Saí
do banho com a toalha enrolada nos cabelos, cansada e confusa sentei na ponta
da cama. Acho que tinha perdido a linha do raciocínio quando fechei os olhos,
era comum isso em mim, os abri novamente para que pudesse pensar melhor.
Parar
pra pensar me ajudava a continuar. Olhando para as paredes do meu quarto eu pensava
na vida. Ontem, hoje e amanhã.
Tudo
estava bem, será mesmo? Acho que de algum modo nada era perfeito como parecia.
Não que eu escondesse o que eu realmente era, mas medo, vergonha e repulsa do
passado não são coisas que tornam um presente e futuro perfeito... Pensando
nisso lembranças vieram em minha mente.
Flashback
on
Minha cabeça rodava. Eu estava parada
na porta do meu apartamento, eu sabia que ao entrar Carl começaria a falar, eu
não estava com paciência pra isso. Abri a porta.
Ele estava sentado no sofá, seu rosto
era tenso e de poucos amigos. Ele veio até mim.
_Onde você estava Brigg? – ele
me perguntou sério.
_Por que você me pergunta algo que já
sabe?
– eu
passei por ele sem olhar no seu rosto.
Andei até o meio da sala me jogando no
sofá e largando minha bolsa no chão. Carl seguia meus passos.
_Isso tem que parar Brigg, tem que
parar! – ele dizia repetidamente.
_Eu paro quando eu quiser você sabe...
– eu não prestava atenção no que dizia.
Ele se levantou, parecia furioso.
_Você sabe que não é assim! – ele
disse saindo do apartamento batendo a porta.
Fiquei imóvel no sofá, eu não me
importava. Eu não estava em mim, mas eu era a única que não percebia isso.
Talvez nunca largasse isso, talvez. Porque sabia que Carl sempre estaria ali.
Flashback
off
Sentia
a tristeza tomar conta de mim quando minha mente saia do transe que essas
lembranças me deixavam. As paredes claras do quarto do mesmo apartamento me
assombravam. Me levantei respirando fundo, fui até o armário e peguei uma
caixinha de remédios: calmantes, eu precisava deles agora.
Na
cozinha engoli o remédio amarelo com alguns goles de água. Suspirei ao olhar
para sala e lembrar tudo outra vez.
_Passado
Bridgitti, passado – eu dizia pra mim mesma.
Tentando
ocupar minha mente com coisas boas, sorri ao lembrar de horas atrás, o que fora
aquilo mesmo? A lembrança do rosto de Alex me fez sentir bem. Pensei mais sobre
isso.
Ele
havia me escutado falar com Mel, isso era fato. E o que eu disse sobre Alexa e
ele era provável. Mas o que ele poderia me dizer? Obrigado? É, Eu sempre dava
bons conselhos.
Voltei para o quarto,
e deitei. Sem filmes, nem música, nem livros. Tudo que eu precisava era: eu,
minha mente e lembranças boas. Resgatei aquelas que me faziam bem e adormeci
num sono tranquilo e profundo. Sim, eu havia tomado calmantes.
O
dia estava calmo, bem até eu encontrar Melanie no corredor da redação, ela
estava vindo em direção a minha sala.
_Onde
vocês esta indo? – ela me perguntou, estava visivelmente nervosa e impaciente.
_Eu
estava indo levar isso pro Jeff... –
apontei para os papéis na minha mão.
_Preciso
falar com você – ela me pegou pelo braço e voltamos o caminho para minha sala.
_Ok.
Me
sentei na pequena poltrona perto da minha mesa, ela andava de uma lado pro
outro falando.
_Eles
estão chegando – ela olhava pra mim esperando que eu falasse alguma coisa.
_Eu
o encontrei ontem – resolvi contar a ela.
_Encontrou
quem Brigg, eu estou muito nervosa, os Arctic Monkeys estão chegando e eu nunca
tive uma entrevista com uma banda tão importante, você sabe – ela parecia
brava?
_Eu
o encontrei ontem – eu repeti, ela abriu a boca para fala, mas eu a interrompi
– encontrei Turner na cafeteria ontem, depois de falar com você no telefone –
expliquei.
Eu
a analisava, ela não parecia estar melhor, pelo contrario, a notícia só a
afobava mais. Me arrependi de ter aberto a boca.
_Como
foi isso? Me explica direito, por favor – ela se sentou ao chão em minha
frente.
