Rockstar - Fifteen

Pela primeira vez em minha vida não pude ser responsável pela escolha do meu próprio look. Não era sete da manhã quando Alison bateu em minha porta para me entregar a roupa que eu usaria e me dizer que Jose Quijano estava a minha espera para fazer meu cabelo. Quijano é um profissional de tintura da L'Oreal. E nenhuma mulher passa por ele sem mudar a cor do cabelo, por isso enquanto tomava meu banho eu preparava psicologicamente para deixar meu castanho natural.

Não me surpreendi ao ver que a roupa que Alison havia escolhido para mim era uma tradicional de Valentino, e sapatos, bem... Malono, porque andar com um dos meus Manolos favoritos é como andar nas nuvens. Jose havia escolhido para mim um ombre hair desfiado, com luzes invertidas na parte interior do meu cabelo: Uma mudança não muito gritante, realmente ficou lindo.

Quando eu cheguei ao Independent Club, os ponteiros do relógio de mármore sobre minha mesa marcavam 08h20min. Pedi para que me levassem um expresso com torradas e quando eu verificava mais uma vez o line-up do dia. Não que eu não soubesse quais bandas tocaria, porém eu ainda precisava ter certeza do horário previsto para cada uma subir ao palco.

― Encontrei Luci no meio do caminho com essa bandeja e pela escolha de cream cheesse com geleia de morango soube que você já tinha chegado. ― Laura adentrava a sala um pouco atrapalhada, perfeita arrumada em uma...

― Ei, por que você também está usando Valentino?

― Meanna também está. ― Ela se fez de chocada. ―Acho que todas nós estamos dividindo o mesmo o mesmo armário sem saber.

― Pelo menos não é o mesmo homem. ― Rimos.

― Na verdade, a Vanity Fair está aqui para fazer uma matéria sobre você, seu dia a dia e as roupas que você usa, carreira, infância... E nada mais apropriado do que você estar vestindo seus estilistas favoritos e mostrar também que você sabe influenciar as pessoas ao seu redor.

― Pera... A Vanity Fair? Tipo... Não você está brincando. Como ninguém avisou isso antes? ― O sonho de qualquer mulher no mínimo apaixonada por moda é estar na Vanity Fair. ― E que horas eles vão chegar?

― Pergunte a sua secretária, foi ela quem marcou a entrevista, e nos acordou às seis da manhã para nos entregar nossas roupas. ― Laura rolou os olhos e bufou.

― Você está sendo infantil agindo assim... ― Dei um gole em meu café e peguei alguns papeis sobre minha mesa. ― Você sabe a onde ela está?

― A secretária é sua, lembra?

― Eu não entendo esse sua implicância com ela. Alison é uma ótima pessoa.

― Vic, acorda. Ela dormiu com o homem que você ama. ― Laura se recostou na cadeira cruzando as pernas. ― Uma amiga de verdade não faz uma coisa assim.

― Eu não amo o Alex. E quer saber? Quem deveria se importar com isso era eu, e adivinha; Eu não me importo. Enfim... Como está tudo? Nos camarins já está tudo certo?

― Sim.

― O Buffet no camarote para os meus convidados, já está tudo organizado?

― Aham, ― ela puxou uma folha oficio de dentro da pasta que tinha em sua mão para conferir o horário ― Breakfast vai estará disponível até às 11h00min, depois eles vão colocar o coffee break até uma da tarde, almoço e então o coffee break volta depois das 03h30min. O Jantar será servido a partir das 06h30min. Ah, pedi também que servissem o chá das cinco. ― Ela me entregou a folha e eu dei uma rápida olhada antes de guardar junto dos meus documentos.

― Ótimo! Alguma coisa importante que eu deva saber?

― Hum... Ah, estava conversando com a Kelly ontem à noite, e ela me disse que vai trazer a Taylor e que a mãe dela chegará mais à tarde.

― A Swift? Não sabia que a Osbourne e ela eram amigas. ― Dei de ombros. ― Bem, coloque o nome dela na lista. E a Chung?

― Chegará para o almoço, pediu desculpas por não poder estar aqui antes. O Miles virá com o Arctic Monkeys, e o Queen Of The Stone Age também.

