(D)evil Twin 03: Purple Haze.

N/A: Demorei? Espero que não. Enfim, tô amando escrever essa fanfic. Boa leitura!




Arielle e eu decidimos deixar o local mais cedo, não só porque precisávamos de um tempo a sós mas também porque outra discussão se iniciava por causa do mau comportamento de Johanna. Ainda assim, não pude deixar de tirar os olhos da garota durante o jantar inteiro.

Eu me lembrava que era como se fosse uma espécie de vazio. Olhar para ela. Eu não sentia absolutamente nada, ao mesmo tempo em que uma onda de sentimentos e pensamentos nada a ver tomavam conta de mim. Era bizarro e confuso, mas decidi deixar isso para lá. Eu tinha uma namorada maravilhosa, nosso relacionamento estava perfeitamente bem e eu não ia jogar tudo fora por causa da irmã gostosa dela.

Ou ia?

— Eu... — Arielle começou. — Queria pedir desculpas por hoje. Ela realmente não cresce, vinte e três anos e ainda age como uma garota de dezessete.

— Ei, está tudo bem. — disse, beijando sua testa. — Mas diga, sua irmã foi sempre assim?

— Não. Porém, sempre foi mais chegada nesse estilo dela. Apesar de ela ter sido quieta e ter tido cabelo grande antigamente, se vestia da mesma forma que hoje, só que menos exagerada. Um dia ela achou um vinil do Sex Pistols escondido nas coisas que minha mãe ia jogar fora e isso aconteceu.

— Ah, sim.

Arielle suspirou. — É impressionante o que a música faz com as pessoas, não é mesmo?

Encarei o vazio, refletindo sobre o que Arielle havia dito e imaginando Johanna ouvindo o vinil pela primeira vez.

— De fato, é.



(...)



— E então, como foi? — mal havia chegado em casa e Nick já havia aparecido, ansioso pela resposta que eu não queria dar.

— Foi interessante. — respondi, sem olhar em seus olhos.

— Interessante? Alex, dizer que um evento foi interessante é a mesma coisa de dizer que você cochilou de tanto tédio.

— Cara, você não deveria estar dormindo? São uma da matina e todos nós temos que trabalhar amanhã de manhã além de ensaiar músicas novas para a Batalha das Bandas.

— Ah, é mesmo. A Batalha das Bandas. Eu esqueci. — o fato de Nick considerar a batalha mais importante do que o trabalho me fez rir.

— Olhe, eu estou cansado, daqui a algumas horas vou ter que passar meu tempo completamente entediado em uma livraria sem poder tocar em um livro a não ser que seja para outra pessoa. Que tal falarmos disso amanhã?

Nick deu de ombros. — Tudo bem, então. Se não quiser falar, está tudo bem também. Boa noite. — ele disse, indo para o seu quarto.

— Boa noite, parceiro.

Por mais que eu não estivesse precisando, tomei um banho rápido e quente. Banhos me deixavam com sono. Eu já estava um pouco sonolento, isso seria um bônus.

Fechei a porta do quarto e andei diretamente até a janela. Olhei para baixo. Era possível ver a luzes do apartamento de Arielle, mesmo com outros vizinhos também acordados. Eu queria descer e beija-la, dizer que tudo ficaria bem. Ela realmente estava triste pelo jantar, eu só queria dizer a ela que nada importava além dela.

Do nada, gritos vieram de lá. Reconheci as vozes. Eram DeEtte e Johanna. Arielle se pronunciava de vez em quando, dizendo para pararem.
Respirei fundo e decidi ir para a cama. Eu percebi que estava com muito sono quando adormeci ouvindo a discussão vindo do apartamento de baixo. O apartamento da minha namorada.




No dia seguinte, acordei uma hora antes do serviço. Me espreguicei e escovei bem os dentes, arrumei aquela droga de topete e me despedi de Jamie e Nick. O turno de Matt na cafeteria era mais cedo, por isso ele já havia deixado o apartamento. Antes de realmente ir embora, passei pelo andar de baixo, deixando uma foto minha e de Arielle em seu apartamento pela gretinha que havia embaixo da porta. Era uma surpresa. Eu gostava de fazer surpresas e Arielle as amava. Fim da história.

Peguei um táxi e fui para a livraria que eu tanto visitava quando vinha para NY nas férias. Pelo menos cinco dos meus livros eram de lá. O dono já me conhecia e um dos funcionários era meu amigo, o Miles. Ele era um canalha, mas era um canalha legal. Para falar a verdade, eu só não conversava com um ou dois dos caras que trabalhavam lá.

— Primeiro dia de trabalho, huh? — ele disse, ao me ver. Batemos as duas mãos, apertando-as e em seguida juntamos os ombros. — Seja bem-vindo, amigo.

— Muito obrigado, cara. Pelo menos agora vamos nos ver todos os dias.

— Sim, sim. E eu preciso te apresentar à uma garota que vem aqui quase sempre. — ele envolveu seu braço nas minhas costas e apertou meu braço, como se estivesse me contando um segredo. — Ela se chama Alexa. Deus, como ela é linda. E gostosa. Você não tem a mínima noção.

Ri. — Agradeço à proposta, Miles, mas eu estou namorando.

Pelo visto, Miles ainda não sabia daquilo. Assim que ouviu a palavra “namorando”, se afastou de mim e congelou com uma expressão de choque no rosto.

— Está brincando. Quem é a azarada?

— Vá se foder. — brinquei. — O nome dela é Arielle, e ela é a mulher mais bela que já conheci.