Passei
alguns minutos lhe contando como eu tinha percebido ele naquela cafeteria, o
modo como ele me olhava e como me analisava como ele parecia um comum cidadão
inglês, e o que havia dito pra mim.
_Parece
que ele escutou o que você disse pra mim – ela finalmente disse.
_É,
e provavelmente sobre Shumman – nós rimos.
Nessa
hora Jeff abriu a porta colocou a cabeça na brecha da abertura, ele se dirigiu
a Mel.
_Um
bando de macacos chegaram aí – sorrimos, menos Mel, ela estava tensa – agora é
com você Melanie.
Ela
me olhou receosa.
_Você
é ótima – eu disse aquilo pela milésima vez naquela semana – não esquenta a
cabeça, relaxa, e que vai dar tudo certo, e sobre o que eu te contei – parei –
esquece, não foi nada.
_Tudo
bem, mas a parte que Alex Turner se interessou em você já esta registrada na
minha mente – ela se levantava.
_Eu
não disse isso – protestei.
_Eu
não disse que você disse – ela retrucou saindo pela porta com um sorriso no
rosto me deixando sozinha em minha sala.
Tinha
bastante trabalho, e era nisso que eu tinha que me concentrar. Todas as
lembranças que me vieram à mente ontem estavam me deixando meio confusa, pensar
no Carl me doeu. Me pego pensando onde ele poderia estar agora, feliz espero.
Jogo isso pra longe do meu foco e encaro meu notebook: preciso trabalhar.
Eu
estava escrevendo sobre Michael Fassbender e suas transformações como ator, ele
é incrível. Semana que vem eu iria entrevista-lo e já tinha tudo em mente.
Agora tinha que preparar o artigo que estava trabalhando à semanas.
O
tempo passou rápido, e eu imersa na filmografia de Michael não percebi isso.
Como era fácil se esquecer do tempo pensando naquele homem, ri com a malícia de
meus pensamentos.
Peguei
minha bolsa e saí da minha sala, sentei no sofá que havia do lado de fora para
esperar Mel, iríamos almoçar depois da entrevista dela com a banda.
Peguei
meu celular e vi três ligações interacionais perdidas, vinham da França e eram
de minha mãe. Desde que eu voltara pra cá ela sempre me ligava, ela era muito
preocupada Eu pensava assim, mas a realidade era que ela não confiava mais em
mim.
_Deixei
você esperando – ouvi alguém me perguntar, tirando a atenção do meu celular
olhei para cima.
Era
Mel, estava acompanhada do pessoal da banda. Alex me olhava com um sorriso no
rosto, provavelmente lembrando-se de ontem, eu corei boba. Mas que merda!
Nick,
Matt e Jamie me cumprimentaram e eu sorri educada.
_Não,
acabei de sentar aqui, muito trabalho – respondi.
_A
moça dos bons conselhos tem nome? – Alex perguntou todos o olharam confusos sem
entender, exceto Mel, claro.
_Brigitte
Levitt – respondi o olhei nos olhos. Péssima ideia! – Mel, vamos almoçar? – me dirigi à Melanie.
_Claro!
Pessoal, obrigado pela entrevista novamente – ela falava com eles – eu entro em
contato com vocês, saberão quando a revista sair.
Jeff
chegou agradecendo também, todos saímos pegando o mesmo elevador.
Quanto
às portas metálicas se fecharam meu celular tocou, olhei no identificador de
chamadas, era minha mãe. Ao que parece ela não iria esperar eu retornar mais
tarde, atendi.
_Salut
–disse atendendo.
_Salut,
eu liguei pra você mais cedo querida, você não me atendeu – ela me acusava. Ri,
sempre preocupada.
_Vi
suas ligações mãe, esperava ligar mais tarde, no final do dia – tentei me
defender.
_Ah
sim, então como vão as coisas... – eu sabia do que ela falava.
_Estou
bem mãe, tudo está bem por aqui, e então... Quando Pierre chegará em Londres? –
mudei de assunto, meu irmão planejava vir pra cá passar uns tempos, férias ou
algo do tipo.
_Em
alguns dias, eu acho, mas ele falou que liga pra você.
_Está
bem mãe, eu vou indo almoçar, amanhã te ligo e nos falamos com calma, pode ser?
– o elevador tava chegando no térreo.
_Sim,
sim, au revoir querida.
_Au
revoir maman – desliguei.