― E por quê que o Miles vai estar com eles?

― Bodini, o Miles participa de uma das músicas mais aclamadas do Arctic Monkeys.

― Eu sei, mas... ― Mas eu pensei que o Alex não estaria falando com o Miles depois de tudo... ― Bem. Alguma banda já chegou?

― Nop. O Two Door Cinema Club chegará mais ou menos no mesmo momento que os portões se abrirem. E antes que você pergunte os DJs já estão todos aqui.

Fechei a pasta que estava em minhas mãos e tive uma sensação diferente ao ver o nome Indie Music Festival impresso nela. Uma sensação de trabalho feito. De missão comprida.

― Obrigada, Laura... Nada disso seria possível sem uma de vocês. Espero continuar trabalhando com vocês por muitos anos, que esse seja apenas o primeiro.

― Que isso Vic. Você é a cabeça por trás disse tudo, foi você segurou a barra quando a mídia estava a ponto de afundar o nome desse festival. Se não fosse você o Indie Music Festival não existira mais hoje.

Os portões abririam às 09h30min e pela grande parede de vidro do camarote, há mais de um quilometro de distância, eu já podia ver a multidão formada. Em minutos tudo seria, então, uma questão de contagem regressiva. As últimas horas de semanas de trabalho duro.

Ouvi a grande porta de gesso sendo aperta e logo Alison apareceu ao meu lado.

― A Vanity Fair queria muito essa matéria, eles estavam atrás de mim há semanas, e imaginei que essa seria a ocasião perfeita. Queria ter te avisado isso antes, mas não queria te acordar no meio da noite. Espero que você não se importe.

― Sem problemas, Alison. Na verdade, eu mal consigo acreditar que isso é verdade. A Vanity Fair é tipo... Oh My God! ― Rimos.

― Tomei a liberdade de arrumar seu horário de hoje e já passei para todas as emissoras de TV, Rádios e Revistas que estarão aqui, coloquei para o intervalo das bandas para que você não perca nada. ― Enquanto Alison falava, seus olhos não saiam dos papeis em suas mãos. ― Falei também com a engenheira da obra, apresentei a ela os projetos que você quer para o clube. Ela disse que na semana que vem já terá uma proposta para te oferecer. Mas como sei que você estará ocupada na próxima semana sendo a estrela de Hollywood do momento, ― houve uma risada de nós duas. ― disse para que ela mandasse tudo para mim, e depois eu vou te deixando ciente de tudo.

― Tudo bem! Obrigada, Alison.

― Você precisa de alguma coisa agora?

― Hum... Não. Er, quando os meus covidados forem chegando, preciso que você me avise, okay? Ah, e quando o Oasis pisar aqui, eu preciso ficar sabendo o mesmo, momento.

Alison assentiu. ― Bem, se precisar de mais alguma coisa, estarei no celular. Vou dar uma volta pelo backstage para ver se está tudo certo.

* * *

Estava saindo da minha sala após a minha primeira entrevista do dia quando alguém esbarrou em mim, e se não fosse pelas mãos do próprio, eu teria caído ao chão.

― Vita? ― E só havia uma pessoa na face da terra que me chamava de Vita, pessoa essa que só falava comigo em italiano.

― Fab?

― Quanto tempo eu não te via, só por fotos e vídeos, você está tão linda, Vita.

Dei de ombros levemente sem graça. Por mais que, em minha opinião, os anos roubaram o charme que existia no sorriso de Fabrizio, continua um homem lindo.

― Você também... Vocês chegaram cedo.

― Na verdade os outros ainda estão no hotel. Estou aqui há um tempo já. Eu estava com Trimble no camarim. Estávamos falando de você.

― Ai meu Deus... Não quero nem pensar no que vocês estavam falando. ― Dei uma risada. ― Quer subir para assistir o show? ― Disse apontando para as escadas.

― É... ― Ele deu de ombros, e ficou alguns segundo em silêncio. ― Vita... ― chamou quando já estávamos entrando na sala. A maioria dos meus convidados já havia chegado, o show começaria a qualquer instante e as equipes da NME, MTV e Multishow já estavam espalhadas pelo backstage.

― Oi?

― Você ainda lembra-se de quando estávamos juntos? Você ainda para pra pensar sobre aquela época?

