O choque daquelas palavras me atingiu como um baque
inesperado, pisquei algumas vezes tentando assimilar o que havia escutado, me
virei assustada e o encarei. Casualmente parado ao meu lado com seu braço a
envolver meus ombros estava ele, Alex Turner, com seus vinte e sete anos e
vestido no melhor visual rockabilly - topete alinhado, óculos escuros e jaqueta
de couro - também a me encarar com seu hálito de whiskey e cigarros a escapar
pelos lábios finos curvados num sorriso abusado que costumava a dar quando
bebia. Meu coração vacilou quando notei o quão perto nossos rostos estavam,
alguém pigarreou para me lembrar de que a câmera ainda estava filmando.
- Uou - Falei alto de forma entusiasmada, foi o melhor que
consegui dizer ainda me recuperando do choque de sua aparição repentina - Eu
sou Alexa Chung, e esses foram os Arctic Monkeys diretamente da Times Square.
Para mais notícias sobre o mundo da música, não perca “It’s on” às 8 horas da
noite na MTV - Encerrei a matéria o mais rápido que pude, sorrindo no final
como se nada de errado tivesse acontecido.
Depois de alguns minutos em um silêncio constrangedor a
câmera foi desligada e todos da equipe começaram a se retirar, mas Alex
continuava a me encarar com aquele sorriso nos lábios e o braço envolta de meus
ombros. Ele olhou para os companheiros e fez um sinal com a cabeça, todos
pareciam ter entendido o que queria dizer e também foram embora me acenando em
despedida, eu acenei de volta sem entender mais nada.
- E então? O que tem a dizer a respeito, senhorita Chung? -
Ele disse apertando meu ombro, como se quisesse me abraçar naquele gesto, eu
apenas ri de modo amigável de sua reação e pus minha palma em seu peito
afastando-o.
- Musa inspiradora, é? - Ri, me desvencilhando de seu meio
abraço - Bom ver que seu senso de humor continua o mesmo, Al - Era estranho o
chamar assim, na verdade era estranho ter ele tão perto de mim após dias e
noites assombrados por suas memórias.
- Fico feliz que ainda consigo te fazer rir, Alexa. Mas eu
não estava brincando. - Ele me encarou sério, retirando os óculos e revelando
os olhos levemente avermelhados pela bebida.
- Você não fica muito convincente quando bebe, Turner -
Disse rindo e girando nos calcanhares, ele estava tentando ser sedutor?
Para mim, ele realmente parecia patético agindo daquele jeito. Aquilo não tinha
efeito nenhum sobre mim, eu o conhecia bem demais para deixar que sua voz rouca
e movimentos embriagadamente calculados me deixassem caída por ele - Adorei
como você chegou atrasado no final da entrevista, você planejou ou isso faz
parte do seu charme?
- Eu estava… - Sua voz cortou no meio da frase, ele parecia
desconcertado com aquilo, recolocou os óculos e soltou uma risada debochada.
- Resolvendo umas tretas, Jamie já explicou tudo - Disse erguendo
minhas mãos mostrando que não me importava, ele me olhou com um sorriso canalha
no rosto.
- Eu planejava te ver em outro momento, tinha me esquecido
completamente dessa entrevista - Ele passou a mão afastando os fios lustrosos
que temiam em cair sobre sua testa, ilustrando sua desculpa esfarrapada.
- Eu acho que vocês deveriam rever o contrato do empresário
da banda, há claramente uma falha terrível na comunicação entre vocês. Nick
pareceu tão surpreso quanto você ao me ver no show - Alex encolheu os ombros,
ele parecia envergonhado ao saber que eu havia notado sua reação ao me
encontrar - E você planejava me ver?
Ele coçou a nuca com um sorriso frouxo nos lábios,
totalmente sem-graça ao ver que suas investidas não deram certo comigo. De
súbito ele se aproximou alguns passos até estar com o corpo próximo ao meu,
tentei recuar, mas sua mão pousou em meu braço me obrigando a ficar ali. Nós
estávamos perigosamente perto demais para meros amigos.
