BE CRUEL TO ME 21: IS THIS A GOODBYE? (End Part I)

TRAVEL DAY

- Vamos, Alex. Nós vamos perder o voo – falou Matt dando uma batidinha em meu ombro.

Estava deixando a gelada Londres por um tempo. Parte de mim ficava aliviado, tinha a sensação de que assim que o avião deixasse o chão, todo o caos iria ficar ali e eu finalmente me libertaria. Mas a outra parte de mim iria ficar naquela cidade, preso a ela. E não havia nada que eu poderia fazer para mudar isso.

...

2 DAYS BEFORE

POV Eliza

  - Elizabeth... – Lia aparecera em meu quarto de modo que nem ao menos eu havia percebido – Miles não para de me ligar desde aquele dia perguntando por você... Será que você já pode me falar o que aconteceu?

  Eu estava deitada em minha cama como se não tivesse forças para nada. Lia sentou-se ao meu lado e fez com que minha cabeça ficasse em seu colo. Já não havia mais motivos para eu segurar as lágrimas que estavam presas.

  - Chore, não há problema algum – ela tentava me consolar enquanto me fazia cafuné – Fique calma.

  Tentei controlar o choro e me esforcei para falar em meio aos soluços.

  - Eu sou tão idiota quanto ele. Ama-lo me parece um erro, mas... Eu não consigo evitar isso.

  - O amor em si é um erro, Eliza. Mas é um erro que todos devemos cometer – falou em um tom sereno.

  - Ele veio até aqui, Alexander veio e... Ele ficou na chuva no meio da rua, e... – fiz uma pausa para recuperar o fôlego – Mas Miles estava aqui, ele apareceu do nada. Disse que Alexander não era a pessoa certa para mim.

  Olhei para Lia e ela balançou a cabeça me incentivando a continuar.

  - Alex estava gritando meu nome e então começou a cantar...Eu não poderia deixa-lo na rua, as pessoas iriam achar que era um louco. Mas Miles não queria me deixar falar com ele, disse que Alexander nunca iria mudar por ninguém. Isso não é verdade.

  Lia deu um longo suspiro e esticou as pernas. Eu a olhei e ela parecia estar tão perdida em seus pensamentos quanto eu.

  Ela abriu a boca algumas vez para falar, mas sempre parava no meio do caminho.

  - Tudo bem, isso é necessário. Só espero que isso mude as coisas para melhor porque eu não preciso ver você mais uma vez assim – ela falou finalmente.

  - O que é necessário? Do que você está falando?

  Lia suspirou por um tempo que pareceu ser minutos, passou as mãos freneticamente pela testa e então disse:

  - Eliza, tem alguém lá embaixo te esperando.

POV Alex

  Miles e Eliza. Miles e Eliza. Miles e Eliza. Os nomes se repetiam em minha mente como um disco arranhado. Eu estava completamente dopado de meus sentidos. Não sabia das horas, não me lembrava do mês, muito menos de que dia era. Parecia que o tempo havia se desfeito no ar no momento em que o vi em sua casa.

  O amor era pateticamente poético e doloroso.

  Poderíamos ter o mesmo fim que Sid & Nancy, mas no meu caso, eu gostaria de ser apunhalado com sete facadas.  Pelo menos a dor passaria.

  Mesmo sob minhas cobertas, meus pensamentos suicidas foram interrompidos por um clarão repentino seguido por alguém puxando os lençóis da cama.

  - Alexander David Turner, isso vai ter que acabar – era Matt falando.

  Abri os olhos e percebi que não só ele, mas como Jamie e Nick também estavam no quarto.

  - Já passou da hora de levantar dessa cama, meu caro – falou Jamie.

  - E nós tomamos uma decisão para isso acontecer – pronunciou-se Nick.

  Eu só respirei fundo para ter certeza de que aquilo realmente estava acontecendo.

  - What the fuck you think are doing? – falei irritado – E como vocês entraram aqui?

  - Até o porteiro já estava pensando que você tinha morrido, então não foi difícil conseguir entrar aqui – zombou Cook.

  - A sua mãe nos deu a chave – falou Nick.

  - Minha mãe?

  - Ela veio aqui, mas pelo visto a bela adormecida estava em seu sono profundo. Nós tivemos que começar a tomar atitudes drásticas.

  - Já faz três dias que você não sai dessa toca, Alex.

