R U Mine 18: About 360


__ Que merda é essa? – pergunto ao abrir a porta de casa e sentir meus tímpanos estourarem de tão alto que estava o som – Eu conseguia ouvir o barulho do primeiro andar! Abaixa isso – fecho a porta de qualquer jeito, jogo a mochila num canto perto da porta e as chaves no balcão.
__ É o novo CD do Arctic! Olha que lindo – praticamente esfrega o pequeno objeto na minha cara. Tenho de me afastar um pouco para analisa-lo. Pintado num tom pastel com a frase Suck it and see no centro, simples e incrivelmente lindo.
Engulo em seco e sinto minhas mãos soarem. Estendo-o de volta antes que o deixe cair.
__ Legal – murmuro tentando não dar muita importância ao fato. Seis meses haviam se passado e eu estava bem. O fato de ouvir sua voz sair da caixa de som num volume absurdamente alto não me incomoda tanto e eu já não tento a todo custo ignorar toda e qualquer informação sobre a banda. O álbum chegou às lojas semana passada e já havia batido recordes no Reino Unido além do novo single estar entre as 10 melhores na parada da Billboard americana.
Rolava o rumor de que a banda se apresentaria no Cochella e eu realmente pedia com todas as forças para que fosse apenas rumores. Não saberia o que fazer com o ingresso comprado há meses.
__ Você chegou tarde ontem hein? Como foi o encontro com o Adam? – ela abaixa o volume do som consideravelmente, a voz rouca de Alex não passa de sussurros pela casa.
__ Foi bom, ele me levou pra jantar e depois fomos ao cinema– abro a geladeira à procura de qualquer coisa que tape o buraco em meu estomago – Wow tem comida de verdade aqui?
__ Daniel fez ontem à noite enquanto esperávamos você voltar. Mas não foge do assunto e aí?
Só Daniel mesmo pra não nos deixar morrer por carência de vitaminas
__ E aí que agente conversou bastante e marcamos de nos encontrar de novo.
__ Só? Não rolou nenhum beijo?
Rolei os olhos diante da curiosidade dela
__ Rolou, mas não conta pro Dani você sabe que ele não gosta do Adam.
__ Ain nem acredito - bateu palminha extremamente animada num nível bem exagerado.– Desde o chupador misterioso não te vejo sair com mais ninguém.
Esse foi o apelido designado à Alex devido às marcas deixadas em meu pescoço, principalmente as do ultimo encontro que demoraram mais de duas semanas para sumir completamente.
...
Limpo minhas mãos molhadas na calça jeans enquanto caminho até a porta.
__ Oi Dan – sorrio abertamente
__ Oi – me abraça como se não me visse há algum tempo – Tudo bem?
__ Tudo sim – fecho a porta e volto para a cozinha
__ Você cozinhando? – sua testa franze e ele me lança um olhar divertido
__ É, tive vontade de me arriscar – murmuro voltando a picar o tomate do molho
__ Essa eu quero ver – se encosta no balcão ao meu lado e cruza os braços em frente ao peito olhando atentamente a todos os meus movimentos
__ Qual vai ser o prato?
__ Lasanha
__ Cadê a maluquete?
__ Catarina? Saiu com um carinha e não deve voltar tão cedo
__ Catarina e seus encontros... – murmura pensativo – E você? Vim aqui ontem à noite e ela me disse que você saiu com o Adam
__ É – repondo meio sem graça, me concentrando o máximo possível nos tomates
__ Hmm... e foi bom?
__ foi legal – murmuro de volta – Adam é um cara legal
__ Hm – murmura totalmente desconfortável. O silencio reina na cozinha durante algum tempo, apenas o barulho da faca em atrito com a taboa ecoa em meus ouvidos.
__ Eu sei que você ficou chateado porque não gosta dele, mas fo...
__ Eu fiquei chateado – me interrompeu – não porque eu não gosto dele. Eu ficaria chateado mesmo que fosse qualquer outro
Levanto meus olhos para encará-lo e encontro àquela imensidão azul que tanto me confortou. Seus olhos parecem aflitos e intensos e me fazem arrepiar. Perco a noção de quanto tempo nos encaramos. Se eu bem entendi ele gostava de mim. Sinto minhas mãos tremerem e largo a faca no balcão, limpo as mãos na calça jeans e vou até a geladeira fingindo procurar algo.
Daniel permanece na mesma posição e sinto seus olhos me acompanharem pela cozinha, minha mente trabalha a mil e meu coração bate descompassado. Daniel gosta de mim?
