- Senhoras e senhores, sejam bem-vindos a Londres - A voz do
piloto ecoou pela cabine adormecida. Eu havia pego um vôo noturno, o que
explicava o ronco barulhento do homem corpulento ao meu lado.
Encostei a cabeça na janela observando os primeiros raios da
manhã iluminarem a pista onde outros tantos aviões esperavam para partir, minha
respiração embaçou o vidro denunciando o clima frio do exterior. Encarei as
gotículas que escorriam pelo vidro e um triste vazio tomou conta de mim, eu
podia estar de volta à minha pátria, mas mesmo assim não me sentia em “casa”,
há muito tempo eu já não tinha essa sensação - pelo menos não desde que me
mudei de Williamsburg. Esperava que voltar ao meu país de origem trouxesse
algum alívio para minha mente atormentada, mas acho há muito tempo já havia me
tornado uma expatriada. E ainda por cima tinha toda aquela situação com Alex,
ah por que tantos problemas? Toquei na superfície gélida da vidraça e desenhei
um sorriso triste em meu reflexo.
Poucos minutos após sair da aeronave, minhas malas já
estavam amontoadas em um carrinho e meus dedos ansiosos tentavam discar o
número de Miles, eu mal podia esperar para ver sua figura bem vestida aparecer
no horizonte de meu olhar e vir me abraçar apertado. Ele disse que me esperaria
perto do pequeno café na ala norte do aeroporto, só que já havia se passado
meia hora que eu estava ali em pé e minha bolsa da Mulberry estava começando a
pesar em meu ombro.
- Alô, Alexa? - Após vários toques sem resposta, Miles
atendeu o telefone. Sua voz soou como um ruído metálico, mal pude o escutar com
o barulho ao fundo - Alexa, é você?
- Oi, Miles! Eu não consigo te escutar - Praticamente berrei
no falante, tentei tampar meu ouvido para escutar melhor, mas aquilo não
adiantou - Miles, eu estou aqui no aeroporto te esperando, onde você está?
- Eu… Não… Festa a noite, tive alguns problemas… Você se
importa? - A ligação cortou e só consegui escutar alguns fragmentos desconexos
que deram a entender que ele não viria me buscar.
Eu tentei pedir para que ele repetisse e continuei a chamar
seu nome, mas a ligação estava péssima. Miles desligou e retornou a me ligar,
em vão, já que mesmo assim não conseguíamos nos comunicar, até que eu perdi
minha pouca paciência esgotada pelo cansaço.
- Ah, ok. Depois eu te vejo, tchau - Desliguei o celular sem
esperar que ele me retribuísse a despedida.
Joguei o aparelho dentro da bolsa e caminhei para fora do
aeroporto sendo recepcionada por uma súbita rajada de vento que arrepiou até o
meu último fio de cabelo, sussurrei um palavrão enquanto tentava fechar meu
casaco lutando contra o peso de minha bolsa. Um taxista que esperava ali se
mostrou generoso à minha situação e ofereceu para me levar até o hotel, aceitei
sua gentileza com um sorriso e logo entrei no veículo me abrigando do frio que
castigava a cidade logo pela manhã.
Disse a ele que tinha reservas no Hilton da Park Lane e que
precisava chegar lá o mais rápido o possível, já que eram 9:30 da manhã e eles
só segurariam minha suíte até às 10 horas, dito isso ele sorriu e pisou fundo
no acelerador para a minha alegria. E milagrosamente conseguimos chegar a
tempo, suspirei aliviada quando entrei no elevador com as chaves do quarto na
mão, finalmente poderia tomar um banho e me afundar nos lençóis da cama enorme
que me esperava limpa e cheirando à lavanda. Abri a porta do 2.257 e joguei
minha bolsa em cima da mesa com flores, estava pagando o carregador que
trouxera minhas malas quando escutei meu celular tocar novamente, com certeza
deveria ser Miles.
- Alô? - Abri a minha mala a procura de minha nécessaire,
puxei a pequena bolsa que estava por debaixo da pilha de suéteres sem me
importar com a bagunça que fizera, os pequenos frascos de produtos de higiene
caíram no chão e rolaram para debaixo da cama, xinguei baixo enquanto tentava
alcançá-los.