Alex’s
POV
Saímos
da entrevista falando sobre as fotos que teríamos que tirar e essas coisas que
complementariam a matéria sobre a banda. Melanie era uma pessoa legal, parecia
meio nervosa durante a entrevista, mas tinha perguntas inteligentes. Ela era
bonita, linda na verdade. Tinha os a pele clara, os cabelos loiros finos e
lisos percorriam suas costas, seu olhos eram pequenos e azuis, extremamente
magra e frágil.
Me
perdi em pensamentos do fim de tarde anterior quando vi ao longe na direção em
que caminhávamos uma mulher sentada em um pequeno sofá. Ela parecia esperar por
alguém e olhava o celular. Parecia o lugar e a hora certa para observá-la.
Se
Melanie era linda, essa desconhecida que eu nem ao menos sabia o nome era desconcertante.
Seus cabelos eram negros como uma noite escura iluminada pelas estrelas que é
sua pele clara e fina. Os lábios rosados carnudos e bem delineados concluíam
sua beleza.
Seu
olhos se ergueram quando Melanie falou com ela, elas eram amigas ao que pude
notar, e assim pude ver aquelas lindas pedras esmeraldas que eram seus olhos,
lindamente verdes. Ela corou quando notei que a olhava sorrindo. Será que eu
havia me tornado um tolo por uma mulher que nem sabia o nome?
_Brigitte
Levitt – ela me respondeu quando perguntei seu nome.
Sua
voz não saía da minha mente, era como música para meus ouvidos. Doce, porem
segura. Calma, porem direta.
Entramos
no elevador todos juntos, inclusive o editor chefe e dono da revista Jeff
Watson.
Fiquei
ali parado a observando quando notei que ela falava alguma coisa. Mas que era
aquilo?
Francês?
Ela falava francês?
Vi
Matt, Jamie e Nick me encarar não entendendo nada também, era muito confuso
escutar alguém conversando em uma língua estranha. De todas aquelas palavras
poucos conhecidas só consegui identificar o famoso “au revoir”. Ela desligou, e
nos olhou confusa, com certeza sem entender porque a encarávamos assim.
Fim
Alex’s POV
Eu
deliguei o telefone. Estava morrendo de fome, e calculava mentalmente quanto
tempo demoraria pra que o elevador finalmente parasse. Senti olhares em mim,
congelei sem entender nada.
_Você
fala francês? – era Nick perguntando.
_Ah,
isso – eu ri – sim, falo.
_Ainda
não conheço nenhum francês que não fale sua língua – disse Melanie.
_Francesa...
– Matt parecia refletir, Alex sorriu olhando para mim.
_Nós
duas na verdade – eu disse apontando para Mel.
_Oui
– Jamie fez graça.
Todos
riram enquanto as portas se abriam. Enfim o térreo, enfim teria meu almoço.
O
dia parecia que só estava começando, e na verdade só estava mesmo.
O
almoço foi como esperado, contive minha fome e pude dividir minhas expectativas
quanto minha coluna sobre Michael com a Mel.
Parecia
que todas aquelas lembranças da noite passada estavam distantes agora. Rindo e
conversando com Mel tudo parecia estar esquecido. Era como sempre parecia, ate
eu ficar sozinha com minha mente.
P.S: Ta aí o cap. 2 pra vcs (: E quero agradecer os comentários do capítulo anterior. Muito obrigada!!! é realmente estimulante. Mil beijos!! :33
Hm, esse passado misterioso de Brigitte Levitt... Quando vamos saber mais a respeito? (:
ResponderExcluirA fic anda bem, só essa formatação do texto que está bagunçada e atrapalha a leitura, você consegue mudar?
Aguardando próximos capítulos!
Quanto ao passado dela vc vai ficar sabendo ao passar dos capítulos, vem muita coisa por aí ... to cheia de ideias (: e a formatação mudarei a partir dos próximos capítulos (: Beijos
ExcluirTô bem curiosa pra saber sobre o passado da Brigitte.
ResponderExcluirMorro com esses mistérios sobre o passado!! Gostei muito da fic! :))))
ResponderExcluirQuero mais!
Beijos
Que bom que vc ta gostando, fico feliz!!! Vamos descobrir muito ainda sobre a Brigg.
ExcluirBeijos! (:
To amando a fic e to super curiosa!!
ResponderExcluirBacana, bacana. Colocar um mistério depois da comédia, me deixou duplamente curiosa pelo que vem a frente.
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