Stuck On the Puzzle 34: Only Ones Who Know.

N/A: Fim.




Vestiu sua jaqueta de couro e correu pela escada abaixo.

“Mãe! Vamos logo! Ele já deve estar chegando!”

Era quase impossível medir seu grau de excitação, que estava nas alturas. Mesmo assim, tentou não se exaltar tanto. Havia se arrumado duas horas antes com o maior cuidado possível para escolher a roupa certa, a maquiagem certa e o penteado certo, embora não ligasse muito para o que os outros preferissem. Era uma ocasião especial.

“Ele quem, filha?”

Marine revirou os olhos, bufando. “Você sabe muito bem quem.”

“Não aprovo sua relação com aquele cara.” Disse Jimmy, seu padrasto, brincando.

“Ei!”

“Vamos logo, Laura, a garota está aflita.”

Laura deu alguns passos para trás, examinando a própria filha. Olhou dos pés à cabeça. Arrumou um fio de cabelo aqui, uma dobrinha na blusa ali, ajeitou a jaqueta.

“Você está linda.” Disse à filha, que sorriu sem graça e andou em direção à porta.

“Vamos logo, ele já deve estar pousando daqui a quinze minutos!”

Marine girou a maçaneta e correu para o carro, como se fosse uma criança de oito anos indo para uma festa de Natal onde ganharia muitos presentes. Laura acompanhou o noivo até o carro lentamente, deixando a filha ainda mais ansiosa e nervosa. Por fim, seu irmão André demorou alguns minutos para terminar o lanche e correr para o carro com os cabelos louros escuros desarrumados.

Jimmy girou a chave e o carro ligou.

“LAX, não é?”



(...)

“Alex, acorda.” Disse Jamie ao amigo, que dormia com a cabeça encostada na poltrona do avião.

Ele abriu os olhos, levantando-se imediatamente, batendo a cabeça no teto. Estava atordoado. Estava nervoso. Estava em Los Angeles, meses depois.

“Deus do céu, que horas são?” perguntou com a voz de sono que manteve durante os últimos dias da turnê, fazendo o amigo rir.

“Obrigado por voar conosco” a voz do comandante do avião da American Airlines soou, como sempre.

O avião parou e, automaticamente, uma legião de pessoas se levantou para tirar a bagagem do compartimento. Alex e Jamie permaneceram sentados, um ansioso e outro calmo, respectivamente.

“Você falou com a Alexa?” perguntou Jamie.

Alex revirou os olhos. “Não quero falar disso agora.”

Jamie deu de ombros. “Ok. Foi mal.”

A porta foi aberta instantes depois e tanto Alex quanto Jamie levantaram-se para sair. O vocalista batia o pé repetidamente enquanto o guitarrista brincava com o dedo indicador sobre uma poltrona.

Algum tempo depois, as pessoas à sua frente começaram a andar e Alex agradeceu aos céus por isso. Andou mais rápido do que devia e agradeceu à aeromoça parada em frente à porta antes mesmo que ela pudesse abrir a boca.

“Alex, vai com calma.” Alertou Jamie, durante o percurso. Mas Alex não ouviu. Queria se sentir em sua “segunda casa” novamente. Queria sentir o sol quente e californiano em sua pele, embora usasse uma blusa marrom de mangas compridas. Na verdade, queria muito mais do que isso.

Sentiu seu celular vibrar em seu bolso, mas ignorou. Não tinha tempo para aquilo.
Em instantes, já estavam na sala de desembarque. Alex xingou palavrões por não ver sua mala de imediato. Talvez aquela fosse a mesma reação de muitas pessoas naquela sala que também estivessem com pressa.

Demorou para que ele e Jamie retirassem seus pertences daquela esteira que se movia para apenas um lado, sendo contínua. Alex estava satisfeito agora. Poderia voltar para a sua casa, que se localizava em um residencial um pouco distante dali.

Os dois colocaram seus óculos escuros enquanto encaminhavam-se para fora da sala. Não queriam ser reconhecidos.

“Finalmente!” exclamou Jamie.

Atravessaram as portas e foram para o lado onde geralmente ficam as famílias que abraçam um filho que mora longe, amigos virtuais se encontrando pela primeira vez, ou um casal se reencontrando. O lado das pessoas que, na maioria das vezes, choram de emoção, embora aquele não fosse o nome daquele ponto do aeroporto.

Alex e Jamie pararam um pouco distante das pessoas que esperavam outros passageiros do lado de fora. Jamie decidiu então comprar um lanche enquanto a carona não chegava. Alex não quis nada.