- Ei, Alexa! Você já está no hotel? - Ao contrário de sua
última ligação, tom de preocupação de sua voz era bem audível - Olha me
desculpe, de verdade. A locação do bar para a festa de hoje não estava
confirmada e eu tive que correr atrás disso, não tinha me esquecido de você. Me
desculpe por não ir te buscar.
- Ah, ok Miles - Havia perdido a conta de quantas vezes ele
disse “desculpe” naquela frase, eu tinha ficado puta na hora, mas já estava
tudo bem - Não se preocupe, mas você fica me devendo essa.
- Claro, o que vai ser? Almoço no Ritz ou no L'Atelier?
- Soltei uma risadinha, com certeza nenhum dos dois restaurantes teriam lugares
disponíveis em cima da hora, mas Miles gostava de exibir sua influência para
mim.
- Eu adoraria ir em um dos dois, só para ver qual seria a
melhor mesa que essa sua cara de pau conseguiria, mas eu estou extremamente
cansada. Me traz um Big Mac e uma Coca-cola diet?
- Eu te convido para ir nos melhores restaurantes da cidade
e você me pede uma dessas porcarias de fast-food? - Ele soltou uma longa risada
enquanto eu protestava contra sua opinião a respeito de meus desejos
alimentares - Tudo bem Alexa, eu te devo essa. Em meia hora devo estar aí.
Nos despedimos brevemente, peguei minhas coisas e fui para o
suntuoso banheiro recoberto de mármore até o teto, eu adorava quando conseguia
pegar a banheira com hidromassagem, mas tive que desprezar o meu pequeno luxo e
tomar um banho rápido já que logo Miles chegaria e eu ainda estava deplorável.
Vesti um par de jeans escuros, uma camiseta branca de listras finas
azul-marinho e um par de meias, mal tinha calçado o último pé quando escutei
três batidas rápidas na porta.
- Já te disse o quanto eu odeio os seus hábitos americanos?
- Disse entrando no quarto carregando dois sacos pardos semi engordurados.
Esperava vê-lo trajando um de seus costumes finos, mas Miles usava apenas jeans
e uma pólo azul coberta por seu casaco negro de lã.
- Não me enche, Mc Donald’s não é uma exclusividade dos
Estados Unidos, sabia? - Peguei os sacos procurando por meu lanche, estava
faminta e nem sequer me preocupei em cumprimentá-lo - Hm, tudo certo para hoje
a noite? - Disse com a boca cheia de hambúrguer.
- Sim, arrumei outro lugar em cima da hora, até melhor do
que o anterior. Todos já estão cientes. Na verdade estou ansioso para escutar o
que você preparou para tocar, o público é bem exigente.
Eu já sabia muito bem que encontraria pessoas como Noel
Gallagher, Richard Hawley, Josh Homme, Julian Casablancas e talvez até os caras
do Daft Punk na festa, o que reduzia meu repertório drasticamente já que não
seria nada original tocar uma do Strokes com a banda toda lá, mas eu tinha me
virado montando uma playlist com pop francês da década de 70, mesclando algumas
bandas eletrônicas minimalistas e até um pouco de rap experimental no meio -
não sou de me gabar, mas cara, ficou do caralho.
- Espere e verá, não vou fazer feio na frente dos seus convidados,
isso eu garanto.
Conversamos por mais alguns minutos depois terminar de
comer, Miles foi embora logo, precisava acertar mais alguns detalhes da festa e
eu me ocupei em dormir durante toda a tarde enrolada naqueles lençóis
maravilhosos. Para a noite escolhi vestir uma saia de couro de corte reto com
uma camisa xadrez vermelha de tecido amassado desabotoada até o colo mostrando
a renda de meu sutiã, para me abrigar do frio exterior escolhi um casaco preto
bem ajustado e arrematei com alguns colares prateados e nos pés meus stilettos
cinza claro da Jimmy Choo. Era um clichê, mas eu não pude deixar de passar meu
batom vermelho favorito junto com meu delineador no estilo gatinho, prendi os
cabelos num jeito meio “Brigitte Bardot” bagunçado e sai do quarto deixando o
cheiro de meu Miss Dior preferido no ar.
