SKY BLUE LACOSTE EIGHT: AVIGNON

  Acordei entre os braços de Alex. Eu estava usando sua camiseta e seu cheiro impregnava-se em minhas narinas, seu perfume que eu tanto adorava. Em meio a tantas coisas que fui obrigada a deixar para trás, tive a certeza que nenhuma de minhas perdas iria doer tanto quanto ver minha querida amiga sem vida, mas naquele instante, o fato de perder Alex pareceu me machucar com mesma intensidade.
   Eu queria ficar ali para sempre, mas o sempre não era uma opção.

Alex’s POV

  Quando despertei, Arabella não estava ao meu lado. Não era a primeira vez que isso acontecia, mas levando em conta as circunstâncias de quem se tratava, não deixei de ficar apreensivo.
  Levantei-me às pressas e a procurei pela casa. Ela não estava lá. Meu coração já começara bater acelerado quando fui até a varanda e ao longe, do outro lado da rua, a vi com os pés na areia da praia observando o mar indo e vindo. No mesmo instante, fui até ela.
 
  Conforme ia me aproximando, pude ver que Arabella estava fumando. Coisa que nunca a vi fazendo antes. Não demorou muito para que ela percebesse minha presença e abrisse um sorriso que me aquecesse por completo.
   - Isso é um cigarro? Com quem você aprendeu essas coisas? – perguntei enquanto ela se sentava na areia.
  - É orgânico – deu de ombros - Mas acho que não faz muita diferença. Afinal, cigarro é cigarro. Sabe, pular do quinto andar não é mais seguro que pular do décimo. No final, de um jeito ou de outro, os dois acabam matando. Ou no mínimo, deixando sérias consequências.
  - Argumento interessante – disse me sentando ao seu lado – Fiquei preocupado quando acordei e não vi você. Achei que tinha fugido.
  Ela riu após uma tragada.
  - Tenha certeza que quando eu fugir eu não vou deixar rastros e nem dar a chance de você se despedir.
  O tom sério com que havia falando deixava claro que não era uma brincadeira. Eu a observei enquanto um nó se formava em minha garganta, com medo de que se eu desviasse o olhar ela pudesse desaparecer.
  - Mas eu não vou deixar você ir embora. Nunca.
  - Não fale essas coisas, Alex. Não engane a você mesmo. Essas coisas não existem – ela me olhou nos olhos.
  - O que você quer dizer com isso?
  Ela balançou a cabeça negativamente e se levantou.
  - Esquece.
  - Não – me coloquei de pé – Fala. Você não quer ficar comigo, é isso?
  - Isso vai muito além de querer ficar com você ou não. Nós não temos controle sobre nada, eu não posso lhe prometer que vou ficar aqui para sempre porque eu não vou.
  - Você vai viajar? Vai para onde? Me diz, eu vou com você.
  - Para onde vou não é em curto prazo.
  - Eu não ligo, Arabella – a peguei pelos braços – Você não imagina o quanto é difícil encontrar a pessoa certa. E quando se encontra, não se deixa partir.
  - Então você está dizendo que largaria tudo para ficar comigo? Que eu sou a pessoa certa? Você não faz a mínima ideia do que está falando, Alex – ela se livrou de minhas mãos.
  - Talvez não tenha, mas... E daí? Eu quero ficar com você e não tenho dúvidas disso.
  Ela colocou uma de suas mãos em meu rosto delicadamente e me olhou com ternura.
  - Você não pode ficar comigo. Vai ser mais difícil para nós dois quando eu for embora. Não quero que você esteja por perto quando isso acontecer porque... Eu nunca mais vou voltar.
  - Arabella...
  - Shh – acariciou meus lábios com o dedo – Eu sei que tem uma pessoa que se importa com você de verdade. Arielle, não é? Seu celular não parava vibrar a noite inteira. Ela quer seu bem Alex, ela vai lhe fazer feliz. Ela é capaz disso, enquanto eu estou condenada a viver no eterno poço do imprevisível. Não sei o que vai ser de mim amanhã. Não posso deixar que você tenha que lidar com isso.
  Eu sentia o sangue fluir quente em minhas veias, dentre todos os sentimentos que lutavam pela minha atenção, a raiva destacou-se explodindo em meu coração. A raiva de ser abandonado.
  - Por que você vai embora agora? – gritei – Por que você pediu para eu ficar se você vai embora?
  Ela não me respondeu, simplesmente virou-se me dando as costas.
  - É assim?! Você simplesmente vai embora, me deixando aqui sem me dar nenhuma explicação? Qual o seu problema?
  Então, ela parou e olhou por cima do ombro. Suas últimas palavras foram:
  - Eu estou indo embora porque eu me importo com você.

...