Apoiou-se no carrinho, olhando ao seu redor. Banca de revistas. Rua. Táxis. Mais pessoas. Bancos. Garota. Uma família, talvez. Garota.

Abaixou os óculos, piscando fortemente e coçando os olhos. Não sabia se estava enxergando bem, ou se era uma alucinação. Mas ele reconheceria aquela garota em qualquer lugar.

Engoliu em seco. Como Marine estava diferente! Não parecia mais ser aquela menina baixinha. Não parecia ter vinte anos também, mas logo estava na cara que não parecia nada com a garota com quem havia conversado pela primeira vez naquela noite. Pareciam muitas coisas, mas na verdade ela só tinha crescido.

Alex tremeu. Pela primeira vez, estava realmente com medo de falar com ela. Não a via desde o seu último show na cidade da turnê. Parecia ter esquecido de tudo no momento em que a viu. Ela era, de fato, extraordinária.

Hesitou e hesitou. Ele deu um passo para a frente ao mesmo tempo em que Marine sorriu para um garoto que se aproximou. O garoto a carregou como se ela tivesse o mesmo peso de uma pena e Alex travou a centímetros do carrinho, observando o casal trocar carinhos e longos abraços.

Respirou fundo, olhando para o chão. “Boa tentativa”, disse a si mesmo. Mas era tarde demais. Ou não.

“Aquele ali não é o Alex Turner?”, ouviu uma voz dizer. Alex levantou a cabeça e viu o mesmo garoto se aproximando, puxando Marine pela mão.

Os dois pararam à sua frente. Alex olhou para Marine, que olhava para baixo.

“Cara, eu não acredito” disse o garoto. “Eu não sei nem o que dizer! Suas músicas são foda! O Arctic Monkeys é a melhor banda do mundo!”

“Você acha?” perguntou Alex, forçando um sorriso.

“Vocês são! Eu conheci a minha namorada em um show de vocês, no Lollapalooza Brasil. Nós somos de lá.” Ele sorriu, abraçando Marine.

“Isso é... Legal.”

Alex se esforçava o máximo para manter aquele sorriso falso no rosto. Não queria sorrir. Quase não conseguia. Mas apesar de tudo, forçou. “É só um fã”, pensou consigo mesmo, por mais que Marine estivesse parada à sua frente o encarando.

“Você... Hum... Quer um autógrafo?” perguntou, meio sem jeito.

“Você não se importa?”

“Não, é claro que não.”

O garoto estendeu a blusa cinza que usava e entregou uma caneta preta para Alex.

“Acho que eu estava no mesmo voo que você. Como eu não te vi? Cara, isso é inacreditável!”

“Realmente” disse Alex, olhando para Marine, rabiscando sem querer uma parte do autógrafo. “Quer dizer, talvez fora só distração.”

“Muito obrigado mesmo! Meus amigos não vão nem acreditar quando eu contar para eles.”

“E para a senhorita, alguma coisa?”

Marine virou-se novamente para ele, hipnotizando-o naquele olhar azul.

“Ela é tímida. Mas ela está bem, não está?”

Marine sorriu com a pronúncia atrapalhada do namorado e balançou a cabeça positivamente. Alex ainda não tirara os olhos da garota.

“Bem, obrigado por tudo, Alex. Estou louco para ouvir o novo álbum.”

“Pode apostar que sim.”

“Tenha uma boa estadia em Los Angeles!” ele disse, por fim, se despedindo.

Embora o garoto encaminhasse Marine para o lado oposto, enquanto falava algo em seu ouvido, ela continuava olhando para Alex, até que parassem em frente a dois adultos e um jovem.

Pelo menos ele estava de óculos escuros.

Alex suspirou. Ele sabia que aquela era, definitivamente, a última vez.

“Alex?” uma voz familiar surgiu atrás do vocalista. Era Alexa, que usava um vestido de bolinhas que fazia com que ela parecesse mais magra do que já era.

Fora uma surpresa. Alex não sabia que ela estava ali e não queria que ela estivesse ali. Pelo menos até o momento em que apareceu, onde sua mente tornou-se em uma confusão em apenas um piscar de olhos.

Se recompôs, percebendo o que estava acontecendo ali. “Alexa, eu...”

A moça não perdeu tempo e abraçou-o, demorando um pouco para ser correspondida.

“Por que não leu minhas mensagens? Eu te disse que estaria aqui.”

Alex teve vontade de se dar um tapa na cara ao lembrar de seu celular vibrando e acabou dando a desculpa de sempre, usada por todo ser humano no planeta:

“Meu telefone está sem bateria. Desculpe.”

