O relógio indicava oito horas da manhã. Finalmente o dia
do lançamento de meu quarto livro chegara e haveria uma linda festa de
comemoração ao ar livre no jardim do Museu de Literatura de Londres. O dia
estava lindo, um clima agradável e o sol brilhava lá fora. Era o tipo de dia
que tinha tudo para ser ótimo.
Levantei-me,
tomei um banho, botei Bon Jovi para tocar e fui checar meus e-mails. No geral,
as mesmas coisas de sempre, editora, leitores, etc. Estava respondendo o e-mail
de um fã quando meu celular tocou. Era Lia, meu braço direito e amiga.
- Bom dia,
querida! – a cumprimentei animadamente.
- Se você acha
que está bom, só vai melhorar. Advinha quem ligou para mim hoje cedo pedindo o
nome na lista de convidados da festa de lançamento...
- J.K. Rowling?
- Não é pra tanto
– ela riu.
- Lord Voldemort?
- Cala a boca,
presta atenção, pois nada mais nada menos que Alex Turner comparecerá ao
evento!
Fiquei muda. Meu
cérebro precisou de um tempo para processar a informação. O que diabos ele
pretendia indo até lá depois da cena que fez quando o conheci? Talvez quisesse
se desculpar. Mas se tratando da pessoa dele, essa ideia chegava a ser
infantil.
- Eliza? Você
morreu de emoção?
- Não, continuo
viva e respirando.
- Achei que você
iria ficar mais animada. Tipo, é o vocalista de sua banda preferida...
- Primeiro que
não é minha banda preferida, afinal ninguém tira o lugar de Bon Jovi da minha
vida. Segundo, ele é só uma pessoa não um deus.
Por mais que
fosse uma pessoa que se encaixava perfeitamente nos padrões de beleza, sua
arrogância era do tamanho de Júpiter.
- Ok, não está
mais aqui quem falou. Eu tenho que ir, ver uns detalhes que faltam. Até mais!
- Ok, tchau.
Tentei não ficar
pensando naquilo. O que se mostrou mais difícil do que eu imaginava.
- Mas o que
diabos ele quer? – ficava me perguntando - Será que ele quer dar em cima das
pobres meninas? Ele não pode fazer isso em plena luz do dia.
Fui pegar meu
notebook que estava na mesinha de canto na sala, e quando me virei bati de cara
na minha estante. Alguns livros caíram e um disco foi ao chão. Quando me
abaixei para ajunta-los, fiquei encarando a capa do disco que caíra. “Arctic
Monkeys – Favourite Worst Nightmare”.
- Você está
ficando paranoica, Eliza. Paranoica. Precisa parar com o café – dizia enquanto
botava de volta no lugar – e de falar sozinha.
POV Alex
O tempo havia
passado rapidamente e quando menos esperava era hora de ir.
- Vai pra onde? –
perguntou Matt.
- Para a festa de
lançamento do livro da Fordie.
- Essa hora? São
quatro e meia da tarde.
- Vai ser um chá
das cinco ou coisa do tipo – falei me dirigindo a porta.
- Você vai mesmo
levar essa aposta a sério?
Eu acendi um cigarro
e olhei para Matt. Ele já sabia a resposta.
Ao chegar me indicaram uma grande porta de
vidro que dava para o jardim do museu. Era como se fosse um chá de bonecas,
havia várias estantes com livros de tamanhos diversos espalhadas pelo gramado
verde, poltronas e mesas redondas davam a impressão de uma sala de estar a céu
aberto. Parei na escadaria e pude ver Eliza sentada no meio de uma roda, ela
estava lendo um livro para um grupo de pessoas que não tiravam os olhos dela e
prestavam atenção a cada palavra que dizia. Aproximei-me, cumprimentei algumas
pessoas e me voltei para ela. Ao terminar a leitura houve uma grande salva de
palmas e vários agradecimentos da parte de Eliza.
Ela se levantou,
olhou em minha direção e sorriu. Falou com um garoto que segurava um de seus
livros nas mãos, o abraçou e tirou uma foto com ele. Então, ela se voltou a mim
novamente e caminhava até onde eu estava. Ela parecia uma barbie maluca naquela
roupa,
mas do mesmo jeito não deixava de estar linda. Eu tinha que admitir, Eliza
Fordie era linda. De longe não era tão gostosa. Magra, não tinha peitos
grandes, nem uma bunda enorme. Suas pernas eram delicadas, mas do mesmo jeito tinha
algo que prendia o olhar de qualquer um.
- Olá, Alexander
– ela disse quando chegou até mim.
- Olá, Elizabeth – devolvi no mesmo tom.
Ela arqueou a
sobrancelha e sorriu novamente.