Two weeks later

  Arabella havia partido, para longe, para o outro lado do oceano. Foi tudo o que seu irmão me dissera no dia seguinte após vê-la pela última vez na praia.
  Eu havia perdido qualquer contato com ela. Pensei até em escrever uma carta, mas não sabia sua localização. Até aquele momento, eu não fazia ideia do porquê de sua repentina preocupação em partir. Contudo, ela havia me avisado desde o começo.
  Tudo com Arabella era assim: Repentino e imprevisível.
  Três dias depois, não estava aguentando sufocar tanta coisa dentro de mim. Eu precisava de alguém para conversar. Então, liguei para a pessoa que eu tanto ignorara nas últimas semanas. Ela deixou tudo de lado, me ouviu e me ajudou.
   No fim das contas, eu estava me resolvendo com Arielle. Ela estava sendo companheira, compreensiva e se eu estivesse tendo alguma melhora em meu comportamento, devia á ela. Passava-me segurança, porque eu sabia que ela não iria decidir ir embora do nada.  
  E nós estávamos em minha casa naquele final de tarde de domingo. Assistíamos á um dos episódios de Breaking Bad quando a campainha tocou.
  - Eu atendo – disse já se levantando.
  Apenas concordei e permaneci em meu lugar. Não consegui ouvir com quem estava falando, mas após alguns minutos ela voltara junto com alguém que eu não imaginei ver tão cedo.
  - Peter – me levantei ao ver o irmão de Arabella – O que o trás aqui?
  - Alex, desculpe aparecer sem avisar. Mas eu precisava trazer um recado.
  - Que recado?
  Arielle e ele se entreolharam antes de me responder:
  - Arabella gostaria de vê-lo.
  A menção das palavras fez meu corpo estremecer de ansiedade.
  - E onde ela está? – perguntei.
  Novamente houve uma pausa antes da resposta.
  - Minha irmã está na França.

Arielle’s POV

  Peter se despediu sem dar maiores explicações. Ao menos, não para Alex.
  Ele fora para o quarto e lá, ficara quieto. Disse que queria um tempo para pensar. Eu o concedi, pois preferia que o silêncio o auxiliasse em suas escolhas do que a bebida e seu uso inadequado que vinha fazendo.
  Após algumas horas passadas, decidi bater na porta e tomar conhecimento de sua decisão.
  - Alex, posso entrar? – perguntei.
  - Entre.
  Lentamente, abri apenas o suficiente para que eu pudesse adentrar o cômodo. Ele estava deitado na cama, coberto por cobertores como uma criança doente. Eu me sentei ao seu lado e não falei nada até que ele o fizesse depois de um tempo:
  - Eu vou para França – disse simplesmente.
  As palavras de Peter se repetiram em minha cabeça.
  - Alex, eu o apoio em sua decisão. Mas você sabe que não pode ir com nenhuma esperança de reconciliação. Você ouviu Peter, não ouviu? Arabella quer lhe ver, mas não pelos motivos que você pode estar pensando.
  - Eu sei. Eu também não faria isso com você.
  Eu acariciei seus cabelos de uma forma que chegava a ser maternal.
  - A questão aqui não é eu. Entenda, eu não ficaria entre vocês dois. Não depois de tudo o que você me falou, de como ela mexeu com você mesmo que tudo tenha acontecido em pouco tempo.
  Alex voltou a ficar em silêncio. Então, levantei-me e quando estava prestes a fechar a porta novamente, ele me pediu algo:
  - Você vem comigo?
  - Você quer? - abri a porta novamente – Quer dizer... Não irá ser estranho?
  - Não. Arabella gostaria de conhecê-la.
  - Sendo assim – sorri – Vou reservar nossas passagens.
  Ele esboçou um pequeno sorriso e voltou para debaixo dos cobertores.
Saí do quarto e fui para sala onde estava o notebook. Acessei o site da companhia aérea que costumávamos viajar e então, analisei as opções de horários dos voos. Arabella estava na residência dos avôs em Avignon, no sul da França. Nós teríamos que pegar um voo direto e longo.  
  E quando aterrissássemos, tinha o pressentimento que não iria ser fácil para ninguém.  

...

  Na tarde do dia seguinte, sem que ao menos eu me desse conta do tempo, estávamos em frente ao portão de embarque rumo ao sul da França. Só o caminho até ali parecia ter levado uma eternidade, pois eu não sabia exatamente que situação teria que enfrentar quando chegasse lá.
  Matt, Breana, Jamie e Nick haviam nos acompanhado e naquele instante era hora de se despedir por um tempo.  Entretanto, eles mal sabiam o porquê disso tudo.
  - Façam uma boa viagem – disse Matt me abraçando e depois fez o mesmo com Alex.
  - E avisem quando chegarem – pediu Jamie – Na verdade, avisem se acontecer qualquer coisa.
  - Nós vamos – garanti.
  Após uma longa sessão de abraços, a voz no alto-falante avisou que era a última chamada para o embarque.
  - Vejo vocês em breve – falou.
  Eles acenaram enquanto íamos aos poucos desaparecendo de seu campo de visão indo para o avião.
  Eu dormiria durante o voo e quando acordasse, estaria em Avignon, na França.