__ Ana...
__ Não fala nada – respondo e fecho a porta da geladeira com mais força que o necessário.
Ele acata meu pedido e permanece quieto enquanto eu tempero a carne, monto a lasanha e a coloco no forno.
Lavo, seco e guardo toda a louça não aceitando a ideia de encará-lo novamente. Seus olhos me acompanham em todos os lugares e aquilo só me deixa ainda mais aflita.
Quando termino tudo e não encontro mais nada pra fazer ouso encará-lo, seus olhos me estudam com intensidade e eu tremo de ansiedade. Daniel se desencosta do balcão da pia e se aproxima sem piscar nem ao menos uma vez.
__ Dan... – Abro a boca para protestar pelo o que está por vir, pra dizer que aquilo é uma loucura, mas sou interrompida por seu dedo indicador cobrindo meus lábios.
__ Não fala nada – repete minha fala anterior, me fazendo sorrir.
Meio segundo depois sinto suas mão em minha nuca me puxando pra si, nossos lábios se encostam e eu percebo o quanto queria ser beijada por ele. Sua mão macia me segurando firmemente pela cintura enquanto a outra me segura pela nuca fazendo com que aprofundemos o beijo. Meus dedos fincados em sua cabeleira loira desfazendo seus cachos. Meu coração descompassa e eu sinto que estou fazendo a coisa certa, de que ele é o certo pra mim. Nossas línguas se entrelaçam gentilmente apesar da intensidade.
Só nos separamos, pois a lasanha cheirava à pronta e nossos estômagos pediam por aquilo.
__ Quero só ver hein... – disse brincalhão enquanto eu colocava uma generosa porção em seu prato.
Naquela noite comemos muito e assistimos a um dos filmes que passava na tv. Acabei adormecendo em seus braços, um sono leve e tranquilo como não tinha a muito tempo. As coisas pareciam estar voltando a seu eixo.
O tempo pareceu passar de pressa durante aquelas semanas, Catarina ficou radiante ao saber que Daniel e eu estávamos juntos, era como se um peso de mil toneladas tivesse saído de suas costas e nenhum clima ruim pairava entre nós. A rotina dos três mosqueteiros havia continuado pizza toda a sexta e um dia de garotas pra falar bobagens. Não éramos o casal grudento ou qualquer coisa do tipo, mas hoje especificamente eu estava com saudades. Por isso olhava o relógio impacientemente esperando o horário de fechar a loja.
Hoje o dia no trabalho foi extremamente tedioso, eu já havia faxinado as estantes no dia anterior, nenhuma doação para arrumar e nem sequer uma alma viva entrou naquele estabelecimento. Ouvi rumores de que Sr. Smith estaria negociando a venda do sebo para a dona de uma franquia de pet shops e aquilo me assustou. Eu amava meu trabalho que consistia em fazer nada, basicamente.
Eu não estava com saco pra sair naquela sexta feira, mas era o aniversário de 18 anos da Catarina e ela amaldiçoaria minha família pelo menos até a quarta geração se eu não fosse. Cheguei em casa por volta das 17:30 e consegui assistir um episódio inteiro da minha série favorita Game of Thrones antes de tomar banho.
Seco o cabelo deixando-o extremamente liso e brilhoso. Uma calça jeans preta, all star vermelho e uma blusinha dourada e brilhosa. Nos lábios um pouco de gloss e blush nas maças do rosto para não parecer uma morta viva.
Quando saio do quarto dou de cara com uma Catarina deslumbrante. Shorts jeans, blusa preta, salto alto nos pés e pra terminar uma jaqueta de couro vinho, lábios em um vermelho intenso e olhos praticamente apagados. Ela sorri pra mim e eu retribuo pensando que deveria ter me arrumado um pouco mais.
Pegamos nossas bolsas e tomamos um taxi até a porta de um bar. A fachada consiste em um muro alto e preto com uma estreita porta e dois seguranças enfeitando-a. Mesmo do lado de fora consigo enxergar a luz em tons verde, azul e vermelho neon vindo de algum canto de dentro.
Respiro fundo e saco o RG falso do bolso traseiro tentando fazer com que minha cara não me denuncie. Faço minha melhor cara de segura quando entrego –o para o segurança que mal olha na minha cara e me permite entrar. Catarina está logo atrás de mim, seu salto ricocheteando contra o chão.
Subimos um lance de escadas e eu tenho de me apoiar na parede pra conseguir me guiar no meio daquela escuridão, o som está tão alto e potente que sinto o chão tremer em meus pés.
