Por alguma razão desconhecida, meu coração pulsava forte
e meu sangue fervia. Não era a bargirl idiota que havia me deixado assim, eu
sabia a razão, porém só a achava estúpida demais para levar a ideia adiante. E
nem levaria, porque não havia ideia, era só um pensamento passageiro, talvez o
fato de que ele pensava que poderia fazer o que quiser com qualquer uma me
irritava um pouco.
Voltei à mesa em
que Arthur e eu estávamos sentados e entreguei uma das garrafas de cerveja em
sua mão.
- Obrigado – agradeceu,
e logo depois deu um longo gole enquanto analisava algo ao longe – É o Alex
Turner e Matt Helders que estão ali?
Ele apontou
discretamente em direção ao balcão. Eu olhei pelo canto do olho e pude ver sem
muita clareza os dois encostados e bebendo, mas não conversavam.
- Acho que sim,
quer dizer... São eles.
Arthur murmurou
alguma coisa do tipo “Legal”, e voltou-se a mim novamente.
- O que achou do
bar?
Dei uma olhada em
volta e por um segundo, tive uma visão direta dele. O que foi um infeliz acaso,
pois o mesmo mantinha os olhos fixos em mim. Respirei e inspirei fundo antes
que eu pudesse responder:
- Eu gostei, é
meio retro.
- Pois é, acho
que é isso que eu gosto nele. A lembrança do passado. Tem karaokê as sextas à
noite, se você quiser...
Arqueei a
sobrancelha e tentei entender o que ele quis dizer. Só então raciocinei direito
e captei a sua mensagem.
- Não, me
desculpe. Eu como uma boa cidadã, não vou deixar que outras pobres e inocentes
pessoas tenham o desprazer de me ouvir cantar.
- Qual é! Não
pode ser tão ruim assim – falou rindo.
- Sem chances.
Não mesmo – dei um gole na cerveja que ia esquentando aos poucos.
- Tudo bem, mas
você vai ter que vir me ouvir. Modéstia parte, eu não sou dos piores cantores.
Olhei para o lado
sutilmente só para ter certeza de que Alex não me observava mais. Ele estava de
costas, com as duas mãos apoiadas no balcão. Fiquei aliviada por um lado, mas o
outro lado se sentia... Decepcionado? Não, não era isso.
- Você virá me
ver? – perguntou Arthur, mas eu estava um tanto desligada de suas últimas
palavras.
- Ah... É, claro
que sim. Não perderia isso por nada.
Eu precisava de
um pouco de ar fresco, a atmosfera dali começou a se tornar densa e meu cérebro
já não raciocinava direito. Eu simplesmente não poderia ter um de meus surtos,
não em um bar com inúmeras pessoas em volta.
- Arthur, se você
não se importa eu vou dar uma olhada na praia. Não demoro – disse já me
levantando.
- Eu vou com
vo...
- Não precisa, eu
vou ficar bem. Eu volto logo – o interrompi e não deixei de sentir uma pontada
no coração por isso.
Assim que abri a
porta do bar, a brisa fresca soprou fazendo com que meus cabelos voassem e o ar
fresco tomasse meus pulmões. A praia ficava do outro lado da rua, e podia ouvir
o barulho harmonioso das ondas dançando em conjunto.
Atravessei a rua,
subi na calçada e a poucos passos a areia começava a dar lugar ao concreto. Fui
obrigada a tirar meus sapatos, sentir a areia branca e gelada era de certo modo
relaxante. Caminhei até o mar e com as quebras das ondas que inundavam a beirada
molhei meus pés. A água estava morna e aconchegante, tive vontade de entrar por
inteiro, mas não era hora apropriada para aquilo. Retrocedi alguns metros e
sentei-me na areia confortável e fofinha. Observar aquilo me trazia paz e
calmaria, era como se todas as lembranças que tanto eu lutava contra
desaparecessem por completo. Então, de minha bolsa tirei um pequeno caderno no
qual eu escrevia algumas coisas sobre o que via, sobre o que sentia, sobre o
que pensava. Peguei uma caneta e o abri em uma página em branco. As palavras
começaram a sair de modo embaralhado, acho que não faziam sentido algum. Eu
tentava explicar o quão maravilhosa era aquela sensação, mas acho que era
porque simplesmente não existiam palavras que pudesse a descrever. Era algo que
você tinha que sentir.
Alex’s POV
- Você está
legal, cara? – perguntou Matt enquanto saímos do bar.
