Conheci
Alex em dezembro de 2013 logo quando me mudei para a Califórnia e desde então
ele tem sido um visitante recorrente à minha casa. Se nenhum dos dois tem nada
para fazer numa sexta à noite – por mais que seja raro isso acontecer para ele
-, passamos o resto dela na sala da minha casa, bebendo uísque e assistindo
House of Cards.
Nos
conhecemos há pouco tempo, mas eu reconheço quase todos seus movimentos.
Sempre
que alguém começa uma conversa, vejo seu desejo incessante por um cigarro. Ele
passa as mãos calejadas por cima do jeans, não para necessariamente leva-los à
boca, mas para repousá-lo dos dedos. Depois enfia as duas mãos dentro dos
bolsos, num gesto aparentemente casual, o que faz seus ombros se levantarem no
dar de ombros característico. Ele tenta passar os dedos pela superfície áspera
do papel de cartão que é feito o maço e relaxar sobre a sensação gélida e suave
conferida pelo isqueiro, mas nem sempre consegue: ás vezes suas calças são
apertadas e o movimento para chegar até os bolsos é mais difícil do que parece.
Hoje,
quando vejo suas mãos escorregarem para dentro dos bolsos frontais, faço algo
que não penso antes de fazer. Dou passos decididos até parar a centímetros
dele, puxando o maço de Malboro de dentro deles, colocando em cima da mesa na qual
ele está encostado.
É
um movimento intimo demais, talvez até invasivo, mas me afasto e vou até o
carrinho de bebidas como se minha respiração e meus batimentos cardíacos não
tivessem se acelerado com a proximidade.
“O
que foi isso?” Alex pergunta finalmente, sem tirar os dedos da caixa.
“Eu
só... vi que você queria pegá-los”
“E
você simplesmente fica observando essa área do meu corpo?” pergunta com um
sorriso e eu sinto todo meu rosto ficar vermelho – o que nem de longe é uma
reação charmosa, só reveladora. Passo por um segundo pela área do corpo que ele
está falando e percebo a desconfiança. Os bolsos ficam terrivelmente perto do
zíper da calça.
Engasgo
pra começar a responder e ele balança a cabeça. “Relaxa, só estou provocando
você”
“Você
estava ansioso.” Respondo simplesmente. “Eles te acalmam, não é?”
Confusão
e embaraço tomam conta do seu rosto, mas não consigo identificar se ele está
com vergonha de mim ou por mim.
“É
só uma mania.”
Olho
para ele com um sorriso gentil. “Eu sei. Não estou julgando”
Posso
vê-lo sorrir de leve, mesmo que minha atenção esteja nos copos de vidro à minha
frente. “E você?”
“Eu
o que?” Pergunto enquanto observo o líquido alaranjado engolir os cubos de gelo
ao se redor.
“O
que acalma você?”
Coloco
a garrafa de volta ao carrinho, bebendo um gole ao olhar para o nada. O liquido
gelado molha meus lábios e eu vejo que ele me observa com atenção. O encaro de
volta, passando os olhos atentamente à pequenos traços de seu corpo e rosto.
Gosto do cabelo com gel, apesar de achar que ele está maior do que aparenta e
seria legal passar a mão sobre eles sem ter a mão ensebada. Gosto dos lábios
estranhos e secos e do nariz quase desproporcional. Gosto bastante da cicatriz
que ele tem perto da sobrancelha. Os braços dele não desapontam também, mas
gosto particularmente das mãos e dos ombros. Não sei o que tem neles que me
fascina tanto, mas eu demoro quase um minuto para conseguir pensar em outra
coisa, quando olho para eles. Alex Turner me acalma.
“Musica”
digo por fim, colocando um copo sem gelo – como ele gosta - a sua frente.
Isso
parece animá-lo. “É? Que tipo de música?”
Sua música,
quase digo. Mas essa resposta o deixaria desconfortável ou arrogante e não
quero nenhuma dessas reações.
“Tenho
escutado bastante Beyoncé” respondo sem pensar.
A
risada que ele dá é gostosa de ouvir. É uma risada divertida, mas dá pra sentir
que ele não está rindo de mim.
“She
is the queen, after all.” Responde
com um sorriso, levando o copo um pouco para o alto, como num brinde. “Mas eu
me referia a algo tipo o que eu faço. Algo que gere uma inquietação física e
que só pare se você fizer aquilo.”
