Acordei num pulo. Fora um
tremendo susto, uma música bem alta e barulhenta atravessava a porta e as
paredes de Ellie – que já estava em pé, atordoada – com força.
“Puta merda!”
“O que é isso?” berrei,
tampando os ouvidos. Ellie fez sinal para que eu me calasse e pediu para que eu
não saísse do quarto. Então, rapidamente, ela abriu a porta e saiu em direção
ao quarto do irmão.
A porta estava entreaberta,
o que deixou a música mais alta ainda. Fiquei parado, sem saber o que fazer,
quando vi um vulto no corredor. Não perdi meu tempo e corri para baixo da cama,
me escondendo da possível mãe de Ellie. Aquilo era ridículo. Eu era o vocalista
do Arctic Monkeys, querido e amado por milhares de pessoas, e eu estava me
escondendo debaixo da cama da namorada secreta do meu amigo. Como fui parar
ali?
“Marine!” berrou uma voz
feminina, praticamente respondendo à minha pergunta. Mas o som não vinha do
quarto dela.
“Mãe!” disse Ellie, após finalmente
conseguir desligar o aparelho de som. “Você não pode entrar lá. Marine está com
uma febre terrível.”
Processei a informação. Marine ainda não estava em casa?
“Bom, deixe-me cuidar dela.”
“NÃO!” seu tom de voz
aumentou e ela voltou a falar depois de cinco segundos de pausa. “Quer dizer...
Está nojento. É sério. Ela me acordou hoje mais cedo e eu cuidei dela. Ela não
quer que a perturbem hoje.”
“Mas eu preciso saber se ela
vai melhorar até a hora de ir para o colégio.”
“É sério, mãe? Se
preocupando mais com as notas de sua filha do que com a saúde dela?”
“Eu estou tentando, mas você
não me deixa passar.”
Ellie já estava ficando sem
desculpas e ninguém aparecia. Senti que precisava ajuda-la, por mais que um
improviso fosse algo difícil, especialmente naquela hora.
Tirei minha blusa e o cinto
da minha calça, deixando-a mais larga. Baguncei um pouco o meu cabelo e torci o
meu cordão de ouro. Eu parecia um desajeitado depois de uma noite de muito, mas
muito sexo.
Abri a porta num chute,
fingindo que estava um pouco manco e tonto. “Ellie, que tal voltar para a
cama?”
Tentei não rir com a
expressão facial das duas. A mãe de Ellie obviamente queria explicações e Ellie
me dava tapas mentalmente, me perguntando o que caralhos eu estava fazendo. Mas
logo e felizmente ela entendeu o recado.
“Mãe, esse é o.... Louis.”
Acenei, sorrindo de lado. Ellie queria se matar, isso transparecia de tal
maneira que ela não conseguia falar direito. “Ele é meu namorado.”
“Finalmente, já estava na
hora de você me apresentar à minha sogra, que por sinal é uma mulher muito doce
e gentil.”
Bastou beijar a mão da mãe
dela que a tapada já havia caído na história toda. Eu não queria ofendê-la, mas
eu havia sido recém-acordado por um thrash
metal infernal e não estava com cabeça para enrolação.
“É isso o que você vem
escondendo durante todo esse tempo? Um rapaz doce e gentil?”
Ellie só não suspirou de
alívio porque sabia se controlar perante a uma situação daquelas. Provavelmente
não era a primeira vez, muito menos a última.
Ela deu de ombros e a mãe
dela, que se chamava Laura, nos convidou para o café da manhã. A cozinha tinha
janelas para a rua e aquilo fez com que eu sentisse uma pontada gelada na
barriga e não duvido que Ellie também sentia o mesmo. A pontada piorou mais
ainda quando, no meio da conversa, lembrei que aquele era meu último dia em Los
Angeles na turnê.
“O que foi aquela música?”
sussurrei para Ellie enquanto Laura tagarelava na pia.
