Era manhã. Já podia sentir os raios do sol tocando minha
pele e deixando uma leve ardência ali. Relutei para abrir os olhos, o cansaço
ainda me dominava. Virei-me para o lado, sentindo um corpo ali, um sorriso
involuntário surgiu em meus lábios e eu abri os olhos, dando de cara com o
rosto dele. Uma expressão serena, como quem havia tido uma boa noite de sono e
havia sonhado com anjos. Permiti-me acariciar suas bochechas com o meu polegar,
fiquei olhando para aquele homem a minha frente. Provavelmente o homem da minha
vida. Pela primeira vez, eu não queria deixa-lo ir, ou estava com medo dele
levantar e sumir por dias. Ele estava ali. E era só meu.
- Se você ficar me encarando assim todas as manhãs Claire,
eu não me responsabilizo pelo sexo matinal todas às vezes. – Disse baixinho com
a rouquidão de sua voz. Seus olhos se abriram e um sorriso de lado se formou.
Apenas fiquei olhando-o e desejando que esse momento nunca acabasse. Alex se
aproximou de mim, depositando um selinho e afagando meus cabelos.
- Como dormiu? – Disse baixinho, ainda acariciando seu
rosto. – Aposto que dormiu bem. – Disse e mordisquei meu lábio inferior. Alex
soltou um longo suspiro e me aconchegou em seu braço. Aninhei-me ali e ele
suspirou novamente.
- Você está sentindo isso, Claire? – Disse enquanto ele
mexia em meu cabelo. – Acho que nunca me senti assim. – Disse e beijou minha
testa soltando um riso baixo. – Olha o
que fez comigo. – Disse-me e eu sorri involuntariamente.
- Eu sinto Alex. Eu sinto tudo isso. – Disse. Ele virou-se para mim, depositando outro
selinho e aprofundando o beijo em seguida. Suas mãos já não estavam mais em
meus cabelos, elas percorriam pelo meu corpo, trazendo-me para seu colo. Nossos
olhos estavam fixados um no outro, nossas bocas estavam entreabertas e nossas
respirações estavam falhas. – Eu sinto. – Repeti para mim mesma e para ele. –
Porra. – Disse e soltei um riso que fora acompanhado. Sua mão foi para minha
nuca e impulsionando meu rosto em direção ao dele. Não encostamos nossos
lábios, apenas ficamos com as testas coladas uma na outra, absorvendo o momento
e a carga sentimental que ambos sentiam. Eu não aguentava mais os míseros
centímetros que estava longe de sua boca, minhas mãos fixaram-se em seu rosto e
selei nossos lábios.
Eu poderia ficar horas desfrutando do prazer que era beijar
Alex Turner, eu poderia ficar ali pra sempre, nua e a mercê daquele homem.
Aquele homem que me fazia sentir única.
- Precisamos comer algo. Vou preparar um café da manhã para
nós. – Disse me esquivando de seus braços e depositando um beijo estalado em
seu rosto. Alex sorriu maroto e eu o encarei de volta. – Posso saber o que se
passou nessa sua mente diabólica? – Disse enquanto vestia a roupa íntima e uma
camisa.
- Nada... É só que. – Ele parou por um tempo e ficou me
encarando. Senti minhas bochechas corarem. – Você é linda, Claire. – Sorri para
ele, que mordeu os lábios. Levantei-me meio abobada e fui para a cozinha.
Desci a escada rapidamente, já podia ouvir meu estômago
roncar. Eu estava há horas sem comer algo e sentia-me fraca. Meu bom humor se
foi quando avistei a silhueta dela na minha sala de estar. Parei no meio do
caminho e senti minhas mãos suarem. Engoli um seco e respirei fundo.
- Arielle. – Disse e ela virou-se me encarando, sorrindo em
seguida. – O que faz aqui? E como entrou? – Disse enquanto terminava de descer
na escada e ia em direção a ela.
- Isso não importa. – Disse-me sorrindo debochada.