Alex’s POV

  Foi o voo mais longo de minha vida e o fato de não ter conseguido dormir bem, fez com que fosse mais difícil de aguentar. Quando o avião finalmente pousou, foi como se eu houvesse acordado de um incomodo sonho que parecia nunca acabar.
  - Não acredito que chegamos – falou Arielle – Peter ficou de nos buscar, ele deve estar á nossa espera.
  - Ele está aqui? Achei que...
  - Ele foi para o aeroporto assim que saiu de lá – explicou – Parece que a família dele tem um jato.
  Arabella não gostava de falar sobre sua família, mas até onde eu sabia, os Volturi eram donos de um grande patrimônio e pelo visto, maior do que eu pensava. Ela e seu irmão por outro lado, não faziam questão de tamanha riqueza e sempre procuraram seguir seu próprio caminho.
  - Vamos – Arielle segurou minha mão e me guiou até a saída.

  Como ela havia dito, Peter estava nos esperando no portão de desembarque. Uma parte de mim desejava que sua irmã estivesse ali, mas ela não estava. Ele estava sozinho.
  - Fizeram uma boa viagem? – perguntou assim que nos aproximamos.
  - Foi boa, mas um tanto cansativa – ela respondeu.
  - Vocês irão poder descansar quando chegarmos – disse – Então, vamos pegar as malas e ir. Minha irmã está esperando.  
  E assim o fizemos. Permaneci em silêncio durante todo o caminho, observando as colinas verdes do lugar. Entramos em uma estrada de paralelepípedo que parecia levar a um lugar mais afastado de Avignon, uma cidade de aparência histórica. Dirigimos sob ela até chegar á frente de um grande portão, onde Peter parou o carro e apertou o botão do interfone.
  - Residência dos Volturi – a voz falou.
  - Sou eu, Peter.
  - Ah sim, só um minuto Sr. Peter.
  Arielle olhou para mim um tanto admirada enquanto o portão se abria. Ele nos levou por mais uma trilha, tal que era rodeada por árvores que cresciam sob os que passavam.
  Não demorou muito para que a casa ficasse a vista. Era grande, de aspecto antigo, mas ainda sim muito bonita. Em volta de todo o lugar havia um gramado verde vivo, muitas plantas e árvores.
  Mais ao longe, havia uma mesa onde podia-se ver duas pessoas. Uma delas era uma senhora que estava rindo de algo, a outra era uma garota que estava sentada de costas. Era Arabella.
  Saí do carro assim que Peter o desligou, vi a senhora que deveria ser sua avó apontar em nossa direção.
  Ela primeiro olhou por cima de seu ombro e então, lentamente, quase como se não tivesse forças para isso, se colocou de pé. Eu ia até ela e quanto mais perto chegava, mais detalhes eu percebia.  
  Era Arabella, mas não como eu a tinha conhecido.

...

N/A: Sky Blue Lacoste, quem lembra? Hahaha. Depois de um grande período sem atualização, depois de eu ter mudado o rumo umas três vezes, finalmente postei um novo capítulo. Espero que tenham gostado <3
Beijos, Bel.





    





5 comentários:

  1. Para tudo, incrivelmente e surpreendentemente o destaque desse capítulo foi a Arielle. Uma visão madura dela que eu não estava acostumada a ver em ouras fics, esse jeitão "maternal" dela foi algo muito bonito de se ver (e ler). Adorei!
    Alex dispensa comentários, né?
    E o que fez Arabella ir embora pra França e o que será que aconteceu com ela nesse período em que ela ficou afastada de Alex???
    Cá estou morrendo de curiosidade pra saber o desfecho dessa história envolvente.
    Beijos!

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  2. Genteeeeeeeeeeeee
    Primeiro, amei como você retratou a Arielle tão diferentemente de como as outras autoras normalmente a tratam (uma vadia chata); eu sinceramente acho, pelas redes sociais dela e pelo fato de o Alex estar a namorando, que ela é uma pessoa legal.
    Segundo: QUE QUE A ARABELLA TEM?!?!?! Ela disse que não ia mais voltar, estava fraca e diferente, ela ta o que, com uma doença terminal?!?!?!? :o
    Posta o próximo capítulo AGORA.
    Brigada, de nada, tchau.

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  3. Gente!!!! Curiosíssima... Só posta,Bel, por favor. Bgdhhkdyjkirdvhg Beijos.

    Steph

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  4. Meu deus, mas o que aconteceu? Louca, louca pro próximo capítulo. Só não domera tanto como da ultima vez, amo mto essa fic! Bjo

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  5. Tô em desespero pra saber o que aconteceu (se bem que meus palpites costumam ser bons), mais desespero ainda em ver que faz tempo desde a ultima postagem, ela continua né? por piedade diga que simmmmmm :((
    -Bela, a chata desesperada hahahaha.

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