Quando entrei no prédio da NME ao lado de Alex Turner, a
recepcionista, que atendia pelo nome de Lucy, parou de mascar seu habitual
chiclete para escancarar a boca assim que passamos por ela. Tive vontade de rir
por sua expressão, mas controlei-me, pois não parecia uma boa hora. Não era
nada demais, mas creio que não foi isso que passou pela cabeça dela quando ele
teve a audácia de passar seu braço ao redor de meu ombro. Ele chamou o elevador
e não demorou muito para que as portas se abrissem. Eu estava tão pasma com sua
atitude que meu corpo estava paralisado.
- O que foi
isso? – exclamei quando já estávamos dentro da caixa metálica e eu já havia
tirado o braço de Alex da minha pessoa – Há cinco minutos você disse na cara
dura que queria me beijar e agora faz isso. Quem deu a permissão?
- Foi engraçado –
respondeu rindo – Você viu a cara dela?
Tentei permanecer
séria, mas comecei a rir ao lembrar-me de Lucy e sua expressão de quem tinha
visto um fantasma.
- Mesmo assim –
falei enquanto recuperava o fôlego – Não deveria ter feito isso.
Alex se aproximou
de mim, ficando tão perto que faltava pouco para me prensar contra a parede.
- Não me diga que
você não gostou de sentir a minha pele em contato com a sua, Arabella – suas
palavras saíram em um sussurro.
- Não seja tão
convencido, Alex – respondi de mesmo modo.
- Não sou
convencido – encostou sua boca em minha orelha – Isso é um fato.
Ele então colocou
uma de suas mãos em meu pescoço delicadamente, subiu para o meu rosto e
deslizou seus dedos até que os mesmo chegassem aos meus lábios. Sustentou meu
queixo com a mão e acariciou meu lábio inferior com seu polegar.
- O que você está
fazendo comigo, Arabella? Por que sua imagem não sai de minha cabeça?
Eu bufei irônica.
- Você faz muitas
perguntas, Turner. Tome cuidado com as respostas, mas já o respondendo, eu não
tenho culpa se você criou algum tipo de obsessão por mim – falei.
Alex sorriu
contra minha bochecha e prendeu-me ainda mais entre seu corpo.
- Não é isso. Eu
sei exatamente o porquê, só resta descobrir se você quer saber.
- And do I wanna know?
Ele estava
prestes a tomar uma atitude que talvez, bem talvez, eu teria gostado. Entretanto,
foi impedido quando as portas do elevador se abriram novamente. Eu o afastei
bruscamente para logo em seguida, deparar-me com Arthur me encarando com um ar
de reprovação.
Eu respirei fundo
e saí do elevador.
- Vejo você daqui
a pouco, Arabella – disse Alex
enquanto sua imagem desaparecia em consequência das portas se fechando.
Olhei para Arthur
e tentei sorrir, mas a minha tentativa de aliviar o clima foi frustrada.
- Por que está me olhando com essa cara? –
questionei enquanto me dirigia a minha sala e ele vinha logo atrás de mim.
- O que foi
aquilo, Bella? – senti a indignação em sua voz.
- Não aconteceu
nada – abri a porta de meu escritório.
- Você acha que
eu tenho quantos anos? Eu sei quando algo está acontecendo.
Fui até minha
mesa e peguei meu notebook em mãos.
- Não aconteceu
nada, eu já disse. Eu estava tomando um café, então ele apareceu e resolvemos
dar uma volta na praia para passar o tempo. Foi só isso. E, sério, eu não sei por
que estou falando isso, eu não devo satisfação alguma a você, com todo o
respeito.
- Primeiro ele
resolve te fazer companhia em uma praia deserta, depois dão um passeio e aí
acabam se pegando em um elevador? Pelo visto ele rápido para agarrar a presa.
Eu o encarei
desacreditada após ter ouvido aquelas palavras saírem da boca de Arthur. Saí
para o corredor novamente em passos largos com o intuito de deixá-lo falando
sozinho.
- Bella, espere! Desculpe-me,
eu não quis dizer isso – ele segurou minha mão.
- Arthur, você é
legal. Você foi a primeira pessoa que foi gentil comigo nessa cidade. Mas eu
não sou um animal muito menos uma vítima para me tornar presa do Alex. Ninguém
se pegou. Eu não sei o que você tem contra ele, mas eu sei me cuidar sozinha –
falei tudo de uma vez e tive a impressão que não respirei enquanto fazia isso.
- Eu sei, eu sei –
abaixou a cabeça – Você é uma garota muito especial, Bella. Não importa se não
faz nem uma semana que nós conhecemos, eu soube disso a partir do momento em
que a vi saindo daquele elevador. Só não quero que você se machuque. Acredite
em mim, você não vai querer se meter com ele.
Eu suspirei
fundo. Ah, céus, não era possível ficar com raiva daquele garoto.
- Tudo bem,
Arthur. Eu vou tomar cuidado.
- Me promete? –
ele parecia um garotinho pedindo por doce.
- Prometo.
