Loving Madly:01 - Where Did You Sleep Last Night?



— E então... — Sonda Kaylee no meu ouvido.
— Desculpe, eu não ouvi direito. Poderia repetir? 
Kaylee bufa no meu ouvido, exasperada. Ela anda mais um pouco até mim, tirando o livro do meu rosto e com uma cara não muito boa diz:
— Eu disse: QUER VIR NO SHOW COMIGO? 
— Que show? — Eu digo sem muito caso.
— Da minha banda preferida. Olha, eu sei que você está estudando mas será que poderia ir comigo? É muito importante pra mim... Eu amo o vocalista -apesar de nunca tê-lo conhecido- mas, eu preciso que você me acompanhe no momento mais feliz da minha vida! — Ela diz, me surpreendendo com a firmeza na voz. Kaylee senta no seus tornozelos, me encara e depois se ajoelha, com uma expressão muito engraçada.
— Eu sei que é seu aniversário, mas eu preciso estudar. Vou fazer prova. Tenho certeza de que posso fazer um bolo, ou algo do gênero mas agradeceria se você me deixasse estudar.
Kaylee se levanta, fica irritada e pega o telefone, jogando meu livro em cima da minha cama.
Disca o número e põe no viva-voz. Vira a tela pra mim e vejo Dylan, o namorado dela. O que ela pretende fazer, ligando pra ele? Dylan atende a chamada e olho fixamente pro rosto de Kaylee que retribui friamente o olhar. Ela começa a dizer:
— Eu estive pensando se você gostaria de ir no show comigo, Dylan. 
— Amor, eu estou ocupado demais e não é possível que você não possa deixar isso pra outra vez? Não sei... Quando eu não estiver cheio de problemas aqui?
— Não, Dylan. Eu não posso esperar! — Grita, me assustando.
— Não vá sozinha, vá com a...
— Ela já disse que não vai. Acha que não pensei nisso? 
— Então procure alguém. Eu não posso, desculpe. Eu preciso ir, até mais... 
— Tchau — E desliga.
Está vendo? Ela fará de tudo para que eu vá nesta coisa que ela chama de show. Eu não curto a banda, nunca ouvi uma música deles... Será que ela não pode me deixar em paz? Sei que tenho estudado muito e amanhã é o aniversário dela, mas não posso fazer isso. Não posso ir em um show de uma banda que nem conheço! Isso é um pouco ridículo, afinal músicas ao vivo não tem a magia que as de estúdio tem. 
— Eu queria poder ajudar, Kay. Mas eu preciso ficar em casa...
— É meu aniversário! Você nunca vem pra cidade, eu queria que ficasse e morasse aqui mas é impossível! E quando vem, não comemora comigo... Isto é algo que venho tentando há meses e sabe disso.
— Kay... — Sussurro. Como aquilo pode ser tão importante pra ela? Deus, o que eu faço? 
— Vamos, não desperdice o ingresso! Isso foi caro, sabia? — Ela olha pra mim, impaciente. 
Não acredito que vou fazer isso... Pode ser por ela mas não é algo que vou fazer com muita vontade. Não é meu sonho ir, mas preciso sacrificar um pouco das minhas obrigações e fazer esse favor. Não é todo dia que eu venho pra Nova Iorque.
— Eu vou com você. Só desta vez, Kay.
Antes de ser esmagada por um abraço, a ultima coisa que vi foi um sorriso.


— Como você está? — Minha mãe pergunta, me fazendo bocejar com a mesma questão todos os dias: esteja feliz, se não, pode sair desse lugar.
— Estou bem, mãe. Eu vou para um show, amanhã. 
— Hum, então você finalmente quis sair? Ótimo! Se divirta. 
— Achei que ficaria brava. Não esperava o "se divirta".
— Você parece o seu pai, nunca sai de casa. Eu precisava arrastá-lo pra todos os lugares. Isso era péssimo. Me diga que vai com Kaylee. 
— Eu vou porque o namorado dela não quis. Eu sou a segunda opção de aniversário. 
Ela ri e chama alguém, com pressa.
— Preciso desligar. Me conte tudo depois que chegar e não desligue o celular. Te amo.
— Eu também.