  Então, os três ficaram me olhando como se vissem um doente em pleno seu leito de morte. Só faltava terem trazido cravos e velas para o velório.

  - Nós vamos para os Estados Unidos – disse Matt sem rodeios – E com “nós”, quero dizer a banda inteira. E isso inclui você.

  Eu dei uma risada sem vida e enterrei meu rosto no travesseiro.

  -Até parece – minha voz saiu abafada.

  Minha cabeça então, se chocou sob o macio colchão após alguém ter puxado o travesseiro sem muita delicadeza. Olhei para o lado e vi um irônico Jamie o segurando.

  - Você vai sim.

  - Cara, nós vamos para Los Angeles. Gravamos o disco lá e você ainda tem um tempo para botar essa sua cabeça conturbada no lugar. Longe daqui, longe dessa confusão – Helders tentava me convencer – Achei que a banda e os amigos viessem em primeiro lugar.

  Sentei-me na cama e passei a mão pelos olhos que pareciam estar queimando. Eles haviam atingido um ponto fraco ali. A banda e as pessoas que estiveram comigo esse tempo todo: eles mesmos.

  Naquele ponto, ficar me martirizando já não demonstrava efeito algum. Isso só faria com que eu me prendesse aos erros e nunca seguisse em frente, só iria me torturar. Lá no fundo, sabia de algum modo que não era o que Eliza queria, ela não queria me ver sofrer. O jeito que havia agido no restaurante, ali soube que ela ainda se importava comigo. Eu podia sentir.

  Talvez o primeiro passo para libertação fosse me perdoar. E só conseguiria fazer isso longe dali, longe das correntes que se amarravam ao meus pés.

  Depois de um tempo raciocinando, havia tomado uma decisão.

  - O que vocês têm em mente?

...

TRAVEL DAY

- O voo para Los Angeles sai em vinte minutos, Eliza.

A dúvida me consumia como nunca. Eu sabia o que era certo a se fazer, mas ao mesmo tempo o certo parecia tão errado e aquilo me enlouquecia de tal modo que fazia com que meus nervos entrassem em colapso.

- Você já pensou sobre isso, não foi? – perguntou Lia.

- Já. E acho que esse é o problema.

...

1 DAY BEFORE

  Minha cama estava repleta de roupas enquanto eu tentava enfiar algumas peças em uma mala já cheia. Definitivamente, fazer as malas não era um de meus talentos.

Entretanto, a presença da Sra. Turner nas últimas horas estava facilitando um pouco as coisas. Era como se uma parte de minha casa estivesse ali, e isso me ajudava a relembrar os bons momentos.

  - Alex, meu querido. Você está fazendo as malas ou jogando suas roupas no ventilador? – disse minha mãe adentrando o quarto.

  - Na verdade, eu nem sei mais o que estou fazendo.

  - Já tentou dobrar as roupas?

  Eu sorri sem muita animação. Só o fato de eu ter me levantado da cama era um avanço e ainda estava tentando me acostumar com aquilo.

  Minha mãe me encarou com ternura, do modo que as mães fazem quando os filhos caem e machucam o joelho, tentando passar a segurança de que tudo vai ficar bem. Mas um coração machucado demora muito mais para cicatrizar-se do que um arranhão no joelho. E infelizmente, essa dor não passa com um beijo.

  - Sente-se aqui – ela afastou uma pilha de roupas que estava sob a cama.

  Eu o fiz e ela sentou-se ao meu lado logo em seguida.

  - Ela é uma bela moça, Alex. Muito educada, inteligente... Gosto do jeito que ela se refere a você como “Alexander”.

  Levei um tempo para entender do que minha mãe falava.

  - Você conheceu Eliza? Mas... Como? Quando?

  Ela deu uma leve risada.

  - Não é preciso conhecê-la para saber que é uma boa menina, de coração bom, que sabe perdoar apesar dos erros. Eliza só precisa de um tempo, mas creio que ele não irá ser longo.

Acredite, Alex. Acredite.

 

  Naquela hora, tudo do que precisei foi do abraço de minha mãe.

POV Eliza

  Estava sentada em minha varanda observando o céu. Era um dia cinzento e as nuvens pareciam ser feitas de argila, enquanto ao fundo, árvores dançavam ao ritmo da brisa gelada que soprava.

  Naquele momento a frase de “Ser ou não ser? Eis a questão” se aplicava perfeitamente em minha situação. A minha cabeça estava repleta de dúvidas e elas estavam por todos os lados.