“Você não vai acreditar, mas
é o despertador do meu irmão. Ele foi dormir na casa de uma amiga e deve ter
esquecido de tirar.”
“Amiga, sei.”
“Ellie é teimosa. Você nem
imagina! Ainda bem que você apareceu para ela tomar jeito. Sabia que ainda
quando minha outra filha chegou aqui ela voltava para casa bêbada?”
Concordei com a cabeça e
tentei proteger Ellie sem ofendê-la o máximo possível. Então uma silhueta
apareceu na rua, de braços cruzados.
“Falando em Marine, preciso
conferir se ela está bem.”
“NÃO!” berrei, plantando um
silêncio constrangedor.
“Como?” ela perguntou.
“É que... Ellie me mostrou.
Está realmente nojento lá em cima.” Fiz uma careta. “Sabe, acho que você
poderia me mostrar a saída. Eu preciso ir embora.”
Laura sorriu. “Sem
problemas, Louis.”
Marine POV.
Me aproximei da janela ao
lado da porta principal, acenando para Ellie. Ela fez sinal para que eu me
escondesse e foi o que eu fiz. Em seguida, mamãe abriu a porta e voltou para
dentro de casa. Não entendi o que havia acontecido, mas entrei de fininho.
“Puta merda!” quase gritei,
ao ser puxada por Ellie para a cozinha.
“Você enlouqueceu?” como era
possível alguém sussurrar e gritar ao mesmo tempo?
“O que Alex e mamãe estão
fazendo juntos?”
“Eles estão tendo um caso”,
disse sarcasticamente. “Fique aqui. Alex vai embora e eu vou tentar distrair
ela. Enquanto isso, suba e não saia do seu quarto até parecer apresentável.”
“Certo.”
Ellie saiu dali e ficou
parada perto da porta com um sorriso simpático e perfeitamente fingido e braços
atrás das costas. Alex e mamãe desceram, conversando.
“Obrigado por tudo, dona
Laura.”
“Eu é que agradeço! Sei que
você vai ser um ótimo namorado para a minha menina.”
Arregalei os olhos, tentando
escutar direito. Do que diabos eles
estavam falando?
“Até a próxima.”
“Até a próxima, Louis!”
Louis?
Ela o chamou de Louis? Certo, o que
eu perdi?!
A porta se fechou e as duas
ficaram em silêncio.
“Vergonha?” disse mamãe para
Ellie. “Você tem vergonha de me apresentar à um rapaz como esse?” revirei os
olhos.
“É coisa minha, mãe. À
propósito, eu preciso te mostrar a sujeira que o André fez na sala.” Seu tom de
voz aumentou, como sinal para que eu subisse.
Elas andaram até a sala e pé
ante pé fui me aproximando da escada. Suas vozes já ficavam um pouco mais
difícil de serem ouvidas, e então Ellie ligou a televisão no último volume.
“ELLIE! ABAIXE ISSO!”
“A PILHA DO CONTROLE ACABOU!”
“ENTÃO TIRE ESSA PORCARIA DA
TOMADA!”
Eram só berros misturados
com um som alto. Pobres vizinhos.
Quando finalmente cheguei ao
meu quarto, tranquei a portinha e corri para a minha penteadeira. A primeira
coisa que fiz foi tirar completamente a maquiagem, naquele momento desejei não
ter fetiche por sombra preta e rímel.
Arrumei meu cabelo e
prendi-o num rabo de cavalo comportado e guardei toda aquela roupa. Escondi
qualquer coisa que pudesse deixar claro que eu não estava em casa ontem à noite
e desci para a cozinha.
“Bom dia, mãe.” Tentei soar
o mais natural possível.
“Oh, bom dia, querida.” Ela
beijou minha testa. “Dormiu bem? Ellie disse que está com febre.”
“Eu ainda ‘tô um pôco mal.”
“Vá comer alguma coisa. Acha
que dá para ir para a escola?”
“Claro.” Respondi, tentando
não sorrir ao lembrar do quão bom foi aquele show.
Ellie POV.
