That's Where You're Wrong: Capítulo 36


Pisquei os olhos várias vezes para ter certeza de que o que estava vendo era real.
Não poderia ser ele, porque ele não poderia estar ali. A ideia toda era tão estranha, tão inesperada, que sentia como se estivesse vendo a cena através dos olhos de outra pessoa.
Alex sorriu e tirou a mochila das costas colocando ela no chão – Sabe de uma coisa, você realmente não devia ficar encarando desse jeito – ele disse – Os homens gostam de mulheres que sabem ser sutis.
A maré estava subindo, andorinhas-do-mar cobriam a areia na beira da água, com suas pernas finas e compridas movimentando-se rapidamente, enquanto procuravam pequenos crustáceos.
No silêncio, Alex juntou as mãos, soprando para aquecê-las e aliviar a dor. – Está zangada por eu ter vindo? – ele perguntou finalmente.

Eu continuei a olhar para ele – Você. – respondi.

- Eu! – ele concordou com um aceno.

- Você... aqui.

- Eu estou aqui – ele concordou novamente.

Apertei os olhos para ver melhor enquanto ventava fortemente – O que é que você...? – parei, tentando entender por que ele havia aparecido – Quer dizer, como você...?

- É uma longa história – ele admitiu. Eu só conseguia ficar com os olhos fixos nele, pois não acreditava que ele estava bem diante de mim. Ocorreu na minha mente que ele é ainda mais bonito do que me lembrava... como se eu fosse esquecer.

Ele olhou em volta e apontou ao redor – Então, esta é a praia que você passou sua infância?

- Você lembra dessa história?

- Eu me lembro de tudo – ele respondeu olhando diretamente nos meus olhos e eu desviei o olhar, sentindo uma coisa estranha no estomago – Pequenas células cinza, essas coisas – disse ele em relação ao cérebro – Onde é a casa dos seus pais?

Ele falava de maneira casual, como se fosse à conversa mais informal deste mundo, o que só fazia as coisas parecer mais surrealistas. – Ali – disse apontando para o lugar – Bem no meio da praia, próximo a marina.

- Todo este lugar é lindo – disse olhando naquela direção e depois para os rochedos – Dá pra entender porque você gosta tanto daqui.

Em vez de responder, suspirei profundamente, tentando acalmar o turbilhão de emoções – O que está fazendo aqui Alex?

Ele ficou em silêncio por um minuto, antes de responder – Eu não tinha certeza de que você iria voltar – ele falou – E percebi que se quisesse vê-la novamente, o melhor a fazer era vir até onde você estava.

- Mas, por quê?
Ele continuou olhando fixamente para os rochedos onde as ondas batiam – Acho que eu não tinha outra alternativa.

- Não tenho certeza do que isso quer dizer – falei.

Ele olhou para mim e sorriu, como se estivesse pedindo desculpas – Honestamente, também passei quase o dia inteiro tentando entender.

Ficamos parados lado a lado encarando o mar, eu tentava pensar, mas não estava dando certo. Ele aqui do meu lado... nós dois...aqui. A brisa, fria e úmida, roçava levemente a superfície da areia, formando uma espuma na beira da água. Sentia aos poucos o choque que ele havia causado com sua chegada se desfazendo. Ninguém jamais iria atrás de mim, ou foi... Comecei a me dar conta de que Alex era diferente de todas as pessoas que já havia conhecido, e de que não deveria me surpreender com nada do que ele fizesse.

- Não – admiti – Surpresa, mas não zangada.

Ele sorriu, e devolvi o sorriso de um jeito muito pessoal.

- Como foi que chegou aqui? – perguntei.

- Bem, aluguei um carro em São Paulo – respondeu.

- E você veio dirigindo sozinho?

- É, foi o jeito.

- Como?

- GPS e mapa em português – disse e eu sorri.

- Você teve sorte em não se perder.

- Tem razão, é uma viagem e tanto. Não tinha um lugar mais perto para você se esconder?

- Me esconder? – arqueei as sobrancelhas – Você acha que eu vim me esconder?

Ele me encarou achando graça – Então, o que você veio fazer aqui?

- Francamente – disse e sai pisando firme na direção oposta a dele.

- Sophie – disse e correu para me alcançar – Espera – ele segurou minha mão me puxando para parar, eu o encarei brava, e realmente estava por ter dito aquilo. – Eu não quis dizer aquilo.

- Mas disse. – cruzei os braços – Quer saber? Melhor você ir embora.

- Eu não posso ir embora, eu acabei de chegar.

- Eu nem sei o que você veio fazer aqui.

- Você sabe sim.

- Alex – suspirei e, senti começar a garoar – Arielle está lá em LA grávida e você aqui, ela ao menos sabe dessa sua viagem?

- Não ela não sabe.

- Eu deveria imaginar.

- Sophie, me escuta – disse – Arielle não está grávida – eu ia perguntar algo, mas ele continuou – Ela mentiu, ela falsificou o exame de gravidez de outro paciente... Tudo isso para afastar a gente, e ela conseguiu.

- Arielle armou tudo de novo? – ele confirmou com a cabeça e, fiquei sem chão.

- E eu só consegui descobrir isso agora... Você não sabe como foi difícil pra mim...

Um nó deu na minha cabeça, Arielle havia me enganado de novo, tudo e a todos, eu já estava exausta disso – Foi difícil pra você? – senti meus olhos molhados – E pra mim? Como acha que foi Alex?

