Lost in the Skye - Capítulo 07: Strange Birds

Capítulo betado pela Bia Ramos

[Jamie]

- Eu não entendo. Você está me usando ou algo do tipo? – Pergunto meio incerto.
O que leva um homem, supostamente um dos chefes, me dizer que corro perigo? No mínimo duvidoso. O que me deixa mais aflito com isso tudo, é que seu rosto está machucado e seu olho arroxeia aos poucos, indicando que levou um soco bem ali. Seus lábios cortados e seus cabelos desgrenhados, seu peito subindo e descendo em uma respiração pesada e descompassada.
- Eu sei que soa ridículo e duvidoso, tá legal? – Ele diz desesperado, mas ao mesmo tempo tentando não fazer muito barulho.
Fiz um pouco de esforço para levantar, ele me olhando intrigado, mas sem se afastar. Não parece o homem que conheci há poucos dias. Agora está assustado, como uma criança com medo do bicho papão. Posso usar isso a meu favor.
Com as mãos em frente ao corpo, chacoalha-as em sinal de que explicará melhor. Me aproximo lentamente até parar a uma distância que julgo ser segura.
- Por que de repente você vem aqui, com a cara toda quebrada, me dizer essas coisas? – repito, em um tom baixo e ameno.
- Eu estou cansado de tudo e é por isso que eu estou aqui te avisando. Tem alguns utensílios que você pode usar para destrancar a porta, a Skye normalmente sai da cabana às... – Ele fala, mas o interrompo incrédulo.
- Você definitivamente está me testando. – Solto uma risada nervosa, mexendo nos meus cabelos.
Sinto minhas pernas doerem e sento na beirada da cama, descansando. O loiro vem em minha direção e para na minha frente.
- Caralho, eu não estou te testando! Você é esperto demais para achar que eu estou mentindo. – Ele diz nervoso.
Eu tenho duas alternativas: acreditar nele e possivelmente sair daqui e procurar ajuda, ou simplesmente não acreditar e ficar preso, correndo claramente perigo.
Meu raciocínio está lento, devido ao doping, mas me forço a pensar nas mais claras decisões e, se possível, nas mais sábias. Torço meus lábios e respiro fundo.

**

[Skye]

Já está passando do limite. Somos contrabandistas ou simplesmente crianças cuidando de algum comércio dos pais? Não aguento mais lidar com pessoas incompetentes que colocam seus desejos carnais acima dos negócios. Se não bastasse o caso do Edward, o velho safado e nojento, que esteve me enganando todo esse tempo, eu ainda tenho dois patifes ao meu lado. Um visivelmente abalado com todo o procedimento que precisamos fazer na retirada dos órgãos, o outro visivelmente irritado e enciumado. Será que Marco e Antonie não poderiam ser competentes?
Não é um negócio fácil, mas prazeroso. Eu adoro como as pessoas ficam frágeis e limitadas quando estão com medo e em situações de perigo. Eu gosto quando sinto as suas pernas e mãos tremerem, simplesmente com a minha presença. Gosto de olhar no fundo dos olhos dessas pessoas, e ver como elas são a podridão do mundo, a escória de todas as espécies vivas do Planeta. Eu sinto prazer ao ver seus órgãos tão vitais em minhas mãos, enquanto o corpo já sem vida morre à minha frente.
Eu sou a junção dos dois. A vida e a morte, duas faces da mesma moeda. Todo o sofrimento que me foi causado, tudo o que eu abri mão durante bons anos da minha vida, me fizeram chegar a essa conclusão. Já vi a vida em sua melhor hora, mas a morte já me encarou e me encara até hoje. Ela me segue aonde quer que eu vá, e contra ela eu não posso lutar. Então a abraço, com todo meu coração e alma.
Enquanto passava pelo corredor para preparar a janta dos meus hóspedes, escutei um cochicho vindo do quarto de um deles. Não sou estúpida, muito menos burra, e já sabia que Marco me trairia algum dia, mesmo com todo esse nosso amor doentio e possessivo. Encostei meus ouvidos na porta do quarto de Jamie. Aliás, esse rapaz me dá trabalho. Ele é esperto, muito mais que Alex. E parece que quanto mais eu tento o deixar no escuro, mais uma luz ilumina sua mente.
Cuidarei disso depois, antes que eu precise fazer o que eu faço de melhor.
Caminhei em direção ao quarto de Alex, respirando fundo ao entrar, encarnando o meu melhor papel. Recebi os olhos atentos e brilhantes do moreno em cima de mim, me estudando, me desafiando, me querendo. Sorri timidamente para ele, que previsivelmente sorriu de volta, puxando no canto dos seus lábios um sorriso malicioso. Aproximei-me de sua cama, me sentando na mesma. Suas mãos geladas tocaram meu rosto, ele depositou uma carícia singela ali, mas não tirou aquele sorriso presunçoso da face.
Os carinhos continuaram, fechei os olhos tentando sentir melhor a sensação que me atingiu. Uma sensação estranha, mas extremamente única e gostosa. Abri os olhos, encontrando os dele. Seu rosto agora estava próximo ao meu e a sua respiração já batia contra minha face. Meu olhar se baixou para os lábios finos e secos de Alex, e percebi seu olhar fazer o mesmo caminho pelo meu rosto. Passei a língua sedutoramente por meus lábios, já entreabertos. Seu peito, assim como o meu, trabalhava rapidamente, em busca de ar.