A campainha tocou alguns
minutos antes de Marine terminar sua torrada se preparar para sair.
“Eu atendo!” pulei da
cadeira, correndo em direção à porta. “Cara, já era a hora! Achei que você não
vinha.”
“Desculpa! É que a carona
atrasou.”
“Ellie, quem está aí?”
“Uma amiga, mãe!”
gritei de volta.
Marine passou por nós duas e
se despediu, sem tirar os olhos do telefone.
“Sua irmã?”
“Meia-irmã. Mas nos
consideramos irmãs de sangue.”
“Ah, sim. Ela parece ser
legal.”
“Ela é louca”, ri. “Quer
entrar para tomar alguma coisa?”
“Eu aceito uma torrada, já
que estou sentindo o cheiro” ela disse, já entrando na casa. “E precisamos ser
rápidas, senão não conseguimos os ingressos.”
“É claro.”
Andamos até a cozinha. Parei
para pensar nas milhões de coisas que haviam acontecido ali só naquela manhã e
comecei a rir.
“Qual é a graça?” perguntou
mamãe.
“Não é nada.”
“Sei. Não vai dizer quem é
sua amiga?”
“Ah, sim.” Me recompus. “Mãe,
essa é a Havana. Sei que você não gosta de ouvir isso, mas é ela quem me
carrega quando estou bêbada.”
“Muito prazer, dona...”
“Laura.” Mamãe sorriu,
cumprimentando-a. “E desde que você continue ajudando essa peste, você será
sempre bem-vinda por aqui, Havana.”
“Eu espero.” Ela disse,
fazendo todas nós rirmos.
***
N/A: Ai ai Dona Laura, você nem imagina metade das coisas que acontecem nessa casa...
Enfim, a boa notícia é que agora eu tenho fotos da nossa querida Ellie.
Ela não é linda, gente? ♥ Enfim, eu sei que eu demorei e tals, mas eu não quero que o final chegue e eu sei que vocês também não. Além do mais, quero que seja perfeito.
Beijos ♥
Cara, pensei q vc tinha parado de escrever e já tava ficando triste pensando q minha fic favorita tinha terminado. Alex fingindo ser o namorado de Ellie hahaha até q funcionou, só quero ver oq Jamie vai achar disso se descobrir. Mds, quando Marine vai admitir q gosta de Alex?!! Cada vez q vc fala sobre o fim eu fico mais ansiosa e um pouquinho triste 😭. Demorou mas valeu a pena, ótimo capítulo! Bjssss❤️❤️
ResponderExcluirnão parei não! você vai saber quando for o fim, e infelizmente ele está próximo :((
Excluirjá atualizei, viu? beijão <3
Não sei quantas vezes eu entrei no site pra checar se já tinha saído um capítulo novo. Hoje tinha x3
ResponderExcluirMuito bom o cap, fico com pena da dona Laura, realmente tem muita coisa que ela nem desconfia rsrs Muito bom o Alex - ou Louis haha - fingindo ser o namorado da Ellie, e melhor ainda é o quanto a Marine deve ter ficado confusa xD
E no final? Pelo título eu já tava esperando 'o retorno de Havana', mas não imaginei que ela e a Ellie eram amigas. Fico imaginando o que teria acontecido se ela tivesse chegado um pouco mais cedo, quando o Alex estava saindo. Será que ele lembra dela? - ele não tava exatamente disposto quando eles tiveram aquela conversa, afinal de contas.
Mas é isso, quanto mais tempo passa, maior tá a expectativa. quando será que as partes 'calientes' chegarão? Por favor, não diz que você vai deixar pro ultimo capituloooooo. Não faz isso :'| Mas mesmo que você faça isso eu vou amar de qualquer jeito - só vai doer um pouco mais.
Mas é isso, bjs, e até o próximo!
Ana
elas vão chegar, e não vai ser no último capítulo, prometo. SAUSHSH
Excluirjá postei, ana. beijão <3
Havana e Ellie>Marine bitch
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