Ri comigo mesma
depois de sair do elevador. Fiquei imaginando a expressão de Alex Turner após
deixa-lo sozinho naquela caixa metálica enquanto eu fazia piada da situação.
Era incrível como essas rotuladas estrelas do rock pensavam serem superiores a
qualquer outro “mero mortal”. Será que era tão difícil fazer um bom trabalho e
não se gabar por isso pelos quatro cantos do mundo?
Estava tão
perdida em minha caixinha fantástica chamada mente que demorei um pouco para
perceber que um rapaz
falava comigo. Ele era alto, muito pálido e um tanto magro. Seus olhos eram
como esmeraldas verdes e seu cabelo ruivo caia levemente sobre sua testa. Não
era exatamente o tipo californiano que eu esperava encontrar.
- Ei, esta tudo
bem? – ele perguntou balançando as mãos na frente de meus olhos.
- Ah sim, está.
Eu só sou um pouco distraída – respondi sorrindo.
- Eu sei como é,
uma vez eu caí no meio da rua enquanto mexia no celular. Não foi nada legal...
A propósito, sou Arthur Collin. Você é Arabella, certo?
Olhei para o meu
crachá como se tivesse esquecido meu nome. Não eram muitas as pessoas que me
chamavam de “Arabella”.
- Eu prefiro que
me chame de Bella, se for possível.
- No problem.
Muito prazer, Bella – ele estendeu a mão.
- Igualmente –
falei selando o gesto.
Então, um
silêncio surgiu. Nós ficamos nos encarando por um tempo que não saberia dizer
quantos segundos ou minutos se passaram. Foi algo estranho, mas não pude deixar
de achar graça.
- O que foi? –
ele perguntou.
- Eu acho que eu
deveria fazer alguma coisa em meu primeiro dia de trabalho além de ficar
paquerando os funcionários – disse rindo.
As bochechas de
Arthur coraram instantaneamente em um vermelho que ganhou destaque em sua pele
branca.
- Eu só estou brincando
– bati de leve em seu ombro – Mas é sério, o que eu vou fazer aqui?
Ele deu uma
risada tímida e logo voltou ao assunto.
- Bem, sua mãe
fez questão de mandar o artigo que foi parar na Rolling Stone que você
escreveu.
Aquele artigo. Eu
nem sabia direito como havia acontecido, mas em minhas viagens um dos
principais tópicos que fazia questão de colher toda a informação possível, era
sobre a música. Inúmeros gêneros, diferentes jeitos, batidas, instrumentos,
cada lugar possuía uma identidade própria. Eu reuni tudo e em um café
aparentemente comum de Paris, acabei conhecendo um rapaz que mais tarde descobri
ser editor da Rolling Stone Francesa. Mostrei o que eu tinha e ele me perguntou
se poderia usar aquilo em alguma edição futura. E assim, eu tive uma matéria
completa publicada na Rolling Stone com o meu nome escrito em letras grafais
embaixo do título em francês.
- Claro que ela
mandou – usufrui de um tom irônico que não pretendia – E isso significa que...?
- Significa que
os editores ficaram impressionados com seu feito. Uma moça tão jovem e tão
talentosa... Era tudo o que eles precisavam no momento. É um risco que eles
estão decididos a correr...
Meus olhos
rolaram em suas órbitas procurando por uma resposta. Mas que risco seria esse? Não
poderia ser tão difícil, eu me esforçaria para não deixar o café esfriar nem as
rosquinhas caírem no chão.
- Achei que o
maior risco em ser uma assistente era trocar Cappuccino por Moca.
Arthur passou a
mão pelo cabelo que agora se encontrava um tanto desgrenhado.
- Acontece que
você não vai ser uma assistente... Vem comigo – ele indicou o corredor a nossa
direita e eu o segui.
As paredes eram
preenchidas por capas de edições mais antigas da NME. Em uma delas, pude ver a
edição que trazia na capa o Arctic Monkeys, porém eles eram bem mais novos na
época e por algum motivo desconhecido aquilo me chamou uma atenção
desnecessária.
De repente,
Arthur parou em frente a uma porta feita de uma madeira clara. Sua cabeça
tampava uma plaquinha que provavelmente continha o nome a quem aquela sala
pertencia.
- Você é a mais
jovem a ter essa imensa honra – falou com um sorriso nos lábios.