Estávamos tão próximos... Tão próximos.

- Alex... – Disse baixinho, tentando não me perder em meu plano.
“Eu estou no comando”, repeti mentalmente diversas vezes. Ele me olhou curioso, mas não se afastou nem um milímetro. Coloquei minhas mãos em seu peito. Podia sentir mais do seu corpo, mesmo com a camisa fina cobrindo aquele peitoral definido. Passeei com meus dedos por ali, acariciando delicadamente a região. Minha inconsciência me levava para o cós da calça de moletom que eu havia dado para ele vestir. Torci os lábios ao perceber seu olhar ansioso sobre o meu.
- Diz. – Ele falou tão baixo, que quase não pude ouvir.
Respirei fundo e me concentrei, ou tentei, na minha tarefa principal. Manipulá-lo. Eu podia usar essa pequena tensão sexual que havia entre nós a meu favor. Sair por cima e conseguir com que ele acredite em mim e na minha ingenuidade.
- Jamie está com problemas. – Disse baixinho e fiquei atenta ao seu olhar, que mudou. Como da água para o vinho. Uma nebulosidade estritamente excitante se formou em seus olhos, ele arqueou as sobrancelhas e se afastou um pouco do meu corpo. – Ele está com delírios, não sabe muito bem o que fala. – Continuei a dizer o que havia planejado.
Eu ouvi Marco conversar com meu outro hóspede. Eu precisava estar um passo a frente sempre, portanto, eu sabia que Jamie iria dar um jeito de falar com Alex, mas se eu me adiantasse as coisas não sairiam errado.
- Co-como assim? – Alex disse confuso.
Não me permitia sentir pena das pessoas, porque esse sentimento é para os fracos. Mas vendo um homem tão másculo, com uma voz e um sotaque perfeito sendo frágil daquela forma, me deixava angustiada e confesso até um pouco irritada.
- É tão difícil dizer... Eu tentei fazer de tudo. – Continuei, tentando embargar minha voz para que Alex sentisse que eu estava dizendo a verdade. Olhei para as minhas mãos, ainda envolvidas pelas dele. Sentia sua pele fria e trêmula sob meus dedos e os apertei. – Eu tentei dar a medicação, achei que funcionaria, mas Jamie bateu a cabeça na queda e agora está louco, alucinando... Eu não sei o que fazer, ele me disse coisas horríveis. – Forcei-me a soltar uma lágrima, com sucesso, pois senti seu dedo anelar enxugar a pequena gota que correu por minha bochecha.
- O que podemos fazer por ele? – Alex me disse sereno, mas visivelmente preocupado.
- Vamos levá-lo para a cidade vizinha. – Menti. – Lá tem um hospital com melhores condições. – falei novamente, olhando atentamente para as expressões que se formavam em seu rosto.
- Posso vê-lo antes? – Alex pediu.
Uma raiva se instalou dentro de mim. Não era uma irritação qualquer, era aquela, aquela que tanto me mata dia após dia e que eu luto para controlar. Imaginei qualquer coisa e respirei fundo, pensando em uma resposta.
- Não, na verdade. – Ele me olhou confuso. – Antonie já o levou. – a feição de Alex ficou estranha e interrogativa. Estava desconfiado. Precisava reverter à situação.
 Aproxime-me novamente dele. Com uma mão acariciei seu peito e, com a outra, acariciei seu rosto. Ele me olhava, estava triste, eu podia sentir. Abaixei meu olhar para seus lábios e enfim fiz o que tanto queria fazer. Beijei-lhe calmamente, não houve um contato com a língua no primeiro instante, mas em alguns segundos, Alex entreabriu seus lábios e eu pude aprofundar o beijo.
Suas mãos foram para os meus cabelos, puxando-me mais para si. Minhas mãos se depositavam em sua nuca e, em um momento oportuno, passei minhas pernas por seu tronco, sentando-me em sua intimidade. Alex arfou entre o beijo, aproveitei o momento para buscar um pouco de ar que já me faltava. Sem desgrudar de seus lábios, abri os olhos e encontrei os dele totalmente fechados. Meus olhos sorriam, já que minha boca estava ocupada entretendo-o. Suas mãos passeavam por minha cintura e erguiam a minha blusa vez ou outra. Ele estava rendido a mim, eu adorava aquilo. Eu adorava.