- Nada demais, um jantar entre amigos que não se vêem
há muito tempo e com muitas conversas em pendência - Sua cabeça pendeu para o
lado, ele sorria enquanto falava, o sarcasmo em sua voz era terrivelmente
sugestivo e a forma como ele disse “amigos” soou de uma maneira muito mais provocativa
- Sinto falta das pizzas de Nova Iorque, parece que ninguém sabe fazer uma
decente em Los Angeles.
- Uma pena, porque hoje infelizmente não estou livre. Mas
posso te passar o telefone de uma pizzaria maravilhosa para você e os garotos
comerem no hotel - Disse olhando o meu próprio reflexo em seus óculos. Era
difícil não ceder a tentação, mas eu não iria acompanhar Alex em um jantar, ou
mesmo em uma pizza, bêbado e cheio de segundas intenções. Com certeza isso me
traria muita culpa no dia seguinte e eu não precisava de mais memórias dele
para me assombrar nos dias solitários em Nova Iorque.
- Ah, qual é Alexa? Você sabe que eu nunca estou na cidade,
e além do mais - Sua mão pousou em minha cintura me prendendo perto de seu
corpo, não recuei - Eu senti sua falta, Alexa. Mais do que qualquer coisa
nesse mundo. - Ele disse com a voz rouca, da forma mais sóbria que poderia
naquele momento.
Senti meu coração pulsar violentamente ao escutar sua
declaração, mordi o lábio para não esboçar o quão emocionada fiquei ao escutar
aquelas palavras por mais falsas que fossem. Seu rosto desceu até o meu pescoço
enquanto seus lábios roçavam minha pele. Suspirei alto, eu sabia o que viria
depois daquilo, ele agia assim toda vez que me procurava para fazer as pazes,
só que agora não havia nenhuma relação para ser refeita, estávamos há mais de
dois anos sem sequer estar no mesmo recinto ou trocar meia dúzia de palavras
que não por meio de mensagens. Ele devia estar muito chapado pra achar que eu
iria para a cama com ele depois daquilo.
- O que você pensa que está fazendo, Turner? - O empurrei
para longe de meu pescoço, mas ele continuara a me segurar - Aparecendo do nada
na entrevista, dizendo essas coisas para mim, agindo desse jeito… O que você
quer? - Puxei meu braço de seu aperto e me distanciei alguns passos, mas tão
pouco me afastei ele me alcançou, me prendendo com o corpo junto ao seu atrás
de alguns carros que estavam ali.
- Eu quero você, Alexa. - Ele retirou os óculos
novamente, não se importando com meus comentários sarcásticos a respeito de sua
sobriedade - E mais ninguém. - Sua boca se chocou contra a minha sem
nenhuma cerimônia.
Eu não podia acreditar no que estava acontecendo, ele realmente
estava me beijando e o pior de tudo é que ele parecia agir como se nunca
tivéssemos parado de faze-lo. Bêbado ou não, ele não podia chegar na cidade
depois de dois anos e me beijar como se ainda estivéssemos juntos, por isso eu
comecei a tentar afastá-lo de mim. Tentar, porque ele não cedia nem um
centímetro com as minhas investidas para tirá-lo de meus lábios.
Suas mãos prenderam meus quadris contra os seus de uma
maneira rude para que eu parasse de tentar evitá-lo, nos primeiros segundos
minha mente só pensava em sair dali, em jogar Alex para longe, mandá-lo de
volta para a Califórnia com todo aquele gel e couro.
Mas algo no modo como suas mãos correram pela lateral do meu
corpo fez minha mente apagar lentamente, ignorando qualquer pensamento que
tivesse contra aquilo e me envolvendo num torpor quente conduzido por seus
lábios macios e língua áspera que me incitavam enquanto seus dedos atrevidos
deslizavam por debaixo de minha regata causando pequenos choques ao tocar minha
pele.
Eu o queria também, por mais que odiasse ter que
admitir isso.
- Por que você luta contra isso, Alexa? - Disse com os
lábios terrivelmente próximos aos meus, protestei mentalmente por não estarem
me beijando como antes. Seus olhos negros e agitados encaravam os meus tentando
sondar uma resposta - Você tem medo de não conseguir mais viver sem mim? - Ele riu
presunçoso com seu hálito a fazer cócegas em meu rosto, não fora só o seu corte
de cabelo que mudara, seu ego deve ter se multiplicado a níveis insuportáveis
durante esses anos longe de mim.
