Stuck On the Puzzle 27: Pale Blue Eyes.

N/A: Esse cap. ficou meio aleatório e bipolar, mas enfim, boa leitura!





Pomona, Califórnia, dois de Junho de 2011.


Nick POV.


“Onde está o Alex?” perguntei, me espreguiçando.

“Eu não sei”, resmungou Matt, bebendo mais uma cerveja. “O canalha não atende ao telefone.”

“Ele já é grandinho, então que se vire.”

Nada disso importava. Eu me preocupava com meu amigo.

A festa dos caras do The Vaccines para celebrar a turnê na América do Norte havia sido mais do que ótima, porém acabou com todos nós. Seria uma ressaca de quarenta e oito horas, sem dúvidas. Meu medo era que Alex tivesse ido para um pub e exagerado ainda mais na dose.

Fui para o seu quarto. Dessa vez, alugávamos uma casa de praia isolada porque todos, do nada, resolveram deixar o hotel. O quarto provisório de Alex era de frente para a piscina da casa e o último do corredor.

Entrei. Olhei para os lados, era uma bagunça pura. Talvez ele tivesse deixado um bilhete.
Revirei as gavetas, montes de roupas, lençóis, tudo o que eu vi na frente até que seu caderninho caísse no chão, bem à minha frente. Sem hesitar, peguei o caderno e abri-o. Lá repousava toda a sua imaginação, sua criatividade e suas fantasias, tudo em algumas folhas de papel.

Por um minuto, me senti mal, era quase como ler o diário de alguém. Mas eram só letras de música, que seriam ou já foram compartilhadas comigo e com todos os outros.
Folheei. All My Own Stunts, cheia de riscos e correções. Library Pictures, ocupando duas folhas. E então, apareceu uma inédita. O nome, aparentemente, era Love Is a Laserquest. Os versos estavam mal escritos, a letra de Alex piorava a cada página virada. Não havia um refrão. Eu só conseguia perceber semelhanças entre as palavras “pretend that you were just some lover” até que algo inesperado aconteceu.

No meio do refrão, a frase “Eu a amo” apareceu repetidamente, uma ao lado da outra, enfileiradas, cobrindo muitas e muitas páginas.

“Merda”, sussurrei para mim mesmo enquanto examinava os pedaços de papel.
Cinco páginas. Cinco páginas cobertas pela mesma frase, se repetindo quase que infinitamente.

“Ei, caras?” falei, um pouco mais alto. “Venham ver isso.”



Alex POV.


Bati na porta, com força. Poderia aparecer a mãe, o pai, talvez a própria Marine ali, eu não me importava. Eu só queria aquela porta aberta.

Estava igual a um desesperado. Chegava a ser vergonhoso. Uma garota de dezessete anos, como eu pude? Era tão anormal e bizarro que até eu me assustava com os meus sentimentos.

“Sim?” Ellie apareceu ao lado da porta. “Alex? O que você está fazendo aqui?”

“Ellie”, agarrei-a. “Eu preciso falar com a Marine. Agora.”

“Agora?!”

“Agora ou nunca.”

Ellie olhou de volta para a porta entreaberta.

“Eu sinto muito, mas agora não vai dar.”

“Por que? Me diga por que, Ellie!”

Ela respirou fundo. “Agora não é uma boa hora.”

“O que você quer dizer com isso?!”

Ellie me empurrou para mais longe, como se quisesse que eu calasse a boca.

“Vem cá, o que deu em você? Ficou maluco?”

“Sim.” Bastou essa resposta para que a mão dela voasse diretamente no meu rosto.

“Alex, pelo amor de Deus” ela segurou meu rosto, virando-o de volta para a frente por conta do tapa. “Olha só para você. O que é isso? Isso tudo é por causa dela?”

Percebi que o “isso tudo” referia-se não só à minha aparência horrível mas também ao meu desespero. Eu havia perdido o controle e nada se resolveria até que eu olhasse em seus olhos novamente.

Acenei com a cabeça, respondendo à pergunta de Ellie. Pela sua reação, não era nada bom.

É óbvio que não.

“O negócio é bem pior do que eu pensava...”

“Ela não faz nem ideia, não é?”

Ellie deu de ombros, como se dissesse “fazer o que?”

“Ela acabou de brigar com a mãe e a amiga irritante dela está em casa. Essa amiga irritante ficaria mais irritante ainda se te visse, e pior, se soubesse do rolo que você tem com a gente. É por isso que não dá para ser agora.”

“Por favor, dê um jeito” implorei. “Eu prometo levar você conosco na turnê, mas por favor, faça alguma coisa!”

Ela respirou fundo. “Tudo bem, tudo bem! Espere escondido aqui. Não prometo nada.”

Escondi-me atrás de um arbusto ao lado da porta e esperei. Esperei cinco, dez, vinte minutos. Minhas mãos pingavam de suor, não duvidava que a situação era a mesma no meu pescoço, peito e costas.

Então, finalmente, Ellie apareceu.

