Eu não estava com Alexander. Com certeza, não. Mas isso
não significa que eu não possa dar uma chance para ele, afinal, ele se mostrou
ser uma pessoa bem diferente do que eu pensava.
Lia estava a minha espera sentada no sofá vendo algum
programa de moda.
- Achei que você
tinha sido sequestrada, mas pelo seu sorriso o sequestrador era um gato.
Ri alto e ela me acompanhou.
- Me diz o que
aconteceu, garota! Eu quero essa felicidade também.
Eu corri até o
aparelho de som e coloquei no último volume Fake
Tales of San Francisco, peguei Lia pela mão e comecei a cantar e pular com
ela.
- FAKE TALES OF SAN FRACISCO ECHO THROUGH THE
ROOM. MORE POINT TO A WEDDING DISCO WITHOUT A BRIDE OR GROOM!
- ELIZA DO CÉU ME FALA O QUE
ACONTECEU!
- SÓ SE VOCÊ
CANTAR COMIGO – disse rindo – VAI, I DON’T WANT TO HEAR YOU...
- KICK ME OUT, KICK ME OUT.
- I DON’T WANT TO HEAR YOU NO…
- KICK ME OUT, KICK ME OUT E AGORA ME
CONTA O QUE ACONTECEU!
- Tudo bem, você
venceu – falei abaixando o volume.
Ela se sentou
novamente e eu simplesmente não consegui ficar parada.
- Primeiramente
você tem que parar de ficar andando pra lá e pra cá feito uma barata tonta.
Eu me ajoelhei na
frente dela.
- Lia, Lia, Lia.
- Eu mesma.
- Alexander veio
até aqui, e...
- Aconteceu o que
eu estou pensando porque se foi eu não sei como você está viva.
Eu dei um tapa na
perna dela.
- Vai me deixar
terminar? Obrigada. Não, provavelmente não é o que você está pensando porque
você só pensa coisa errada. Você sabe que dia é hoje, e que sempre é difícil.
Ele apareceu aqui, eu contei pra ele o que aconteceu e então, ele me abraçou.
Eu acho que me senti segura naquele momento, mas uma onda de medo me invadiu.
Medo de me decepcionar de novo. Eu falei para ele ir embora, mas ele não foi.
Eu não sei direito o que aconteceu depois, mas, ele me beijou.
Lia abriu a boca
em forma de ‘o’.
- O que aconteceu
depois?
- Nós fomos dar
um passeio e ele comprou algodão-doce! – ri – Então, ele teve que ir embora,
acho que foi algo da banda. Mas acontece que foi uma tarde surpreendentemente
agradável.
- Que coisa mais
– os olhos de Lia encheram de lágrimas – fofa!
- Você está
chorando?
- Eu estou tão
feliz por você, Liz. Ver você se envolvendo com alguém depois de tanto tempo –
ela me deu um abraço desajeitado – Eu amo muito você, ok?
- Calma, só foi
uma tarde. Eu não sei se isso vai pra frente.
- Claro que vai!
Você acha mesmo que ele faria tudo isso se não estivesse interessado?
- Não sei, mas
agora você está me esmagando e eu não consigo respirar direito.
Lia deu uma
risada e me soltou.
- Se ele fazer
algo que te magoe, eu vou chutar aquela bunda magra dele e joga-lo nos anéis de
Saturno.
POV Alex
Mal abri a porta
do apartamento e fui acertado por algo que jogaram em minha cara.
- WHO’S THAT BITCH, ALEX? – era Arielle,
furiosa.
Percebi que o objeto que jogara em mim
era uma revista. Uma foto minha e de Eliza saindo do restaurante estava
estampada na capa e abaixo, o título com letras grandes e brancas dizia “Fordie
& Turner: O casal do ano”.
- Você está com
ela agora por um acaso? Está, Alex?
Eu me aproximei
dela e levei minha mão em seu rosto que a mesma foi tirada brutalmente com suas
unhas grandes.
- Arielle, meu
amor...
- RESPONDA A PERGUNTA!
- É claro que não.
- Então me responda uma coisa: Por que está em todos os
sites e todas as revistas que você está namorando com essa daí? Hein?
