Old Yellow Bricks 08: Perhaps "fuck off" might be too kind

Flashback ON

– Maria sente-se aqui ao meu lado – Minha avó fez sinal para que me sentasse ao seu lado. Fui até ela e dobrando as pernas.

– Oi vovó – Eu disse enquanto pegava uma almofada e colocava em meu colo.

– Tem um assunto que eu queria saber... – Minha avó disse e aqueles olhinhos claros me olhando com curiosidade.

– Pode perguntar, sabe que não escondo nada da senhora – Isso era verdade, ela sabia que eu aprontava sempre.

– Você e o Alex têm alguma coisa? – Me surpreendi com a pergunta e não pude deixar de fazer uma cara de assustada.

– Não vó, ele é só um amigo... – Alex não era só um amigo, eu às vezes me sentia estranha perto dele, ele todo fofo e carinhoso, mas ao mesmo tempo tão seguro de si me deixava dúvidas se eu sentia algo por ele. Sorri para minha avó tentando parecer convincente.

– Tem certeza? Ele fica sempre aqui, te ajuda em tudo, vocês ficam o tempo todo juntos... Pensei que bom – Ela disse com um sorriso no rosto – Ele é um bom rapaz, meu doce – E me olhou como se esperasse alguma resposta.

– Ele não é o cara para mim vovó, ele é demais para alguém como eu – Tentei parecer indiferente.

– Então tem sentimentos por esse garoto? – Ela continuou me olhando nos olhos. Na hora que a olho mordi o lábio tentando pensar em uma resposta, fui salva por meu celular alertando. Havia uma nova mensagem.

“Estou passando ai para irmos comprar os ingressos do show do AC/DC me espera beijos – Alex”
Sorri involuntariamente e minha avó arqueou as sobrancelhas.

– Não pode ficar se escondendo, ele parece sentir algo muito profundo por você – E se levantou me dando um beijo na testa em seguida – Tenho que ir visitar seu Eduardo ainda, juízo – Sorrindo saiu do cômodo me deixando pensativa.

Matt POV

– Olá reitora Williams eu sou Matthew Helders da banda Arctic Monkeys e eu tenho uma proposta para a senhora e sua universidade – Eu disse tentando parecer o mais formal possível.

– Senhor Helders poderia se sentar e me contar mais sobre sua proposta? – Ela me disse gentilmente. Era uma senhora de meia idade, seus cabelos tingidos com uma cor um pouco mais escura que sua pele, fazendo a aparentar mais velha. Usava uma roupa bem justa, porém formal e óculos.

– Eu e meus companheiros de banda queríamos revelar talentos por aqui – Sorri – Quero dizer, um show de talentos... – Ela me analisava enquanto eu tentava não dar uma bola fora.

– Proposta interessante senhor Helders, posso pensar a respeito e te comunico? – Ela disse pegando uma caderneta e uma caneta – Anote seu telefone aqui que te aviso informando minha decisão – Ela disse sorrindo um pouco, formalmente. Anotei meu número e dei-lhe a mão para me despedir.

– Foi bom negociar com a senhora, aguardo – Ela assentiu e eu saio da sala.


*

– E ai monkey onde você está? – Eu liguei para o Alex para contar como havia sido a conversa com a reitora.

– E ai Helders, estou em casa por que? – Ele disse e parecia mexer em alguma coisa.

– Estou indo ai e que porra de barulho é esse? – Eu disse enquanto entrava em meu carro.

– Nada, nada vou logo – Desliguei o telefone e dirigi até a casa do Alex.

Como já era de casa apenas entrei sem bater na porta, estava vazia exceto por Alex sentado com o violão na mão.

– Ué está inspirado para compor? – Disse rindo debochado.

– Cala a boca – Ele murmurou e continuou a se concentrar no violão, percebi que tinha um livro ao seu lado, mas deduzi que era de sua mãe. – Mas man qual é a boa? – Ele me olhou e esperou que eu falasse algo.
– Falei com a reitora e ela falou que ia pensar na proposta – Sorri entusiasmado e Alex apenas assentiu e me olhou com uma cara curiosa.

– Legal, mas em e a Maria lá? Você a curtiu mesmo? – Ele me perguntou e eu me surpreendi.

– Ah cara ela é bonita e legal até – Eu disse meio que de lado – Por que? – Perguntei intrigado.