― Fab... ― Acho que nada me surpreendeu mais do que aquela pergunta. Se tivesse vindo do próprio Trimble, mas o Fab? ― Eu... isso já tem tanto tempo.

― Vita, eu sei. Mas, eu ainda me pego imaginando como teria sido se estivéssemos juntos até hoje. Talvez eu devesse ter lutado mais por você.

Sentamos-nos em uma mesa um pouco distante dos outros, não queria que ninguém ouvisse nossa conversa, também não queria que algum repórter nos visse sentados juntos e longe de todos.

― Quando... quando a gente terminou-

― Quando você terminou comigo. ― Apesar do seu tom acusador, seu rosto era singelo.

― Tá, tudo bem... Enfim, o tempo que ficamos juntos foi maravilhoso pra mim, eu fui muito feliz, graças a você, mas... Acabou.

― Eu sinto como se você tivesse deixado algo pela metade, você simplesmente foi embora, sem motivos, tudo o que você disse foi que precisava se dedicar a sua carreira. Eu não vejo isso com um término propriamente dito. ― As palavras dele me lembravam de Mark, e só então eu percebi que eu havia feito o mesmo com todos eles.

― Me desculpa pela forma que tudo acabou. Acho que na tentativa de fazer as coisas mais fáceis, eu fiz tudo mais difícil.

Fabrizio me abraçou pelo ombro e deu um beijo no topo da minha cabeça. ― Eu nunca vou te entender, garota, mas eu não posso fazer muita coisa agora, né? ― Seu tom era carinhoso. O garota por ele dito na mesma maneira como ele dizia quando estávamos na cama, ou tomando café da manhã em, apenas, nossas roupas íntimas.

― Fab...

― Tudo bem, Vita. ― O som de Next Year invadiu o lugar seguido dos gritos da plateia.

* * *

Demorei mais tempo que o show do TDCC para me recuperar das palavras de Fab. Alex Trimble, do contrario de Moretti, não parecia nem se quer lembrar que uma vez dividimos a mesma cama, porém aquela amizade que criamos naquela época, parecia ter sobrevivido a distancia e ao tempo.

Enquanto o Phoenix estava no palco, Bella da Multishow conseguiu me encontrou no estacionamento privado e como eu já sabia que aconteceria, ela me lançou várias perguntas. Nós trabalhamos juntas na minha fase de VJ, e chegava a ser engraçado o fato de ela ter sido a pessoa que me treinou lá dentro.

― Vic, nesse exato momento o Noel e o Liam estão no camarim juntos?

― Não... ― Ri. ― Eles estão no hotel ainda, não há porque estarem aqui se só tocaram no fim da noite.

― Há mais alguma surpresa que você preparou para o dia de hoje?

― Definitivamente não. Acho que a coisa mais legal que pode acontecer foi trazer o Oasis de volta para mais um show, nada que eu fizer daqui para frente superará isso.

― E quais foram os jogos de persuasão que você utilizou para isso?

― Bem... Não há nenhum atributo que eu possa usar numa situação como essa, se eles estão ai é porque já pensavam nisso antes de eu propor isso a eles. Só dei sorte de fazer o convite no momento certo.

Acenei um tchau, não tinha tempo para ficar ali respondendo perguntas. Já era quase uma hora da tarde, os minutos passavam rápido demais.

Passei pelo camarim de Marina e Lana para dar as boas-vindas. E apesar de ser a segunda vez que eu fala com Marina, ela foi completamente simpática como fora na primeira entrevista de backstage que ela deu na vida dela, que a propósito foi para mim. Taylor se juntou a nós e ficamos por um tempo conversando sobre casa, cozinha, roupa, e todas essas outras coisas que meninas gostam de falar quando estão juntas. Lana sempre com suas ideias de amar um homem para sempre, Marina e seus conselhos sobre como homens não dever ser sempre levados a sério, e Taylor e eu... Bem, somos especialistas relacionamentos fracassados, tudo o que podemos fazer foi ouvi-las.

E como prometi a elas, assisti todo o show ao lado de Swift e Kelly no camarote. E apesar das letras e do estilo diferente, o resultado foi incrível. Eu sentia como se tivesse juntado duas divas no mesmo palco, o que, com certeza, havia acontecido.