“Você tem quinze minutos, e eu não contei para ela que você está aqui. Não vá na sala nem na cozinha, na verdade permaneça no segundo andar e quando for embora, pule da janela. Boa sorte.”

Atravessei o arbusto, espetando um pouco da minha perna e rasgando um pouco da minha jeans. Foda-se, não era hora de pensar nisso.

Adentrei a casa. Olhei para os lados. Do lado esquerdo, era possível ver a mãe de costas na cozinha. Do outro, provavelmente a tal amiga que recebeu Ellie antes que eu fizesse qualquer coisa. Silenciosamente, subi as escadas e procurei por Marine. Todos os quartos estavam abertos e vazios. Exceto o banheiro, embora não fosse um quarto.

Sem saber o que fazer, andei de um lado para o outro até me aproximar da porta fechada. Toc-toc, bati.

“Já vai.” Ela disse.

Bati novamente. “Já vai, Julie.” E de novo. “Eu já vou, porra!”

E mais uma vez, fazendo com que ela abrisse a porta. “Julie, será que dá para... Alex?”

Ela arregalou os olhos, ainda segurando a maçaneta. Estava assustada. Eu também estaria, no lugar dela, e garanto que ela ficaria mais assustada ainda se soubesse o quanto eu sentia falta de olhar naqueles olhos azuis.

Antes mesmo que ela pudesse ter algum tipo de reflexo, empurrei-a para dentro e tranquei a porta.

“QUE PORRA É ESSA?”

“Shh....” coloquei meu indicador em seus lábios. “Não grite.”

Eu a peguei de surpresa, Ellie havia mesmo falado a verdade. Ela não sabia que eu aguardava por ela, muito menos que tinha alguém aguardando por ela. Marine estava tão chocada que não conseguia se mover direito.

“Eu só posso estar sonhando.” Murmurou, passando a mão na testa.

“Eu também” ri, quase que estranhamente. “Não acredito que é você na minha frente.”

Marine se virou para mim, ainda assustada. “Cara, o que aconteceu com você?”

“Como assim?”

“Olhe-se no espelho, Alex.” Ela apontou para o espelho enorme da parede. “Você já não faz isso há algum tempo, faz?”

Obedeci-a. Não fui capaz de focar em mim mesmo por mais de dez segundos, não só porque eu parecia um viciado em cocaína louco, mas também por ela estar ao meu lado, olhando para mim.

Encarei nossas silhuetas, lado a lado. Marine parecia ter sido feita para mim, especialmente para mim, não só um presente como um desafio. Naquele momento, eu pude finalmente perceber e admitir para mim mesmo que eu não conseguiria viver sem ela.
Era doentio. Minha atração por ela, minha necessidade de vê-la todo dia caso contrário eu iria acabar comigo mesmo. Eu estava a um fio de perder o controle e agarra-la, ter ela só para mim. Era loucura, loucura pura. E tudo isso por causa de uma jovenzinha de dezessete anos, que já havia crescido demais.

“E-Eu...”

“Você precisa ir.” ela tentou me empurrar numa tentativa inútil. “Vai logo.”

Sorri, ao assisti-la não obter sucesso algum no que pretendia. Eu continuava parado, imóvel, no mesmo lugar enquanto sentia a forcinha de suas mãos no meu peito.

“Eu vou”, eu disse. “Se você me deixar falar.”

“Falar o que? Não tem nada para ser falado entre nós dois. Vá embora, por favor.”

“Pelo contrário”, segurei seu pulso. “Há muito a ser falado. Talvez não venha de você, mas de mim. Eu vou explodir em mil pedaços se você não me escutar, Marine.”

Ela respirou fundo, abaixou a tampa do vaso e se sentou, cruzando as pernas. Maldita.

“Tudo bem. Só não fode comigo.”

Sorri, mas eu queria chorar. Queria dizer que a amava tanto que chegava a doer. Olhar para ela doía. Puta merda, não tinha dor pior.

“Eu fiz uma música para você.”

Ela sorriu, mas logo se desfez. “É sério?”

Concordei com a cabeça.

“Olha só a que ponto isso chegou...”

“O que quer dizer com isso?” perguntei.

“Que aconteceu o que não era para ter acontecido.”

“E isso seria?”

Marine olhou para o lado e fechou os olhos. “Não seja bobo, Alex, até um cachorro poderia perceber que você se apaixonou por uma pessoa e essa pessoa sou eu.”

Suspirei. Ela infelizmente estava certa.

“Não era para eu estar aqui, pelo menos não ainda.” Me encostei na parede. “Eu vou embora amanhã à noite.”

Marine tentava ser durona, mas dessa vez ela não havia conseguido.

Nem eu mesmo conseguia.



Marine POV.

As palavras de Alex vieram de uma vez só. Não queria deixar transparecer, mas fora impossível, ainda mais porque não nos víamos há quase dois meses.

“Pensei que havia voltado para me irritar.”

Ele riu. “Não, desta vez não.”

Cruzei os braços, me levantando. “Chega de brincadeiras, Alex. O que você quer?”

