Para
o meu azar, Miles ficou falando de Johanna por dois dias seguidos. Se ele ao
menos soubesse que eu “a conhecia”, minha vida se transformaria num inferno
pior.
O
pior é que ele tinha razão. A garota não era só gostosa, desfrutava de uma
beleza fora do comum. Uma beleza que me fazia ficar indeciso entre ela e
Arielle. Por enquanto, espero que seja apenas nesse quesito. Johanna havia me
dado motivos o suficiente para não gostar dela.
Tentei
esquecer o que havia acontecido e cheguei no apartamento o mais rápido que
pude. Jamie já estava lá, com a guitarra no colo e uma cerveja na mão. Nick
chegou cinco minutos depois de mim e Matt demorou trinta. Conversamos sobre os
nossos dias, Jamie era o único que não havia começado a trabalhar ainda
portanto tinha ficado de folga o dia todo e ficaria por mais um mês. Nick
trabalha em uma loja de CDs e comentou que fica irritado sempre que vê
garotinhas comprando discos dos piores e mais famosos cantores pop da
atualidade. Matt é um bartender em um
dos melhores pubs de SoHo e conseguiu um cargo de produtor em um pequeno
festival, além de uma paquera no pub.
—
Ray disse que ela sempre está por lá. — disse ele, brincando com suas baquetas.
— Os olhos dela... Puta merda. Ferozes esmeraldas, garanto que qualquer um de
vocês ficaria completamente perdido naquele olhar de “eu não pretendo fazer
nada de bom”.
—
Ela realmente deve ser muito bonita.
—
Isso tudo é ótimo, mas será que dá para ensaiarmos? — insisti. — Daqui a pouco
fica tarde e não podemos fazer barulho.
—
Não podemos fazer barulho? — questionou Jamie, enquanto nos encaminhávamos para
a sala onde os instrumentos estavam. — Alex, estamos em New York. Ninguém dorme
aqui. E eu garanto que se a pessoa veio aqui para dormir, ela certamente não
fez uma pesquisa sobre essa cidade antes.
Revirei
os olhos. — Tudo bem, mas não vai ser agradável para Arielle e sua família
muito menos para os outros vizinhos. Você entendeu o que eu quis dizer.
Jamie
deu de ombros e pendurou sua guitarra laranja pela alça. Matt sentou-se no
banquinho de sua bateria e começou a fazer ritmos num estilo The White Stripes
em seu primeiro álbum. Nick afinou o baixo e eu fiz o mesmo com minha guitarra,
testando um solo que eu trabalhava há um tempo antes de me mudar para New York.
Eu pretendia fazer uma música para Arielle e aquele solo com certeza estaria
incluído.
Nos
organizamos. Ordenei as cifras e começamos a praticar. Estava bem barulhento, minha
voz era quase impossível de se escutar, mas infelizmente não havia outro lugar
para treinar.
Tocamos
“Riot Van” para começar. Era uma das primeiras músicas que havíamos composto e
ainda estava em processo de finalização; ainda não estávamos satisfeitos com o
começo da letra e a guitarra. Depois veio “Knock A Door Run”, a qual eu
pessoalmente achava uma das melhores mas mesmo assim não colocaria em um álbum
caso conseguíssemos produzir um. Tudo o que tínhamos eram mixtapes gravadas na
antiga garagem de Nick. Eu sentia falta da mãe dele levando biscoitos e outros
lanches para nós todo final de tarde. Eu sentia falta de Sheffield.
—
Não, Jamie, você sempre toca os acordes errados! — resmunguei, parando tudo
pela quinta vez. Era coisa minha, eu sempre estava “metendo bronca” nos caras.
Nossas relações eram como a de professor e aluno: o que acontece na sala de
aula, fica na sala de aula. — Matt, tente ser mais suave na bateria, ok?
—
Mas...
