Mas aquele ano iria ser diferente. Naquele
ano, além de minha avó, de Lia e de meu irmão, havia ele. O homem para quem resolvi entregar-me por completa e amar a
cada segundo de meu dia. Além dos amigos
que acabei fazendo, como os meninos da banda e Breana.
Virei-me e abracei o travesseiro que continha
seu perfume e fitei seu lado da cama vazio. Alexander estava em Los Angeles,
trabalhando no novo álbum, eu tive que voltar para Inglaterra pelos meus
compromissos, mas sempre que o tempo permitia eu dava um jeito de atravessar o
atlântico só para sentir seus braços entrelaçando meu corpo, o que me trazia
uma calma inexplicável. Porém, naquele dia ele viria para Londres e nós iríamos
comemorar meu aniversário juntos.
Levantei-me, tomei um banho longo na medida
em que minha consciência ambiental não pesasse, vesti um vestido e dei-me o
privilégio de me permitir sentir-se bonita. Não era exatamente pela minha
aparência, mas sim pela felicidade que me tomava. Desci as escadas a tempo de
ouvir a campainha tocar e fui correndo a abrir.
- Feliz aniversário! – Lia exclamou
animadamente assim que a porta foi aberta.
- Eu sabia que era você!
Lia me abraçou forte, mais forte do que
pensei que ela seria capaz. Eu possuía confiança suficiente para dizer que Lia
era minha irmã e minha protetora. Eu não fazia ideia do que seria de mim sem
ela, e abraça-la daquele jeito no dia do meu aniversário só firmou mais os meus
pensamentos que já eram certos.
- Eliza, você está crescendo tão rápido – os
seus olhos estavam marejados.
Seu comentário fez com que eu risse. Era
incrível como ela lembrava minha mãe, tal que eu sentia tanta falta.
- Eu já tenho vinte e dois anos, Lia. Não
acho que irei crescer mais que isso – enxuguei a lágrima que escorreu pelo seu
rosto.
- Eu sei, eu sei. Mas, eu não quero ficar
chorando que nem uma idiota no seu aniversário. Eu trouxe o seu presente e mais
uma coisinha, está no meu carro... Porém, antes nós vamos tomar café! Na sua
cafeteria preferida, o que acha?
- Eu bem que estranhei você não ter trazido
bolo – alcei a sobrancelha – Tudo bem, espere que irei pegar minha bolsa.
- Ok, vá rápido – ela falou indo em direção
ao seu carro.
...
Acomodávamos-nos em uma mesa perto da janela
enquanto eu não conseguia tirar os olhos do meu celular e mexia no mesmo um
tanto quanto freneticamente desde que havíamos saído.
- Estou começando a me arrepender de ter
incentivado você a comprar um celular aceitável para esse século – disse Lia –
O que você tanto mexe nele, menina?
- Estou mandando uma mensagem para Alexander,
ele não me ligou ainda e nem atendeu minhas ligações... Estou preocupada. Era
para ele ter chegado já, o voo dele saiu ontem à noite, são doze horas de Los
Angeles para cá.
- Deve ser o fuso horário – comentou séria
como aqueles repórteres do jornal que passa no horário nobre – Ou deve estar
dormindo, quer dizer, sei lá o namorado é seu você deve saber – ela começou a
analisar as unhas – Já sei! O celular dele deve estar em modo avião.
Tirei os olhos da tela do aparelho para
analisa-la, ela mexia nos cabelos a cada milésimo que se passava e tamborilava
seus dedos na mesa um tanto rápido demais.
- Eu já não lhe falei que você tem uns tiques quando fica nervosa? - franzi a
testa.
Ela levou as mãos no rosto e suspirou.
- Você me pressiona demais, sabia? Eu não sei
o porquê das pessoas ainda me pedirem para fazer esse tipo de coisa, eu acabo
estragando tudo!
- Lia, calma. Vamos lá, conte comigo: Um...
Respira... Dois...
Ela seguia minha contagem, mas creio que não
foi de muito uso.
- Ah, dane-se – ela se levantou – Espere
aqui, eu já volto.
Eu, sem saber como reagir diante de
inesperada atitude de minha querida amiga, fiquei sentada enquanto ela saía da
cafeteria e ia em direção ao seu carro. Eu fiquei entretida com o pequeno
cardápio, quando Lia voltou tão rápido quanto saiu. Só que em sua volta, ela
carregava um enorme buquê de flores, lindos copos de leite brancos e uma caixa
embrulhada com papel de presente.