Penso
por um segundo, sentando numa cadeira adjacente à mesa, sobre uma de minhas
pernas. Nunca fui de tamborilar os dedos ou de ter pernas inquietas... Respiro fundo
e umedeço os lábios, me dando conta do que costumo fazer sempre que estou
ansiosa.
Jogo
os cabelos castanhos para trás e minha cabeça acompanha um pouco. Não olho para
nada em especial, só me concentro em levantar todos os fios até quase o topo da
minha cabeça, formando um coque frouxo que deixa todo o meu pescoço exposto.
Puxo um pouco para baixo o cabelo rente a nuca para ficar soltinho e desço a
mão passando sobre a área recém descoberta atrás do meu pescoço, parando perto da clavícula.
“Sempre
prendo o cabelo assim, mesmo que esteja congelando lá fora.”
Quando
meus olhos voltam a se focar em Alex, percebo que ele parece estar como eu,
minutos atrás. Fascinado. Sendo Alex, ele não faz menção nenhuma em desviar o
olhar e só me observa, calado.
Instantaneamente
fico consciente sobre minha aparência. Ele bateu à minha porta de surpresa com
o uísque na mão e eu estava usando legging e uma camisa cinza de malha com a
gola muito larga, que ficava caindo sobre um ombro toda hora. Ele está bem
vestido como sempre e eu provavelmente pareço alguém que estava fazendo yoga na
sala de casa.
Levanto
e vou até o cabideiro que está a alguns passos de distância do lugar onde ele
está encostado, pegando um moletom com capuz, escondendo o coque e meu pescoço.
Ele
elimina a distância entre nós ao puxar o capuz para baixo, gentilmente.
“Assim,”
diz enquanto passa os dedos com vagareza, sobre meu pescoço “é bem melhor.”
Coço
a garganta, num misto de desconforto e segurança que aquela proximidade
proporciona. “Se pudesse mudar a mania...” começo com a voz engasgada “Tipo
trocar cigarros por chicletes. Se pudesse fazer outra coisa, pra deixar você
menos ansioso, o que seria?” pergunto tentando fazer com que ele se mexa. Com
que voltemos a nossas posições originais, distantes, onde eu não sinto todo meu
corpo latejar, só porque ele está perto.
Alex
olha para baixo por um segundo, mas não se move. A mão que antes tocava meu
pescoço caminha até minha nuca com precisão e ele me beija, bem devagar. Sua
boca tem gosto de uísque e hortelã e eu percebo tarde demais que, no mundo,
nenhuma outra combinação vai ser tão boa e certa quanto essa.
Quando
ele se afasta do beijo – o que parece acontecer depois de somente um segundo
depois, mas provavelmente foram minutos - com a respiração descompassada,
encosto minha testa na sua.
“Isso”
diz com um meio sorriso “Não precisaria do maço de cigarros, se eu tivesse
isso”
N/A: Então. Esse foi um sonho que tive, essa noite. Provavelmente faziam anos que não tinha um sonho tão vívido. Que eu lembrasse exatamente de tudo que aconteceu dentro dele, até o cheiro do lugar. Acordei dele com essa frase na cabeça e acho que não tinha outro nome que poderia dar pra essa oneshot, então, relevem.
É isso, to bem feliz que consegui escrever algo depois de quase seis meses e espero que vocês gostem! (eu sei que tá meio bizarro, mas foi um sonho bizarro e maravilhoso, então foda-se hahaha)
Socorro!!! Que oneshot linda, Lu! Comecei a ler como quem não queria nada, mas me envolvi completamente no momento.Que saudades eu estava de sua escrita. E uau, que sonho! Hahaha deve ter sido uma droga acordar. Sei bem como é. Sonhei uma vez que era super amiga de Alex esperando ele no backstage depois do show, só que eu acabei dando a ele uma escova de cabelo (?) e ele adorou, vai saber lá porque.
ResponderExcluirEnfim, adorei cada parágrafo. Espero vê-la em breve por aqui de novo, seja com NTMB, VOP ou quem sabe outra oneshot dessas ♥
Eu.. Eu... Eu... Meu deus, que texto lindo, gostoso de ler nem sei o que dizer. Tá maravilhoso!
ResponderExcluirLívs
Meu deeeeeeeeus, Luana! Eu morri aqui. Que coisa perfeita, socorro <3
ResponderExcluirO modo como as coisas passaram de amigáveis pra sensuais do nada, a tensão sexual em si.... Eu me senti dentro da estória!
E eu amei o título!
Beijos, Bê