“Eu senti tanto a sua falta, você nem imagina...” Alex revirou os olhos mentalmente. Ela com certeza havia levado algum fora em NY.

“Por que não me procurou antes, então?”

“Eu achei...” sua voz tremeu. “Eu achei que você não me queria mais.”

“Eu estava em turnê, Alexa. Você sabia disso. Ainda por cima teve a gravação da trilha sonora em Wales, do Suck It and See e a outra turnê começou antes mesmo de ele ser lançado.” Explicou. “Eu não terminei com você. Você terminou comigo. Pra falar a verdade, eu não sei nem o que aconteceu com a gente.”

Alexa separou-se dele, secando algumas lágrimas. “Nós terminamos sem pensar, nem chegamos a um término, na verdade. Eu me sinto horrível por ter dado mais atenção ao meu trabalho em NY e ter deixado você sozinho, mas agora estou aqui para o que der e vier, e eu imploro que me aceite de volta.”

Alex tentou processar tudo o que ela havia dito. Era muita coisa para apenas uma fala.

“Está tudo bem, Alexa”, disse, abraçando-a. “Está tudo bem agora.”

Ela sorriu contra o seu ombro.

Alexa virou-se, olhando para o casal que antes estava a centímetros de Alex. “Quem são aqueles? Você os conhece?”

Alex, deixando os ombros caírem, tentou puxar Alexa de volta para um outro abraço.

“Não. Não os conheço.”

Enquanto a abraçava, abriu os olhos. Vendo-os ali, trocando beijos e abraços, por mais doloroso que fosse, o dava esperança. Esperança de que o romance ainda existia, e que ele o alcançaria um dia. Talvez ele não soubesse. Talvez o mundo todo não soubesse.


Talvez eles fossem os únicos que soubessem.



***

N/A: CALMA! AINDA TEM O EPÍLOGO!

Enfim, oi gente, tudo bem? Eu espero que vocês tenham gostado, sérião. Eu revisei esse capítulo muitas vezes, fiz muitas alterações e deixei do jeitinho que eu preferi. Se ficou pequeno, foi mal. Finais não costumam ser pequenos e eu sei disso.

O tema do capítulo é, obviamente, Only Ones Who Know. Do jeito que eu interpretei a música, o Alex fala sobre um casal que vive um romance bonito e verdadeiro, e ao observa-los ele fica esperançoso de feliz de que amor verdadeiro ainda existe e que pode ser alcançado nos dias de hoje. Bom, pelo menos foi assim que eu entendi, e eu espero estar certa. Eu pensei em muitas musicas pra por nesse capítulos, dentre elas Do Me a Favour,  até mesmo Love Is a Laserquest. 

De qualquer forma, ele acabou fingindo que ela foi só mais uma amante.

Eu queria agradecer à cada uma de vocês que comentaram em todos os capítulos, e quem chegou depois e comentou, não importa. Vocês me motivaram, de verdade. Eu desanimava, voltava aqui e lia essas coisas lindas que vocês postam e em instantes eu me pegava escrevendo outro capítulo. Vocês são dez. Mil. Um bilhão. Infinito.

Quando eu postar o epílogo, vou tentar disponibilizar um link de PDF da fanfic, com ele, um extra com um discursinho meu falando sobre a fic e tal. Não que eu me ache importante a esse ponto, mas vai estar aí pra quem quiser ler. E um dia eu provavelmente vou reescrever essa história, apaga-la e sei lá o que, e pode ser que alguém queira ficar com uma "lembrançinha", não é?

Eu sei a dor de não poder ler fanfic deletada, galera. Sei mesmo.

Deixo vocês com cenas do nosso capítulo final:





(Sim, eu sei que essas fotos são de 2010. Mas vamos ignorar isso, combinado? Combinado.)


3 comentários:

  1. Cara eu chorei, foi intenso assim! Eu tava falavando pra uma mana minha dessa fanfic e ru tava chamando a marine de mozao em quanto contava a historia de tanto amor que eu pegeui nessa mina rauarauat,dsculp por ser uma leitora TAO fantasma, mas saiba que tudo que você escreveu foi fantástico e original. Já tem outra fic em mente ? Em qualquer coisa eu topo ser sua leitora fiel hahahha enfim parabéns e que venha o epílogo

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  2. Não sei o que dizer ainda sobre esse final, foi tão... sensível. Acho que consegui ler as entrelinhas dele. Achei maravilhoso!
    Estou esperando ansiosamente pelo epílogo <3

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  3. Estou sem palavras, não sei oq dizer. O final me surpreendeu pq não foi oq eu esperava, por isso q eu adorei! Você está de parabéns, melhor fic q já li, pena q acabou :(

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