Quando a apresentação acabou fui até o camarim de Lola para ver como estava minha menina, porém eu quase tive um colapso ao perceber que ela não havia estado ali momento algum.

― Meanna, cadê ela? ― Disse controlando minha vontade de grita ao celular. ― Era responsabilidade sua cuidar dela.

― Calma, Vic... Do que estamos falando?

― Na verdade, posso saber por que eu não te vi a ainda?

― Ah, claro... Então, estou aqui no Rancho com o Jake e com a Lola, ela se sentiu um pouco insegura então viemos para cá ensaiar antes de irmos para o show. Ela está bem, eu juro. ― Suspirei.

― Que alivio. Acho que por um momento pensei que ela havia desistido.

― Victória... Você não tem ideia do que você tem nas mãos, essa menina está a ponto para conquistar o mundo no momento que você lançá-la. Jake a adorou, e você sabe como ele é...

― Graças a Deus. Ai, menina, você perdeu o show da Lana e da Marina, foi incrível.

― Ai, eu sei... Estava assistindo pela BBC, vi você a Osbourne e a Tay sentas junta como melhores amigas. Fiquei com ciúmes, tá... Bem, eu tenho que desligar, estarei a ai logo, logo... Ah, eu tenho mesmo que ir de Valentino?

― Aparentemente sim. Tenho uma entrevista com a Vanity hoje aqui. Enfim... Não demore a chegar.

Desliguei o celular e quando pensei em voltar para o camarote, Laura me ligou dizendo que Noel estava em seu camarim me esperando. Respirei fundo e fui até lá.

― Noel? ― Chamei da porta.

― Hei, pequena. Como você está? ― Ele se levantou vindo em minha direção e me abraçando.

― Quer que eu seja sincera ou eu posso mentir?

― Você é uma pessoa proibida de mentir para mim, Bodini. Vem, vamos tomar uma cerveja.

Ele pegou no frigobar duas garrafas de Stella e se sentou em um dos puffs.

― Noel, ― Dei um gole na cerveja. Senhor como eu queria uma maneira de fazê-lo acreditar que não havia sido eu a pessoa a vazar a carta. ― eu sei que você está puto comigo pelo o que aconteceu. E eu até pensei que vocês não viriam mais.

― Vic, você é a pessoa que melhor sabe o que aconteceu entre eu e meu irmão. Você estava lá no nosso último show em 2009, e assim como você conhece nossa história melhor do que muito jornalista, melhor do que muita gente da própria equipe, eu sei que você não é o tipo de profissional que pensa apenas no próprio umbigo, você realmente se preocupa com isso, ― ele fez um gesto com as mãos indicando o lugar ao nosso redor. ― com a música, com os músicos, e mais do que tudo, com o seu próprio público. ― Senti um sorriso bobo crescer em meus lábios. ― Eu não tenho dúvidas que Alex tentou te subornar pelo o que aconteceu. Mas você não se importa com o dinheiro e isso como a sua dignidade e com a sua moral. É por isso que estão todos aqui, hoje. É por isso que eu estou aqui. Você não pensou em tudo o que você ganharia sendo a responsável pelo retorno do Oasis, e sim nos milhões de fãs que sonham com isso. E é só por isso que eu aceitei seu convite.

Por alguns segundo eu fiquei sem saber o que falar, apenas encarando seus olhos castanhos, estupefata. ― Mas... Nós tínhamos um acordo.

― Tá, e eu fiquei muito puto por saber que não saiu da forma que planejamos. Mas puto ainda por saber que, se isso aconteceu, foi porque alguém que você confiou cegamente te traiu.

― E o pronunciamento do Liam?

― Liam é um babaca. E bem... foi difícil colocar na cabeça dele que você não teve nada a ver com a carta ter vazado. ― Ele soltou uma risada nasalada e deu mais um gole na cerveja. ― Já perdi as esperanças de fazê-lo entender qualquer coisa, por mais simples que seja.

― Então como foi que você conseguiu convencê-lo a vir?

Afundei-me no sofá, a situação já estava resolvida, e conversando com Noel, eu vi que já podia relaxar um pouco.