“Me despedir” disse, tranquilo. “De uma maneira adequada.”

“E o que seria adequado pra você?”

“Vá ao show de amanhã.” Ele disse, mas antes que eu pudesse abrir a boca para responder ele continuou: “Sua irmã também vai, pode levar a sua amiga, mas eu só te peço que vá. É o último show da Califórnia e então você vai ficar livre de mim por um bom tempo.”

“Eu não sei não,” comentei. “Da última vez que concordei com isso, fui parar no meio do nada.”

Alex agarrou-me pelos ombros, me deixando cara a cara com ele. “Eu não vou deixar nada acontecer com você.”

Olhei para o chão, tentando não chorar. Era impressionante o quão Alex estava desesperado para passar mais um tempo comigo.

“Tudo bem, tudo bem, mas com uma condição.”

“Sim?” seus olhos brilharam e eu sorri maliciosamente para ele.

“Distraia meus pais hoje à noite.”

Foi uma troca de humor esquisita e rápida, até ele mesmo estranhou.

“Como assim?”

“Eu vou sair hoje à noite, e não importa se eles não deixaram, eu vou” eu disse, voltando à maquiar meus olhos. “E eles precisam de uma distração para não desconfiarem que saí.”

Alex me lançou um olhar de reprovação. “Que coisa feia, Marine, mentindo para os pais.”

“É isso ou nada de show, e então nós nunca mais precisamos nos ver. A escolha é toda sua.”

Alex pensou por um tempo até que concordasse.

“Certo, o que eu preciso fazer?”


***

N/A: É isso aí galera, tecnicamente muito tempo se passou e isso significa que o fim tá chegando.
(P.S.: Alguém aí tá lendo (D)evil Twin?)

11 comentários:

  1. Como assim o fim já tá chegando? Mds. Alex ta mesmo apaixonado pra escrever cinco páginas inteiras com "eu a amo". Marine como sempre tentando fingir que não sente nada por ele. Imagina se Julie vê Alex na casa de Marine, ela ia ficar louca.
    “Não era para eu estar aqui, pelo menos não ainda.” Me encostei na parede. “Eu vou embora amanhã à noite.” Não vai não, fica Alex 😭😭
    Amei o capítulo, pena q já ta acabando 😭😭😭
    Sim, eu to lendo (D)evil Twin e to amando 😄. Bjsss ❤️

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    1. Sim, tá chegando :-( mas pelo menos vai ter história com a Havana! E sim, Alex está mesmo muito apaixonado. E eu não quero que ele vá embora <//3
      Muito obrigada meu amor!

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  2. Bixa não pare! Continue assim fanfic! Que me matar igual a Bel com Be Cruel To Me? Meu Deus, vou sentir maior falta dela por ter acompanhado desde do primeiro capítulo. Estou apaixonada por essa fanfic e esse capítulo ficou divino. Adorei!

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    1. Cara, que coisa linda que eu acabei de ler. Muito obrigada mesmo, é muito importante pra mim. <3

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  3. Não sei o que falar, só sentir. Clichê, mas verdade. Tudo maravilhoso como sempre, mas eu já to sofrendo com o fim.

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  4. A sua fanfic tá muito linda! Continua logo flor! Como assim tá chegando ao fim? Nãããão kkkk To acompanhando desde o começo e to sofrendo horrores com o Alex. To no aguardo do próximo capítulo. Beijos!

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    1. Já continuei, isso é bom ou ruim? skjfhsjhdjdf Beijão <3

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  5. “Ellie”, agarrei-a. “Eu preciso falar com a Marine. Agora.”
    “Agora?!”
    “Agora ou nunca.”
    A princípio eu pensei que o 'agora ou nunca' era simplesmente desespero, mas não, ele ta indo emboraaaaa x0 Porém, não que ele não estivesse desesperado, aliás... "Estava assustada. Eu também estaria, no lugar dela" que bom que você tem consciência disso, porém, "Naquele momento, eu pude finalmente perceber e admitir para mim mesmo que eu" to com um problemão? não, obvio, "não conseguiria viver sem ela."
    E o caderninho? escrever cinco paginas de 'eu a amo'... E ainda por cima escrevendo Love is a Laserquest... aiiiiii to mortinha - que nem o Ale-.
    Mas enfim, todo esse desespero dele, que, devo dizer, estava transbordando dessas linhas, também me deixou desesperada. Fim? Nããão!!!
    Ainda não tá com cara de 'felizes para sempre', mas eu sei que vai chegar, tem que chegar, mesmo que não seja bem assim, mas, bem!
    Não posso esperar pela hora h, se é que me entende. Bom, bjs, e até o próximo!
    Ana ;)

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    1. Vai chegar alguma coisa sim. Eu não ia deixar vocês sem nada.
      Beijão <3

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  6. Li esse capitulo e me senti desesperada junto com o Alex, sério!
    HAHAHAHAH
    gente, to com o core na mão sobre esse show, essa Marine, meo deeeeeeeeeeols

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