- Muito bem, seja
bem-vindo e aproveite o chá.
- Pode ter certeza
que eu vou.
- Algumas dessas
garotas são menores de idade - ela falou em meio a um riso.
- Acho que isso
não vai ser um problema, quantos anos você
tem?
Eliza me fitou
por um segundo, franziu a testa e me deu as costas.
- Aproveite o
chá, Alexander. O chá – falou quando já estava se afastando.
Algum tempo havia
se passado e eu já estava farto daquilo. Eu mal consegui falar com Fordie e
dois dias já tinham se passado desde que a aposta começou. Havia fãs da saga, e na maioria eram adolescentes
então, um ao outro vinha me pedir autógrafo ou para tirar uma foto.
Tirava uma foto com uma garota loira que quase chorava,
quando vi Eliza andar apressadamente para longe, ela estava indo em direção a
estante gigante que ficava mais afastada. Imediatamente fui atrás dela, ali
estava à oportunidade perfeita.
- Não sabia que
ainda brincava de esconde-esconde, pensei que preferia outro tipo de
brincadeira – falei assim que a achei escondida atrás da estante.
- Ah meu Deus,
você me assustou – disse levando a mão ao coração.
- Se escondendo
do que, Elizabeth?
- Eu não estou me
escondendo, só estou dando uma pausa.
- Pra mim você
está se escondendo.
- Engano o seu.
Ela encostou a
cabeça na estante e fechou os olhos. Parecia estar...
- Você ta
dormindo?
Eliza não
respondeu.
- Ei, – a
cutuquei – acorde.
- Pare de colocar
seus dedos grandes e gelados em mim, eu não estou dormindo.
- Tem outra coisa
grande além dos meus dedos.
- É eu sei, seu
amor próprio – falou com os olhos ainda fechados e a cabeça ainda encostada.
- O que está
fazendo, então?
- Botando meus
pensamentos no lugar. Eu sempre faço isso, se não eu fico louca.
Fiz o mesmo que
ela. Fechei os olhos e repousei minha cabeça.
- Eu não to vendo
diferença nenhuma – falei.
- É porque seus
neurônios já estão queimados devido ao uso irresponsável de nicotina e álcool.
Eu fui obrigado a
rir.
- Você deve ter
razão.
- Só fique quieto
e deixe que os pensamentos retornem ao curso natural do rio da mente.
Calei-me. Fiquei
quieto, só ouvindo as pessoas conversarem e rirem longe, o baralho do vento nas
árvores e um passarinho que cantava. Não adiantou nada.
- Eliza?
- Hã?
- Eu tenho que
transar com você.
Ainda mantinha os
olhos fechados então imaginei que ela estava fazendo a cara mais feia do mundo
e preparava um discurso moral. Mas tudo o que eu ouvi foi:
- E se eu fosse
lésbica?
Abri os olhos e
ela continuava na mesma posição. Não acreditei no que tinha acabado de ouvir.
- Inacreditável.
- Sempre existem
possibilidades, se eu fosse o que você iria fazer?
- Eu teria que
transar com você do mesmo jeito.
Fechei os olhos
novamente.
- É uma questão
de orgulho? – perguntou.
- Digamos que
sim.
- Eu não vou me
envolver com você, Alexander.
- Para transar
não precisamos necessariamente de envolvimento.
- No meu mundo,
Turner, o que você chama de “transar” para mim é um gesto de amor.
- Qual é, vai
começar com a ladainha de Romeu & Julieta?
Abri os olhos,
mas já não havia ninguém para escutar.
- Eliza, espera.
– agarrei-a pelo braço – O que há demais nisso?
- Me desculpe
senhor Turner, mas não vejo o porquê perder seu tempo insistindo em uma coisa
que não vai acontecer sendo que tenho certeza que metade das mulheres aqui
presentes não veria problema algum em ter um sexo casual com você.
- Por que você
fala desse jeito, você já parou pra ouvir uma de suas frases?
- Não vejo
problema algum em minhas frases, agora se não se importar, poderia largar o meu
braço.
- Você está
pedindo permissão para eu lhe soltar?
- Não foi uma
pergunta, só quis ser educada.
Ela tentou livrar
seu braço, mas não conseguiu.
- Você deveria ir
pra academia. Uma menininha de cinco anos é mais forte que você.
- O que você quer
de mim, Alexander?
- Você sabe o que
eu quero.
- Perdão, não irá
conseguir isso.
- Então, jante
comigo. Só um jantar, a única comida vai
ser a dos nossos pratos.
- Seu linguajar
me emociona – falou ironicamente.
- E aí? Não vou
aceitar “não” como resposta.
Eliza me encarou
por longos segundos.