- Cale a boca, Turner, seu bastardo narcisista - O puxei de
volta para meus lábios, antes que pudesse esboçar outra risada convencida. Pude
senti-lo sorrir ao me beijar novamente, suas mãos pousaram desajeitadas sobre
meu rosto, como se quisessem me prender ali para sempre.
Era estranho ver como tudo fluía naturalmente entre nós
dois, ele ainda sabia como mover sua língua num molde perfeito a minha e eu
ainda conhecia a trilha mais sensível de seu corpo que transcrevia-se da parte
de trás de sua nuca até a ponta de seu glóbulo esquerdo. Não havia romantismo
nenhum na movimentação febril de nossas bocas, uma necessidade muito maior
dentro de nós dois precisava ser desesperadamente saciada, e ela com certeza
não tinha nada a ver com beijos e abraços meigos. Nossos dedos percorriam a
pele exposta dos corpos um do outro num jogo de provocação, pude ver Alex
sorrindo diversas vezes quando eu encolhia os ombros ao sentir um arrepio mais
intenso. Suas pernas estavam entre as minhas, ele movimentou sua coxa contra
minha pélvis fazendo nossos quadris se chocarem inúmeras vezes. Pude sentir sua
recente ereção se firmar conforme ele continuava com a movimentação, e eu mesma
já estava em chamas com minha mente presa em um frenesi de imagens muito sugestivas
envolvendo aquele homem que insistia em correr os dedos para limites muito
perigosos na barra de meu shorts.
O gosto de wiskey e cigarros em usa boca me deixava louca,
não sei explicar, mas eu queria mais. Meus dedos se fecharam firmemente
ao redor de seus braços, puxando-o para mim, eu o queria mais perto, queria
sentir o seu peso todo prensar meu corpo contra aquele carro, eu queria sentir
Alexander por completo sem censuras. De súbito Alex agarrou minha bunda sem
pudor algum, soltei um gemido tímido quando aquilo me fez chocar contra seu
membro ereto. Aquilo estava ficando muito indecente.
Foi quando o alarme do carro em que estávamos encostados
disparou. No susto empurrei Alex de cima de mim, ele tropeçou em seus pés e
quase caiu, eu até riria da cena se não estivesse tão tensa por ter percebido
que estava aos beijos com o meu ex-namorado, vocalista da eleita “Banda do Ano”
pela GQ Magazine, em um estacionamento no meio da Times Square. Fotógrafos,
tabloides, sites de fofocas…Era tudo em que eu conseguia pensar, seria a foto
perfeita para estampar as próximas edições das mesmas revistas que divulgaram
meu suposto relacionamento com Jared Leto.
- Mas… Que porra? - Alex coçava a cabeça olhando para mim e
para o carro que piscava o farol e apitava frenéticamente.
- Vem, a gente tem que sair daqui e rápido. - O puxei pela
manga da jaqueta andando o mais rápido possível para longe dali, tentando
evitar mais estragos.
Eu dava passos firmes e apressados entre as calçadas,
escutei a ansiedade de algumas pessoas que reconheciam a nós dois, não hesitei
em continuar andando e ignorar tais sinais. Agora que minha mente estava livre
das imagens obscenas que Alex causara anteriormente, aquele tom alarmante de
culpa voltou como um soco. O que foi que eu fiz? Depois de tantos meses sem dar
sinal de vida Alex aparece nessa reencarnação de James Dean, bêbado, dizendo me
querer e eu caio nessa como se fossemos viver felizes para sempre ao nos
reencontrar após anos sem qualquer contato. Isso não significa nada Alexa, ele
está bêbado e solitário em Nova Iorque, seu nome só deveria estar em primeiro
lugar na lista de possíveis fodas dele aqui na cidade, ter alguém para passar a
noite deve ser uma prioridade na vida de alguém tão egocêntrico como ele.
