(D)evil Twin 10: Cigarette Smoke.




— Não, não, não. — eu disse, parando completamente o som da banda.

— O que foi agora, Alex? — perguntou Jamie, impaciente.

— Está muito rápido. Acho que a bateria devia vir depois.

Toco a guitarra quatro vezes antes de dar o sinal para Matt, e então fico satisfeito com o resultado.

— Viram? Bem melhor.

— Ainda acho que deveríamos estar ensaiando Choo Choo.

— Nós não vamos tocar Choo Choo. — digo, tomando um gole da minha Heineken.

— Por que não? — questionou Nick. — É uma das nossas melhores.

— Concordo com você, Nick. Mas é um concurso, os caras querem letras de verdade, música de verdade, e essa é só algo para animar o pessoal.

Matt interviu. — Sim, mas nós poderíamos usa-la como um truque. Temos o direito de tocar quatro músicas, nós tocamos ela primeiro e então os jurados vão pensar: “Eles são bons de ritmo, mas não servem para o nosso gosto”. Tocamos mais três que vamos eleger as nossas melhores e bam! A imagem que eles tinham de nós já era.

— É uma boa ideia, mas não acho que deveríamos fazer isso.

— Ah, qual é, Alex? Deixa de ser medroso. É só uma música. E é só um concurso.

— Não é só um concurso. É a nossa chance também. — repreendi.

— Ok, ok, vamos deixar algo claro aqui. — disse Nick. — Pessoal, todos nós queremos um ótimo futuro para a nossa banda, correto?

Todos nós afirmamos com a cabeça.

— Não estou querendo dizer que não confio no nosso som nem em nós mesmos, mas vamos ser honestos: nossa chance é uma em milhares. Vamos precisar de uma sorte enorme para chegar nos finalistas, quem dirá vencer a batalha.

Fiquei quieto por um tempo, refletindo sobre o que Nick dizia.

— Só estou dizendo para não criarmos muita expectativa, sabem? Eu nos considero uma boa banda, com um som mais do que ótimo. Mas não acho que vamos vencer.

— Por outro lado, algumas pessoas podem gostar do nosso som e começar a frequentar pequenos shows. — argumentei.

— Exatamente! E quem disse que não podemos nos auto-promover?

— Eu posso colar alguns cartazes no pub onde eu trabalho. — disse Matt.

— E eu, na loja de discos! — continuou Nick.

Sorri. Aquilo sim era uma banda de verdade.

— Está bem, está bem. Já temos um método, mas precisamos ensaiar.

— Jamie, é a sua deixa.

— Um, dois, três, quatro. — contou, logo em seguida tocando a sua guitarra.



(...)



— Está tudo bem com a banda? — diz Arielle, acariciando meu ombro.

— Está. E na sua casa?

— Ah, sabe como é. Mamãe nunca está em casa, trabalha o dia inteiro e está saindo com um cara que ela não deixa a gente saber quem é, Jonah só faz bagunça...

— E a sua irmã? — deixo escapulir.

— Continua a mesma delicadeza de sempre, com aquele cabelo louro platinado. — disse, sarcasticamente.

— Ela vai amadurecer, é só esperar.

Arielle bufou, repousando sua cabeça sobre mim. — Não é questão de amadurecer. Ela só é muito arrogante.

— Ela não é tão ruim assim.

— Vai defender ela agora? — ela riu, chamando o garçom para encher o seu copo.

— Não, só estou dizendo que apesar de ela ser uma peste, não é nada que chegue a ser insuportável.

— E aí que você se engana. — disse, tomando um gole do seu vinho tinto. — Por favor, será que podemos parar de falar dela? Ela já não me deixou dormir essa semana e eu tive que ir para o trabalho com uma cara horrível.

— O que ela fez dessa vez? Ensaiou com a banda dela de noite?

— Não. Bem pior. Espera, como você sabe que ela tem uma banda? — perguntou, me fazendo engasgar com o macarrão.

— Eu... Escutei o som vindo do seu apartamento outro dia. O quarto de Jamie deve ficar em cima do dela.

— Ah, sim. Não sei como ela não ficou surda ainda, ouvindo aquelas merdas no último volume.

— Ela não tem tanto mau gosto assim, se me permite dizer. Mas voltando ao assunto, o que deixou a minha princesa acordada? — eu disse, beijando a sua bochecha.

— Ela e o namorado dela, sei lá o que eles são, na verdade. Enfim, deixa pra lá. Já passou.

Namorado? — pergunto, surpreso. — Ela tem um namorado?

Arielle fez uma careta, se afastando de mim. — Aparentemente sim, paizão. Mas e daí? Tem louco pra tudo.

— E quem é?

— Acho que o nome dele é Mitch. Eu não sei. — disse, continuando a comer. — Não importa, Alex. Não é problema nosso.

Enquanto comi em silêncio, ouvindo Arielle contar casos sobre as clientes que recebia na loja em que trabalhava, pensei no que ela disse. Seria, realmente, um problema?

— Alex, você está me ouvindo?

Depois de alguns segundos encarando o prato, atendi ao seu chamado.

— Hm?


— Esquece. Vamos logo pagar essa conta.

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