- Eu posso perguntar o que é isso? – a
analisei enquanto ela se sentava novamente e botava o buquê e a caixa quadrada
em cima da mesa.
- É o seguinte – começou – Esse aqui é o meu
presente – ela me passou a caixa com um laço amarrado – Abra.
Eu respirei fundo antes de desfazer o nó.
Tirei a tampa lentamente e então, me inclinei para ver o que tinha dentro. E
certamente, fez meu queixo cair.
- Você está brincando – a encarei com os
olhos arregalados.
- Não, não estou. E antes que pergunte o
autógrafo é de verdade e vem com modificador de voz.
Tirei da caixa uma réplica perfeita do
capacete de Darth Vader autografado pelo próprio George Lucas.
- Como isso aconteceu? – perguntei enquanto
apreciava o capacete.
- Um bom mágico nunca revela seus segredos,
cara Eliza.
Eu não fazia a mínima ideia de como ela havia
conseguido isso, mas eu a abracei e agradeci infinitamente por presente tão
incrível e inesperado.
- Eu sei que sou uma ótima amiga... Mesmo que
eu não entenda essas coisas de Hogwarts e tal, sabia que você iria amar.
- Lia, Hogwarts é de Harry Potter.
Ela deu de ombros e então começou a rir.
- Ok, tudo bem. E o buquê é seu também? – eu
mexia em algumas das delicadas pétalas.
- Ah sim, o buquê – ela tirou um cartão da
bolsa – Eliza, eu tenho duas notícias para te dar: Uma consideravelmente boa e
outra não tão boa, qual você quer ouvir primeiro?
- Bem, nenhumas das opções são muito
animadoras, mas... A consideravelmente boa, primeiro, por favor.
Lia abriu o cartão e pareceu ler seja lá o
que estivesse escrito e então, finalmente voltou-se a mim e falou:
- Alex mandou as flores, junto com esse
cartão – me entregou o simples pedaço de papel – Não abra antes de ouvir a
notícia não tão boa, assim você não irá ficar com tanta raiva.
No mesmo instante meu coração começou a bater
mais rápido.
- Pelo amor de Deus, fale logo antes que eu
tenha infarto agudo do miocárdio aqui mesmo.
- Infarto agudo do que?
- Ataque cardíaco – simplifiquei.
- Você fala umas coisas estranhas, sabia? –
ela balançou a cabeça – Mas indo logo ao assunto antes que você tenha um ataque cardíaco, eu vou ser direta:
Jamie, Nick, Matt, Breana... Todos eles pegaram o avião ontem a noite como
programado. Mas aparentemente, Alex teve que resolver algo de última hora e só
vai conseguir pegar um voo mais tarde. Eles chegaram pela manhã, Alex mandou
Matt trazer o bilhete e pediu para comprar especificamente essas flores, ele me
ligou e pediu para que eu passasse no apartamento para pegar as coisas. Matt
achou que seria melhor se eu entregasse a você.
Uma das marcas registradas de Lia, era que
quando tinha algo para falar, após enrolar muito, despejava tudo de uma vez e
sobrava para eu ter que processar toda a informação em um curto período de
tempo. Ainda mais uma daquelas, que arrancou um pedacinho do meu coração.
- Uh... Você sabe que horas o voo dele sai? –
perguntei cabisbaixa.
- Eu não tenho certeza, quer dizer... Liz,
não fique assim, ele vai chegar. Vocês irão ter tempo para ficarem juntos. Até
meia noite ele chega, eu prometo. Afinal, meia noite é a hora do encanto, não
é?
- Deve ser – dei de ombros.
A verdade era que eu queria tê-lo perto de
mim o mais rápido possível, ainda mais naquele dia em especial.
- Leia
o bilhete – ela sugeriu.
Eu fitei o papel meio amassado em minha mão e
então o desdobrei. Só de ver sua caligrafia, um arrepio percorreu meu corpo por
completo. Quando comecei a ler, era como se todos houvessem desaparecido:
“Eu já não consigo pensar em algum lugar sem
pensar em você. Não consigo encontrar nada para sonhar, pois meus sonhos se
encontram todos em seus beijos.
Me
assusta pensar que seria mais fácil se eu não amasse cada detalhe seu, que
seria mais fácil se me imaginar sem você não houvesse se tornado uma tortura.
Que seria mais fácil fingir que você é só mais uma amante. Tudo isso porque
você já se tornou rotina em mim e o medo de não poder nunca mais lhe tocar me
assombra.
As minhas palavras podem parecer confusas, sem
sentido, mas tenho certeza que você sabe o que elas significam. Desculpe por
não estar ai neste exato momento, para poder abraça-la e desejar-lhe um feliz
aniversário. Mas não se preocupe, em breve eu estarei.