Meus fones estavam na bolsa, junto com meu Macbook Pro,
cabos, adaptadores e cd’s, por mais que eu não remixasse nada ainda precisava
de uma aparelhagem básica. Eram oito horas da noite, um pouco cedo já que a
festa só começaria às dez, mas preferi chegar antes para ajeitar tudo.
O lugar era bacana, por fora a fachada cinza e chapada só
tinha uma porta vermelha - sem letreiros e sem janelas ou algum detalhe
arquitetônico que destacasse aquele quadrado de tijolos cinzentos das demais
construções, logo na entrada havia uma pequena recepção com a chapelaria e
tabacaria, mais a frente uma escada estreita e quase secreta descia para o que
seria o bar propriamente dito. Parecia uma espécie de galpão, vigas de tijolos
recobertas com fotos em preto e branco cortavam o espaço do salão, nas paredes
haviam muitos quadros com fotografias e algumas ilustrações também em tons de
cinza de artistas que eu não conhecia, a iluminação do local era bem baixa, o
que fazia o bar ter tons alaranjados enquanto todo resto era azulado. Algumas
mesas eram dispostas de forma espaçada, dando a entender que as pessoas
deveriam ficar de pé e socializar e não permanecer sentadas durante a noite
toda. Eu gostei, era simples, mas tinha cara daqueles bares onde as bandas
famosas tocavam em sua época underground.
- Olha só quem está aqui! - Levantei minha cabeça com a
confusão de cabos em minhas mãos, me assustei ao ver que a voz que me chamava
não era de quem eu esperava que fosse - O que foi, Alexa? Já esqueceu dos
amigos?
- Pete Doherty! Uau, há quanto tempo! - Ele se aproximou e
nos abraçamos meio sem jeito, fiquei surpresa ao vê-lo ali, ele parecia bem
para os padrões “Peter” de sobriedade - ainda com olheiras enormes e parecendo
estranhamente magro demais, mas são.
- Largue esses cabos, vamos tomar uns drinks! Depois eu
arrumo essa porcaria pra você - Ele me agarrou pelos pulsos e me arrastou até
me jogar sobre um dos bancos do bar - Duas doses de wiskey e um dry martini pra
moça - Sorri ao ver que ele ainda lembrava do meu gosto por dry martinis.
Ele parecia ser uma pessoa mais equilibrada e calma agora,
depois de tanto tempo imerso naquele furacão de problemas sérios com drogas,
Kate Moss e a perda súbita de Amy Winehouse ele ficou um tempo isolado e
perdemos contato. Fiquei feliz quando soube que sua ausência gerou um novo
álbum para o Babyshambles, mas ainda assim algo em seu olhar permanecia
enevoado, como quando vemos uma pessoa depressiva sorrir - não é totalmente
sincero. Senti meu coração vacilar com esses pensamentos, mas ao contrário do
que parecia, Pete estava bem descontraído conversando sobre banalidades e rindo
de minhas piadas prontas.
Encontrar Pete ali foi um alivio, pelo menos não teria que
lidar com a ansiedade sufocante que o iminente encontro com Alex me trazia. Nem
sequer notei quando Miles chegou em seu blazer preto e uma daquelas calças de
estampas malucas que usava nos seus shows, por mais engraçado que parecesse ele
ainda continuava impecavelmente elegante, logo depois de me abraçar ele começou
a me empurrar de volta para a confusão de cabos dizendo que precisava arrumar
aquilo rápido. Pedi licença à Pete e comecei a playlist com uma do The Horrors que casou completamente com a ocasião, juro que vi Yannis, o vocalista do
Foals, sorrir enquanto cantava o refrão. E assim se seguiram as horas, de vez
em quando alguém vinha me cumprimentar e elogiar minha escolha musical ou algum
garçom me entregava um drink, estava tudo bem, eu estava me divertindo
bastante.