===
Faltava um andar
para que eu chegasse à sala onde iria acontecer a entrevista. Minhas mãos
ameaçavam começar a tremer, eu apertei o notebook com força contra meu peito em
um gesto infundado rezando para que aquilo não acontecesse.
Vocês já tiveram aquela
sensação de que parece que todos os olhos estão direcionados para a sua pessoa?
Naquele momento, eu tive. Assim que eu dei um passo à frente naquela sala, que
mais parecia uma sala de estar perdida no meio de um prédio comercial, as
cabeças viraram em minha direção como seu eu fosse uma árvore de natal coberta
por pisca-piscas. Esperava encontrar ao menos alguém para me auxiliar, mas não.
Era só eu e os quatro integrantes da banda. Era só eu, uma colunista de
primeira viagem e Alex em sua zona de conforto.
- Não seja
tímida, Arabella – ele falou com sua ironia habitual.
Só então percebi
que eu havia permanecido parada sem dizer palavra alguma como uma maluca.
Percebi os outros
olhos se direcionarem a Alex quando pronunciou meu nome.
- Perdoe-me – dei
os passos que me separavam deles, que estavam aconchegados no sofá e nas
poltronas – Sou Bella Volturi – apertei a mão de cada um que me cumprimentaram
simpaticamente. Menos a de Alex.
- Que falta de
educação de sua parte. Ah, e só para constar, eu prefiro Arabella – o sorriso
malicioso estava em seus lábios.
- Deixe a menina
em paz, Turner – falou Matt Helders.
- Não, está tudo
bem – sorri – Não é nada que eu não possa lidar.
Pude ver Nick O’Malley,
Jamie Cook e o próprio Helders soltarem uma risada abafada.
- Então – tentei ignorar
aquilo - vamos começar?
===
Respirei aliviada
ao fechar a porta de minha sala atrás de mim. Sentia-me como se eu pudesse
desmoronar a qualquer momento. Fiquei apreensiva até o último minuto, porém,
tudo deu certo. Era incrível como eles adotaram uma postura extremamente formal
diante das perguntas. Alex principalmente deixara a brincadeira de lado e
pôs-se a ter foco. Minha vontade foi de agradecer de joelhos por aquilo. Agora
era só esperar as fotos e finalizar o conteúdo. Até que não havia motivos para
pânico, tudo ocorrera bem.
Alex’s POV
- Alex, você já
andou dando em cima da pobre garota? – perguntou Matt assim que ela saiu da
sala.
- Não é bem assim
– respondi.
- Toma cuidado,
cara – Nick deu um tapinha em meu ombro.
- Quando vocês
vão parar de me tratar como uma criança? Achei que isso já tinha acabado!
- Só queremos que
isso passe logo, só queremos o seu melhor – falou Jamie.
- É exatamente
isso que estou tentando fazer – levantei-me frustrado indo em direção ao
elevador – Talvez ela possa ser o meu melhor.
===
Já era fim de tarde,
eu não havia ido para casa. Fiquei perambulando de carro pela cidade até que o
relógio indicasse fim do expediente. Não do meu é claro.
Estava
estacionado na frente do prédio da NME quando ela saiu pela porta. Sua pele
adotava um tom magnífico sob a luz do sol poente. Era quase que poético.
- Acabou a
gasolina, Turner? – gritou ela ao notar minha presença me fazendo acordar do
transe – Se você usasse um carro ecológico não teria esse problema. Quando fui
ao Japão aprendi muito sobre isso, posso indicar alguns modelos se quiser.
- Eu adoraria –
falei com um sorriso – Não me quer falar sobre eles enquanto damos uma volta?
- Não entro em
carro de estranhos – falou naturalmente.
- Você está
falando sério? Qual é! Não vou a sequestrar. Prometo que a deixo onde você
quiser depois.
Arabella se
aproximou da porta do passageiro, mas não entrou, ela estendeu a mão pela
janela aberta e fez algo que eu realmente não esperava.
- Promete de
dedinho? – ela tinha o mindinho esticado, e reparei que no mesmo havia uma
cicatriz em forma de ‘V’.
- Eu não vou
fazer isso – ri.
- Sem dedinho,
sem trato – Arabella sorria.
- Você vai me
pagar – estiquei meu dedo e o entrelacei com o dela – Prometo.
- Agora sim – ela
abriu a porta e sentou-se ao meu lado colocando cinto de segurança – Para onde
vamos?
- Me deixe a surpreender.
===
- Por que
estamos subindo um morro, por um acaso você vai jogar o carro de um penhasco? –
perguntou cômica.
- Morrer não é a
atração do dia, não se preocupe.
A analisei, ela
pareceu ter ficado um pouco tensa. Era como se seus músculos tivessem enrijecidos.
- Você está bem? –
perguntei usando um tom calmo.
Ela demorou um
pouco para responder.
- Estou. Vai demorar muito?
Voltei a olhar
para a estrada.
- Não, estamos
quase chegando ao topo.
