Misfit Love - Humbug: Capítulo 01

N/A: considerando o pedido feito em meu ask, vou começar a postar o spin-off de Misfit Love. Essa fanfic se chamará Humbug devido ao período que Alice e Alex se envolveram pela primeira vez. Quem não leu a primeira parte da história desse casal, só é dar uma pesquisada no site que encontrará os 6 capítulos da fic. Enfim, deixando de conversa fiada, boa leitura as antigas e novas leitoras de ML ♥ 

* * *

Rodopios, rodopios, rodopios. Enxergava através dos seus olhos. Estava em frente a sua visão. Os cabelos assanhados, atraídos pela gravidade, caíam no rosto magro e soturno.

- Querido, queria que você fosse meu. – sussurrei, com a cabeça batendo na parede velha e quase oca.

- Eu sou seu. – ele me respondeu ao dar um sorriso tolo – Você é minha?

A alma, a 1 metro de distância do meu corpo, aquietou-se sob a pele fria, um êxtase inexplicável, sobrenatural, arrepiante. Engatinhei bamba, queria ser sexy, apenas queria, queria ser como a modelo de pernas longas e voz grave, queria ser como sua namorada incrivelmente bonita e elegante. Mas não passava de uma mendiga, ou era assim que tentava parecer, com meus dreads fedorentos e a mesma roupa da noite passada.

Rosto a rosto. Alex com ombros e braços fora da cama, a cabeça quase batendo no chão, lançava seus olhos negros de um lado para o outro. Era 5h, ao menos era o que piscava na luz vermelha do rádio relógio. Ele encaixou o rolo feito a mão entre o dedo indicador e polegar, lançando a fumaça com cheiro forte e enjoado para cima. Estávamos chapados, entorpecidos, uma experiência além-corpo, uma caminhada sobre o Jardim do Éden, um ménage à trois com o próprio Adão.

- Você é minha? – repetiu com um toque de tristeza na voz arrastada de um adolescente inquieto.

Como se atrevia a fazer uma pergunta óbvia? Em todo o meu corpo está tatuado em pequenas frases apaixonadas e escritas a luz de velas o quanto desejo um homem que todos os sábados é fotografado de mãos dadas com outra mulher. Quem sou eu para reclamar? Quantas gravações caseiras meus amigos independentes fazem do meu corpo seminu, alegando arte pura, a delicadeza feminina, manchas roxas de hematomas das quedas bêbadas que tomo no meio da festa? O que são mãos dadas perto dos beijos que troco com um comprimido de êxtase na ponta da língua? Amor. Os beijos e os vídeos não são de amor, mas os toques das mãos são.

- Por que os seus olhos são tão profundos? Por que sempre parece tão distante? – evidente que Alex entrara num monólogo, pois meus pensamentos giravam num catavento.

- Eu estou aqui, não estou? – um robô que responde ao seu criador.

- Prove-me...

Os dedos finos e longos se emaranharam nos meus cabelos. Eram cilindros de cera fria e suave quando deslizarem carinhosamente na pele do meu rosto. Primeiro beijei o seu queixo, descendo lentamente em seu corpo de cabeça para baixo, atingindo os lábios entreabertos e de hálito quente. Mais tarde chamaríamos de “o beijo as avessas do Homem-Aranha”, uma das várias piadas internas que surgiram nessas noites frias de uma Nova Iorque solitária. Parei. Seus lábios estáticos expeliam gás carbônico que se transformavam em oxigênio para as minhas narinas.

Ao tomar o cigarro de erva, sentei-me no chão, encostando as costas no fim da cama de madeira. Alex beijou com carinho a minha testa antes de ficar de pé. 5h10m. Ia embora quando o sol nascia. Quais desculpas inventava? Jamais perguntei. Ele olhava para mim, pensando se era cabível avisar que precisava ir embora. Ora, meu bem, sabemos quem te aguarda em casa.

- Volto à noite. – disse, pondo os sapatos caros e gastos sobre a meia suja.

- Não. Tenho compromisso.

Receoso, sim, receoso. Parecia uma mentira que pulara da minha boca para que não voltasse. Quem dera ter essa coragem, Alex, de dizer para se perder num caminho desses e nunca mais voltar. Na verdade poderia tomar essa casa quando quisesse. Se trouxesse suas roupas enroladas numa trouxa, enfiadas numa sacola de papel de um mercado vagabundo, eu estaria aqui, pronta para abraçá-lo, despi-lo, satisfazê-lo, criar situações que no final nós dois seríamos os heróis.

- Bom dia. – sussurrou, ao mais uma vez beijar a minha testa fria.

- Boa noite. – brinquei, puxando as costas da sua mão e alisando contra o meu rosto. 

Segundos depois estava sozinha, deitada sobre o assoalho solto. Pude ouvir a vizinha no quarto de baixo brigando com o seu marido bêbado e homofóbico, algo sobre ter um caso com a nova moradora do 301. Peguei no sono após ouvi-lo estapeá-la em alguma parte do corpo, jogando-a sobre objetos que foram ao chão. Ela soltou um gemido alto, seguido de palavrões gritados com ódio.

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N/A: não se esqueçam de comentar! Quanto mais comentários, mais me sentirei motivada para as próximas postagens. Caso as atualizações demorem, lembrem-se que talvez tenham culpa pois não comentaram. Do mesmo jeito que nós, escritoras, perdemos tempo escrevendo, não custa nada esse retorno das leitoras com um simples comentário falando sobre a história :) as fanfics funcionam com essa reciprocidade. Se ninguém demonstrar que está lendo, não há motivos para continuarmos postando.