo de alguma coisa e ele estava visivelmente chapado; os olhos vermelhos e inchados, acentuando ainda mais os pequenos saquinhos abaixo de seus olhos. Mesmo a distancia, eu podia ver. Seu olhar encontrou o meu e eu voltei a atenção nos copos a minha frente. Demorou meio minuto para ele aparecer do meu lado, próximo à parede.

— No regrets? — perguntou lendo a frase na minha camisa. — É um pensamento inteligente. Sem arrependimentos. É uma das minhas teorias; você deveria fazer tudo o que quiser, independente dos efeitos colaterais. A vida não vale a pena se você não aproveitá-la em todas as oportunidades.

— É, tenho certeza que você faz tudo o que quiser...

Ele inclinou a cabeça para um lado, me encarando sério.

— E o que isso quer dizer?

— Que eu sei que você é o tipo de cara que pega tudo o que quer, simplesmente porque pode.

— Eu não deveria?

Minha atenção foi voltada, por reflexo, à Garota-Escrota com quem vi Alex minutos atrás e até eu podia sentir a amargura em minha voz. Ele segue meu olhar e o quase sorriso que lança, me dá vontade de socá-lo. Me odeio por ter dado indicio de que vê-lo com outra garota é, no mínimo, desconfortável. Me odeio por achar desconfortável.

— Ahhhh... Aí está.

— Aí está o quê? — perguntei impaciente.

— Porque você está assim a noite inteira. Virando o rosto toda vez que eu fazia a menção em te olhar. Me ignorando.

— Não estou te ignorando... — respondo fingindo falta de interesse — Estou indiferente.

Ele ri sem humor, um som que exalava sarcasmo.

— Não está indiferente, está com ciúmes.

Rolei os olhos teatralmente e dei um passo a frente, tentando sair do canto escuro no qual nós estávamos. O canto escuro no qual estávamos perto demais. Empurrei sem muita delicadeza o peito de Alex e me surpreendi quando senti suas mãos frias fazendo pressão em meus quadris. Alex segurou meu corpo com convicção, mas não estava machucando. Ele me imprensou na parede, colocando o peso do seu corpo contra o meu.

— Porque não consegue admitir? Porque não admite que era isso que você queria que eu tivesse feito, desde aquele dia. Que você queria que eu cantasse só para você ouvir. Assim... — ele foi murmurando palavras na minha orelha, mas eu não consegui me concentrar. Tudo que eu conseguia pensar era no hálito quente fazendo cócegas no meu pescoço ou como as mãos dele percorriam minha barriga de um jeito ritmado, como se eu fosse seu instrumento. Como se ele estivesse me tocando e do meu corpo saísse a musica mais bonita que já ouvia escutado. — Porque não admite que quer ser minha, mesmo que só por uma noite?

Engoli seco. Eu era um emaranhado de sentimentos conflitantes. Minha cabeça queria empurrá-lo, rejeitá-lo, enquanto meu corpo queria puxá-lo pela camisa e enterrar seu rosto no meu pescoço. Minha cabeça queria mandar ele se foder, enquanto meu corpo queria meus quadris pressionados nele e minhas mãos, enroladas em seus cabelos.

Ele pressionou mais sua pélvis de encontro a minha e eliminou o espaço que restava entre meus peitos e seu peitoral. A blusa de malha fina que eu estava usando não era o suficiente para esconder que o simples roçar tinha eletrizado meu corpo inteiro. Uma de suas mãos subiu por dentro da blusa até meu peito e ele massageou com o polegar, suavemente, só por provocação. A outra mão continuava presa na minha cintura, me impedindo de eliminar o contato.

Eu podia sentir um indicio de excitação, também, o que não tornava nada mais fácil. Me larga, eu queria dizer. Me beija, meu corpo parecia gritar. Mas de algum modo, eu sabia que ele não o faria. Ele queria que eu dissesse; queria que verbalizasse meu desejo. Alex queria ganhar e eu era só mais uma peça do joguinho que ele estava tão acostumado em fazer. As palavras daquela garota ecoavam na minha cabeça: “Você é só mais uma. Várias. Um estádio inteiro. E ninguém.”

Reuni forças de Deus sabe onde e antes que eu pudesse medir as palavras, consegui dizer com mais convicção do que meus sentimentos permitiam; uma das maiores mentiras que já tinham saído da minha boca:

— Porque não é verdade.

Alex me soltou bruscamente, se afastando como se tivesse levado um tapa, mas seu rosto não demonstrava tristeza ou mágoa. Ele tinha a mesma mascara indecifrável que usava quando estava imerso em seus pensamentos.

Indiferente. Ele estava me dando o exemplo perfeito do que a palavra indiferença representava.

— Então para de agir como se eu fosse a porra do seu namoradinho. Para de olhar desse jeito para as garotas com quem eu fodo. — pisquei, atônita com a repentina mudança de tom. — “Você trabalha para mim, só isso”, não foi o que disse ao seu amiguinho de olho roxo? E trás mais cerveja pra mesa ali, o pessoal tá precisando de bebida.



N/A: Mais um capitulo tenso/heartbreaking, macaquinhas... Im sorry, hahaha. Porém, é necessário. A Olivia tá sendo meio babacona e merece um tratamento assim. Claro que Mr Turner também não tá sendo a melhor das pessoas, mas... Obrigada pelos ultimos comentários, bonitas. Quero terminar NTMB até o começo de julho. :( Chorarei kk