Arabella’s POV
A vista lá do
alto era linda. Via-se toda a cidade, via-se a praia ao longe, você se sentia
tão grande.
- É seu templo de descanso? – questionei enquanto
sentava-me na relva.
- Podemos dizer que sim – ele sentou-se ao meu
lado.
Ficamos quietos
apenas observando a bela paisagem. Mil coisas se passavam pela minha cabeça e
tinha a impressão que ele poderia ouvir meus pensamentos devido ao silêncio
absoluto. “O que está acontecendo?” a pergunta rondava o meu cérebro
repetidamente.
- Por que eu estou
aqui, Alex?
Ele suspirou
longamente, passou as mãos pelo rosto e então, virou-se para mim.
- Esse lugar me
traz tranquilidade. É como se todos os problemas, dúvidas e aquela merda toda
ficasse lá embaixo. Quando eu estou aqui, sinto o peso sair de meus ombros. E
você, Arabella – ela acariciou meu rosto – Você é esse lugar em forma de gente.
É louco, não é? – deu uma risada sem vida – Eu não sei o que você tem de
especial, o que te faz diferente de todos. Mas desde que eu sentei com você
naquela praia, eu me senti tranquilo, assim como eu me sinto quando estou aqui.
Eu fiquei a noite inteira pensando sobre isso, e cheguei à conclusão de que é
como se eu precisasse tê-la comigo para manter minha sanidade.
Eu engoli seco.
- Como você pode
sentir-se assim em relação a alguém que você mal conhece? – minha voz era
falha.
Alex balançou a
cabeça.
- Esse é o
problema, eu não sei. Por isso acho que estou ficando maluco de vez.
Ouvindo os gritos
de meu coração acelerado, repousei minha mão sobre seu ombro gentilmente com o
intuito de acalma-lo.
- Você não está
ficando maluco – Alex olhou para mim confuso – Eu sei como é se sentir assim.
Eu sei como é difícil achar que você está beirando a insanidade. Mas... se você
quiser, eu posso ajudar você superar isso.
Ele então me
puxou para perto dele, segurou meu rosto com as duas mãos e olhou bem no fundo
de meus olhos, como se quisesse enxergar minha alma.
- Não é só isso –
fez uma pausa - Eu venho carregando uma necessidade enorme de você. Minha boca
está implorando pela sua a cada segundo que passa. Eu preciso sentir seu gosto,
Arabella. Eu preciso saber se... Are you mine, Arabella?
Estou no chão após esse capítulo. Bel, que lindo! É incrível o que você faz e poderia te elogiar por horas aqui. Quanta delicadeza e sagacidade. Tem um nó na minha garganta e eu quero chorar após ler isso, e eu nem sei porque! Aplaudi de joelhos a confiança da Bella perante o Alex desde o elevador até a sala de entrevista. O que essa menina esconde? Até eu quero conhecer mais dela. Fico ligada em cada vez que pronuncia cicatriz e aposto que vou me emocionar e me surpreender. Nem consigo pensar direito no Arthur, apesar da importância dele, quando se tem um Alex equilibradamente vulnerável e confiante rondando por aí. "Você é esse lugar em forma de gente" Meu coraçao sambou no peito. Comentar que sua escrita zerou a vida nem vale mais né? To gritos com o modo em que está encaixando as músicas. Sim, continuo concordando: Você é um gênio! Espero ansiosamente. Beijos.
ResponderExcluirSteph
Achei muito legal a aproximação deles dois. É algo que eu sei que pode machuca-los, mas ao mesmo tempo, trará uma paz que eles dois buscam. A história da Arabella é algo bem intrigante, não sabemos direito sobre o passado dela, só sabemos que ela toma remédios, o que eu deve ser para depressão e coisas assim, que ela viajou o mundo em um busca do seu grande talvez? Hahah Estou dando uma de John Green agora. Talvez Alex e Bella estejam procurando o sentindo na vida e eles viram um vestígio disso um no outro.
ResponderExcluirAlex é sensível e eu adorei fanfics que ele não é tão cafajeste e sim mais um romântico dramático. Ele fica visivelmente perturbado com a chegada da Arabella, a identificação mutua entre os dois é evidente. Espero que ambos não se magoem. Porque de acordo com Bella, ela não é uma pessoa fácil de manusear e lidar. O mesmo para Alex, que consegue ser turrão e orgulhoso em excesso quando quer.
Não preciso elogiar tua escrita mais, porque tu sabes que é incrível. E nem preciso mencionar o quanto a história mexe comigo. Queria agradecer por deixar meu dia super feliz com as atualizações. Eu realmente gosto bastante dessa fanfic. Li o capítulo logo que tu postou, mas não fiz uma review decente e agora estou aqui.
Posso estar enganada, mas Artur tem algum sentimentozinho pela Arabella, não tem? Eu senti no ar uma pontada de ciúmes dele para com ela com Alex. Não o magoe Bel, ele é fofo demais para isso. >:
Enfim, estou ansiosa para a continuação que eu sei que será drama puro. Haha beijo, beijo.
Caralho!!!!
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