― Esse mérito não foi meu. Agradeça a sua secretária loirinha.

Minha boca se abriu em surpresa. ― A Alison? Mas o que ela tem a ver com isso?

― Sim, ela. Foi ela quem convenceu o Liam a vir. Desde a tarde que a carta vazou ela manteve contato com ele e quando descobriu onde ele estava, pegou o primeiro avião e foi atrás dele.

― Nossa, eu não fazia ideia que a Alison havia feito isso. Ela não me disse nada. ― Talvez, com isso, Meanna e Laura perceberia que não era a garota má que elas pensavam que era. ― Que loucura... ― Dei uma risada fraca.

― Enfim... Já tem planos para um próximo projeto? ― Noel colocou a garrafa vazia no chão e se levantou a fim de pegar mais uma.

― Sim. Não é nada como um festival, mas semana que vem chega uma banda no Rancho para finalizar um álbum e eu tenho uma garota que eu quero colocá-la para fazer alguns projetos em estúdio. Hoje ela vai subir ao palco com o Bugg. Lola Glover o nome dela, ela é incrível. ― No momento em que comecei a falar de Lola a empolgação tomou conta de mim. ― Inacreditável o que ela consegue fazer com a voz.

― Para o Bugg aceitar posar do lado dela, não pode ser menos que perfeita.

― Bugg tem muito de você. Deve ser o sangue britânico.

Noel deu uma gargalhada e passou a mão no rosto.

― É a influência. Seu namoradinho também tem muita dessa arrogância.

Arqueei as sobrancelhas em questionamento.

― Posso saber de quem você está falando?

― Você e o Turner, Bodini. O que tem entre vocês dois?

― O que quer que seja que tinha entre nós dois, acabou. ― Disse seca.

Noel balançou a cabeça negativamente.

Houve uma batida na porta e logo vi Meanna e sua famosa timidez trabalhista estampada em seu rosto.

― Desculpa atrapalhá-los, mas Vic, a Alexa já chegou, e esteve procurando por você, sua entrevista com a Vanity é em uma hora e meia, e antes disso a BBC e a NME querem falar com você. ― Ela encolheu os ombros que se realmente tentasse se desculpar por todos os compromissos que eu ainda tinha.

― Bem Noel...

― Você não é mais uma VJ que corre atrás de pessoas famosas e importantes, Vic... Agora você está junto dos perseguidos.

― Cala a boca, Noel. ― Disse já a porta. ― Ah, eu preciso da cópia do setlist de vocês.

― Nem pensar... É surpresa, para você e para o público. ― Abri a boca para protestar, mas ele fez um sinal com as mãos me mandou ir embora.

― Então, o que ele disse? ― Meanna perguntou enquanto subíamos as escadas para o camarote.

― Sabe quem é a responsável pelo o Oasis estar aqui mesmo depois de a carta ter vazado? ― Ela franziu a testa num sinal para que eu continuasse. ― A Alison.

― Como assim? A Alison?

― Exatamente. ― Contei a ela tudo que Noel havia me dito minutos antes e a cara de espanto de Meanna foi mil vezes pior que a minha. ― Acho que você e a Laura deveriam dar mais credibilidade a ela.

― Eu não falo mais nada...

Assim que entrei na grande sala de vidro e gesso, vi Alexa, Amanda Norgaard e Suki Waterhouse sentadas uma ao lado da outra conversando. Suki?

― O que a Suki está fazendo aqui? Quem permitiu a entrada dela? ― Sim. Eu tinha sérios problemas com Suki Waterhouse, e não precisa ser nenhum gênio para saber o porquê.

― Chegaram as três juntas. E eu acredito que você não queira nenhum tipo de fofoca como as que surgiriam caso ela não entrasse. Todo mundo sabe que vocês dividiram o mesmo homem. ― Bufei.

― Eu ainda te mato, Meanna.

Apresei o passo até chegar onde elas estavam sentadas. Amanda, a menina do The Vaccines, estava impecável. Sempre com seu jeitinho de adolescente inocente. Suke parecia uma bonequinha francesa com aquela boina e cardigã. Odiava olhar para ela e ver o quanto ela combinava com Miles. E então, Alexa... Sua simpatia que estava sempre estampada em seus olhos, a beleza natural da pele dela, e como toda roupa que ela vestia caia perfeitamente bem nela. Depois de Marilyn Monroe, Audrey Hepburn e Anna Karina, ela era a mulher mais perfeita na história da humanidade.