Turner tropeçava constantemente e protestava contra a minha
atitude de sair correndo dali, ele murmurava coisas sem sentindo sobre uma
época distante, que ele gostaria de poder voltar no tempo e consertar tudo e um
monte de baboseiras, ele estava começando a me irritar com essa história de
estar bêbado. Obviamente aquelas palavras não passavam de devaneios
embriagados, verdades convictas do tipo que dizemos a noite e que no dia
seguinte não são mais do que mentiras fingidas.
- Pronto, Turner - Disse soltando sua jaqueta, estávamos em
uma rua residencial com pouco movimento e sem visível ameaça de fotógrafos. Ele
encostou seu corpo contra um poste de luz, visivelmente mais afetado pela
bebida do que antes. Levou suas mãos até os cabelos, ajeitando-os num movimento
mecânico, como se quisesse transparecer que estava bem. Eu ri desacreditando de
ser estado deplorável, como eu pude me deixar levar por ele? - Chame um táxi e
ligue para Matt. Tome um banho frio e pela manhã procure algumas aspirinas para
a dor de cabeça.
- Espera, Alexa - Ele me segurou com sua mão débil quando me
virei para ir embora, seus dedos se apertaram fracamente envolta de meu pulso
quase como se suplicasse para que ficasse ali. Sua boca se abriu para falar
algo, mas se fechou antes que o fizesse, com certeza ele não achou as palavras
certas em sua mente entorpecida. Engoli seco, se eu ficasse ali com certeza
terminaria com meu coração quebrado mais uma vez por Alex.
- Adeus, Turner - Disse olhando duramente em seus olhos e me
livrando de sua mão. Eu não podia ceder à ele, isso significava a possibilidade
de me ver novamente frente a todos os problemas do passado e a toda dor que
causavam - sua ausência, sua imaturidade, os seus planos que nunca coincidiam
com os meus… E por isso eu tinha que acabar com qualquer esperança, minha e
dele, de um dia podermos ficar juntos novamente, essa era a coisa mais adulta a
se fazer - Me faça um favor e suma, você é ótimo nisso.
E
sai caminhando em meio a rua escurecida pela noite que caia, o barulho de meus
saltos se misturavam com o dos poucos carros que atravessavam por ali, minha
mente só pensava em chamar um táxi e chegar em casa logo, onde poderia me
afundar nos meus lençóis e esquecer daquele homem embriagado que eu ainda
desejava.
N/A: Olá meninas! Foi um capítulo bem intenso, Alexa agora terá muitos problemas por conta desse pequeno deslize com esse Turner pra lá de bêbado… Gostaria de agradecer mais uma vez a todos os comentários, eu me esforço cada vez mais para agradar todas vocês que acompanham “Suck it and See”, você são demais! Beijos xx
Eu parei de fazer minha lição de casa quando vi que tinha atualização de Suck It And See.
ResponderExcluirDeus, que capítulo foi esse? A cada linha eu prendia o fôlego e quando chegou no final eu levei minhas mãos a cabeça porque: Alex, o que você está fazendo?! Estou vendo que as coisas iriam complicar um bocado para esses dois.
Enfim, eu acho que já disse isso, mas estou amando essa fic de verdade. Só tenho elogios a sua escrita, a tudo, etc.
Esperando ansiosamente pelo próximo!!
Beijos, Bel.
Não tenho o que dizer, porque não tenho estruturas.
ResponderExcluir<3
ResponderExcluirMinha nossa!!!! Foram incontáveis as vezes que tapei minha boca por causa dos barulhos estranhos que fiz a cada palavra que li... É humanamente impossível, para mim, não sofrer, não ficar maluca com a estória desses dois. Que raiva que eu tenho, no bom sentido, porque é tudo tão real. Cara, a parte em que Alex fala pendendo a cabeça para o lado; cada expressão escrita dos dois aparece como uma foto na minha cabeça. Estou desnorteada com esse capítulo, com essa reaçao do Turner e estou sentindo muita dó da Alexa, não faço a mínima, ou faço toda a ideia de como deve ser difícil resistir a essa criatura. Sem mais. Preciso de mais.
ResponderExcluirBeijos
Steph