—
Cara, até que eu gostei desse apartamento. — disse Jamie, enquanto eu arrumava
as golas da minha camisa. — Vista legal, as escadinhas de incêndio que a gente
vê nos filmes... A sorte é que a sua namorada mora logo aqui embaixo, não é, Alex?
Concordei
com um riso. Eram oito e meia da noite, o jantar era às nove e eu já terminava
de me arrumar. Enquanto isso, os caras assistiam Fight Club na maior folga.
O
apartamento era em algum lugar do SoHo, em Manhattan. Arielle era
Nova-Iorquina, nascida e criada naquele mesmo ambiente. Alguns detestavam New
York. Outros amavam. Arielle estava incluída nesses outros. Eu também já estava
começando a gostar, não só por finalmente comprar um apartamento com meus
melhores amigos em um bairro extremamente agradável, mas também porque
finalmente poderíamos tomar um rumo na nossa vida musical. Eu sentia que lá,
apesar das circunstâncias, era um lugar que poderia nos dar uma chance.
—
Mangas longas ou dobradas? — perguntei para os três, indeciso. Matt andou até
mim sem paciência.
—
Que tal assim? — disse, logo depois de puxar as mangas da minha camisa social
branca para o pulso e dobrá-las uma única vez, empurrando-as para o cotovelo.
—
Eu ando assim o tempo todo. Esse é um jantar de família, não quero que pensem
que sou um filho da puta.
—
Impossível! — Matt gargalhou. — Isso já está literalmente na sua cara. Eu
aposto meus rins que todas as mulheres que te veem na rua só não pensam outra
coisa de você porque não sabem que você é comprometido.
—
Vá se foder. — ergui o dedo médio em direção a ele.
O
negócio era que Matt tinha razão, eu ficava melhor daquele jeito. Para
completar, desabotoei dois ou três botões da camisa, deixando meu peito
parcialmente exposto. Vesti minha jaqueta de couro preferida, borrifei um
perfume da Calvin Klein e em seguida arrumei meu topete, bagunçando-o um pouco.
Olhei-me
no espelho. Nada mal.
—
Que tal? — eu disse, aparecendo novamente no quarto escuro onde os três
sedentários estavam. Nick fingiu ser uma fã alucinada e todos riram. — É sério,
como eu estou?
—
Se eu fosse gay... Ah, deixa pra lá. — disse Jamie. Matt riu com o comentário.
—
Sem querer falar viadagem, mas hoje
você vai transar.
Olhei
para o teto, tentando conter o riso. — Eu esperava um “você está ótimo, cara”
ou um “você é meu ídolo”, mas tudo bem, vocês todos são esquisitos.
—
Como se você não fosse um completo mala há três anos atrás.
—
Ei!
—
Vocês... — Nick tentou falar, mas não conseguia parar de rir. — Vocês se lembram...
Eu não consigo!
—
Com licença, eu tenho um jantar para ir e não vou perder meu tempo.
— Ouch, tá nervosinha. Agora a porra ficou
séria. — disse Jamie, provocando mais gargalhadas.
—
Há-há-há, muito engraçado, mas pelo menos eu tenho uma transa hoje, Jameh, e você?
—
UUUUUUH! — disseram os outros dois, em uníssono.
Olhei
para o relógio e por fim me despedi.
Um
namorado normal buscaria a namorada em um carro foda para deixar a vizinhança boquiaberta, mas no meu caso era só
descer um andar.
Descer
um andar, descer um andar... Como não
pude pensar nisso antes?!
—
Alex, você é um idiota. — murmurei para mim mesmo, entrando de volta no
apartamento.
—
Esqueceu alguma coisa? — perguntou Nick.
—
Esqueci a minha dignidade. Adeus. — eu disse, saindo pela janela.
Eu
estava ansioso para ver Arielle. Eu não conseguia ficar longe dela. A amava
demais para isso.
Desci
as escadas de incêndio cautelosamente. Ao chegar no andar de baixo, pude ter a
visão do quarto de Arielle. Bonito e simples assim como ela. Então, do nada,
ela apareceu, sem perceber minha presença.
Antes
de bater de leve no vidro da janela, admirei-a. Seu vestido era preto e florido
na saia, seus lábios vermelhos me deixaram enlouquecido e ela provavelmente estaria
exatamente da minha altura com aquelas botas pretas de salto-alto.
