Now then, Mardy Bum O1 - So who's that girl there?


Talvez tenha sido a longa conversa que tive com minha mãe pelo Skype tarde da noite ou talvez o fato de que o ar condicionado do meu quarto passou a madrugada inteira pingando água em cima de mim e impedindo que eu dormisse, mas quando o meu chefe disse que o bar só iria fechar mais tarde, não dei importância. Apesar do cansaço, consegui me concentrar o suficiente nas ultimas palavras e ouvi algo sobre “uma banda querendo um lugar para beber”, mas logo depois minha cabeça desligou.
O Hard Rock no qual eu trabalho há pouco mais de dois meses fica no térreo de um hotel caro, com muitos andares e gente que sorri o tempo todo – contanto que você tenha dinheiro -. Não é raro o Jesse, meu chefe e companheiro de bar, deixar para fechar o expediente um pouco mais tarde só por causa de roqueiros de olhos injetados e calças apertadas. Não posso dizer que aquilo me deixava feliz; minha ideia de felicidade não era catar cacos de garrafas de cerveja às 1:00 da manhã, mas o dinheiro era bom e o ambiente, acolhedor. Na maior parte do tempo, eu gostava de trabalhar aqui.
Existiam “prós” e “contras” como todo trabalho, mas os “prós” eram significativamente maiores. Quando não estávamos lotados, Jesse me deixava escolher a trilha sonora; havia uma infinidade de clipes sensacionais e eu sempre passava horas ouvindo os que mais gostava. Também consegui convencer o Jesse a trazer uma máquina de Guitar Hero, para que sempre que estivesse entediada, pudesse ocupar meu tempo fingindo saber tocar aquelas musicas que eu tanto curtia. O principal “contra” era que eu tinha que usar um vestido preto excessivamente colado, mas que, graças aos céus, não era tão curto. Jesse dizia que minhas pernas atraiam a clientela. Era mentira, mas a grana do emprego era boa e eu precisava pagar o aluguel.
E isso era o que eu estava planejando fazer no exato momento em que ele trancou as portas principais e autorizou a entrada dos caras da banda.
O jogo tinha sido minha distração por tantas noites que eu já nem me dava ao trabalho de escolher uma musica: selecionava o random e deixava a sorte escolher qual música eu iria tocar. As batidas frenéticas de Brianstorm me deram a dose de energia necessária para aquela noite e eu permaneci jogando, com os olhos cravados na tela. Era a segunda vez que tocava aquela música, mas havia algo nela que tranquilizava, mesmo com o ritmo acelerado.
— Gosta deles? — uma voz masculina e rouca perguntou, há alguns passos atrás de mim. Era a primeira vez que jogava no Hard (o que podia fazer se o Medium era minha zona de conforto e eu não tinha coordenação motora o suficiente para mais velocidade que aquilo?), então não podia tirar os olhos da tela, ou perderia muitas notas.
Levei meio minuto para conseguir digerir a pergunta e entender que o Estranho perguntava: se eu gostava da banda que tocava a musica que estava saindo dos amplificadores.
— Acho que sim. Quero dizer... a musica é bem legal, eletrizante. Já ouvi outras deles e as letras são bem escritas e o ritmo é foda. Mas ouvi dizer que o vocalista é um babaca.
A risada que ele deu foi discreta, mas divertida. Como se ele soubesse uma piada que ninguém tinha me contado.
— Você acredita em tudo que ouve? — agora notei que ele tinha um forte sotaque britânico. O que era ruim, já que eu era louca por sotaques. Tentei me concentrar nas notas que apareciam na tela, enquanto ele falava, mas admito que era um pouco difícil.
— Nah, mas aprendi que é sempre bom manter uma distancia saudável de caras babacas.
— Eu aprendi que era bom manter uma distancia saudável de garotas de vestido preto, mas olhando você por esse ângulo, não sei se vou conseguir... — o cara me conhecia a menos de cinco minutos e já estava de olho na minha bunda, inacreditável. Apreciar meus dotes com o Guitar Hero ele não queria!
A musica terminava em poucos segundos, mas eu não conseguir esperar até o final; a dor de cabeça, o cansaço e a irritação tomando conta de mim.
Girei nos calcanhares ainda com a guitarra pendurada e me surpreendi com a visão que tinha. O garoto que falava comigo era alto, pálido e magro, com cabelos negros e provavelmente propositalmente bagunçados e um sorriso que transbordava malícia.
— Eu sou Alex Turner. O babaca que estava cantando aquela música. — gesticulou com a mão despreocupadamente em direção à TV.
Sei que eu deveria ter ficado embaraçada, preocupada ou qualquer coisa do tipo, mas ainda que ele fosse absurdamente charmoso e eu tivesse acabado de o chamar de babaca, minha mente estava vazia. Como se meu cérebro tivesse dado algum curto, durante as ultimas doze horas de trabalho. Então a minha resposta inteligente, foi:
— São 2:03 da manhã.
Ele arqueou as sobrancelhas e tentava se manter sério.
— E?
— Muito cansada para ligar.