**

MINUTOS DEPOIS

[Jamie]

- Cara! Acho melhor você se mandar logo. Ela vai aparecer. Você sabe como ela é astuta. – Disse nervoso enquanto voltava para a minha cama.
Marco havia me contado sobre o contrabando de órgãos, havia me contado que Skye tinha transtorno de personalidade antissocial¹, que não havia empatia dela por pessoas e que provavelmente ela se encaixava no grupo de sociopatas. Eu estava aterrorizado.
- Não vai ser preciso. – A voz da ruiva interrompeu meus devaneios.
Vi Marco ficar pálido e sua feição estava assustada. Antonie estava logo atrás de Skye, sorrindo maroto enquanto olhava o loiro no canto do cômodo.
- Skye, eu posso explicar... Eu... – Marco começou a dizer, mas Skye simplesmente não dava a mínima para ele.
Ela olhava para mim. Seu olhar queimava, soltava faíscas. Parecia que eu estava na beira de um penhasco, no precipício, no abismo.
Skye desviou seu olhar e se voltou para Marco. Até então, suas mãos estavam atrás de seu corpo, mas quando foram reveladas, eu havia entendido o que ela escondia. Uma faca.
Antonie veio em minha direção. Senti sua mão me puxar pelo braço, me fazendo levantar de supetão. Ele torceu meus pulsos e levou meus braços para trás do meu corpo, prendendo em algo frio, que deduzi ser uma algema. Logo em seguida, um pedaço de pano foi para a minha boca, tentei comprimir os lábios, mas ele forçou minha mandíbula até eu ceder. Minhas pernas tremiam, eu estava me borrando de medo. Skye olhava a situação tranquilamente, como se aquilo fosse algo normal. Talvez fosse para ela. Algemado e amordaçado e com medo. Antonie continuava me segurando firme, tentei gritar, mas sabia que era em vão.
A atenção já não era mais para mim, e sim para Marco. Skye se aproximou dele delicadamente. Pude vê-la tocar os lábios do loiro com os dedos. Marco tentou afastá-la, mas ela o impediu. Colou seus corpos, com a faca pronta e afiada na jugular do loiro. Ela o beijou, um beijo intenso. Ele havia correspondido, deduzindo que deveria ser o último beijo que daria. Enquanto os lábios ainda se tocavam, como uma poesia obscura, o sangue começou a escorrer pelas mãos de Skye e logo Marco começou a engasgar liberando todo o sangue em seu corpo. A ruiva se afastou, ela não tinha expressão nenhuma no rosto. Ele caiu de joelhos em sua frente, a poça de sangue já se formava ao redor dos dois, os olhos deles estavam marejados. Senti um nó na garganta e tentei me controlar. Eu nunca havia visto ninguém ser morto na minha frente. Aquela cena era demais para mim.
Skye se aproximou do corpo já sem vida do loiro. Abaixou-se, limpou a faca na roupa dele. Um ato repugnante e totalmente frio. Tentei controlar a minha vontade de vomitar, o cheiro do sangue, os olhos ainda abertos de Marco pareciam olhar diretamente para mim. Respirei fundo e me contorci, dando uma cabeçada em Antonie.
Eu tentei caminhar, mas fui golpeado nas costas. Cai no chão, em frente ao corpo do antes vivo, Marco. Fechei os olhos tentando não olhá-lo, mas meus cabelos foram puxados e pude ver Skye me encarando firmemente.
- Você será o próximo se não cooperar. – Ela disse me dando um leve tapa no rosto. Levantou-se e pude ouvir sua voz ordenar. – Antonie, leve esse hóspede ao porão e depois se livre do corpo de Marco. – Completou, com simplicidade.
Essa mulher me dava muito medo, me causava a pior sensação do mundo. Pude sentir meu corpo ser puxado e arrastado. Eu estava fraco e mal conseguia enxergar. Após pensar em Alex e em que como ele estaria, tudo ficou completamente escuro.