- Devo alertar
que sou alérgica a camarão, pimenta e não como carne vermelha. Amanhã. Pegue-me
ás oito. Agora eu tenho que ir, com licença.
Afrouxei minha
mão em seu braço e ela se foi.
Só tinha um jeito
de vencer essa aposta. Elizabeth Fordie teria que se apaixonar por mim e eu não
perderia isso por nada.
POV Eliza
Com certeza
Alexander pretendia algo com isso. Se uma coisa minha mãe me ensinou foi que
homens não se ajoelham por nada nesse mundo. Ainda mais um tipo como o Turner.
- Lia, temos que
ir embora – puxei minha amiga de cabelos cor de gente idosa. Lia tinha o cabelo
todo branco, ela falava que estava na moda e que era loiro
platinado não branco, mas pra mim ela ainda lembrava minha avó apesar de
ter apenas seus vinte e cinco anos.
- Como assim?
Você não pode sair desse jeito – ela me advertiu.
- Não quero
saber, amanhã damos um jeito. Mas por favor, vamos embora. – olhei pra ela com
cara de cachorro abandonado – Por favor?
Ela me encarou
séria, mas logo desmoronou a pose.
- E adianta eu
dizer não?
- Você é a melhor
irmã de outra mãe que alguém poderia ter.
- Ta, ta. Vamos.
Mal chegamos ao
apartamento e Lia começou o interrogatório:
- Me conta tudo.
O que? Aonde? Por que você foi parar atrás de uma estante com Alex fucking Turner?
- Falando assim
até parece que eu fiz algo de inapropriado.
- E não fez? Da
onde eu venho quando você some com um cara significa que...
- Eu posso ficar
sem os seus ditados do Texas, obrigada.
- Fala sério, é o
Turner. Lindo, gostoso, maravilhoso, deus do sexo!
- Você já...
Sabe...
- Se eu transei
com ele? Por que você não fala de uma vez? Claro que não, mas bem que eu gostaria.
- Então já
podemos trocar de lugar.
Lia olhou pra mim
com os olhos arregalados e abriu um sorriso que me botou medo.
- AI MEU DEUS!
PARA TUDO, VOCÊ ESTÁ DIZENDO QUE ALEX FUCKING TURNER QUER TRA...
- Não repita
isso, por favor.
- EU SABIA! Você
se arruma que nem uma bonequinha, mas por de trás dessas rendas angelicais tem
uma diabinha safada querendo se mostrar.
- Ah, por céus
Lia, não é nada disso. Eu não sei, ele simplesmente chegou e falou que tinha
que transar comigo.
- ELE O QUE? E você
recusou? Você é completamente INSANA!
- Mas ele me
convidou pra jantar.
- Deus, você é a
anjinha mais safada que deve existir nesse mundo pra ele se empenhar assim.
- É justamente
isso, eu não sei por que ele está se dando tanto trabalho sendo que eu já
deixei bem claro a minha posição em relação á isso.
- Você deveria
fazer outro tipo de posição.
- Lia...
- Ok. Olha, você
vai jantar com ele, vai ver o que acontece e tenta descobrir alguma coisa. Ás
vezes pode até ser uma jogada de marketing ou algo do tipo.
- Será?
- Não saberemos
até que ele diga alguma coisa. Então, você tem que se arriscar. Talvez ele só queira
uma companhia agradável para um jantar.
Turner querer minha companhia para um jantar?
Essa é boa.
- Acontece – ela
continuou – que você precisa seguir um pouco seus instintos. Nem todo cara é
como o...
- Não precisamos
tocar no nome dele.
- Tudo bem.
Legal. Você vai, né?
- Eu já aceitei.
- Ótimo! E se
tudo der errado, eu estou solteira.
- Lia, você não
tem jeito mesmo.
- Um dia é da
caça outro do caçador – disse rindo.
Eu não imaginava
o que ele queria com isso, porém, nem em um milhão de anos eu me relacionaria com
alguém do tipo “eu sou uma estrela do rock, eu sou lindo, eu posso tudo,
dane-se você”. Quando se passa pelo o
que eu passei, você aprende a ser bem mais seletiva. Além do mais, a aparência
de alguém nunca fora minha preocupação número um afinal, como dizia meu velho e
sábio avo “De nada adianta uma jaula ser resistente se não há uma fera para
aprisionar”. O que eu quero dizer é, o que adianta alguém ter uma aparência indiscutível,
mas que te trate com “Eu tenho que transar com você”. O fato de alguém ser
famoso, não me importa, e eu estou nem aí se todas as mulheres o tratam como se
fosse um deus, ele ainda não havia feito nada para ganhar o meu respeito.
Mas até o
momento, eu só sabia de uma coisa: Eu iria jantar com Alexander Turner.