Pisco os olhos algumas vezes tentando me acostumas com o jogo de luz e tusso um pouco ao sentir aquela maldita fumaça em mim. Andamos entre as pessoas até encontrar Daniel acompanhado de alguns amigos numa mesa afastada.
__ Vocês demoraram – disse praticamente gritando em meu ouvido devido ao barulho e logo depois selou meus lábios com o seu.
__ Nem foi tanto – murmuro de volta
__ Pra mim foi - reponde enquanto nos sentamos em uma mesa de canto
__ Ah vocês não vão começar esse discursinho melado não né? – Catarina bufa ao meu lado e nós rimos
__ Sabe o que é isso? Falta de Homem – Daniel diz e eu rio ainda mais
__ Haha vocês vão ficar fazendo bullying comigo no dia do meu aniversário?
__ Ah tadinha – Daniel rebateu de volta e dessa vez até ela riu
Alguns minutos todos nós deixamos a mesa rumo à grande pista de dança. Daniel sempre por perto com as mãos em mim e os olhos encarando qualquer um que ouse chegar perto. Tanto a batida eletrizante quanto as luzes neon contribuíam para o efeito psicodélico em mim, meu corpo se mexendo conforme a musica enquanto minhas mãos passeavam por meu corpo.
Só algum tempo depois quando já sentia a roupa grudada ao corpo tamanho suor, deixei a pista e fui até o bar pegar uma bebida e descansar um pouco. Encostei-me ao balcão após pedir por um drink de morango e baixei meu olhar para minha mão, estudando minhas unhas que estavam de dar vergonha.
__ Drink de morango? Que doce... – olhei para o lado encontrando um homem encostado, Rosto fino e levemente quadrado, cabelos castanhos que cobriam a testa e caem levemente sobre os olhos além de um sorriso melancólico nos lábios.
Sorri de volta, o ser havia despertado uma simpatia em mim, talvez por conta de seu sotaque britânico e sua similaridade com certo musico.
__ Quanto mais doce melhor – respondo voltando a mirar minhas unhas. Talvez eu não estivesse falando o drink propriamente dito
__ Então você acha que um drink doce vai tirar a amargura de você? – Olhei em seus olhos por alguns segundos sem saber o que responder. Aquilo fora direto e simples, porém extremamente verdadeiro.
__ Talvez – dou de ombros e volto a mirar as unhas mal feitas. Sinto aquele olhar me queimando e coro de vergonha.
__ Sinto lhe informar, mas isso não vai acontecer – não sei como não notei, mas ele já estava bem próximo. Engulo em seco e noto minhas mãos tremerem de nervoso – Não vai me dizer seu nome?
Meus olhos se conectam aos dele e eu tremo ainda mais, a intensidade de seu olhar me faz lembrar dos olhos negros que tanto me tiram do sério
__ E Então?
__ Clara
Ouço meu nome ser proferido, mas não dos meus lábios. A voz que o pronuncia é rouca, baixa e carrega um sotaque deliciosamente sexy. Sinto um arrepio ao ouvi-lo e não sei se é de medo ou felicidade. Talvez minha consciência esteja me traindo devido à similaridade entre o estranho em minha frente e o homem que permeia meus pensamentos.
__ O nome dela é Clara caro Miles – ouço novamente a voz de Alex e meu coração palpita em meu peito.
O sujeito sorri de um jeito cúmplice e murmura:
__ Não sabia que estava pisando em um território proibido Turner
__ Mas está
Alex passa por mim e se aproxima do tal Miles sorrindo deliberadamente e pousando a mão em seu ombro de um jeito camarada. Logo depois seu olhar pousa em mim, suas orbes ainda mais negras do que me lembrava e com um efeito ainda mais arrebatador. Quanto tempo havia passado seis ou sete meses? Não importa quanto tempo passe, seu olhar sempre acarretará reações físicas em meu corpo que não sou, e ao que parece nunca serei capaz de entender.

5 comentários:

  1. eu amo muito esse capitulo! true story! por causa da volta do Alex e do nosso querido Miles <3 haha ele vai aparecer mais vezes?
    Beijos beijos esperando ansiosamente o novo *-*

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  2. Também adorei o Miles aparecendo. Ansiosa pelo próximo capítulo!!!

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  3. Ain fofas *-* VOU POSTAR O RESTO DOS CAPITULOS JÁ ESCRITOS JAJÁ. UM BEIJO

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  4. Amei!!!!Perfeito:3

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  5. Milees! Uhúúúl! Let's make a threesome!

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