- Eu mal a
conheço, não faço ideia porque estão falando isso.
Arielle deu uma
gargalhada irônica.
- Então, querido,
POR QUE VOCÊ FOI A DROGA DE UM
LANÇAMENTO DE UMA DROGA DE LIVRO
DELA? POR QUE VOCÊ FOI AO UM JANTAR ROMÂNTICO
COM ELA?
- Foi só uma
brincadeira minha e dos outros. Foi uma aposta. Só isso.
Ela abaixou a
guarda.
- Uma aposta?
- É. Eles
duvidaram que ela aceitasse jantar comigo. Não foi tão difícil assim.
Arielle ficou
quieta. Logo soube que tinha controlado a fera.
- Você tem
certeza? Foi só isso? Não minta pra mim, Alex.
- Eu nunca
mentiria pra você.
Aproximei-me
sorrateiramente beijando seu pescoço, pude sentir sua pele arrepiar.
- Eu estava com
saudades de você. – colei seu corpo no meu – Como foi em Nova York?
- Um saco, logo
eu tenho que ir para L.A. Não vou poder ficar aqui – disse colocando suas mãos em
minha nuca.
- Sendo assim,
vamos aproveitar enquanto há tempo – a beijei intensamente passando as mãos por
baixo de sua blusa. O que não consegui com Eliza, sem dúvidas com Arielle não
teria problema.
Minha namorada
podia ser ciumenta e ter uns ataques ás vezes, mas quando estava na cama eu não
tinha do que reclamar. Ela dormia nua e pude ver suas formas através do lençol
fino. Estava admirando seu corpo e então, o rosto de Elizabeth me veio à
mente. Eu não estava interessado nela,
desde o começo sabia qual era o propósito de tudo aquilo. Mas teve momentos em
que me esqueci completamente da aposta. Eu sei que isso é loucura, eu não posso
usar alguém que passou por tanta desgraça. Já me sentia culpado antes dela ter
me falado tudo aquilo, no jantar, me senti culpado por saber que poderia magoar
alguém tão inocente e doce como ela. Aquele soneto de William Shakespeare.
Parecia algo que ela me diria após descobrir tudo, parecia que ela sabia que eu
iria a machucar. Eu não podia levar aquilo adiante. Ainda tinha Arielle, eu não
suportaria outro ataque de ciúmes da parte dela. Não posso fazer Eliza se
apaixonar por mim e depois que conseguir o que eu quero simplesmente ir embora.
Ela é uma boa pessoa e não merece passar por isso de novo. Eu tinha que acabar
com tudo aquilo.
Peguei meu
celular e liguei para Jamie.
- Eu preciso
falar com você, me encontre no St Stephen’s Tavern daqui a uns vinte minutos.
Cook já estava bebendo
encostado no balcão quando cheguei ao pub.
- Uma cerveja, por favor –
falei para garçonete.
- Turner, disse que queria
falar comigo. Vou ter que descolar cem libras ou?
A mulher voltou com a
bebida. Eu dei um gole e acendi um cigarro.
- Eu quero cancelar a aposta – disse depois de uma tragada.
Jamie abriu um sorriso de
orelha a orelha.
- Vai desistir tão fácil
assim, Alex?
- Não é isso. Não da pra
fazer isso, a Eliza. Eu não posso magoar ela.
Ele deu um longo gole na
cerveja e sorriu.
- Criou sentimentos por
ela, foi?
- É óbvio que não, Cook. A
vida já foi muito cruel com ela, se ela resolver se apegar a mim e depois eu a
deixar, não sei se irá suportar.
Meu amigo começou a rir
feito um condenado.
- Ah qual é, Alex! Você
não é tudo aquilo.
- Você não entende, merda.
- Talvez. Eu não sei o que
Eliza passou, mas pelo visto ela está muito bem agora. Todos superam um dia,
meu caro. Se você quer desistir, tudo bem. Mas pare de inventar coisa e admita
que ela não quer você.
- Ai que você se engana.
- Really? Não é o que
parece– falou com um sorriso debochado nos lábios.
Eu tomei o resto da
cerveja eu um só gole.
- Te vejo depois, Cook –
virei às costas para ir embora.