***
N/A: Primeiramente eu queria agradecer os comentários que recebi: Muito obrigada, vocês são demais mesmo! Me senti muito acolhida
por todas, vocês são uns amores. Segundo: esse capítulo foi maior que o outro
eu espero hahahaha, mas se acalmem pois garanto que esse jantar promete. Como
vocês perceberam, a Eliza é um pouco diferente, ela tem uma opinião forte e uma
cabeça fora da casinha. A questão é: Será que ela irá resistir ao Alexander?
Podem esperar muitas surpresas de todos os lados. GRANDES surpresas. Beijos!
Primeiramente eu to amando esta história de aposta hahahahha. Segundo, eu amei a Lia, gente que menina engraçada hahahahahah e terceiro, super apoio a Eliza.
ResponderExcluirA parte que eu adorei foi o pensando do Alex '' Ela parecia uma barbie maluca naquela roupa, mas do mesmo jeito não deixava de estar linda'' HAHAHAH barbie maluca? Really Al? Really? E ele foi direto em? Ele precisa transar com ela, bobo... Ele vai é se apaixonar e viver tipo Romeu e Julieta haha.
Poxa, Al tem que entender que escritores são sensíveis. E não vai ser todo cafa que ele vai conseguir ela haha.
Posta loooooooooooogo haha bjjj
"- Eliza?
ResponderExcluir- Hã?
- Eu tenho que transar com você."
Bel, meu Deus. Meu Deus.
Esse diálogo dos dois (não só essa frase que quotei, mas toda a cena da estante) foi um dos melhores que eu já li.
Acabei de salvar nos favoritos do meu coração. E isso é incrível porque você chegou ontem por aqui, e esse é só o segundo capítulo e as personagens em si ainda são estranhas umas às outras, assim como ainda são para nós.
Mas posso dizer que a Liz apenas fez jus aos meus pensamentos de ontem e me encantou ainda mais, parecendo ser uma mulher centrada, linda, sei lá, tudo de bom. Assim como o seu Alex, que apesar de sacana está tão bem escrito, e descrito... Ele falando da Eliza, ai ai ai!
O lance da aposta está sendo tão bem encaixado que sei lá, não parece fútil como deveria ser. Quando se tem a personalidade das duas pessoas em questão tão bem desenhadas, fica impossível não adorar.
Olha eu posso dizer que BCTM já ganhou meu coração e meu voto positivo.
Você conseguiu me deixar super ansiosa por esta fic, mesmo!
"Só tinha um jeito de vencer essa aposta. Elizabeth Fordie teria que se apaixonar por mim e eu não perderia isso por nada."
O que vai acontecer nesse jantar em????
Bel, seja boazinha como você está sendo e poste logo, logo!
Beijos, e estou aguardando.
Débs
Sua linda ,eu to simplesmente amando a sua fic!
ResponderExcluirEu só acho q o alexander vai fica caidao pela eliza hahahaha
Bjss ,n demora de atualiza hein?!
Ainda tô rindo gente ashjahshahskckdmdhbskfkd SOS!
ResponderExcluirMEU DEUS, AMEEEEEEEEEEEEEEEEEI!!!!!
POSTA MAIS, POSTA MAIS, POSTA MAIS MULHER!!!
1°amei esse Alex safado e cara de pau.
2°Zooey D!? Really!? Realmente Barbie maluca linda e maravilhosa!
3°bff safada QUEM NUNCA!? Hahahaha
Amei! Posta mais por favor *-----*
Ps:sou lerda e não sei #sorry qual seu nome autora?
Xx.
Eu to apaixonada pelo jeito que você escreve, meu deus!
ResponderExcluirA Eliza tem mesmo que prestar atenção no jeito que ela fala, porque podem entender errado muitas vezes HEHEUHE ai, o duplo sentido...
Concordo com a Débora, a cena da estante foi ÓTIMA, e eu mal posso esperar pra ver como vai ser o jantar...
Aliás, duvido que o Alex não vá gostar dela, e essa aposta vá acabar numa paixão; porque eu ja adoro a Eliza hahah
Ah, e sobre
" - Olá, Alexander – ela disse quando chegou até mim.
- Olá, Elizabeth – devolvi no mesmo tom."
O Alex fez uma pesquisa sobre a Eliza, é???
Bom, por enquanto não tenho muito mais a dizer sobre a fic, só que estou ansiosa pra saber como essa história vai se desenvolver!
Besitos :*
"- EU SABIA! Você se arruma que nem uma bonequinha, mas por de trás dessas rendas angelicais tem uma diabinha safada querendo se mostrar."
ResponderExcluirHahahah adoro essa parte! Lia é hilária (e me lembra a doida da minha melhor amiga kkkk)
Teus diálogos são os melhores, Bel!
Xxxxx.