—
Sem "mas". E Nick, isso é meio contraditório mas seu baixo está muito baixo. Será
que sou o único que consegue fazer certo? — levantei meu tom de voz. — Eu estou
falando sério, caras. Se não nos esforçarmos, nosso sonho vai por água abaixo.
Tentamos
“I Haven’t Got My Strange”, a qual eu parei sete vezes por conta da bateria e dos
backing vocals. Matt já estava ficando irritado.
Deixei
isso para lá assim que, com sorte, ouvi a campainha. Encostei a porta do quarto
e pedi para que eles esperassem até que eu voltasse. Quando abri a porta, vi
Johanna parada em pé à minha frente com as mãos atrás das costas e um sorriso
no rosto. Ela não disse nada.
—
Olá. — eu disse, coçando a cabeça. — Você... Quer alguma coisa? — seu sorriso
desmanchou-se e ela logo voltou com aquela mesma expressão facial do mesmo dia
em que a vi pela primeira vez. A expressão que dizia ‘chegue-perto-de-mim-e-eu-te-mato’.
—
Na verdade, sim. Eu vim aqui para... Hum... — ela fez uma careta, como se fosse
o próprio diabo sendo forçado a rezar. — Pedir desculpas pelo jantar.
Arqueei
uma sobrancelha. Johanna estava pedindo desculpas para mim? Pelo jeito que ela
havia o feito, obviamente fora forçada, mas dava para ver que aquela garota
fazia só fazia o que queria.
—
Pedir desculpas? Isso não é lá muito a sua cara. — me encostei na porta.
Johanna
revirou os olhos e começou a se afastar. — Que seja, imbecil, então esqueça que
eu disse tudo isso.
—
Ei, espera! — a puxei de volta, deixando nossos olhares acidentalmente se
encontrarem. E cara, que olhos. Não era à toa que Miles não calou a boca por
quarenta e oito horas, diga-se de passagem. — Eu aceito as suas desculpas.
—
Você nem ao menos acredita na existência delas.
— É
porque você foi bem mal-educada. Não foi legal.
—
Pelo menos meu ego não chega a ser ridículo como o seu.
Foi
como um tapa no rosto. E ela estava certa, por um lado. Seu ego era muito maior
do que o meu.
—
Com licença? — cerrei os olhos, cruzando os braços.
— É
isso mesmo, eu vi você sendo um cuzão no seu ensaio.
Parei
por um minuto para reorganizar os pensamentos. Johanna estava nos espionando?
—
Há quanto tempo estava espionando a gente?
—
Eu não diria espionando, mas tempo o
suficiente.
— E
aí, o que achou? — sorri de lado. Johanna parecia confusa com a pergunta, mas
logo respondeu:
— O
instrumental é mais ou menos, ficaria mais legal se o vocalista não fosse um
babaca.
Ao
invés de insulta-la de volta, ri. Era o único jeito de lidar com aquela garota.
E o melhor, pelo visto, pois eu havia conseguido irrita-la.
—
Vem cá, vocês já estão investindo em alguma gravadora ou algo assim?
—
Não. — balancei a cabeça. — Por enquanto, somos só uma banda de garagem mesmo.
Sem a garagem.
—
Quer um conselho? — foi quando percebi: estávamos conversando. Aquilo era
incrível. — Peguem mais pesado no som.
Não,
aquilo não era incrível.
—
Não acha nosso som pesado o suficiente?
—
Acho que vocês conseguem se tentarem. — ela deu de ombros. — É só você parar de
interromper uma música cinco vezes seguida e deixar tudo fluir.
—
Até porque você entende muito de música. — debochei, bocejando ao mesmo tempo.
— O
que você disse?
—
Você não entende nada de música.
—
Não?
—
É.
Imaginei
que ela fosse soltar um berro no meio da minha cara, mas Johanna simplesmente
riu e aquilo não me deixou nada contente.
—
Qual a graça?
—
Você não pode estar falando sério. Olha só para você! Quer mesmo disputar esse
assunto com uma Nova-Iorquina?