- Claro que importa. Essa é a minha casa e eu não conheço você
o suficiente para ter esse tipo de intimidade. – Disse ríspida cruzando os
braços em seguida.
- Porque claro, a única intimidade que você tem é com o meu
namorado. – Disse rindo e eu rolei os olhos.
- O que quer? – Disse sem paciência. Arielle veio em minha
direção, a fim de me intimidar. – Veio dar um papinho de como eu sou vadia por
dormir com o Alex? – Disse provocativa. Ela soltou uma risada irônica.
- Claire, eu só quero te dizer uma coisa. – Disse encarando-me.
– Alex te considera como uma menina que conheceu por ai, enquanto a namorada
estava fora. Ele tem esse problema – Ri e olhei para o lado. A minha vontade
era de gargalhar, mas temia que se fizesse isso, Alex desceria para ver o que
acontecia. – Alex não namora garotas como você, ele fica com mulheres como eu. –
Disse chegando mais perto de mim.
- Ele pode até namorar mulheres como você – Dei ênfase em ‘’mulheres
como você’’. – Mas é a mim, que ele chamava pelo nome noite passada. Que ele
gemia com aquela voz rouca, era comigo que ele estava, foi comigo que ele
esteve durante todo o tempo que você esteve fora, foi comigo que ele fez
loucuras. Eu fiz Alex se sentir vivo, eu senti Alex se render aos meus braços. Então,
talvez mulheres como você, não tenham tanto efeito sobre ele. – Disse encarando-a.
- Você não passa de uma pequena menina frustrada, pegando um
rockstar, achando que o tem, mas deixa eu te contar uma coisa, querida. Alex
vai voltar para mim no final, porque eu sou a certeza dele, eu sou quem esteve
do lado dele em todas as merdas que aconteceram. – Disse ela com arrogância. –
Alex me ama. O que ele tem com você é mero tesão. – Disse-me. – Olha pra você,
uma estudante qualquer de uma universidade barrela, mora no subúrbio, uma
groupie – Ela deu um tempo para rir. – Você acha mesmo? Você realmente acha que
ele vai te amar? – Senti um nó na garganta, eu não poderia me mostrar abalada
com a situação, mas algo me dizia que eu não tinha resposta. Eu não tinha
aquela confiança toda, porque eu não tinha certeza de mais nada. – Espero que
fique ciente disso. Ele nem terminou comigo e ainda está com você. Você
realmente acha que ele te quer incondicionalmente? – Disse debochada. –
Desculpa querida, desculpa te falar a verdade. – Ela se afastou de mim, pegando
sua bolça no sofá. – Bela camisa, meu cheiro já ficou nela um dia. – Sorriu e
virou-se indo em direção a porta. – Tchau, Claire. – E Arielle saiu pela porta.
Deixando-me com mais incertezas do que nunca.
Eu sentei no sofá e respirei fundo. Eu não sabia o que
fazer, eu não queria mais complicações em minha cabeça. Eu só queria sossego.
Eu queria ter paz pelo menos uma vez na vida. Por que essa mulher veio aqui e
ferrou com tudo. Eu não poderia acreditar nela, não é mesmo? Mas por que tudo o
que ela disse fazia sentido? Por que eu sentia-me rebaixada e humilhada nesse
momento? Passei as mãos pelo rosto e respirei fundo.
- Está tudo bem? – Sua voz estava perto o suficiente para eu
me arrepiar. Suas mãos passearam pelo meu braço e eu apenas fiquei imóvel. –
Claire? – Disse-me novamente.
- Está tudo sim. – Olhei-o que sorriu em seguida. – Acho melhor
comermos algo na rua. – Disse com a voz falha. – Pode ser? – A expressão do
Alex mudou para confusa.
- Tudo bem, você que sabe. – Beijou minha testa
levantando-se em seguida. – Vou me vestir. – Disse me deixando sozinha no
cômodo.
**
Algumas semanas
antes...
Itália
- O que há de errado? –
Jeff perguntou-me enquanto eu olhava as últimas notícias do mundo da música.