― Vic, parabéns. Isso tudo está perfeito. ― Chung se levantou me cumprimentando com dois beijinhos.

― O mérito não é só meu. Não teria nada disso sem minha equipe. Meanna disse que você queria falar comigo...

― Ah, sim. Podemos... ― Ela um sinal com a cabeça acenando para a porta.

― Claro. Quer ir até minha sala?

― Não precisa, só um lugar com poucas pessoas.

Caminhamos até um dos jardins externo que ficava atrás do palco. Na próxima semana ele seria reformado e tomaria um visual grego e moderno.

― Eu estive com Alex ontem. Nós juntamos juntos. Ele me ligou pela tarde dizendo que queria conversar com alguém. ― Então era pra isso que ela queria me chamar para conversar? Para esfregar na minha cara que, além de ele ter dormido com a minha amiga, eles passaram a noite juntinhos depois de um jantar romântico? Queria ser infantil o bastante para dar de ombro dizendo que não em importo e que ela pode pegar o Alex e enfiar na b... Mas eu só franzi a testa.

― Que bom que vocês estão se acertando, então. ― Sorri. O sorriso mais falso do mundo, porque eu aposto que ela achava que completamente verdadeiro.

― Vic... Eu e Alex não temos mais nada a não ser nossa amizade. Alex foi... acho que ele foi o cara que eu mais amei em toda a minha vida. Nós aprendemos muito quando moramos juntos.

― Por que vocês terminaram? ― As palavras pularam de minha boca. Mas Alexa não pareceu surpresa.

― Sabe quando você ama muito algo e não pode deixar nada ser mais importante que isso? ― Arqueei as sobrancelhas tentando entender aonde ela queria chegar. ― Como uma profissão que você está disposta a jogar tudo para o alto para se preocupar apenas com isso.

Sorri, porque sabia o que era esse sentimento. ― Sei, como isso aqui. ― Abri os braços para sinalizar tudo ao nosso redor. ― Eu seria capaz de qualquer coisa para ver isso dando certo.

― Então, somos muito parecidas quando o assunto é nossas profissões. Não consigo me ver interrompendo minha carreira por nada, nem mesmo um filho, ou um companheiro. Isso é egoísta da minha parte, mas eu lutei muito por tudo isso. E Alex, bem... Houve um momento em que eu vi que eu deveria escolher entre ele e a minha dedicação total a minha carreira. De certa forma, não sei se fiz a escolha certa, Bodini. Porque eu sinto que eu perdi o grande amor da minha vida.

Era estranho o fato de Alexa Chung estar contando tudo isso para mim. Eu que nem mesmo era sua amiga. Eu que tinha me envolvido com o cara que ela ama. Eu que a via como um ídolo.

― Nesses anos que eu passei com Alex... Bem, ele é a pessoa que eu melhor conheço no mundo. Sei de cada defeito, sei ler cada olhar dele, sei quando ele está brincando, está magoado com alguma coisa, ou quando realmente quer mandar o mundo se foder. ― Seus olhos tinham um brilho longínquo. Algo que me fazia querer confortá-la. ― Eu sei quando ele olha para uma pessoa e coloca todo amor que ele sente no olhar. E é exatamente assim que olha para você, Vic. Eu não tenho dúvidas do quanto ele te ama.

― Eu... Não é bem isso...

― Claro que é. E olha, eu não sei que história é essa com a sua secretária, mas eu posso apostar qualquer coisa como que ele não dormiu com ela. Posso apostar o que você quiser como que ele simplesmente não vai conseguir se relacionar com nenhuma outra mulher, Vic, que não seja você. ― Ela parou por alguns segundos, olhando para o longe. E como eu não tinha palavras coerentes para dizer, deixei que o silêncio tomasse conta do lugar por alguns instantes. ― O que você sente por ele, só você sabe. Mas por favor, não seja a responsável por machucar vocês dois. ― Então, o volume de sua voz caiu gradativamente. ― E não seja egoísta ao ponto de escolher sua carreira profissional a pessoa que você ama.