De repente vi uma movimentação estranha perto da escada, um
círculo de pessoas se formara ali, foi então que meus olhos pousaram sobre os quatro
rapazes acompanhados que haviam acabado de chegar, instintivamente abaixei o
olhar e levei meu copo de vodka à boca, oh droga, ele chegou. Olhei novamente
em sua direção, meio distante dos demais ele estava com Arielle à tira colo,
usava aquela mesma combinação cinquentista de jeans, camisa e jaqueta de couro.
Tinha um ar meio aéreo, desligado, como se não se importasse em estar ali, ou
talvez já estivesse bêbado
De longe pude ver que Arielle olhava fixamente para mim e a
tensão entre nós duas era quase palpável, me senti intimidada com isso. Eu
nunca senti raiva dela e nem nada do tipo, na verdade nunca senti raiva de
ninguém nessa história toda com Alex, mas as palavras de Pixie não saiam de
minha cabeça, ele tinha mesmo me traído com ela?
Alex tinha seus braços jogados por cima do ombro de sua nova
namorada, torci meus lábios ao vê-la rir escandalosamente enquanto tocava o
pedaço de seu peito exposto pelos botões abertos da camisa, eu tinha certeza
que ela estava agindo daquele jeito para se impor a mim, como se quisesse
mostrar que agora ela era a preferida dele. Então ele olhou para mim com um ar
arrogante de superioridade e sem hesitação sufocou sua namorada em um beijo
vulgar e despudorado - digno de um filme pornô, quase senti vergonha pelos dois.
Em resposta à ele, eu simplesmente abaixei minha cabeça e me concentrei em
minhas músicas ignorando aquela provocação infantil.
- Parece que seu ex está querendo se exibir pra você - Me
assustei quando vi que Pete estava ao meu lado no pequeno palco improvisado -
Que patético, ele parecia ser um cara mais legal - Acrescentou bebendo um gole
de seu copo de vodka.
- Eu também achava isso, Pete - Peguei meu copo e brindei
com ele - E o que você está fazendo aqui?
- Ah, Kane não te contou? Ele me pediu pra tocar algumas
músicas e te dar descanso, assim você aproveita a festa, não que eu ache que há
muita coisa para se aproveitar aqui… - Ótimo, agora eu ficaria sozinha tendo
que aturar as provocações de Alex durante a noite toda.
Desliguei meus aparelhos e desci do palco quando Pete chegou
com sua guitarra e começou a cantar Fuck forever,
procurei por Miles pelo salão assim poderia conversar com alguém, mas não me
surpreendi quando o achei numa mesa sentado com os Arctic Monkeys.
- Ótimo, nem acredito que vim de Nova Iorque pra ver isso. -
Disse pensando alto quando me sentei numa mesa afastada de todos, peguei pelo
menos uns três copos da bandeja do garçom que passava, não tinha planos de
ficar muito tempo ali, só o suficiente para terminá-los.
O tempo parecia se arrastar num ritmo extremamente lento, eu
batia meus saltos no chão em um ritmo ansioso enquanto fingia me interessar por
algo em meu celular, de vez em quando ouvia uma explosão de risadas ou a voz
histérica de Arielle anunciando algo inútil. Me enchi daquilo e virei o
restante do meu copo de qualquer coisa, peguei minhas coisas e estava prestes a
me levantar quando o vi acompanhado de Miles vindo em minha direção.
Fiquei parada sem saber o que fazer, por que eles estão
vindo para cá? Pensei que talvez Alex quisesse conversar comigo ou de repente
me pedir desculpas pelo seu comportamento infantil, mas tudo o que ele fez foi
parar alguns passos distantes à minha frente e manter os olhos fixos em mim
enquanto dizia algo para Miles. Ele ria enquanto me olhava, então entendi que
estava rindo de mim.
Aquilo foi a gota d’água, me levantei furiosamente e passei
pelos dois indo para a escada a fim de ir embora daquele maldito bar. Abri a
porta de metal num rompante e fui surpreendida pelo frio que varria a rua
deserta, estava tão puta com a situação que nem me toquei que estava em um
lugar desconhecido no meio da madrugada e que com certeza nenhum táxi passaria
por lá tão cedo.