Pensei um pouco
antes de dar a resposta.
- Estou, é só que
ultimamente estou dormindo pouco – dei de ombros.
Não era isso.
Quer dizer, era isso também. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo nos
últimos dias, não sabia se eram as brigas constantes que havia tendo com
Arielle, ou se era a lembrança dela que
me perseguia. Eu só não sabia.
- Quer que eu
mande chamar seu carro ou quer que eu te dê uma carona? – Helders perguntou
novamente.
Estava prestes a
respondê-lo quando ao longe do outro lado da rua, na praia, sentada na areia vi
aquela garota. Solitária. Quando sai do bar não deixei de notar o seu
acompanhante sozinho na mesa, pensei que ela havia o abandonado ali. Não a
julguei, o cara não parecia uma das pessoas mais sociáveis do mundo.
Sendo franco,
admito que eu não conseguia lembrar o nome dela. Acho que ela não havia me
dito, quem sabe Russell havia falado, mas eu não lembrava. Se ele tivesse saído
de sua boca talvez eu lembrasse. Quando estava no bar, não fui capaz de evitar
olhar para ela, era como se algum magnetismo puxasse meus olhos ao seu
encontro.
Eu ri de mim
mesmo depois de ter pensado isso.
- Alex? – Matt me
cutucava – Você não acha que bebeu demais? Olha, eu vou te dar uma carona.
- Não, não. Eu estou
legal, eu só preciso esfriar um pouco a cabeça. Eu... Vou dar uma volta na
praia, ok? Vou direto pra casa depois.
Depois de um
longo suspiro, ele cedeu.
- Como você
quiser. Só me faz o favor de não se meter em encrenca, Alex. Não como da última
vez, ta legal?
- Eu não vou
brigar com ninguém, Helders. Fica tranquilo.
E com isso, nos
despedimos e eu caminhei em direção à praia. Ela estava de cabeça baixa, mas assim
que fui me aproximando, percebi que ela escrevia algo em uma agenda ou coisa do
tipo. Sutilmente, sentei-me a mais ou
menos um metro de distância dela e fiquei ali.
Arabella’s POV
Quando virei
minha cabeça e o vi, achei que eu havia bebido demais. Tenho certeza que fiz a
expressão mais assustadora do mundo, pois quando ele viu, abriu um sorriso e
logo riu.
- Não sabia que
garotinhas davam passeios à noite... Ainda mais sozinhas – falou irônico.
- Eu realmente
poderia me dar o trabalho de te responder, mas o problema é que isso seria
perca de tempo.
- Você não mede
mesmo suas palavras, não é?
- E eu deveria?
Já fiz muito isso e não gostei. As coisas se tornam superficiais.
Então, ele se
aproximou de mim ficando bem ao meu lado. Estaria mentindo se dissesse que não
senti um arrepio me percorrer por completo.
- O que é isso? –
ele apontou para meu caderno – Posso ver?
- Não – disse ríspida.
E mais uma vez, o
riso debochado apareceu.
- Oh... “Querido
Diário, hoje um dos maiores vocalistas da atualidade, leia-se Alex Turner,
sentou-se ao meu lado e eu não soube aproveitar isso. Queria voltar no tempo e
ficar a sua mercê” – ele foi o mais sarcástico possível.
- Escuta, você
sempre foi babaca assim ou se especializou nessa área com o tempo?
- A gente aprende
algumas coisas ao decorrer da vida – deu de ombros.
Rolei os olhos.
- O que você está
fazendo aqui? – perguntou.
Eu o encarei.
Sério? O que ele estava fazendo aqui, isso sim era o ‘x’ da questão. Pensava
que pessoas como ele andava com pessoas como ele e fazia o que pessoas como ele
faz.
Mas afinal, que
tipo de pessoa era Alex Turner?
- Dando um tempo
na vida – falei assim que deixei minhas questões de lado – Mas sinceramente
acho que isso não é do seu interesse. O que você quer? Se for algo relacionado
a entrevista é melhor falar logo.
Ele negou com a
cabeça.
- Eu não tenho
problema algum com a entrevista. Só vi você sentada aqui e... Resolvi fazer
companhia.
Eu ri. Foi quase
que involuntariamente.
- É mesmo? Você
sempre faz companhia a qualquer ser que está sentado sozinho? Que amável de sua
parte.
- Não para todos,
mas achei que seria interessante.
- Interessante?