—
Alex! O que você está fazendo? — ela sorriu, abrindo a janela. Sem deixar que
ela pudesse dizer mais uma palavra, agarrei-a pela cintura e a beijei como se o
mundo fosse acabar amanhã.
—
Você está linda.
—
Ah, para.
—
Você é a representação da perfeição em forma humana. — disse, entre mais
beijos. — Eu estou cada dia mais apaixonado por você.
—
Será que podemos ir logo? — colocou as mãos na cintura.
—
Como quiser.
Ela
abriu a porta do quarto. Examinei seu apartamento. Ela morava com a família,
mas eu nunca havia visto nenhum de seus familiares porque, pelo menos até o dia
de hoje, ela gostava de guardar segredo. Era como uma adolescente, escondendo o
namorado dos pais. Simplesmente adorável.
—
Eu dirijo. — falei, à medida que nos aproximávamos de seu Prius.
Eu
tinha um carro. O problema é que ele havia ficado em Sheffield, minha cidade
natal. Mas isso não era problema, pois eu vinha juntando dinheiro desde que a
ideia de morar em New York me veio à cabeça. E dessa vez, seria um Cadillac vermelho. Ou talvez uma moto.
Quem sabe uma Harley-Davidson?
— É
aqui perto. — ela disse, olhando pela janela. Parecia tensa.
Acariciei
seu ombro, olhando para ela. Assim que recebi um olhar de volta, sorri e beijei
sua testa.
—
Qual é, eles não podem ser tão ruins assim.
Permaneceu
quieta até que estivéssemos prestes a parar em um sinal vermelho.
—
É, eu espero que hoje não. — murmurou.
(...)
Arielle
me puxou pela mão. Eu adorava sentir o toque de sua mão leve e delicada assim
como a mulher que ela era.
Havíamos
acabado de chegar em um restaurante de rua que era simples, porém de alguma
forma familiar. O lugar estava lotado, e só de olhar para aquela população
andando para lá e para cá meus olhos brilhavam. Não que eu gostasse de
superlotação, mas eu e minha banda havíamos nos mudado para NY com a esperança
de que ficássemos mais famosos, de que conseguíssemos um contrato com uma
gravadora e não ser mais a bandinha de garagem que recebe reclamações de todos
os vizinhos por causa do barulho. Mas a cidade era cheia, cheia de moradores e
turistas. Aquilo fazia sentir-me bem e mal porque as chances de conseguir um
público maior aumentava, até mesmo as de sermos descobertos por um empresário.
Porém, tinha também a concorrência. Seria pura sorte se conseguíssemos qualquer
coisa.
Arielle
finalmente me apresentaria à sua família, depois de tanto tempo. Ela dizia que
era melhor deixar para lá, mas era exagero. Provavelmente não passava de uma
família comum e normal, poderia ser até uma família perfeita e unida demais. Eu
já imaginava: um pai trabalhador, uma mãe dona de casa que sempre fala sobre a
novela das cinco, e dois irmãos pequenos e bagunceiros, mas que trazem a
alegria para a casa. Em outras palavras, deveriam ser uma versão pequena de
Arielle. Mas quando chegamos lá, minhas expectativas simplesmente afundaram.
Para começar, o pai dela não estava ali.
—
Alex, essa é a família. — ela estendeu a mão para a mesa onde haviam apenas
duas pessoas sentadas.
—
Hã... Olá. — acenei.
—
Minha mãe, DeEtte — a senhora sorriu simpática para mim —, meu irmão mais novo
Jonah e..... Cadê a Johanna?
—
Ela foi comprar hambúrguer! — gritou o mais novo.
—
Jonah, fique quieto. — a mãe de Arielle ordenou.
Jonah
era um garotinho baixinho e louro de franja, não deveria passar dos cinco anos
de idade. Pelo jeito, Arielle gostava muito dele.
—
Que tal sentar, Alex? — sugeriu DeEtte. — Antes de qualquer coisa, seja muito
bem-vindo. Eu estava realmente ansiosa para te conhecer.
— E
eu devo dizer que estava ansioso para conhecer minha outra família, que por
sinal parece ser bem melhor do que a outra.
A
mãe de Arielle riu, mas só então percebi que extrapolei no elogio.
—
Na verdade, só estou brincando. Minha família não é tão ruim assim. Meu pai é
bem severo, mas nos damos bem. Só quis agradar a vocês.