— Arielle, Arielle. Hm... Não conheço. Queria conhece-la, se ela é tão bela assim.

— Já vi que você deve ficar longe dela, então. — comentei.

— Arielle, Arielle, Arabella... Ei, você pode chama-la assim daqui pra frente.

Pensei. Arabella. Arabella... Miles era um gênio.

— Genial, Miles. Simplesmente genial.

— Ei, vocês dois. Por acaso estou pagando as mocinhas para ficarem de blá-blá-blá o tempo todo? — disse John, chamando nossa atenção. John era nosso chefe, à propósito. — Estou brincando. Seja muito bem-vindo, Alex. É um prazer te ter por aqui.

Apertamos as mãos. — O prazer é todo meu, John.

— Fique à vontade, mas não totalmente. Faça o seu trabalho e ganhará um bom dinheiro. Posso confiar em você?

— Deve. — pisquei. Miles riu maliciosamente.

Eram nove da manhã e só havia uma garota na livraria, que já estava sendo atendida. John havia deixado o recinto e isso era quase a mesma coisa que um professor deixar uma sala de aula em horário de aula. Miles era como um veterano e um formando, mostrando sua rotina para mim, o calouro.

A livraria tinha dois andares, no andar de cima tinha uma pequena lanchonete que era a responsabilidade de Jules. Jules era um cara alto e estranhamente legal. Chegava a ser um pouco engraçado vê-lo usando um avental azul turquesa por cima de suas roupas largas e colares hippie.

— Se o John pega vocês comendo salgado a essa hora... — alertou, apoiando-se na bancada.

— Besteira, Jules. Eu faço isso desde que entrei aqui. — disse Miles, dando mais uma bocada em sua empada. A lanchonete tinha alguns aspectos do Brasil, devido à quantidade de brasileiros que moravam por lá. Eu comia um pão de queijo e, sinceramente, estava para nascer salgado melhor que aquele.

— Já fazem dez minutos ou algo assim desde que Alex começou e você já está ensinando coisas erradas para ele. Tsc tsc, que feio, Miles.

A conversa estava ótima e ríamos bastante. Aparentemente, todos de lá tinham uma trégua e ninguém dedurava ninguém. A verdade é que eu mal havia começado e já estava adorando aquele trabalho.

Papo vem, papo vai, o sininho da porta soou e todos olhamos para baixo. Era uma garota. Não, não era uma garota qualquer. Era Johanna.

— Merda. — sussurrei para mim mesmo.

— Algo errado? — perguntou Jules.

— Não, nada. Eu só preciso ir ao banheiro.

— Sério, Alex? Vai deixar de atender aquela princesinha para ir mijar? — resmungou Miles.

— Bom, eu não vou fazer nas calças. — disse, fazendo Jules rir. — Com licença.

— Ótimo, sobra mais para mim.

Me tranquei lá dentro por dez minutos ou mais. Quando saí, Jules olhou para mim com cara feia e me perguntou se eu estava bem e eu disse que sim. Terminei o refrigerante que eu tomava e desci para ver se Johanna ainda estava lá, e infelizmente ela estava.

Ela estava parada ao lado de Miles. Johanna vestia uma blusa laranja das The Runaways, uma calça jeans azul e um par de All Star preto nos pés. Seu pulso estava coberto de pulseiras, nada previsível.

Miles mostrava para ela dois livros e agia como se estivesse atuando numa peça, sendo excêntrico e falando demais. Johanna sorria para ele e escolheu um dos livros em suas mãos, em seguida sendo guiada por ele até o caixa.

Aproximei-me o suficiente para ouvir uma parte da conversa, torcendo para que ela percebesse – ou talvez melhor não – que eu estava ali. Ela estava de fones de ouvido, sua música estava alta. Tentei reconhecer. Ela ouvia “Purple Haze”, do Jimi Hendrix.

Miles pegou o livro e passou no leitor. Trinta e cinco dólares. Johanna sorriu descaradamente e pediu por um desconto, e então Miles fez por vinte e oito. Ela agradeceu e pagou em dinheiro. Enquanto Miles contava a grana, ela tirou um cigarro do decote e um isqueiro do bolso.

— Lindinha, não é permitido fumar aqui. Além do mais, isso vai acabar com você. — ele disse.

— Não me venha com essa. — rebateu, tragando fundo. — Olha só essa sua cara de viciado em nicotina. Eu aposto que quando o chefe de você não está por aqui você acende um, não acende?

Miles estava boquiaberto e eu também. Ele gaguejou e tentou falar alguma coisa enquanto devolvia o troco para ela.

— Infelizmente você está certa. Mas o que uma princesa como você faz inalando essa porcaria?

— O mesmo que um príncipe como você faz. — dizendo isso, Johanna sorriu e pegou seu livro, deixando Miles com um perfeito “O” formado em sua boca até que ele lentamente também virasse um sorriso.


Johanna saiu dali e caminhava de maneira despreocupada. Enquanto a observava andar para longe juntamente de Miles, não soube se ficava feliz ou mal por ela não ter me notado.

***

N/A: Hoje é meu aniversário... Êêêê, aaaaahhh, foda-se, vocês gostaram?
E esclarescendo dúvidas, a Alexa não vai ser relevante nessa história.
Eu sei que vocês morrem de preguiça de link de polyvore, mas eu amo mexer naquilo e do nada me peguei fazendo a roupa da Johanna, então caso alguém queira ver tá aqui: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=150321468

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