- E você pode me
falar pelo o amor de Black Sabbath o que está acontecendo?
- Uh, Black
Sabbath. Mais um ponto positivo para você – ele riu.
- Eu vou ter que
me ajoelhar para você dizer alguma coisa que faça sentido? – franzi a testa.
- Tudo bem, você
venceu – ele levantou as mãos em sinal de rendição – Senhorita Volturi... Você
acaba de me destronar como mais jovem colunista da atual NME.
Então, Arthur
saiu da frente da porta e revelou a plaquinha dourada que se escondia atrás de
seu corpo. Se eu não estava sob o efeito de nenhuma droga alucinógena, ou
cansada demais para ser capaz de decifrar a combinação de letras, a placa
continha meu nome.
- You’re kidding
me, right? Vocês sempre fazem pegadinhas com os novatos?
- Nem sempre... –
ele fez uma pausa para me analisar. Ou rir mentalmente da minha cara de espanto
– Mas o caso não é esse. E não é uma pegadinha, é a mais pura verdade.
Levei uns minutos
para processar a informação. Eu, 19 anos, ganhei uma coluna na New Music
Express? Santa Rolling Stone.
- Entre, é a sua
sala – Arthur deu um passo para o lado me dando passagem.
Ergui minha mão
para girar a maçaneta, tarefa tão simples, mas que tive certa dificuldade
devido ao meu corpo trêmulo.
Assim que abri a
porta, deparei-me com uma sala espaçosa. Não era grande mas o suficiente para
se sentir a vontade. Não tinha muitas coisas, apenas uma mesa dando apoio ao um
notebook, uma cadeira giratória grande e vermelha e do outro lado da sala, um
armário. O lugar era claro devido a enorme janela que tinha uma vista linda da
cidade. Era um belo lugar.
- Você pode
arruma-la do jeito que quiser, sabe. Deixar do seu jeito – falou Arthur que
entrou logo atrás de mim.
- Eu adorei.
Mesmo – foi tudo o que eu consegui falar. Estava em um estado de choque muito
intenso para conseguir expressar o que estava sentindo naquele momento.
- Olha, eu
poderia deixar você curtindo seu novo local de trabalho, mas tem gente lhe
esperando nos andares de cima.
- E os “andares
de cima” significa os chefões?
- Quase isso.
===
Só percebi em
para que andar estávamos indo quando o elevador parou. Décimo nono andar.
As portas se
abriram e me deparei com uma incrível claridade. Não havia paredes no lugar.
Era uma enorme sala toda rodeada por janelas. No centro havia uma grande e
bonita mesa, e em sua volta, poltronas e cadeiras que pareciam ser muito
confortáveis. Entretanto, não foi a decoração do lugar que me chamou a atenção.
Atrás da mesa, um homem aparentemente com seus mais de trinta anos estava
sentado e de frente para ele do outro lado da mesa, aquele que se achava um
deus do Olimpo.
- Ah, Arthur!
Vejo que trouxe a mais nova peça de nosso quebra-cabeça – o homem com aparência
a la Robert Downey Jr. se pronunciou.
- Você não está
ocupado? Nós podemos voltar outra hora...
- Não faça
cerimônias, garoto. É só o ilustre, Alex Turner aqui comigo.
Nesse momento,
ele se virou. Agora sem os óculos, pude ver seus olhos pretos intensos com
perfeição. Um sorriso malicioso brotou no canto de seus lábios e sua língua
umedeceu seus lábios ressecados lentamente enquanto seu olhar ia de meus pés a
minha cabeça. Procurei olhar para qualquer outra coisa menos interessante, mas
que não fizesse com que eu enfiasse minha cabeça de baixo da terra.
- Arabella
Volturi, é um prazer recebê-la. Eu sou Christopher Russell, editor chefe – ele
estendeu a mão.
- O prazer é todo
meu – respondi ao cumprimento.
- Arthur, você já
pode ir. Eu vou ter uma conversinha com a senhorita Volturi – falou o Sr.
Russell.
Arthur saiu sem
pestanejar.
- Sente-se, por
favor – ele indicou a cadeira ao lado da que Turner estava sentado. Eu apenas
concordei e fiquei encolhida como se aquilo fosse me impedir de que ele
afetasse meu cérebro de algum modo – Creio que já conhece Alex, não é mesmo?
- Eu vou
trabalhar na NME, conhecer Alex Turner não é um quesito obrigatório?