Alexander. “
Inspirei e respirei fundo após ler a última
linha. Depois de ler suas palavras, já não me sentia chateada ou triste. Só
estava feliz por ele pensar em mim.
- Ás vezes eu acho que o odeio por me fazer
essas coisas... Fazer com que eu sinta como uma garotinha apaixonada por causa
de um simples bilhete.
Lia abriu um sorriso bobo, como uma
adolescente indo ao seu primeiro baile.
- O que foi? – perguntei.
- Vocês dois, o que você e Alex compartilham
um com o outro é algo lindo. Eu fico feliz por ver você feliz e sou grata a ele
por fazer você feliz – ela segurou minha mão que estava apoiada na mesa.
- Você não vai me fazer chorar – falei
tentando segurar as lágrimas que ameaçavam sair enquanto Lia ria.
Nesse momento, uma garçonete se aproximou da
mesa com um simpático sorriso no rosto.
- Eliza Fordie? – a garçonete cujo nome era
Natalie pelo o que vi em seu pequeno e delicado crachá dirigiu-se a mim.
- Sim...?
- Um passarinho nos contou que hoje é seu
aniversário, a informação está correta? – perguntou.
- Estou completando vinte e dois anos, só
espero que daqui para frente não seja como a música da Lily Allen –
tal música que no dia anterior ouvi inúmeras vezes mesmo contra a minha
vontade.
- Bem, temos um presente para você – a
garçonete virou-se para trás e acenou com a cabeça para alguém.
Instantes depois, outro funcionário apareceu
com uma bandeja que portava cupcakes coloridos e no meio, havia velas daquelas
que faiscavam e foi ai que ele puxou o coro e todos do lugar cantavam em
conjunto:
- Happy birthday to you, happy birthday to you. Happy Birthday dear
Eliza, happy birthday to you.
O rapaz colocou a bandeja em minha frente e pude
ver que havia livros desenhados nos cupcakes. Eu mal podia acreditar no que
acontecia.
- Faça um pedido – disse Lia toda sorridente.
Eu fechei os olhos, fiz mentalmente meu
desejo e apaguei as velas em um só sopro.
POV Alex
“Ela é
uma escritora de sucesso, um ícone fashion e atual namorada de Alex Turner,
vocalista da banda ‘Arctic Monkeys’ e tudo isso aos vinte e dois anos. Seu nome
é Eliza Fordie, mas é claro que você já sabia.
Hoje, dia
24, Fordie comemora seu aniversário em pleno auge de sua vida. Seu último livro
foi um sucesso não só de vendas como foi aclamado com grande entusiasmo pela
crítica, e o próximo que irá dar sequência a saga ‘Velvet & Riddle - Mentes
Sombrias' está a caminho vindo com ainda mais força. Seu relacionamento com o
músico, apesar dos rumores intrigantes que cercaram suas vidas pessoais nos
últimos meses, envolvendo até o nome de Miles Kane - antigo amigo de Alex e
parceiro no projeto paralelo “The Last Shadow Puppets” - claramente anda as mil
maravilhas, fato que pode ser constatado apenas ao ver uma das inúmeras fotos
que saíram quando ela foi visita-lo em Los Angeles, onde está gravando seu novo
disco com a banda. Além disso, Eliza acaba de ser nomeada como “Mulher do Ano”
pela Rolling Stone britânica.
Apesar de
tudo, Fordie mantém-se centrada em sua escrita, como afirmou em uma rápida
entrevista que concedeu durante sua sessão de autógrafos a que ocorreu há dois
dias, em uma famosa livraria de Londres.
Interviewer: O que você acha do peso que seu nome
ganhou em tão pouco tempo, não só no ramo da literatura, mas também no mundo da
moda e em como as pessoas começaram a se interessar por você e por sua vida?
Eliza Fordie: Eu acho que isso aconteceu pelos
meus livros, que é no que eu sempre me mantive focada. O resto é uma
consequência disso, eu pude ir a um desfile ou outro e então, alguns convites
surgiram e quando percebi estava sendo chamada de ícone. Eu fico muito
lisonjeada com isso, mas eu sempre vou manter a escrita em primeiro lugar. E em
relação a minha vida – ela ri sem jeito – eu não faço nada de muito
interessante, não sei porque as pessoas tem curiosidade sobre ela.
Interviewer: E seu namoro, Alex está em L.A e
você tem seus compromissos em Londres. Como vocês lidam com isso?