________________
¹O Transtorno de Personalidade Antissocial, vulgarmente chamado de Psicopatia ou Sociopatia, é um transtorno de personalidade descrito no DSM-IV-TR, caracterizado pelo comportamento impulsivo do indivíduo afetado, desprezo por normas sociais, e indiferença aos direitos e sentimentos dos outros. A psicopatia é caracterizada, principalmente, pela ausência de empatia com outros seres humanos (quando não pertencente a família), resultando em descaso com o bem-estar do outro e sérios prejuízos aos que convivem com eles. Esse desvio de caráter costuma ir se estruturando desde a infância. Por isso, na maioria das vezes, alguns dos seus sintomas podem ser observados nesta fase e/ou na adolescência, por meio de comportamentos agressivos que, durante estes períodos, são denominados de transtornos de conduta. Não demonstram empatia, são interesseiros, egoístas e manipuladores. Conforme se tornam adultos, o transtorno tende a se cronificar e causar cada vez mais prejuízos na vida do próprio indivíduo e especialmente de quem convive com ele. (WIKIPÉDIA, Transtorno de Personalidade Antissocial).

N/A: Ei meninonas lindas. Obrigada pelos comentários no capítulo anterior. Significa muito para mim. Esse capítulo explica bem o que a Skye pensa e faz. Não decidi ainda se ela vai ser uma sociopata ou uma psicopata, por isso coloquei a definição como um todo na nota. Já escrevi o epílogo, mesmo faltando no mínimo +7 capítulos para o fim. Acredito que vocês vão me odiar no final haha. Btw, mais uma vez obrigada a todos. ♥


8 comentários:

  1. Raphaela L. Siqueira24/02/2015, 23:35

    Ahhhhhhhhhhhhhh! Melhor capítulo até agora! Então eles são contrabandistas de órgãos! Agora a historia ficou séria. Seríssima.
    Não acredito que o Marco morreu. Apesar dele estar do lado dos vilões, ele tentou consertar as coisas no final.
    E a Skye? Eu estou realmente odiando ela agora! Tipo, de verdade.
    E enquanto eu lia, eu fiquei gritando por dentro "meu Deus, Alex! Não cai na dessa guria!".
    E agora??? O que vão fazer com o Jamie?
    Tô roendo as unhas de nervoso com essa fanfic, Anne! Ansiossima pros próximos capítulos!
    Beijos <3

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    1. Enfim revelado o que eles são Hahahaha. Precisei matá-lo, para mostrar como a Skye é uma louca obsessiva. Aliás, o Marco pelo menos contou a Jamie e no próximo capítulo, as coisas ficarão mais tensas ainda.

      Obrigada Rapha, mais uma vez. <3

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  2. O QUE FOI ESSE CAPÍTULO??? Anne do céu, eu nem sei se vou conseguir comentar porque estou sem palavras. Meu deeeeeeeus, é muito pra minha cabeça. É Jamie descobrindo tudo, Skye e Alex se beijando (aliás esse Alex ta me irritando pra caralho. Até nessa situação o cara tenta pegar a mina) Marco morrendo e Jamie sendo re-raptado!!!! Esse é o capítulo em que tudo fica claro (mas eu já sabia de tudo isso MUAHAHAHA). Cara. CARA!!! Não consigo lidar com isso hahah
    Me dá o próximo capítulo logo!!!
    Beijos, Bea <3

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    1. Haha Alex é um galinha mesmo, desconfia de tudo, mas mesmo assim, da corda para a cobra haha. RE-RAPTADO ahahhahhahahhaha amei!

      Obrigada Bea, é muito importante a sua opinião. <33

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  3. Anne ,mttttttttt agoniante, eu parava , gritava e voltava a ler kkk , uma pergunta agr, vcs não vao mais voltar com now them , mardy bum ?

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    1. Eu não sou a autora de Now them, mardy bum. Mas a fic não foi abandonada, que eu saiba. :)

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  4. Anne ,mttttttttt agoniante, eu parava , gritava e voltava a ler kkk , uma pergunta agr, vcs não vao mais voltar com now them , mardy bum ?

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  5. Eu acerteeeei OMG! Eu acertei o que eles faziam e a doença dela. Nosfa jndjwududjdn Que bicha mais safada e que Alex mais besta. O Jamie, to com medo por ele. Não sei o que esperar do fim... Estou em choque ainda. A morte de Marco foi friamente executada, eu odeio a vadia da Skye kkkkkkk Ao mesmo tempo eu gosto de como você desenvolve ela. Tá muuuuito bom.


    Beijos, Steph <3

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