- Ei, Alex. Desistir não é
motivo para ter vergonha.
Eu olhei por cima do ombro
e dei um sorriso sarcástico.
- Eu não disse que isso
tinha acabado.
Tomar uma decisão estava
se tornando mais difícil do que eu imaginava. Não podia fazer isso com Fordie,
mas também não queria dar o gosto da vitória para Jamie. A verdade é que como
ele havia dito, ela está muito bem agora. Não é possível que Eliza ainda seja
uma garotinha de quinze anos esperando pelo príncipe encantado. Muito menos que
ela nunca transe casualmente. Isso é completamente ridículo, uma mulher de
vinte um anos querer amor em uma simples transa.
- Será que ela ainda é
virgem? – questionei em voz alta quando parei no semáforo.
Parecia bizarro, mas sim,
era uma possibilidade.
Pelas forças do Universo,
Arielle ainda dormia. Deite-me ao seu lado e ela rolou para perto de mim.
- Ei, você está acordado –
falou beijando meu colo.
- Só fui ao banheiro.
Ela passava as unhas pelo
meu braço fazendo-me arrepiar.
- Me leva até o aeroporto
amanhã?
Suspirei.
- Yeah.
Ela voltou a dormir
enroscada em mim. Desejei que ela ficasse calma daquele jeito para sempre
porque eu havia tomado a minha decisão. Eu irei continuar com a aposta.
POV Eliza
Acordei com o barulho do
maldito celular tocando. Olhei para o relógio digital na cabeceira. Sete e meia
da manhã.
- Onde eu coloquei a droga
do celular? Quem é o sonâmbulo me acordando a essa hora?
Achei o aparelho no chão
ao lado da cama. Apertei um pouco os olhos para conseguir ler as palavras na
tela: “Alexander’s Calling”.
- Alô? – falei com a voz
um pouco rouca.
- Eliza, está tudo bem?
- Se para você “bem” é
acordar sete e meia em uma manhã fria como essa... Yes, I’m fine.
Houve um ruído no outro
lado da linha, creio que fora uma risada mas não tive certeza, pois um barulho
absurdo me impedia de ouvir claramente.
- Que barulho é esse? –
perguntei – Isso foi um avião decolando?
- O que?
- Você está em um
aeroporto?
- Não, só foi um ônibus
passando. Está me ouvindo melhor agora?
- Sim.
- Ótimo. Eu vou passar na
cafeteria e levar nosso café da manhã até ai. Vejo você daqui a pouco.
- Hã, ok. Tudo bem. Até
logo.
Desliguei o celular e dei
um sorriso infantil.
- Você deve estar
completamente pirada, Eliza – falei para eu mesma ouvir.
POV Alex
Estava muito frio em
relação ao dia anterior. Toquei a campainha que estava praticamente congelada.
- Qual é a senha? – Eliza disse
do outro lado da porta.
- Eu estou congelando,
será que da para abrir a porta?
- Senha incorreta.
- Eliza... Ta. É... – que diabos no mundo seria a senha? – Sei lá.
Secret Door?
Ela abriu a porta
sorrindo.
- Parabéns, senhor Turner.
- Por que você está toda vestida? Imaginei
que estaria me esperando de lingerie – brinquei fechando a porta logo atrás dela.
- Cale-se! Não fale assim.
Coloquei as coisas na mesa
de centro da sala e a analisei.
- Elizabeth, eu vou te
ensinar algumas expressões. A primeira delas é uma muito útil, ao invés de você
falar “cale-se” fale “shut the fuck up”.
- Eu não gosto de palavrões e nem de
grosserias – disse se sentando no chão.
- Não gosta de grosserias?
Então me explique o que foi que você fez naquele dia em que nos conhecemos – me
sentei na frente dela.
Ela franziu a testa e deu
um sorriso de canto.
- Não fui grossa, só fui
sincera. Algumas pessoas confundem isso.
Fiquei a olhando, Eliza tinha algo que prendia
meus olhos como um imã. Ela me fazia querer desvendar seus pensamentos e
toca-la lentamente sentindo cada centímetro de sua pele.
- Não me olhe assim –
falou me acordando do transe.
- Assim como?
- Desse jeito.