- Droga - Saquei um cigarro e lutei contra o vento para
conseguir acende-lo, virei minha cabeça tentando achar algum jeito de sair dali
- Para onde eu vou agora?
Eu não tinha nenhum número de táxi londrino comigo, pensei
em entrar na internet pelo celular e procurar algum, mas estava sem sinal. Já
estava pronta para andar até encontrar algum jeito de voltar para o hotel
quando vi Miles saindo apressado do bar, ele parecia estar me procurando.
- Alexa! Onde você pensa que vai? - Ele correu para o meu
lado e segurou meu braço, eu me desvencilhei e continuei a andar.
- Eu vou para o hotel! Não aguento mais aquele idiota me
desprezando! - Gritei sentindo o efeito entorpecente do álcool me deixar mais
sincera - E que belo amigo você é, hein? Me deixou sozinha e ainda por cima não
fez nada ao ver que ele estava rindo de mim. Vocês estavam falando do que, hm?
A respeito de como eu sou solitária e patética? - As palavras saltavam de minha
boca sem que eu percebesse o que estava realmente falando, Miles tentava me
fazer parar, mas eu continuava vomitando palavras enquanto caminhava apressada
- Eu não deveria ter vindo pra essa porra de festa, aquela mulher não parava de
me encarar. Eu odeio ela, eu odeio ele, eu odeio você!
Miles segurou meus ombros com força e me
chacoalhou algumas vezes enquanto dizia para parar com aquilo, ele pegou meu
braço e me levou até onde seu carro estava estacionado.
- Vou te levar para o seu hotel, você não está em condições
de sequer pegar um táxi - Ele disse ríspido, foi então que eu percebi que
estava magoado.
Eu parei de andar e Miles parou também, o encarei e lágrimas
começaram a queimar atrás de meus olhos, estava ficando emotiva - mais um dos
efeitos da bebida sobre mim. E num ato patético o abracei, por alguns instantes
houve silêncio até que ele começou a rir.
- Ai ai, Alexa… Olha só como você fica quando bebe sozinha -
Ele sussurrou em meus cabelos, sua mão subia e descia em minhas costas dizendo
que estava tudo bem - Vem, vamos logo. Acho que ninguém vai notar minha
ausência de qualquer forma.
Entramos no carro, eu encostei minha cabeça na janela
tentando organizar minha confusão mental e lembrar onde coloquei as chaves do
hotel. Me sentia mal por ter gritado com Miles daquele jeito, ele não tinha
culpa de nada, pelo contrário, só tentara me ajudar desde o início. Como eu
podia me deixar abalar por Alex daquele jeito? Não fazia sentido nenhum eu
sentir alguma coisa por ele, já estava tudo acabado - tenha ele me traído ou
não. Ele também não facilitava agindo como um babaca, me beijando em Nova
Iorque e agora se insinuando com Arielle. Deixei escapar um gemido de
desaprovação com esse pensamento, Miles me olhou preocupado confundindo o
barulho com um sinal de enjôo.
- Está tudo bem? Você quer que eu pare o carro? - Ele
perguntou dividindo olhares entre mim e a rua, neguei com a cabeça - Tem
certeza? Por favor, não vomite no meu carro.
- Não, seu idiota - Soltei um riso debochado ao ver que ele
se importava mais com seu estofamento do que com meu estado de saúde - Eu só
estava pensando em algumas coisas…
- Alex não é? - Eu assenti sem olhá-lo nos olhos, tinha
vergonha de admitir, me achava uma garota boba por ainda pensar nele - Ele foi
um filho da puta hoje, eu disse isso pra ele assim que você foi embora. Naquela
hora que estávamos conversando com os outros caras da banda eu disse que você
já tinha saído do palco e sugeri que ele fosse te dar um “oi”, sei lá. Nos
levantamos e então ele começou a falar
umas coisas…- Miles parou por um segundo, ponderando se deveria falar ou não -
Ele estava puto com você e começou a dizer um monte de merda.