Eliza Fordie: Quando tenho tempo, eu sempre viajo
para vê-lo, é claro que não é a mesma coisa, mas sabe, quando se tem o que nós
temos um com o outro é o suficiente.
Interviewer: Você irá fazer vinte e dois anos, o
que você espera disso?
Ela ri e
dá de ombros antes de responder:
“Só
espero que vinte e dois não seja o vinte e sete dos escritores.”
Diz fazendo referência ao famoso ‘Clube dos Vinte
e Sete’, a idade com que alguns famosos músicos faleceram.
Nós da
equipe Marie Claire UK, gostaríamos de desejar um feliz aniversário para a
nossa querida Eliza Fordie, junto com toda a felicidade do mundo. Parabéns,
Liz!”
A matéria havia sido publicada há duas horas
no site da revista. Eu estava sentado na sala de espera do aeroporto e após ler
aquilo, ansiava ainda mais para que as horas passassem rapidamente. Eu não pude
embarcar na noite anterior e agora estava impaciente esperando pelo voo
enquanto poderia já estar com Eliza.
- Chamada para o voo 237 de Los Angeles com
destino á Londres. Passageiros embarquem no portão B – a voz soou pelos
alto-falantes. Foi quase como uma chamada para um milagre.
Apressadamente, peguei minhas malas em rumo
ao portão de embarque. Aquelas iriam ser longas horas dentro de um avião.
POV Eliza
- Eles estão demorando – comentei checando o
relógio pela milésima vez.
Eu e Lia estávamos na ferroviária esperando
pela minha avó e por meu irmão.
- Calma, o trem vai chegar daqui a pouco.
- O avião, o trem, tudo atrasado. Alex, minha
avô... Se nós formos pedir pizza hoje à noite, advinha quem vai chegar
atrasado? Isso mesmo, o entregador. Porque hoje é o dia do atraso.
- Como você é dramática – disse rindo – E o
entregador não vai chegar atrasado porque não vamos pedir pizza. Eu tenho
outros planos para nós.
Eu a encarei com os olhos cerrados.
- Outros
planos?
- Outros planos. Ou você acha que eu vou
deixar você ficar sentada comendo pizza enquanto Alex está em um avião e sua
avó provavelmente dormindo e seu irmão já no trigésimo sonho?
- Lia, eu já falei que não confio muito nos
seus planos?
- O que você quer dizer? Por um acaso eu já
botei você em alguma roubada?
Toda vez que ela falava isso era porque ela
iria me botar em uma ‘roubada’.
- Eu não se isso é uma boa ideia...
- Não é uma boa ideia, é uma ótima ideia.
Mesmo sabendo que era bem possível que eu
arranjasse uma desculpa para não ir, preferi não contesta-la, pois ai sim eu
iria perder a briga.
- Olha lá, é o trem de sua avó – ela apontou
e saiu correndo em direção a ele.
Logo vi para onde ela ia e fui atrás tentando
manter seu ritmo. Era incrível o quão rápido ela conseguia andar mesmo com
aqueles saltos.
Não demorou muito para que nós os
avistássemos saindo do trem e logo que meu irmão nos viu, veio correndo em
nossa direção.
- Liz! – ele gritou e pulou em meus braços.
- George! – o girei no ar.
- Eu estava com saudades de você – falou – E
eu fiz um presente para você.
- Você fez um presente?!
- Fiz sim – ele tirou do bolso um cordão com
um pequeno pingente de prata do Peter Pan que eu havia dado a ele quanto tinha
seis anos, e em seguida o depositou em minha mão.
- Para você nunca ficar velha.
Eu apertei o cordão em minha mão e abracei
George.
- Muito obrigada. Eu gostei muito.
O coloquei no chão e logo fui abraçar minha
avó.
- Que saudades que eu estava de você, minha
querida – ela disse.
- Eu também, vovó. Senti muito sua falta.
Ela passou as mãos pelo meu rosto e me
analisou em silêncio.
- Olhe só você, vinte e dois anos e já é tão
grandiosa. Sua mãe teria orgulho de você.
Eu a abracei novamente.
- Eu acho melhor nós irmos indo se não eu vou
começar a chorar – falou Lia.
Nós separamos e então, minha avó pegou uma
mecha de meu cabelo.
- O que é isso nas pontas?
- São mechas, a Lia que fez – falei.
Elas se olharam por um instante.
- Só podia ser coisa da Lia.
- Ah, senhora May! Vai dizer que não gostou?
– ela contestou.
Vovó analisou meu cabelo novamente.
- Até que não ficou tão ruim.
- Eu gostei – falou George.