Antes que Alex tivesse tempo para dizer mais alguma coisa, Jesse chamou minha atenção apontando para o bar e eu sabia que era minha deixa. Segui em direção ao bar sem olhar para trás, mas a sensação de estar sendo observada era quase palpável.
Jesse me ajudou fazendo drinks e trazendo os destilados, enquanto eu tirava algumas cervejas do freezer e pedia os aperitivos para a garota que trabalhava na cozinha. Me abaixei, distraída, procurando copos e guardanapos em um armário embaixo do balcão e quando levantei, quase deixei tudo cair assustada com a intensidade que Alex me olhava. Ao lado dele, um garoto igualmente bonitinho tamborilava os dedos no balcão, sem prestar atenção em mim.
— O que você quer? — perguntei concentrada nos drinks na minha frente.
— Você vai ter que ser mais especifica. — respondeu olhando fixamente para o decote do meu vestido.
Abaixei a cabeça de forma que sua mirada estivesse na altura da minha e arqueei uma sobrancelha. — Do bar. O que vai querer do bar.
— Cerveja.
Não podia evitar abrir a garrafa e servir com mais atenção, com medo de derramar devido ao leve nervosismo. Já tinha servido outras bandas famosas, mas na maior parte do tempo, eram caras que não me olhavam nos olhos. Alex me olhava com uma mistura de interesse e tédio, que inquietava.
— Muito cansada para falar, também? — perguntou dando um gole na cerveja que eu tinha servido segundos antes. Limpou os lábios superiores e eu olhei para o outro lado, por reflexo.
— Exatamente. — respondi limpando uma sujeira inexistente no balcão.
— Ótimo. Porque eu sei de pelo menos três coisas que a gente pode fazer sem precisar conversar. — o garoto que estava tamborilando dedos virou e Alex e ele compartilharam um sorriso discreto. Como se o garoto conhecesse ele bem e esses diálogos sugestivos com uma garota qualquer fosse algo frequente. Eu não duvidava.
— Como se chama? — terminei de limpar o balcão e guardar as garrafas do drink, fazendo todo o processo levar mais tempo do que deveria, só para ele ficar esperando. — Não devia fazer isso...
— Isso? Isso o quê, exatamente? — perguntei fingindo interesse.
— Me ignorar. — levou as mãos no bolso e voltou com cigarros e isqueiros.
— Oh — fiz biquinho —, eu não devia? Ele negou com a cabeça, soprando fumaça. — E porque não?
— Porque você precisa me conhecer para me amar.
A risada que saiu de minha boca foi mais alta do que planejei que fosse e todo o bar virou para me olhar, me fazendo ficar vermelha de vergonha e Alex rir da minha cara. Tinha sido uma piada, obviamente, mas a simples menção da palavra “amar” não combinava com o sorriso debochado e a jaqueta de couro do Turner. O garoto que tamborilava finalmente se levantou e sentou na mesa, com o resto da banda. Alex virou para olhar e de canto de olho, vi que eles estavam meio impacientes. Como se quisessem ir embora. Não sabia o que estava os impedindo.
— Não ouvi seu nome. — insistiu.
— Porque eu não disse. Você já sabe onde eu trabalho, não acho seguro eu dar meu nome a estranhos e...
— O que? Acha que eu vou te sequestrar ou algo assim? — Alex me interrompeu. Dei de ombros. — como se você não fosse gostar disso. Qual é, é só um nome. Não estou pedindo para você vir comigo na turnê.
O que antes tinha sido uma característica até bonitinha, agora era tremendamente irritante. Como um ser humano podia ter o ego tão inflado?
— Olivia. —respondi com um suspiro exagerado. — Meu nome é Olivia. Satisfeito?
Nesse momento, os outros integrantes da banda começaram a se levantar, atraindo a atenção de Alex e enquanto vinham em nossa direção, ele me lançou um rápido olhar e virou em direção a porta. Pode ter sido o cansaço, mas pouco antes de sair pela porta, ouvi ele responder: “você nem imagina”.

4 comentários:

  1. Posta logo linda.. eu era uma fantasminha lá do nyah, é muito viciantes essas fanfics do alex-gostoso u.u

    e para ajudar vocês vou divulgar o blog
    Beijos

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  2. Muito bom... Simplesmente magnifico.
    Adorei.
    Muito bem escrita e engraçada adorei o jeito que você usa o sarcasmo e como ela não cai aos pés dele por ser famoso.

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  3. Eu pirei quando eu vi que tinham tirado a fic do Nyah. Eu não comentava em todos os capítulos e eu tava doida pra reler, mas quando eu fui ver.... Puff! Sumiu! rs
    Vou acompanhar por aqui agora. :)
    Beijos, Paula.

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  4. Vou ler novamente, pq da primeira eu não comentei todos os capítulos #sorry

    'Mermão, todas as fanfics deveriam ter um inicio instigante como o primeiro capitulo de NTMB!
    Alex charmoso desse jeito é de matar qualquer mulher (até homem! Kkk), e esse Matt cachorro com essas trocas de olhares do tipo "yeah man, arrumou pra hoje!"

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