Houve uma risada
da parte de Russel, mas de Alex só um longo suspiro.
- Arabella teve
um artigo publicado na Rolling Stone ano passado – ele falou se dirigindo a
Alex como se eu não estivesse ali – Isso não é incrível? Ela é tão jovem.
Dentre tantas
coisas, só consegui me incomodar com a constante repetição de meu nome. Mas não
iria exigir nada para o meu chefe em meu primeiro dia.
- Incredible –
respondeu Turner, pude sentir a ironia em sua voz.
Os momentos que
se seguiram se resumiram em um Sr. Russell que não parava de falar e constantes
olhares de Alex sob a minha pessoa. Não que aquilo fosse razão para me gabar,
muito pelo contrário, eu estava muito incomodada. Nunca gostei de chamar a
atenção de ninguém e ao contrário de alguns, para mim, passar despercebida era
uma benção divina.
A surpresa foi
quando recebi a notícia de como meu primeiro trabalho, iria ficar responsável
pela matéria de nada mais nada menos que Arctic Monkeys, a capa do mês
seguinte.
Era tudo o que eu precisava: Uma enorme responsabilidade
já de cara. Ninguém falou que iria ser fácil, mas também não me avisaram desses
obstáculos primários.
Após me explicar como as coisas funcionavam, fui
dispensada. Na realidade não havia muito segredo, havia as regras que eu
deveria seguir, mas em compensação teria uma grande liberdade criativa. Contudo,
eu estava em um estado de choque intenso. Assim que as palavras “Arctic Monkeys“
saíram da boca de meu chefe, pude sentir meus músculos se tencionarem e meu
cérebro paralisar.
Chamei o elevador
e rezei para que ele chegasse o mais rápido possível.
===
Logo após as
portas se abrirem, deparei-me com um Arthur que parecia estar apreensivo.
- Então como foi?
Por que você está pálida?
Eu demorei um
pouco para ser capaz de formular uma frase.
- O Sr. Russel é
adepto a desafios?
- Na maioria das
vezes... Por que você acha que ele contratou você?
- Porque eu vou
ficar responsável pela matéria do Arctic Monkeys.
Sua boca abriu-se
na forma de um perfeito ‘o’.
- A capa do mês
que vem. Boa sorte – falou se virando e
indo em direção ao corredor.
- Ei! – o chamei –
Eu gostaria de uma ajudinha aqui.
Ele parou e girou
o corpo nos calcanhares.
- Sinto muito,
mas a regra é não ajudar novatos. Como iríamos saber se eles são capazes? –
Arthur deu um sorriso astuto e pôs-se a caminhar novamente.
===
Os restantes das
horas se resumiram em uma desesperada eu tentando manter a calma. Ainda não
havia nada em minha sala para que eu pudesse ocupar o tempo então, fiquei
andando de um lado para o outro enquanto tentava pensar em como eu faria
aquilo.
Quando finalmente decidi-me sentar, não levou ao menos
dez minutos para que Arthur aparecesse em minha porta.
- Fim do
expediente novata – falou risonho.
Olhei pela janela
e percebi que o sol já se punha sem que ao menos eu houvesse me dado conta.
- Será que eu
posso me ajoelhar e agradecer por isso? – disse enquanto pegava minha bolsa.
- Reclamando já
no primeiro dia. Não me desaponte, Volturi – brincou quando já percorríamos o
corredor – Mas, eu vou lhe levar em um lugar para relaxar. É um lugar onde só
os melhores vão.
- E nós fazemos
parte dos “melhores”?
- Você está brincando? Nós somos os melhores
de todos!
Alex’s POV
A bebida descia
amarga por minha garganta. O bar estava consideravelmente cheio para o fim de
tarde de uma segunda-feira, mas não havia um dia que não era assim na Califórnia.
- Mais uma –
falei acenando para a bargirl que usava um vestido preto curto demais. Não que
aquilo fosse um problema.
- E aí, cara! –
Helders chegou por trás me dando uma batidinha no ombro.
- Cadê os outros?
– notei a ausência de Nick e Jamie.
- Jamie está com
a namorada e Nick... Está com a namorada – ele riu.
A bargirl gostosa
voltou com minha cerveja na mão. Ela sorriu maliciosamente em minha direção e
logo depois voltou-se a Matt.