- Viu...George sabe das coisas – brinquei.
...
Nós ficamos conversando sobre tudo sentados
na sala de estar em minha casa à tarde inteira e logo depois, minha avó fez um
jantar delicioso. Não demorou muito para que meu irmão estivesse implorando por
uma cama e vovó cansada demais para ficar em pé.
- Eu vou botar George pra dormir e também vou
me deitar. Pelo o que Lia disse, vocês vão sair, não é?
- Na verdade...
- É, nós vamos sair – ela me interrompeu –
Vamos, Liz. Temos que nos arrumar, levanta.
- Lia, Alex pode chegar a qualquer instante.
Não é melhor nós ficarmos aqui?
- Nada disso! Você sabe como é os aeroportos,
um caos. Se ele chegar, ele vai ligar para você, ai nós voltamos. Mas vamos dar
uma volta, por favor.
- Ela tem razão, minha querida. Vão se
divertir, se Alex chegar eu aviso.
Já completamente derrotada, cedi à pressão
das duas.
- Tudo bem, mas vamos voltar logo.
Lia deu pulinhos de alegria.
- Se divirtam meninas.
- Obrigada senhora May, pode deixar. Tenha
uma boa noite.
- Boa noite vovó.
Eu olhei para Lia e ela tinha um sorriso
largo e um tanto assustador no rosto.
- Você tem que estar lin-da! Afinal, é o seu aniversário – ela me pegou pela mão e me
arrastou pela escada em direção ao meu quarto.
...
Ela estacionou o carro na frente de um belo
prédio, mas não parecia que ali era um lugar que costumava ser tranquilo, porém
naquele dia não havia movimento na entrada.
- Lia, por um acaso isso é uma boate?
- Uma casa de repouso que não é – respondeu
enquanto saímos do veículo.
- Olha só o meu estado para ir a uma boate.
- O que foi? Sua roupa está linda, você
está linda, está tudo lindo.
- Não estou falando da aparência, estou
falando do meu ânimo.
Lia rolou os olhos e me puxou pelo braço.
- Deixa disso, vamos logo.
O segurança que ficava em frente à porta
principal não nos parou para conferir nome nem nada do tipo. Lia com certeza
tinha muita influência naquele lugar.
Ela me orientou por um corredor estreito e
escuro, não havia som algum no lugar. Era como se o prédio estivesse morto.
- Lia, que lugar é esse? – perguntei um pouco
receosa.
Ela me olhou, segurou minha mão e sorriu. Foi
nesse instante que de repente a escuridão desapareceu em meio às luzes
coloridas e o silêncio foi quebrado por um coro inesperado:
- Feliz aniversário, Eliza! – olhei para o
lado e deparei-me com inúmeras pessoas, luzes coloridas e tudo o que havia
direito.
- O que é isso? – minha voz era trêmula.
- Uma festa surpresa, oras! – ela me carregou
para o meio da multidão.
Não era fácil reconhecer os rostos pela pouca
claridade, mas eu sabia que não conhecia nem metade daquelas pessoas.
Em uma rodinha, pude ver Jamie, Nick, Matt e
Breana, todos rindo e bebendo. Porém não havia sinal de Alexander.
- A aniversariante finalmente chegou – Breana
me abraçou – Feliz aniversário!
- Parabéns, Eliza – os outros falaram e cada
um me abraçou.
- Muito obrigada – agradeci – Vocês já sabiam
dessa festa?
- Todo mundo sabia, menos você – falou Matt.
Eu balancei a cabeça como se aquilo fosse a
coisa mais óbvia do mundo.
- Eu tenho que parabenizar Lia por pela
primeira vez na vida ter conseguido guardar tão bem um segredo – ela me deu um
beliscão pelo comentário.
- É, chegamos a considerar a ideia de
colocar uma fita isolante na boca dela, mas ela se saiu bem – brincou Jamie.
Conversamos por alguns instantes até que
alguém me chamou a atenção. Vi Dave sorrindo e gesticulando enquanto conversava
com um rapaz que já havia visto com Lia uma vez.
- Se vocês me derem licença, eu vou
cumprimentar um amigo – os avisei.
Era bom ver um rosto conhecido no meio de
todas aquelas pessoas. Apesar de estar com meus amigos, minha cabeça estava
longe e tentava processar a informação da festa.
Uma festa surpresa, essa realmente foi
inesperada. Eu me sentia mal por não estar com ânimo para aquilo, festas nunca
foram meu forte.
- Ei, Eliza – Matt me chamou antes que eu me
afastasse – Ele vai aparecer.