Depois de alguns
segundos, ele respondeu:
- Você parece ser
uma pessoa interessante.
Alex não riu, não
houve deboche, não houve nenhum sorriso malicioso. Apenas seus olhos fitando o
mar.
Alex’s POV
“Por que, Turner?
Por que você sempre faz essas coisas?”. Era o que eu me perguntava a cada milésimo
que se passava. Na verdade, eu não estava fazendo nada, certo? Apenas
conversando com uma garota que me era praticamente uma desconhecida, sentados
em uma praia deserta.
Não, isso não era
muito comum.
- Por que
decidiram vir pra Califórnia? Quer dizer, se cansaram da nebulosa Inglaterra? –
ela manifestou-se de repente me pegando de surpresa.
- A entrevista
não é só daqui a dois dias?
- Na verdade eu
não sei, não me disseram isso.
Não pude conter o
riso.
- Vamos guardar
isso para depois então. Me diga você,
o que te trouxe a Califórnia?
Ela havia aberto
a boca para falar, mas foi impedida.
- Bella! – alguém
gritou.
Ela virou-se para
trás para ver quem a chamava. Era o acompanhante abandonado.
- Eu já vou indo –
ela gritou de volta enquanto guardava o caderno de volta em sua bolsa.
- Então, é Bella
seu nome? – perguntei a vendo se levantar.
- Na verdade é
Arabella, mas eu não gosto dele. Eu tenho que ir agora, até mais.
Ela saiu andando
apressada e nem percebeu que quando saiu deixou um papel cair, provavelmente do
pequeno caderno.
Eu o peguei,
tirei a areia que havia sobre ele e o desdobrei.
O título era
escrito por sua letra redonda e precisa, e mal acreditei quando comecei a ler
as linhas que vieram a seguir:
I Wanna Be Yours
John Cooper Clarke
I wanna be your vacuum cleaner
breathing in your dust
I wanna be your Ford Cortina
I will never rust
If you like your coffee hot
let me be your coffee pot
You call the shots
I wanna be yours
I wanna be your Ford Cortina
I will never rust
If you like your coffee hot
let me be your coffee pot
You call the shots
I wanna be yours
I wanna be your raincoat
for those frequent rainy days
I wanna be your dreamboat
when you want to sail away
Let me be your teddy bear
take me with you anywhere
I don’t care
I wanna be yours
for those frequent rainy days
I wanna be your dreamboat
when you want to sail away
Let me be your teddy bear
take me with you anywhere
I don’t care
I wanna be yours
I wanna be your electric meter
I will not run out
I wanna be the electric heater
you’ll get cold without
I wanna be your setting lotion
hold your hair in deep devotion
Deep as the deep Atlantic Ocean
that’s how deep is my devotion
I will not run out
I wanna be the electric heater
you’ll get cold without
I wanna be your setting lotion
hold your hair in deep devotion
Deep as the deep Atlantic Ocean
that’s how deep is my devotion
Eu fiquei
analisando a folha amassada por um bom tempo.
Arabella. Não, eu
não iria esquecer esse nome.
***
Queria agradecer os comentários do capítulo anterior, muito obrigada mesmo meninas <3 Beijos - Sky
Adoro como você encaixa todas as musicas do AM na história. Arabella escreve??? Até eu fiquei curiosa para saber o conteúdo do caderninho. O Alex está ficando doido com essa garota. Não demora, Sky. Beijos
ResponderExcluirÉ até engraçado ver essa confusão que é a cabeça do Alex. Bella poderia não ser tão grossa quanto foi, já que o Al, por incrível que pareça, estava ali numa boa. Haha. Essa fanfic é cheia de mistérios, amo isso. Espero que continue logo haha
ResponderExcluirbeijo, anne
Adorei essa fic,muito bem escrita e tem uma história inovadora,não é o 'arroz e feijão' de sempre hahaha
ResponderExcluirbjs
"ou se era a lembrança dela que me perseguia" Seria essa Alexa?!?!?
ResponderExcluir" Como você quiser. Só me faz o favor de não se meter em encrenca, Alex. Não como da última vez, ta legal?
- Eu não vou brigar com ninguém, Helders. Fica tranquilo." Como assim, Alex brigou?!?! :o
E pelo jeito você vai explicar razões pra todas as músicas do AM?!?!
Alex acha Arabella interessante, hm... Ele também é bem interessante, vejamos no que isso vai dar.
Socorro, poste logo o próximo capítulo!
Amor, Bia ♥