Sem perceber fiz algo completamente inesperado; A abracei. Mas na verdade, eu queria um abraço. Queria alguém que dissesse: vá ser feliz. Queria não estar tão decepcionada com meu coração.

― Eu não sei o que te dizer...

― A mim você não precisa dizer nada, Vic. Bom, ― Disse se levantando do banquinho. ― você ainda tem algumas entrevistas para dar antes de a Vanity Fair de trancar numa sala. ― Rimos. ― Você já deu alguma entrevista para essa revista?

― Não, é a primeira. ― Sorri. Era incrível como Alexa conseguia deixar a atmosfera mais leve e doce.

― Eles são ótimos, fazem com que você se sinta a mulher mais importante do mundo. E depois de passar pela Vanity Fair você sente como se tudo girasse em torno de você. Você vai adorar.

Agradeci, mesmo sem saber o que eu estava agradecendo de verdade. E quando caminhávamos juntas pelos corredores, antes de chegarmos ao camarote, um repórter com o crachá da VH1 me parou. Chung me acenou um tchau enquanto eu começava a responder todas as mesmas perguntas ensaiadas que eu já sabia que ele faria.

* * *

Faltavam exatos vinte minutos para se iniciar a matéria com a Vanity, eu estava saindo de um dos camarins vazios que Quijano usou para retocar meu cabelo e uma mulher baixinha de cabelo colorido que eu nunca havia visto antes, fez uma maquiagem nova. Respirei fundo e olhei no relógio do meu celular. 04h43min. Pretendia terminar a matéria antes do show do Bugg começar. E como eu já havia dado atenção a todo mundo que estava ali, poderia curti os últimos shows da noite, sossegada.

Enquanto eu caminhava pelos corredores meus olhos se prenderam a uma porta especifica. Uma placa dourada com letras gravadas em preto "Arctic Monkeys". Tentei passar direito, mas me encontrei parada em frente a mesma tentando distinguir o som vindo dali. Quanto tempo se havia passado desde a noite que eu passei por aquela porta carregando um carrinho com os pedidos deles? Eu me lembrava, perfeitamente, do tom debochado e arrogante na voz de Alex. A maneira como ele me encarava e insistia pela porra do maço de cigarros que eu havia me esquecido de levar. Sem perceber, minha mão estava na maçaneta girando-a, abrindo a porta, revelando o que havia lá. Como eu sentia falta deles... Como eu sentia falta de Alex.

― Hey guys! ― Estampei um sorriso em meu rosto. Eu não entendia a sensação que tomava conta de mim; Como eu estivesse me jogando em alto mar, sabendo que não sobreviveria a queda.

― Opa! Vic, que saudade de tu, mulher. ― Matt, veio em minha direção me dando um abraço forte o bastante para me tirar do chão.

― Larga ela, Helders. E larga de ser atiradinho. ― Reconheci a voz de Breana, e seu típico tom de brincadeira.

― Tá sumidinha, hein...

― Pois é... Tudo bem? ― Nos cumprimentados com dois beijinhos.

O lugar estava lotado. Matt e Breana, Jamie, Nick, estavam com suas respectivas namoradas. Josh, Miles, James Ford, até Kapranos estava ali. E na grande mesa que estava servida com o coffe break deles, havia um enorme vaso com Orquídeas violetas. Por último vi Alex sentado mais distante de todos conversando com Arielle. Eles estavam sérios demais e não combinavam com as pessoas ali. Ver Arielle não ajudou muito, eu sentia como se ela estivesse roubando meu lugar, como se eu deveria estar sentada ao lado de Alex, não ela.

― Bodini... ― A voz que disse meu nome tinha um tom grosso com uma apelativa sexual gritante. Comecei a rir antes mesmo me virar para a pessoa. ― Queria apenas dizer que você vez um ótimo trabalho com o evento esse ano. ― Mas com o ótimo trabalho eu podia apostar que ele não se referia ao festival.

E antes de terminar a frase, Kapranos me abraçou deslizando as mãos por minha cintura mais do que o necessário.