Concordei com a cabeça e fui em direção a
Dave.
Aproximei-me um tanto quanto receosa, mas
assim que ele me viu, seu sorriso ficou ainda maior.
- Veja só se não é a aniversariante! –
exclamou alegremente.
Assim que estava perto o suficiente, ele me
abraçou forte.
- Parabéns, Liz – disse quando nos soltamos –
O seu presente está com os outros, espero que você goste – ele apontou para uma
mesa com inúmeras caixas. Eu mal podia esperar para abrir todos eles...
- Parabéns Eliza – disse o outro rapaz – Eu
sou Tom, amigo de Lia.
- Muito prazer – o cumprimentei.
- Bem, eu vou dizer um “Olá” para ela então –
ele disse se afastando – Ah, parabéns pela festa está linda.
Tom foi falar com Lia deixando eu e Dave
sozinhos.
- Eu tenho certeza que você não fazia ideia
dessa festa – ele brincou.
- E você tem toda razão.
Dave riu e eu o acompanhei. Era impossível
não rir quando ele abria aquele sorriso.
- Você parece estar bem – falei.
- E estou. Estou aprendendo coreano e bem...
Eu conheci uma pessoa.
- Jura?! Quem é a garota de ouro?
- O nome dela é Aria Jiyoung. Mora aqui faz
uns anos, mas ela é coreana.
- Isso explica seu interesse acadêmico –
disse rindo.
Então, o celular de Dave começou a tocar. No
meio do barulho, era quase inaudível.
- Falando nela, veja só quem está me ligando
– falou analisando o visor do aparelho – Bem, eu vou lá fora atender. Foi bom
rever você Eliza, não imagina o quanto fico feliz em saber que você está bem.
Você é uma pessoa incrível e merece o melhor.
Eu senti minhas bochechas corarem e torci
para que estivesse escuro o suficiente para que ele não pudesse ver.
- Eu também estou feliz por você, Dave. De
verdade – falei sincera – Espero que dê tudo certo com a Jiyoung e quero
conhecê-la, tudo bem?
- Mullon ye.
Quer dizer “Sim, claro”. É só marcarmos um dia... E mande lembranças ao Alex.
- Claro, tudo bem. Quer dizer...
Mullon ye.
Dave sorriu e me deu um último
abraço.
- Nós vemos por ai, Eliza.
O observei entrar em meio a multidão e então,
desaparecer completamente de meu campo de visão. Com isso, decidi ir até o bar
beber alguma coisa.
- Um suco de maracujá, por favor – pedi ao
barman.
Sentei-me no banquinho alto e passei os olhos
pelo lugar. As pessoas pareciam estar se divertindo, dançavam e conversavam
umas com as outras e então concluí que de fato, eu não conhecia a maioria
delas.
- Aqui está – o barman voltou com o copo em
mãos.
Eu agradeci e dei um gole no líquido gelado.
Em seguida, senti um arrepio, pensei ter sido pelo gelo, mas o arrepio foi
provocado quando alguém se aproximou de mim.
- Quer dizer que a senhorita está de
aniversário – Miles Kane sentou-se ao meu lado – Meus parabéns.
Eu o observei pelo canto do olho.
- Obrigada, muito gentil de sua parte –
respondi indiferente.
Miles levou a garrafa de cerveja que tinha em
mãos a boca e depois a colocou sob o balcão.
- Você sumiu Eliza... Não retornou minhas
ligações, me deixou falando com as paredes. Só fui ter notícias suas quando
soube que você tinha voltado com Turner. Isso me decepcionou. Isso me magoou de
certa forma.
Eu dei outro gole em meu suco e fitava
qualquer coisa a minha frente, não estava disposta a discutir aquilo com Kane.
- Eu não tomei as atitudes mais corretas do
mundo, mas minhas intenções nunca foram maléficas. Nunca quis lhe ofender. É só
que...
- É a vida, Miles – o interrompi - Não temos
controle sobre ela. Não escolhemos por quem iremos nos apaixonar. Não podemos
forçar ninguém. Ela acontece sem avisos prévios, mas nem tudo acontece por uma
razão magnífica. Se um copo cai ao chão, não foi porque estava escrito no
futuro que isso tinha que acontecer. Ás vezes é só a simples e pura gravidade,
sem nenhum significado especial. A gravidade nos fez cair, Miles. A simples e
pura gravidade. Mas foi graças a ela que nos levantamos novamente. Foi a vida
que aconteceu.