Sem ao menos perceber, me
vi a beijando prensando seu corpo contra o chão. Ela passava as mãos em meus
cabelos delicadamente, seu hálito refrescante me fazia desejar nunca largar
aquela boca. Ela sorria em meio aos nossos beijos, o que instantaneamente me
fazia sorrir junto. Dei-me conta que se eu investisse naquele momento, ela não
iria me negar. Mas então, vacilei. Não queria fazer aquilo agora, isso
significaria concluir meu objetivo e então, não voltar a vê-la novamente. Não
sei aonde foram parar meus pensamentos de “Isso é só uma aposta”. Eles
simplesmente desapareceram.
- Algum problema? –
perguntou quando interrompi o beijo.
- Eu preciso de um papel e
uma caneta. Agora, rápido.
Ela me olhou surpresa, mas
logo percebeu o que queria. Levantou-se depressa e voltou rapidamente.
- Aqui, pegue.
Sem demora, comecei a escrever os versos que apareceram em minha
mente.
- Eu preciso ir ao estúdio.
O desapontamento no rosto
de Eliza ficou claro.
- Sem problemas – a voz
dela era falha.
- Você não quer vir comigo?
Um lindo sorriso se abriu.
- Isso não o incomodaria?
- No way.
Ela passou as mãos pelo
rosto e me olhou carinhosamente.
- Vou pegar minha bolsa.
Arranquei o papel do caderno e reli o que eu havia escrito:
“And I tried last night
To pack away the laugh
Like a key under the mat
But it's never seems to be there
When
you want it
Black
treacle”.
Awwwnn, Alex! Pára de ser competitivo e deixa o Jamie "ganhar" isso logo, você ainda sai no lucro com a linda da Eliza. *-*
ResponderExcluirAdoooro a frequencia com a qual vc posta! Amo demais essa fic, terminei me apegando a ela muito mais rápido do que esperava. hahahahahahahaha
Ai ai, ele não reconhece mas já gosta dela. Os dois juntos são simplesmente perfeitos, aquela fala dele "Não queria fazer aquilo agora, isso significaria concluir meu objetivo e então, não voltar a vê-la novamente." foi de morrer, amei o capítulo.
ResponderExcluiresse capítulo foi maravilhoso! continue a escrever desse jeito pois você tem talento!!!
ResponderExcluirMeu deus Black treacle é a minha música favorita!!!!
ResponderExcluirÉ bom ver que o Alex esta pensando nessas coisas, de não magoa-la e nada do tipo. Mas sempre a pressão dos amigos fodem tudo né? Ele devia desistir da aposta e mesmo assim continuar vendo ela, conhecendo-a e etc. Arielle tem que ser assim né, e eu acho o Al bem manipulador, só algumas palavrinhas e puft, consegue o que quer.
Eliza está começando a se entregar para ele, acho uma coisa muito boa pra vida dela, porque veja bem, ela é uma pessoa sozinha (é a impressão que tenho) e que apesar de seu livro e seus fãs ela precisa de um cuidado especial, ela é frágil, sofreu muito na vida. Alex deu esse conforto a ela no capitulo anterior e qualquer ser humano deprimido/solitário/carente se apega com esse tipo de carinho, falo por experiência própria.
Do mais, eu espero mesmo que o Al não a machuca, meu deus, essa personagem me inspira muito e eu adoro ela. Capaz de eu mata-lo quando a magoar, porque inevitavelmente alguém sairá machucado. :~~
Enfim, ansiosa pro próximo e como sei que tu és rapidinha, espero que poste logo. bj bj
MUUUUUUUUITO OBRIGADA MESMO, MENINAS! Vocês estão sendo muito legais, e só me incentivam mais a continuar escrevendo! Obrigada obrigada obrigada ♥
ResponderExcluirEsse é aquele tipo de capítulo em que,se eu pudesse dava um chute no saco do Alex.
ResponderExcluir#euri dessa personalidade estérica que vc deu pra Arielle (ninguém a coloca como uma pessoa tranquila, acho isso engraçado).
Alex sendo um babaca e depois sendo fofo...como proceder, God? #Icant
Capitulo maravilhoso, Bel *_*
Xxxx.