— O
fato de você ter nascido aqui não muda nada. — argumentei.
—
Pelo contrário — ela se aproximou novamente, deixando nossos rostos bem
próximos. Ela era cinco centímetros mais baixa que eu, no mínimo. —, isso muda
tudo.
—
É? — questionei, ainda num tom de deboche. — Então me explique como.
Johanna
se preparou, como se fosse dar uma palestra. — Vamos analisar cada um de nós,
ok? Eu moro em New York, nasci e cresci aqui com interesse principalmente por
artes e música. Você é um inglês novato metido a besta que acha que sabe de
tudo mas não sabe. Se tem alguém aqui que entende de música essa pessoa sou eu,
e se eu fosse você dava o fora daqui, porque se você não aguenta um conselho “pseudo-crítica”
vindo da irmã da sua namorada, você certamente não pertence à essa cidade.
Olhei
para ela de boca aberta até que ela trocasse o peso de uma perna para a outra.
Sim, eu não aguentava o fato de que ela estava certa e eu errado.
—
Você é bem durona para uma jovem de vinte e três anos, não acha?
—
Eu sou o que eu quiser. — cuspiu. — E tome isso de volta. — ela disse,
entregando para mim de volta a foto que eu havia deixado no apartamento de
Arielle. — Não faça isso. Sério. É muito gay.
Terminando,
saiu andando até o elevador do final do corredor. Eu ainda não tinha fechado a
porta.
— E
Alex — ela disse. —, se pensa que eu não te vi na livraria está muito enganado.
Fiquei
parado, em pé em frente à entrada igual a um idiota. O que caralhos tinha
acabado de acontecer? Talvez nem Deus tinha a resposta para isso. Nem o próprio
Satã.
—
Vocês viram? — cochichou Nick. — Cara, essa garota é.... FODA!
—
Eu nunca vi ninguém enfrentando o Alex antes — Jamie disse, fazendo meu sangue
ferver de raiva. —, isso é inacreditável. O que vocês acharam de ela ter falado
para a gente pegar mais pesado no som?
—
Eu concordo com ela.
—
Cala a boca, Helders! — eu disse, adentrando novamente a sala.
***
N/A: Don't speak,
Então, alguns assuntos a tratar...
Então, alguns assuntos a tratar...
1- Comentários. Sério, galera, eu sei que tem gente que lê essa fanfic e eu só posto porque eu sou trouxa e tenho esperança de que alguém vai comentar e porque como eu também posto no Spirit, é injusto continuar lá e não aqui. Mas lá as pessoas COMENTAM. E é legal quando recebo um recadinho, me motiva. E torno a dizer novamente, se você comentar agora eu não vou te xingar, mas vou agradecer a você por ter comentado.
2- Eu fiz outra capa pra fanfic. Sim. Eu sou muito chata com essas coisas e nunca tô satisfeita, por isso vou disponibilizar os links das capas e espero mesmo que vocês deixem um recado aí com a capa que vocês preferem.
Caso tenham dúvidas quanto a Johanna, sim, ela é a Dakota Fanning e num certo ponto da fanfic ela vai fazer merda no cabelo dela.
Enfim, digam o que acharam, sim? Sério.
Bjos.
Dúvida cruel mas acho que prefiro a capa 2. Esse cap foi o máximo, quero mais Alex+Johanna. Ela é uma peste. Kkkkk XOXO, Júlia.
ResponderExcluirobrigada pela opinião e pelo elogio! e sim, ela é uma peste. SUHASUHAS
Excluirbeijo <3
Muito bom!!!!
ResponderExcluirobrigada <3
ExcluirTo amando a personalidade da Johanna, ela é incrível. E eu achei as duas capas lindas, mas prefiro a primeira. Continua, por favor.
ResponderExcluirbeijos!!
johanna melhor pessoa <3 muito obrigada pela opinião. beijo!
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