– Acho que vocês formam um ótimo casal – Ele disse meio indiferente – Por que não a convida para a festinha que vamos dar na quarta? – Alex devia ter batido a cabeça enquanto eu estava fora mesmo, mas achei a ideia boa e sorri.

– Cara que ideia maneira, eu vou passar na casa dela e a convidar depois – Seria uma boa ficar com a Maria, além de - gostosa - era legal. Não haveria mal algum. – Mas você acha que ela ficaria comigo? – Perguntei para ele que estava concentrado no violão, mas na hora que me ouviu se virou rápido.

– Acho – Ele disse seco. Estava acostumado com o humor do Alex oscilando todos os dias. Dei de ombros e me levantei.

– Cadê a sua prima gostosa? – Eu perguntei e agora ele não me respondera. – O múmia eu fiz uma pergunta – Disse quase gritando.

– Caralho sei lá – Ele disse brabo e se levantou deixando o violão de lado.

– Ué man está irritadinho por que? –Dei um sorriso debochado da cara dele.

– Não to irritando, apenas tive aquele sonho de novo – Ele falou me olhando.

– E cara, isso é coisa de vidas passadas – Me contive pra não rir.

– Faz anos que tenho esses sonhos velho, e é sempre a mesma garota que droga! – Ele realmente estava frustrado com aquilo, há anos ele tivera sonhos assim com essa tal garota.

– Velho, já pensou em procurar ajuda? – Eu disse colocando a mão no ombro de meu amigo.

– Ajuda pra que? Esses sonhos são coisas cotidianas, como se fossem memórias – Ele por fim disse bufando - Mas não importa, tenho uma música para terminar.

– Beleza eu vou ir para casa relaxar para depois ir convidar Maria falou – E sai da casa dele o deixando olhando pela janela, havia alguma coisa de estranho com Alex Turner desde que ele chegou aqui. Meu amigo não era o mesmo.

Flashback ON

Uma semana após o acidente.

– Será que ele vai sair dessa vó? – Eu disse enquanto esperávamos na sala de espera do hospital.

– Vai sim minha querida – Ela disse afagando meus cabelos enquanto estava encostada em seu ombro. O doutor veio em nossa direção. Levantei-me depressa e fui em direção a ele.

– Ele vai ficar bem? – Tentei cessar o choro enquanto conversava com ele. – Diz pra mim que vai... – Minha avó veio tentar me acalmar.

– Vai sim, mas ele teve uma perda de memória relativamente grande, creio que não vai se lembrar de muitas coisas – O médico disse e eu quase desmaiei, não tinha mais sentidos, tudo girava em minha volta, ouvia o médico dizer para minha avó para me manter calma e ele me segurando pelos braços.

– Vó... –Disse ainda fraca – Quero vê-lo. – Eu precisava ver como ele estava à culpa era minha dele estar daquele jeito.

– Doutor ela pode vê-lo? – Ouvi minha avó perguntar.

– Pode sim, mas rapidamente – Meus sentidos estavam voltando, eu precisava ser forte e vê-lo e me despedir era isso que eu iria fazer, vê-lo pela ultima vez. Espero que quando acordar ele não se lembre de mim.

Fui em direção a seu quarto, minha avó preferiu que eu fosse sozinha então ficou na sala me esperando. Aquele ambiente era horrível e vê-lo deitado em uma cama era pior ainda, estava pálido, ligado a alguns tubos o olhei e me aproximei. Sentei-me ao seu lado e comecei a acariciar seu rosto tentando cessar as lágrimas e enfim começar a falar.

– Sabe Alex, me desculpa por ter sido a pior pessoa do mundo pra você, eu não queria ter te arrastado pra o cemitério naquela noite, eu queria curtir como sempre, mas não que você se machucasse desse jeito, por culpa minha – Lágrimas não paravam de escorrer, minha voz já saia falha – Você sempre esteve ao meu lado e eu nunca soube agradecer por isso, acho que está na hora de eu nunca mais aparecer na sua vida para estragá-la, me desculpa por nunca ter te falado isso, mas eu gosto quando você sorri - Sorri ao me lembrar da nossa ida ao show do AC/DC – E eu também adoro quando você me abraça e diz que eu sou teimosa e Alex você é a pessoa mais durona que eu conheço – Suspirei. – é eu te amo Alex Turner. – Lágrimas brotaram em minha face novamente. – Seja feliz. – O olhei por uma ultima vez e sai do quarto indo em direção a sala de espera.

– Vamos vovó? – Eu disse e ela assentiu pegando em minha mão.

Flashback OF