— É
um verdadeiro cavalheiro. — disse DeEtte. — Arielle, por que você não o
apresentou antes?
Arielle
deu de ombros. — Você sabe que sou tímida para essas coisas.
Ela
era tão linda. Deus, como ela era linda.
Conversamos
mais um pouco. O assunto foi de família para a minha banda.
— E
então viemos para cá, pretendemos conseguir mais fama. Na verdade, já
conseguimos lotar alguns lugares quando passamos as férias aqui.
—
Então você tem uma banda de verdade? — disse Jonah.
—
É, garotão, eu tenho. — sorri.
—
Você tem uma banda? Que legal. — disse uma voz feminina ao meu lado. — Mas isso
não te dá o direito de sentar no meu lugar.
—
Johanna!
Olhei
para cima. Ao meu lado, encontrava-se uma castanha que não parecia nem um pouco
feliz com a minha presença.
Sem
saber o que fazer, me levantei imediatamente e me desculpei. Logo em seguida,
sentei-me ao lado de Arielle, que já estava com uma cara de ‘eu-sabia-que-isso-ia-dar-merda’.
Ela poderia ter sido um pouco mais educada, talvez?
—
Quem é essa? — sussurrei para Arielle, enquanto a menina discutia com a mãe.
— É
a minha irmã.... Gêmea. — respirou fundo. — O nome dela é Johanna, mas eu acho
que isso você já sabe.
Já
a irmã gêmea dela, por outro lado, deveria ser só de nascença mesmo. A garota
tinha cabelos castanhos, escuros e rebeldes, não ruivos e enrolados como os de
Arielle. Ela vestia uma regata cinza com o rosto de Jim Morrison em sua foto
clássica estampado e usava muitos colares. Além disso, terminava um cigarro e,
pelo seu olhar, eu poderia jurar que em três minutos eu iria morrer.
Jonah
encolheu os ombros, ficando quieto. O que aquela garota tinha?
—
Educação. É só isso o que eu peço de você. Mas você insiste em ser desse jeito!
— E
daí? Eu nem queria estar aqui mesmo! Você sabe muito bem o quanto eu implorei
para não vir nesse jantar estúpido, porque eu não faço a menor diferença nesse
evento idiota.
—
Você faz toda a diferença, inclusive agora mesmo, assustando o pobre Alex.
—
Alex é o caralho! — seu tom de voz aumentou.
—
Com licença, Johanna? — disse Arielle, nervosa.
—
Eu estou bem aqui. — eu disse, sério.
Johanna
olhou para mim. Seu olhar só pôde me fazer tirar duas conclusões: (1) Aquela
garota iria me matar enquanto eu estivesse dormindo; (2) As mais bonitas sempre
têm algum tipo de problema.
—
Eu não acredito que perdi um ensaio e um show do Bishop Allen no Brooklyn pra
isso.
A
discussão já chamava a atenção de algumas pessoas que passavam por ali. E
então, me arrependi profundamente por ter tocado no assunto “família” quando
conversava com minha namorada.
—
Será que podemos tentar de novo, Johanna? Para o bem da nossa família?
Ela
revirou os olhos e andou até mim com um sorriso falso.
—
Olá, Alex. Meu nome é Johanna. — ela apertou minha mão e me deu um beijo na
bochecha. — É um prazer te conhecer.
E
então, voltou para o seu lugar, me deixando confuso e sem entender nada
enquanto Arielle limpava a marca de batom que aquela garota havia deixado em
mim.
***
N/A: I've been ruined by the things I've seen
You've got the rhythm but it won't hold me
I'm not amazed but I'm on my knees
And I feel
Cara, na hora que eu ouvi essa música eu pensei "PORRA!" eu ia explodir se eu não fizesse algo com ela sjdhfdsjsdjnf
Enfim, galera. O prédio onde geral mora é exatamente isso aqui. Sempre sonhei em morar num lugar desses
Amei a fic :) Primeiro,porque achei o relacionamento dos dois bem fofinho.
ResponderExcluirSegundo porque fiquei curiosa sobre o que essa gêmea má vai aprontar!
Bjs
Ela vai aprontar, e muito... SUAHSUASHUSH
ExcluirBeijão <3
E a parte dos Monkeys zoando o Alex kkkkk
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