Nos entreolhamos por um instante e ele apenas
balançou a cabeça em concordância. Kane pegou sua garrafa e levantou-se, porém
antes de deixar-me sozinha novamente, olhou nos meus olhos e disse uma última
coisa:
- Ás vezes a gravidade só nos ferra, Eliza.
Não me diga que você nunca desejou voar.
...
Depois de um tempo, as músicas que saia das
caixas de som já haviam se tornado martelos em minha cabeça. Eu estava cansada,
a conversa com Miles havia acabado com o entusiasmo em ter visto Dave e a
preocupação com Alex não saia de minha cabeça, então conversei com Lia e a
avisei que iria embora.
- Me desculpe, eu agradeço o que fez por mim.
Mas eu não estou muito bem.
- Liz, não se desculpe. Eu a entendo, eu já
chamei seu táxi. Eu explico o que aconteceu, pode ir. E por favor se acontecer
algo, se precisar de mim, me ligue.
Eu concordei e depois de um abraço, saí
apressada para a saída.
...
Em minha casa tudo estava escuro, calmo e
silencioso. Joguei meus sapatos em um canto da sala e subi as escadas
cuidadosamente para não fazer nenhum ruído. Meu irmão podia ter o sono muito
leve ás vezes. Quando cheguei ao meu quarto, a escuridão era plena por causa
das grossas cortinas que estavam fechadas. Eu tateei o chão até encontrar minha
cama e quando me sentei nela, uma luz se acendeu na parede a minha frente. Meu
coração congelou e meus músculos se tencionaram. Só depois de alguns segundos
percebi que se tratava de uma projeção, era um vídeo. As palavras ‘Dear Eliza’
se formaram e a música começou a tocar:
- Eu achei que você nunca iria chegar – falei
baixinho – Até cheguei a pensar que você... Não se importava.
Alexander riu contra meu pescoço e começou a
cantarolar em um sussurro:
- Yeah, I’m sorry I was late. Well, I missed the plane and then the traffic was a state. And I can't be arsed to carry on in this debate that reoccurs,
oh when you say I don't care…Well of course I do, I clearly do!
Eu acariciei seu rosto delicadamente.
- Assim não vale.
- Cada um usufrui de suas armas – ele colocou
uma mecha de cabelo atrás de minha orelha – Feliz aniversário.
Alexander então finalmente selou nossos
lábios em um beijo lento, um beijo que queria suprir a falta que um sentiu do
outro, um beijo que carregava mil e um significados. Ele me deitou na cama e
depositou pequenos beijos por todo o meu rosto.
- Por que você não avisou que tinha chegado?
– perguntei.
- Lia tinha armado toda aquela festa, eu sabia
que ela iria te carregar para lá. Eu queria fazer a minha surpresa para você.
Só nós dois, juntos – ele mordiscou minha orelha.
- A minha avó e meu irmão estão em casa,
sabia?
- Não estão não – eu o encarei e ele logo
entendeu minha expressão questionadora – Sua avó quis ir para casa da Lia assim
que eu falei o que eu iria fazer. Eu tentei convencer ela de que não era
necessário, mas ela insistiu.
Isso sim era a cara de minha avó.
Alex passava uma de suas mãos pelos meus
cabelos de um jeito extremamente agradável, e a outra ele deslizava por toda
extensão de meu corpo provocando arrepios. Seus lábios, imperceptivelmente, passaram do
meu rosto para meu pescoço enquanto ele começava a brincar com a barra do meu
vestido e antes que eu percebesse boa parte da minha coxa estava de fora.
Soltei uma risada abafada deslizando meus dedos por seu cabelo, até chegar à
nuca. A sensação que Alex causava em mim, era algo completamente inexplicavel,
não era apenas aqueles arrepios que passavam por meu corpo como pequenos e
infinitos choques, eram uma sensação de calma e paz, um conforto em meu coração
e eu senti que não precisava de nada além dele para ser feliz. O único presente
de aniversário que eu realmente queria era Alex comigo hoje e sempre.
Por um segundo seus lábios deixaram meu
pescoço para que pudesse olhar em meus olhos. Um sorriso que quase não percebi
se formou em seus rosto enquanto ele descia as mãos de minha bochecha, passando
por meu pescoço, meu ombro, chegando no decote singelo do do meu vestido. Alex
deslizou sua mão por dentro tocando meu seio e se deitou sobre mim cobrindo meu
corpo com o seu antes de voltar a me beijar. Era um beijo apaixonado, cheio de
desejos e pedidos, cheio de... amor. Segurei sua blusa pela barra a puxando
para cima e, antes que eu percebesse, ela já estava jogada em um canto qualquer
do quarto e não demorou muito para Alexander resolvesse se desfazer de meu
vestido dando a ele o mesmo fim. O calor de sua pele na minha era o suficiente
para me manter sempre quente. Virei-me sobre ele espalhando pequenos beijinhos
por seu peito, enquanto ele brincava com meu cabelo. Deslizar minha minhas mãos
por ele e ter a certeza que ele é meu, é uma verdade que eu nunca serei capaz
de explicar, porque cada segundo ao lado dele se parecia com um sonho.