Suspirei derrotada e entreguei o notbook a ele, que mordeu os lábios ao ver o
conteúdo.
- Que droga. Ele
realmente está saindo com essa garota? Eu achava que era apenas uma amiga ou
sei lá... – Disse e me joguei na cama bufando em seguida.
- Que ingenuidade
amiga! Você conhece o Alex muito bem pra saber que ela não era apenas uma
amiga, a quem está querendo enganar? – Disse-me e eu assenti.
- Eu sou uma estúpida
mesmo. – Disse derrotada. Eu amava Alex com todas as minhas forças, são anos construindo
um relacionamento para de repente, tudo ir por água abaixo por causa de uma
mera garota. Alex nunca havia me traído, pelo menos não tão descaradamente. E
agora, eu me sentia o poço da decepção.
- O que fará a
respeito? – Jeff disse sentando-se ao meu lado. Depositei minha cabeça em seu
colo e ele acariciou meu cabelo. – Estou aqui para o que der e vier. Se quiser,
eu bato nela e nele. – Soltei um pequeno riso e respirei fundo.
- Quando voltar para
Los Angeles, darei um jeito. Alex não vai me trocar por um mero caso. – Disse suspirando.
– Ele não pode fazer isso. – Disse tentando engolir o choro que estava
entalado. – Não pode... – Engoli um seco.
- Ariel, minha
princesa, escute uma coisa – Ele disse enquanto mexia em meu cabelo. – Você é
maravilhosa, tanto como pessoa, quanto fisicamente. Quando voltar para Los
Angeles, não desça o nível perante aquela menina. Alex sabe o por que de ter se
apaixonado por você e vocês estarem juntos há tanto tempo, não sabemos o que
ele viu nela, mas você é incrivelmente tão melhor quanto. Quero você de cabeça
erguida, sem passar por cima de ninguém. Se Alex não quiser voltar atrás, ele é
quem vai sair perdendo. – Levantei-me e encarei-o.
- Obrigada Jeff, mas
olha essas fotos... Eles parecem felizes. – Disse desanimada.
- É apenas uma foto. –
Disse me confortando. – Você vai voltar mais maravilhosa do que nunca.
**
- Alex, eu posso perguntar uma coisa? – Disse enquanto
tomava meu café. Estávamos em uma cafeteria perto da minha casa. O dia está
belo, a primavera tem o dom de deixar tudo mais harmonioso. Alex assentiu e
sorriu. – Eu sei que não deveria falar sobre isso, mas é que... – Dei uma pausa
e respirei fundo. – E a Arielle? – Disse por fim e Alex paralisou por um
momento, pareceu ficar atordoado e coçou a testa, incomodado.
- O que tem Arielle? – Disse-me e tomou seu café.
- Bem, estamos juntos, certo? – Alex assentiu. – E você
terminou com ela? – Perguntei e ele respirou fundo.
- É complicado Claire... Eu não tive oportunidade ainda. – Ele
gesticulou com as mãos tentando explicar. Eu não sei bem o que senti no
momento, mas algo me incomodou muito no que ele disse. Ela estava certa? Ele
não havia terminado com ela e possivelmente ainda pensava em algo relacionado
ao relacionamento deles? Fiquei encarando-o.
- Você está com dúvidas sobre mim, é isso? – Disse e ele
abriu a boca imediatamente para falar, mas não disse nada. Impondo um silêncio constrangedor
e dolorido. – Alex... Eu preciso ir. – Disse pegando minha bolsa e deixando um dólar
na mesa. – A gente se fala, quando sua certeza estiver bem clara. – Sai do
local. Alex não falou, não olhou, não moveu um músculo se quer. Caminhei o mais
rápido que pude, eu sentia o vento gelado cortando meu rosto, eu não sabia pra
onde ir e pior que isso, eu não sabia o que sentir. Eu estava triste e decepcionada.