— Como está meu vestido? — Kaylee pergunta pela décima vez, em frente ao espelho do quarto dela. A cama está lotada de roupas de todos os tipos e nenhuma dela é: eu vou para um show importante de calça rasgada e All Stars. 
— Bom.
— Se anime — Ela diz, depois que se olha no espelho — Eu queria que você fizesse isso de coração, é minha melhor amiga. Não quero te obrigar a ir, mas é o seu dever.
— Ah, muito obrigada... — Bufo, revirando os olhos.
Ela entra no banheiro e fecha a porta.
— Como é o nome da banda, mesmo? — Tento lembrar mas não me vem nome nenhum na cabeça.
— Arctic Monkeys, porque? 
— Nada — Digo, pensativa.


Dylan telefona a cada 1 semana para Kaylee. Não sei como estão juntos a 1 ano. Kaylee meio que não se importa e sempre diz que ele é muito ocupado, mas eu nunca acreditei muito nisso. Talvez o problema não seja as ligações, mas no amor que ele sente por ela. Não sou nada pra falar disso, afinal nunca tive namorado, mas eu posso deduzir algumas coisas previsíveis em uma relação.
A primeira vez que beijei, tinha 17 anos e minha mãe trouxe um namorado pra casa. Ele se chamava Luke e tinha um filho, que veio com ele para jantar em casa.
O filho dele era moreno, baixo e gostava de roupas de marca. Se chamava Wyatt, mesmo nome do avô. Ele e eu estávamos retirando a mesa enquanto nossos pais conversavam e ele me parou na cozinha, me beijando. Eu quase gritei mas ele me impediu. Não consegui dormir direito durante três dias. Como poderia ter deixado algo tão importante ir embora com alguém desconhecido e que poderia ser meu irmão? Se minha mãe não tivesse descoberto a fama de mulherengo dele(Luke), eles estariam casados e eu teria um irmão.
Eu sou filha única desde que minha mãe se casou em 2011. O nome dele é Jack e ele tem um filho de um ano. Meu pequeno William. Eu amo aquele garotinho. A Sra. Hall nunca parece ter reclamado da sua vida de casada, porque nunca mais se se parou ou ameaçou divórcio. 
Samantha -minha mãe- é a melhor pessoa do mundo. Quando quer. 


No outro dia... 
— Hey, acorde! Vamos comprar roupas pra você! Eu tenho que te mostrar a nova coleção da Petite Jolie! 
— Kaylee, eu estou tentando dormir! Droga... — Grito, colocando o travesseiro no rosto e ignorando as cortinas e a porta aberta, deixando o meu quarto iluminado. 
— Acorde logo, vamos! 


Nós passamos quase 5 horas no shopping. Ela me deu o ingresso e eu o guardei na bolsa. Escolhi muitas coisas, mesmo que não seja muito afim de fazer compras. Não sou muito fã em gastar dinheiro, prefiro investir nele. Acho que eu seria uma boa namorada.
Já é muito tarde para alguém como eu que dorme cedo. Escovo o meu cabelo e ponho a maquiagem nova que comprei. Kaylee me dá dicas de algumas roupas pra esse tipo de show. "Lá é o lugar onde não existem vestidos longos e maquiagens discretas". É um palco diferente dos outros, ela disse.
Acho que isso é coisa de fã.


— Vamos? — Kay pergunta, me fazendo pensar novamente sobre o assunto mas como estou quase pronta, não posso pensar mais sobre isso. Eu sempre penso demais sobre as coisas, não gosto disso.
— Eu não tenho escolha, tenho? — Ela balança a cabeça negativamente com um sorriso. 
Kaylee é linda: nunca foi exagerada demais nas roupas, mas nunca ficava cafona. Ela sempre estava por dentro de tudo o que acontecia no mundo o que fazia ela ser ótima em muitos âmbitos necessários para você ser bem aceito na sociedade. Eu tenho obrigação, como quase-jornalista, de saber mais do que qualquer um e fazer uma boa matéria. 
Ela é loira, tem um corpo bem definido graças às dietas e à academia. Sua pele é muito branca, o que me faz lembrar muito da família da minha mãe, é mais clara que a minha. Eu sou um pouco diferente: não malho, mas como bem. Não viajo muito, mas conheço muitos lugares apenas ouvindo sobre as viagens de Samantha. Sou morena, mas não quero ser loira. Tenho orgulho em muitas coisas de mim que geralmente as pessoas não teriam se estivessem no meu lugar, com a minha vida e o meu corpo. Meus 26 anos são muito para alguém que sempre correu contra o tempo. Eu sou diferente, um pouco acanhada mas nunca covarde. Gosto disso em mim.
Agora, hora de conhecer os Arctic Monkeys.

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