― Kapranos, se a Vic te dispensou quando ela ainda era uma mera assistente de palco o que te faz pensar que ela vai te dar alguma ideia, agora? ― Tentei segurar a risada, mas o jeito que Josh falou fez todos rirem.

― É, deixa a Vita em paz. ― Nick disse num tom debochado, me tirando uma careta indignada.

― Senhor O'Malley...

― Seu ex-namorado ficou pelo menos meia hora falando da Vita dele... ― Disse Matt. ― Acabou deixando nosso amigo ali com ciúmes. ― Seu tom diminuiu enquanto ele apontava para Alex com a cabeça.

Rolei os olhos querendo deixar ambos os assuntos para trás: Fab e Alex.

Estar no meio de todos aqueles homens, era como morar em uma casa junto de mais cinco irmãos. Mesmo com todas as brincadeiras sem graça que eles podia fazer eu me sentia bem, feliz e protegida. Como se estar na presença deles me desse toda a certeza do mundo que nada seria capaz de me machucar.

Olhei de soslaio para Miles. Ele estava sentado em um dos puffs mexendo ao celular, e em momento algum se quer olhou para mim. Do outro lado da sala, permanecia Alex, porém Arielle estava sentada olhando para o nada, enquanto ele fumava seu cigarro com os olhos vazios. Tudo aquilo estava tão errado...

― Ai gente, eu preciso ir agora... Estarei no camarote assistindo vocês. ― Despedi-me de todos na sala, e me apresei em sair daquele lugar.

Quando estava a alguns passos da minha sala, ouvi meu nome ser dito, num tom baixo e num timbre que já era um vício aos meus ouvidos. Eu quando me virei, me contive para não rir. Alex estava todo atrapalhado segurando o vaso de orquídea em uma das mãos enquanto tentava arrumar o cabelo com a outra.

― Turner?

― Vic, eu... Eu acho que comprei isso para você. ― Ele me estendeu o vaso com a flor. Era a orquídea mais linda que eu já havia visto. Orquídea que representa a beleza feminina, a luxúria e a perfeição. ―Hum... ― peguei o vaso de sua mão e me prendi as suas cores violetas e brancas para não ter de encarar os olhos de Turner. ― O Brasil é... ― Alex gesticulava demais, a maneira como ele murmurava, como ele costuma fazer em uma entrevista... Colocou a mão sobre o quadril trocando o peso de uma perna para outra e coçou o nariz antes de voltar a falar. ― Dizem que é um país rico em orquídeas, então... ― Ele parou de falar e passou a mão no rosto e naquele momento eu percebi que ele fazia aquilo não por tédio, mas sim por não ter certeza do que está fazendo. E toda aquela pose, aquela tentativa de parecer descontraído, se foi... ― Eu só queria te dar parabéns pelo dia de hoje, sei o quanto isso é importante para você. Mas importante do que qualquer outra coisa. ― E a triste que eu vi em seu rosto, me quebrou por dentro. ― E... ― Seus olhos passaram por cada canto do corredor branco com detalhes em madeira antes que parar em mim de maneira tão convidativa que eu não tive escolhas a não ser olhar para eles. ― Eu sinto a sua falta. ― E eu não sei de onde eu tirei forças para não chorar. Sua mão tocou meu pulso e eu senti todo o meu corpo se aquecer em questão de segundos. Ele estava esperando que eu falasse alguma coisa, qualquer coisa. Mas eu não falei... ― Bom, acho que eu estou te atrasando, não? Eu não vou mais fazer você perder seu tempo, Bodini. Você pode ir. ― E de uma maneira tão perturbadora seus dedos não rondavam mais a minha pele, o calor foi embora como numa tarde de inverno em que o sol se põe rápido demais e tudo é muito frio na sombra. Eu sentia falta dele...

Continua...

N.A.: Então, lembra que eu disse que a atualização ai atrasar? Brincadeirinha.  Bem, na verdade ia atrasa mesmo, mas o capítulo estava ficando grande demais, logo resolvi dividi-lo. Qualquer erro é só me avisar. Obrigada por ler a Rockstar. Um beijo!

You see her, you can't touch her, you hear her, you can't hold her, you want her, you can't have her, you want to, but she won't let you... She's not so special so look what you've done, boy!