Alex me segurou pelo quadril e me colocou
sentada sobre o dele e com um gesto simples com os olhos pediu que eu mesma
tirasse meu sutiã. E eu o fiz sentindo seus dedos passearem pela pele delicada
da minha barriga até chegar na parte inferior dos meus seios. Turner passou um
tempo apenas me observando, como se quisesse gravar cada centímetro de mim para
sempre, e se não fosse pelo sorriso bobo em seus lábios eu ficaria sem graça
com a intensidade de seu olhar em mim. Em um movimento rápido, voltamos a nos
deitar. Alex beijava meu colo com um misto de desejo e paixão ao mesmo tempo
que seus dedos começavam a me tocar já nos lugares certo me fazer afundar meu
rosto na curva de seu pescoço e dar leves arranhões em suas costas, o que de,
certa forma, atrapalhava todo o seu trabalho. Em poucos minutos as peças de
roupas que ainda usávamos se perderam na escuridão do quarto, enquanto eu o
sentia me completar, não apenas fisicamente. Fechei meus olhos sentindo sua
respiração, que começava a ficar ofegante, bater em minha pele, antes que ela
se tornasse palavras. Palavras lindas que só faziam com que eu o amasse cada
vez mais:
- Eu te amo, Eliza.
***
N/A: DESCULPEM PELO SUSTO! Mas hoje é o aniversário da Eliza, sim, eu tenho uma ficha de personagem com personalidade, aniversário, etc. E eu não podia deixar isso passar em branco, ainda mais quando eu tinha aquele vídeo pronto desde quando eu estava escrevendo BCTM. Mas enfim, eu queria a agradecer a maravilhosa Lai que me ajudou com o capítulo, você é incrível! Obrigada mesmo.
Espero que vocês tenham gostado de matar um pouquinho a saudade, caso sentissem. Eu realmente não podia deixar isso passar em branco. BEIJOS NO FUNDO DO CORAÇÃO! Vocês são demais. Com amor, Bel.
Nada traduz o quanto eu amo essa casal. Espero que você se lembre daqueles meus longos comentários sobre os dois haha isso evitará que este fique tão longo quanto aqueles. Anyway, Liz e Alex são tão lindos juntos, eu senti frio na barriga ao ler a cena final. Tão singelo, tão único, tão eles...
ResponderExcluirEu não sei bem a magia que essa fanfic tem, mas algo nela é tão peculiar, que me faz sempre ansiar mais e mais. Se você realmente tiver capítulos prontinhos, please, poste-os. Acho que não só eu, mas todas queremos muito isso. MESMO.
Saudades, saudades, saudades...
YES! Eu adoro esta fic! :D
ResponderExcluirQuando comecei a ler não conseguia parar, fiquei são triste quando acabou D:
BUT I AM HAPPY NOW.
AWESOME STUFF!
SHDKODOLWNDBFKCFRWDFNFJEOWKDNFKDOWKDJFJFRKEOWLDMDNFKWOKQKDNFJRDISMDNFNF Espero que entenda o que issso quer dizer. Estou é morta com essa cena final. Amo esses dois. Continua, Bel.
ResponderExcluirBeijos
Steph
ESSA FIC SEMPRE VAI SER DO MEU INTERESSE! E EU TÔ TÃO FELIZ! EU AMO A ELIZA! E SIM, EU NÃO ESQUECI O CAPS LOCK LIGADO EU ESTOU REALMENTE GRITANDO, PQ TO TÃO ANIMADA E.. E.. E.. AAAAWWWWWWNNNNNN!
ResponderExcluirAh, isso foi lindo. Fiquei com um sorriso bobo no rosto enquanto estava lendo. Por favor, continua!
ResponderExcluirFic mais do que linda, esse capítulo extra me deixou extremamente feliz! Li o capítulo temendo chegar ao fim e com isso ter que me despedir novamente desses dois ):
ResponderExcluirMas foi tudo lindo, muito obrigada por essa oportunidade de amar mais um capítulo dessa história maravilhosa!
E posta todos esses capítulos aí, menina! Hahahaha
Beijos! xx