- Imagino, eu sinto o mesmo em relação à ele - Com certeza
Alex deve ter ficado com seu ego ferido quando viu que eu não voltaria de
quatro pra ele - E por que ele riu?
- Ah, ele disse uma coisa que eu não achei muito gentil da
parte dele…- Vi que Miles estava em uma situação difícil no meio do fogo
cruzado entre Alex e eu, ambos éramos amigos dele, entendia seu cuidado com as
palavras - Eu te defendi e ele se ofendeu, ele riu de sarcasmo mesmo, disse que
eu estava tomando o lado errado da briga.
- E o que você disse?
- Eu mandei ele se foder! E fui atrás de você - Eu comecei a
rir descontroladamente ao imaginar a cena - Mas é verdade! Ele agiu feito um
cuzão do caralho, parecia um moleque reclamando de você, fico fudido com isso.
- É, eu também fico - Concordei com ele, bom, pelo menos eu
não sou a única que pensava isso a respeito disso.
- Eu acho bom vocês se acertarem logo, não vou aguentar por
muito tempo esse comportamento explosivo dos dois. É foda servir de informante
e ainda ter que resolver essas brigas entre vocês. Eu não ganho nada por isso, sabia?
Nós dois rimos, mas ele estava certo, eu e Alex não podíamos
continuar com essa intolerância toda. Não é saudável manter ressentimentos,
nutrir um sentimento desses é só mais um atraso de vida.
Convidei Miles para subir, mas ele disse que pretendia
voltar para a festa como um bom anfitrião e se despedir dos convidados. Quando
me deitei, depois de tomar um longo banho e já estar mais sóbria, encarei o
teto no escuro do quarto digerindo meus pensamentos, estava tão cansada de tudo
e ainda por cima amanhã seria o primeiro dia do Glastonbury, muita correria,
entrevistas, cobertura de shows… Meu celular vibrou em cima do cômoda, eu não
ia pegar, não depois de estar embaixo das cobertas, mas ele vibrou novamente e
achei melhor ver o que era.
Era um email que eu não havia visualizado, era do pessoal da
MTV londrina com a minha agenda do dia seguinte. Larguei o aparelho e voltei
para a cama, eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo de novo.
“22:00
- Cobertura do show de encerramento do 1º dia de festival - Arctic Monkeys”
N/A: HELLO LADIIEEEES! Desculpem a demora para postar, sofri horrivelmente com um bloqueio criativo, do tipo que te faz esquecer até como se escreve... Passei duas semanas para escrever esse capítulo ! D: Obrigada por todos os comentários no capítulo anterior, foram eles que me motivaram a continuar escrever – mesmo que não fosse exatamente positivos. Bom, fica aqui o meu presente de Natal para vocês! (: Beijos xx
Foram duas semanas que fizeram valer a espera! Essa festa não poderia ter sido mais badass. Nunca vou conseguir parar de elogiar sua escrita, é tão cuidadosa, que, mesmo se eu nunca tivesse visto nenhum dos personagens, conseguiria imaginar. Adoro os conflitos que você escreve, são tão sinceros, acredito em todos como se estivesse acontecendo comigo. Essa fic é um amor de tão linda. Obrigada pelo presente hehehee
ResponderExcluirBoas festas, beijoooo
Steph
Incrível essa att! Você sabe como fazer finais super-mega-hiper-bons, sabe como prender o leitor e deixar ele (doido) esperando por mais. Haha, espero que o próximo cap seja tão bom quanto esse! x
ResponderExcluirMaravilhoso, estás de parabens!
ResponderExcluirAnsiosa pra ler mais!
A unica coisa que eu não gostei do seu texto foi que ele acabou. De verdade, ficou muito bom, parabéns. Já estou esperando o próximo capítulo.
ResponderExcluircontinue por favor,a fic é perfeita <3
ResponderExcluirEIII? CADÊ O CAPÍTULO 8?????
ResponderExcluirE o cap 8? Por favoooooor, volte a att essa fic!
ResponderExcluirQuero mais capitulosssss
ResponderExcluir