- Sophie, eu não podia imaginar uma coisa dessas, ninguém podia... Mas na primeira oportunidade você largou tudo, me deu as costas... eu não sabia o que fazer.

- Eu lhe dei as costas? Você me traiu com ela! E foi quando eu estava no meu pior momento – passei as mãos no cabelo que teimavam em cair no rosto por causa do vento forte – Você não pode falar nada em relação a confiança.

- Eu já te expliquei que estava pior do que você... que não tive consciência dos meus atos e consequências. E você não pode julgar ninguém, você fugiu como se isso fosse resolver todos os seus problemas!

- Eles estavam resolvidos até você aparecer aqui!

Ele me encarou – Então o problema sou eu?

- É, é sim. – sustentei o olhar, até ele desviar.

Ele balançou a cabeça – Tudo bem, mas eu não sei se consigo te entender. – ele passou a mão no rosto – Aquele dia no terreno foi à última vez que te vi... e pensei que nunca mais a veria...

- Você não sabe como foi difícil pra mim me separar de você aquele dia.

- Você disse que não me amava mais olhando bem nos meus olhos.

- Foi a coisa mais difícil que eu já fiz na vida. – minha voz quase saiu como um sussurro, as lágrimas teimavam em cair.

- Sophie... Eu não vim aqui simplesmente para consertar as coisas, é bem, além disso – ele disse – Eu vim por você, eu vim por nós...

- Alex... – engoli o choro – Eu to cansada de recomeçar e sempre ter alguma coisa para virar tudo do avesso, to cansada de ter o mesmo resultado...

- Eu não quero que você desista de nós, porque eu não desisti, eu estou aqui.

- Essa sua vida, as pessoas ao seu redor... Parecem que só querem prejudicar você e quem esta ao seu lado, eu não tenho garantia nenhuma de que isso irá mudar... eu nem posso, mas não sei se você irá...

- Sabe que no dia em que nos conhecemos – dizia enquanto pegava algo no bolso da calça – Eu encontrei esta moeda e lhe mostrei, você disse que dava sorte se estivesse com a cara virada para cima, e você a virou – meu olho fixou na moeda e, as lembranças daquele dia vieram – E quando a virou, você disse que outra pessoa iria ter sorte. – ele olhou para mim – Mas quando você foi embora, eu a guardei pra mim... E a minha sorte foi ter te encontrado.

Meu coração batia descompassado, ele pegou na minha mão e colocou a moeda nela, eu fiquei sem reação alguma – E se eu não te amasse tanto não teria guardado essa foto – ele tirou da mochila, a foto era uma dos ensaios que fizemos uma vez, e foi à foto da qual eu a levei em seu apartamento e ele estava com Arielle... Além de tudo, ele havia guardado, eu chorava cada vez mais – Eu olho essa foto todo dia para ter a certeza que você esta comigo. – ele suspirou, seus olhos estavam marejados – Sophie não me peça para ir embora, para sumir da sua vida, porque simplesmente eu não posso... eu não quero ficar longe de você. – Ele deu um passo à frente e, tirou uma mecha de cabelo do meu rosto.

- Alex... eu não sabia...quer dizer, eu não fazia ideia...

- É claro que não – ele disse – Mas o que você tem a dizer? – ele estava com as mãos na minha cintura.

Balancei a cabeça organizando os pensamentos, suspirei – Eu te amo... e eu acho que nunca tive tanta certeza de algo em toda minha vida...

Ele sorriu torto – Sendo assim – ele se afastou, se abaixou e tirou uma caixinha do bolso – Quer se casar comigo?

Eu fiquei boquiaberta, ele estava de joelhos me pedindo em casamento, sua expressão era mais serena possível. Minha voz havia sumido, meu coração havia parado na garganta, nunca imaginei que ele faria isso, e todas essas sensações que estava sentindo me deixava mais sem reação. E debaixo de toda essa chuva, nessa praia, nesse frio e tudo isso acontecendo parecia surreal demais. – Alex...eu...não sei o que dizer.

- Apenas diga sim. – ele sorriu.

Eu sorri por debaixo das lágrimas – Sim... 


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N/A: Olá pessoal! Como vão? Pois é, estamos sumidas faz um tempo. Aconteceram muitas coisas nesses últimos meses e andamos bem ocupadas. Como vocês devem saber a fic é escrita por duas pessoas, eu (Julia) e a Letícia. Andamos ocupadas com coisas do dia-a-dia, faculdade, escola, trabalho, etc. Espero que entendam a demora pra postagem do capítulo. Como dito anteriormente, esse seria o último capítulo da fic, porém nós achamos que temos que concluir com algo mais bem feito, portanto esse não será o último capítulo, mas será um dos últimos! 
Enfim, espero que gostem e se preparem para o que estar por vir! Pedimos desculpas pela demora e esperamos não demorar muito para a postagem do próximo capítulo! 
Beijos, Julia e Letícia. 

Um comentário:

  1. Que delícia saber que esse não é o último capítulo! Acho que eu não estava preparada psicologicamente para o fim de TWYW...
    E finalmente Sophie e Alex se acertaram, depois de tantas indas e vindas! Essa cena na praia me lembrou muito as cenas dos livros do Nicholas Sparks (que eu amo) <3
    Enfim, adorei!
    Beijos.

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