  - Voltei com seu chocolate quente – Lia voltara segurando duas xícaras.

  Ela entregou uma em minhas mãos e fiquei um tempo analisando a fumaça que o calor exalava da bebida. Era como se formassem pontos de interrogações.

  - Está melhor? – perguntou.

  - Estou, quer dizer... Só tentando entender o que a Sra. Turner disse. Eu não sei, é como se as suas palavras fossem peças de um quebra-cabeça, mas elas não se encaixam.

  Lia deu de ombros.

  - Bem, talvez você tenha a peça certa, mas está tentando encaixa-la no lugar errado.

Flashback on

  - Quem está me esperando lá em baixo? – perguntei assustada.

  - Acho melhor você ir ver. Sozinha – falou Lia calmamente.

  Chegando a sala, deparei-me com uma mulher cujo rosto já havia visto em fotografias. Fiquei surpresa, porém não de um jeito ruim. Só não entendi o porquê de sua presença.

  - Sra. Turner?

  Ela virou-se em minha direção e sorriu gentilmente.

  - Oh querida, me chame de Penny. É um prazer conhecê-la Eliza, só lamento por ser nessas circunstâncias.

  Fiquei boquiaberta com a situação. O que a mãe de Alex estaria fazendo em minha sala de estar?

  - Hã... Tudo bem. Sente-se, por favor – falei indicando o sofá.

  Penny agradeceu enquanto se aconchegava em seu assento.

  - Posso lhe oferecer algo? Chá, um refresco?

  - Agradeço a gentileza, mas meu tempo é curto e gostaria muito de falar com você se for possível.

  Sentei-me a sua frente e concordei com a cabeça.

  - Claro, não há problemas. Sobre o que gostaria de falar?

  Ela sorriu astutamente.

  - Acho que você já sabe a resposta...

  Suspirei e passei as mãos pelo cabelo em um ato de nervosismo. É claro que eu sabia.

  - Creio que seja sobre Alexander.

  Ela então se levantou de seu lugar para sentar-se ao meu lado. Delicadamente, pegou minha mão e a apertou forte.

  - Eliza, quero que saiba que não estou aqui porque Alex é meu filho. Não pense que defendo sua atitude ou o que ele fez com você – ela fez uma pausa e respirou fundo – Nunca o vi como o encontrei hoje cedo por mulher alguma. Matthew disse que ele não sai da cama desde que vocês brigaram.

  E a minha situação não foi muito diferente, pensei comigo mesma.

  - O dia em que ele me telefonou – prosseguiu – O dia em que falou que estava com você, mesmo não podendo vê-lo sei que os olhos dele brilhavam a cada palavra referida a sua pessoa – disse apontando o indicador para mim – Acredito que Alex nunca amou ninguém como a ama. Nem aquela garota, a qual ele pensou que iria se casar e ter filhos. Eu sei disso Eliza, porque sou a mãe dele. Sei que se ele pudesse voltar no tempo, ele voltaria e faria de tudo para não cometer os mesmos erros. Mas essa é a vida, não é mesmo? Temos que encarar as consequências, e é o que ele esta fazendo agora. Está sofrendo.

  Foi minha vez de respirar fundo e tentar manter a calma, entretanto, o que Penny disse a seguir não contribuiu muito para isso.

  - “Ela é a mulher da minha vida”... Foi o que ele me respondeu quando perguntei se era o que realmente queria. Naquele momento, eu soube que finalmente Alex havia encontrado o que andara procurando: Você.

  Senti os meus olhos marejarem e meu coração apertar como se alguém o segurasse forte com as mãos. As mãos de Alexander.

Flashback off

 

    - Eu não sei de mais nada, Lia – falei enquanto fitava o céu – Eu não sei.

***

N/A: Olá!! Bem, eu havia postado no gurpo do AM Fanfics SEXTA que o último capítulo (sim queridas do meu coração, último capítulo) iria sair sábado, mas isso não aconteceu evidentemente porque eu não tive tempo absolutamente pra nada no fim de semana. Esse é o último capítulo, porém é só a parte um. Eu dividi esse capítulo em dois porque ele estava muito grande, e também para não cansar a leitura e dar um pouco mais de suspense (ou não). Mas enfim, a parte dois está pronta e vou postar logo logo. Espero que tenha dado para dar um gostinho. Beijos, Bel ♥