- E para o rapaz
o que posso oferecer? – sua voz soara em uma tentativa barata de ser sexy.
- O mesmo –
apontou para a garrafa que eu segurava – Enquanto isso eu tenho que ir ao
banheiro – falou se levantando.
A mulher estava
prestes a ir buscar o pedido, mas foi impedida por alguém que a chamou.
- Será que você
pode me trazer duas garrafas de Heineken? – a voz que pairara no ar não me era
estranha. Virei-me para ter certeza de meus pensamentos e percebi que era o
mesmo rostinho assustado que eu havia visto mais cedo.
A bargirl se
aproximou do balcão, apoiou-se nele e analisou a garota com veneno nos olhos.
- Você me parece
ser novinha demais para beber, não prefere um suco de uva?
A garota por sua
vez aproximou-se com a mesma determinação que a outra havia feito.
- E você me parece
ser uma daquelas pobres moças que trabalham em esquinas. Mas nem tudo é como
aparenta ser, não é mesmo?
Após o corte que
levou, a mulher resmungou um “fuck” e foi em direção ao freezer.
- Você tem uma
língua afiada garota.
Ela deu de ombros
e então, olhou para mim. Seus olhos se arregalaram por um segundo, mas logo
voltou a sua expressão normal.
- Só uso de meus
atributos quando necessário.
Mirei sua
silhueta a analisando. Seus jeans rasgados eram justos e dobravam-se no fim devido
ao seu coturno. Usava uma camiseta um tanto larga, porém o que me chamou a atenção
foi a falta de um sutiã deixando que seus seios fossem levemente moldados pelo
tecido. Seus cabelos longos eram um tanto rebeldes e algo naquela aparência
excitava-me de um jeito perturbador.
- Não me
importaria se você me mostrasse esses atributos.
Ela rolou os olhos
e deu uma risada debochada. Nesse instante, a bargirl voltou com as cervejas e
as entregou na mão da garota deixando a de Matt ao lado da minha.
- Então você não
vai me mostrar seus atributos? – disse quando ela já dava as costas para mim.
Ela parou e virou
a cabeça por cima do ombro.
- Turner, ninguém
nunca o ensinou que não se deve acender fósforos perto de gasolina?
***
Oi! Então, eu só queria avisar que pretendo levar a fic com calma, deixar que as coisas aconteçam naturalmente. Quero também agradecer os comentários do primeiro capítulo, obrigada meninas! Beijos - Sky.
" - Turner, ninguém nunca o ensinou que não se deve acender fósforos perto de gasolina?"
ResponderExcluirAMEI! Sério, tô muito ansiosa pra continuar lendo essa história, esses capítulos iniciais já indicam um novo amor. Eu ameeei o jeito da Arabella, e quero muito ver como esse trabalho na NME vai se desenrolar! Continua, por favor por favor.
Adoro a personalidade da Bella hahahhahaa.
ResponderExcluirQuero só ver o que o Alex vai aprontar com ela.
" - Turner, ninguém nunca o ensinou que não se deve acender fósforos perto de gasolina?"
HAHAHHAHAHAHHAHAHAH continue, please.
minha nossa sem hora! A Arabella é incrível! O Alex se ferrou pois finalmente encontrou uma garota tão segura qnto ele... A historia está incrível e eu preciso de mais. Bjos
ResponderExcluirAmei amei amei demais! A Arabella é maravilhosa sjnsns
ResponderExcluirPor favor não demora pra postar o próximo!
Beijos
Uuuuhhhhh! Adorei a Arabella! *-* E sim, é bom ver uma protagonista não cedendo tão facilmente ao Alex. hahahahahaha
ResponderExcluirArabella seria minha amiga com certeza! O Arthur é um fofo e, pelo que vejo, muito importante na história. Continua, por favor hehehe Beijos
ResponderExcluirMAIS!!!
ResponderExcluirMAIS!!!
ResponderExcluirMAIS!!!
ResponderExcluirMAIS!!!
ResponderExcluirMAIS!!!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPOR QUE O NICK TEM UMA NAMORADA? DDDD: haha brinks
ResponderExcluirMas, cara, to amando isso! Alex como sempre super descarado, e eu adoro o Arthur cara, mas não quero que ele se meta e fique um triângulo amoroso porque o Alex sempre ganha, e ele é muito adorbs ;-;
Enfim, indo pro próximo capítulo!!!
Beijos, Bia