N/A: Estou me sentindo triste, STYH está chegando ao fim e estou dolorida. Queria dedicar esse capítulo a Déb, por motivos que bem, ela sabe muito bem. Queria mandar um beijo pras meninas que leem, isso é bem importante pra mim, porque tento transmitir tudo o que venho sentindo perante ao Alex. E é isso, há 3 capítulos do fim...Do fim... Beijo, Anne.
Ô, Anelise.
ResponderExcluirFico boba com a maneira que você conduz Still. Tudo na hora, e no momento certo.
Fiquei extasiada com o momento de amor dos dois, logo de manhã, de uma maneira sem precedentes, e você entende o porquê. Ainda mais maravilhada pela sinceridade que passava por entre os dois, e pela bolha mágica onde eles estavam, e pude sentir que ali, para eles era como se nada pudesse atingi-los. Poderiam estar ali para sempre... Se não houvesse mais dia nem noite, talvez poderiam.
Então somos contrabalanceados com um choque de realidade, com a tentativa sôfrega da Ariel, que surge propondo verdades que machucam para a Claire. Ela está ali não como a bruxa má do imaginário de muitas, mas como uma mulher apaixonada defendendo o seu amor pelo Alex, maduro e sério e não fogoso e inconsequente, como é o que ele tem com a Claire.
Pude sentir muito o apelo silencioso dos dois, dos três, como se soubessem que sei lá, está tudo confuso demais. E que talvez precise ter uma conclusão logo.
Fico extremamente chateada sabendo que temos só mais três capítulos de Still, sabendo que logo vou ter que me despedir da Claire, uma personagem com a qual me identifiquei muito, e temo pela maneira que se dê esse adeus.
But come on, come on, come on. Esperarei ansiosa.
Já estou em lágrimas então acho que está bom por agora.
Beijos grandes,
Déb
A Déb, com seus comentários perfeitos, já explicou tudo o que senti ao ler esse capítulo e, como se estivesse dentro da minha cabeça, teve as mesmas percepções que eu. Cara, que singular o momento Alex-Claire de manhã! Repito que dói em mim o tanto que esses dois se querem. Mas ao mesmo tempo o Turner me deixa na incerteza, assim como deixa a Claire, quando fica em silêncio diante de uma pergunta que, aparentemente, seria fácil de responder... Isso prova que o sentimento que ele sente pela Ariel é sólido e qie apesar de tudo está lá. Estou curiosa pelo rumo que a história vai tomar e sofrendo ao mesmo tempo porque despedidas não são meu forte. Amo a tua fic, você a faz com primor, Anne.
ResponderExcluirBeijos <3
Steph
adorei o capitulo,continue assim,e to muito triste q a fic ta chegando ao fim :(
ResponderExcluirbjsss
Ah cara :(
ResponderExcluirPô cara :(
Anne, deixa eu te perguntar, e o intercâmbio? Digo, ela vai desistir mesmo pelo Alex?
Tô triste por eles dois, essa indecisão do Alex é de matar e entendo a confusão da Claire...é injusto com ela.
Honestamente? Tô ressentida pela Ariel, do modo como vc colocou, sinto a injustiça que é com ela.
Enfim, esse capítulo me deixou pra baixo, espero que tudo se resolva logo pra eles. E apesar da tristeza, amei esse capítulo, vc transporta a emoção deles pra gente de uma maneira única.
Xxxx.
haha acalme-se a ideia do intercâmbio ainda está em jogo, vocês verão mais pra frente tudo. É, eu não queria colocar a Ariel como alguém má, vadia, cruel e etc. Ela foi um pouco ignorante com a Claire? Foi sim, mas imaginem o desespero dela? Ver que está perdendo o homem da vida dela? É complicado. Poxa a intenção era deixar você para baixo, mas acredito que você capitou o que eu quis mostrar....
Excluir<3
Arielle, aquela vaca, pq tinha que estragar tudo? hahahaha
ResponderExcluirMal posso esperar pelo próximo capítulo, cara não acredito que já tá acabando! D: