Capítulo betado pela Bia Ramos
[Jamie]
- Eu não entendo. Você
está me usando ou algo do tipo? – Pergunto meio incerto.
O que leva um homem,
supostamente um dos chefes, me dizer que corro perigo? No mínimo duvidoso. O
que me deixa mais aflito com isso tudo, é que seu rosto está machucado e seu
olho arroxeia aos poucos, indicando que levou um soco bem ali. Seus lábios
cortados e seus cabelos desgrenhados, seu peito subindo e descendo em uma
respiração pesada e descompassada.
- Eu sei que soa
ridículo e duvidoso, tá legal? – Ele diz desesperado, mas ao mesmo tempo tentando
não fazer muito barulho.
Fiz um pouco de esforço
para levantar, ele me olhando intrigado, mas sem se afastar. Não parece o homem
que conheci há poucos dias. Agora está assustado, como uma criança com medo do
bicho papão. Posso usar isso a meu favor.
Com as mãos em frente
ao corpo, chacoalha-as em sinal de que explicará melhor. Me aproximo lentamente
até parar a uma distância que julgo ser segura.
- Por que de repente
você vem aqui, com a cara toda quebrada, me dizer essas coisas? – repito, em um
tom baixo e ameno.
- Eu estou cansado de
tudo e é por isso que eu estou aqui te avisando. Tem alguns utensílios que você
pode usar para destrancar a porta, a Skye normalmente sai da cabana às... – Ele
fala, mas o interrompo incrédulo.
- Você definitivamente
está me testando. – Solto uma risada nervosa, mexendo nos meus cabelos.
Sinto minhas pernas
doerem e sento na beirada da cama, descansando. O loiro vem em minha direção e
para na minha frente.
- Caralho, eu não estou
te testando! Você é esperto demais para achar que eu estou mentindo. – Ele diz
nervoso.
Eu tenho duas
alternativas: acreditar nele e possivelmente sair daqui e procurar ajuda, ou
simplesmente não acreditar e ficar preso, correndo claramente perigo.
Meu raciocínio está
lento, devido ao doping, mas me forço a pensar nas mais claras decisões e, se possível,
nas mais sábias. Torço meus lábios e respiro fundo.
**
[Skye]
Já está passando do
limite. Somos contrabandistas ou simplesmente crianças cuidando de algum
comércio dos pais? Não aguento mais lidar com pessoas incompetentes que colocam
seus desejos carnais acima dos negócios. Se não bastasse o caso do Edward, o velho
safado e nojento, que esteve me enganando todo esse tempo, eu ainda tenho dois
patifes ao meu lado. Um visivelmente abalado com todo o procedimento que
precisamos fazer na retirada dos órgãos, o outro visivelmente irritado e
enciumado. Será que Marco e Antonie não poderiam ser competentes?
Não é um negócio fácil,
mas prazeroso. Eu adoro como as pessoas ficam frágeis e limitadas quando estão
com medo e em situações de perigo. Eu gosto quando sinto as suas pernas e mãos
tremerem, simplesmente com a minha presença. Gosto de olhar no fundo dos olhos
dessas pessoas, e ver como elas são a podridão do mundo, a escória de todas as
espécies vivas do Planeta. Eu sinto prazer ao ver seus órgãos tão vitais em
minhas mãos, enquanto o corpo já sem vida morre à minha frente.
Eu sou a junção dos
dois. A vida e a morte, duas faces da mesma moeda. Todo o sofrimento que me foi
causado, tudo o que eu abri mão durante bons anos da minha vida, me fizeram
chegar a essa conclusão. Já vi a vida em sua melhor hora, mas a morte já me
encarou e me encara até hoje. Ela me segue aonde quer que eu vá, e contra ela
eu não posso lutar. Então a abraço, com todo meu coração e alma.
Enquanto passava pelo
corredor para preparar a janta dos meus hóspedes, escutei um cochicho vindo do
quarto de um deles. Não sou estúpida, muito menos burra, e já sabia que Marco
me trairia algum dia, mesmo com todo esse nosso amor doentio e possessivo.
Encostei meus ouvidos na porta do quarto de Jamie. Aliás, esse rapaz me dá trabalho.
Ele é esperto, muito mais que Alex. E parece que quanto mais eu tento o deixar
no escuro, mais uma luz ilumina sua mente.
Cuidarei disso depois,
antes que eu precise fazer o que eu faço de melhor.
Caminhei em direção ao
quarto de Alex, respirando fundo ao entrar, encarnando o meu melhor papel.
Recebi os olhos atentos e brilhantes do moreno em cima de mim, me estudando, me
desafiando, me querendo. Sorri timidamente para ele, que previsivelmente sorriu
de volta, puxando no canto dos seus lábios um sorriso malicioso. Aproximei-me
de sua cama, me sentando na mesma. Suas mãos geladas tocaram meu rosto, ele
depositou uma carícia singela ali, mas não tirou aquele sorriso presunçoso da
face.
Os carinhos
continuaram, fechei os olhos tentando sentir melhor a sensação que me atingiu.
Uma sensação estranha, mas extremamente única e gostosa. Abri os olhos,
encontrando os dele. Seu rosto agora estava próximo ao meu e a sua respiração
já batia contra minha face. Meu olhar se baixou para os lábios finos e secos de
Alex, e percebi seu olhar fazer o mesmo caminho pelo meu rosto. Passei a língua
sedutoramente por meus lábios, já entreabertos. Seu peito, assim como o meu,
trabalhava rapidamente, em busca de ar.
Estávamos
tão próximos... Tão próximos.
- Alex... – Disse
baixinho, tentando não me perder em meu plano.
“Eu
estou no comando”, repeti mentalmente diversas vezes. Ele
me olhou curioso, mas não se afastou nem um milímetro. Coloquei minhas mãos em
seu peito. Podia sentir mais do seu corpo, mesmo com a camisa fina cobrindo
aquele peitoral definido. Passeei com meus dedos por ali, acariciando
delicadamente a região. Minha inconsciência me levava para o cós da calça de
moletom que eu havia dado para ele vestir. Torci os lábios ao perceber seu
olhar ansioso sobre o meu.
- Diz. – Ele falou tão
baixo, que quase não pude ouvir.
Respirei fundo e me
concentrei, ou tentei, na minha tarefa principal. Manipulá-lo. Eu podia usar
essa pequena tensão sexual que havia entre nós a meu favor. Sair por cima e
conseguir com que ele acredite em mim e na minha ingenuidade.
- Jamie está com
problemas. – Disse baixinho e fiquei atenta ao seu olhar, que mudou. Como da
água para o vinho. Uma nebulosidade estritamente excitante se formou em seus
olhos, ele arqueou as sobrancelhas e se afastou um pouco do meu corpo. – Ele
está com delírios, não sabe muito bem o que fala. – Continuei a dizer o que
havia planejado.
Eu ouvi Marco conversar
com meu outro hóspede. Eu precisava estar um passo a frente sempre, portanto,
eu sabia que Jamie iria dar um jeito de falar com Alex, mas se eu me adiantasse
as coisas não sairiam errado.
- Co-como assim? – Alex
disse confuso.
Não me permitia sentir
pena das pessoas, porque esse sentimento é para os fracos. Mas vendo um homem
tão másculo, com uma voz e um sotaque perfeito sendo frágil daquela forma, me
deixava angustiada e confesso até um pouco irritada.
- É tão difícil
dizer... Eu tentei fazer de tudo. – Continuei, tentando embargar minha voz para
que Alex sentisse que eu estava dizendo a verdade. Olhei para as minhas mãos,
ainda envolvidas pelas dele. Sentia sua pele fria e trêmula sob meus dedos e os
apertei. – Eu tentei dar a medicação, achei que funcionaria, mas Jamie bateu a
cabeça na queda e agora está louco, alucinando... Eu não sei o que fazer, ele
me disse coisas horríveis. – Forcei-me a soltar uma lágrima, com sucesso, pois
senti seu dedo anelar enxugar a pequena gota que correu por minha bochecha.
- O que podemos fazer
por ele? – Alex me disse sereno, mas visivelmente preocupado.
- Vamos levá-lo para a
cidade vizinha. – Menti. – Lá tem um hospital com melhores condições. – falei
novamente, olhando atentamente para as expressões que se formavam em seu rosto.
- Posso vê-lo antes? –
Alex pediu.
Uma raiva se instalou
dentro de mim. Não era uma irritação qualquer, era aquela, aquela que tanto me
mata dia após dia e que eu luto para controlar. Imaginei qualquer coisa e
respirei fundo, pensando em uma resposta.
- Não, na verdade. –
Ele me olhou confuso. – Antonie já o levou. – a feição de Alex ficou estranha e
interrogativa. Estava desconfiado. Precisava reverter à situação.
Aproxime-me novamente dele. Com uma mão
acariciei seu peito e, com a outra, acariciei seu rosto. Ele me olhava, estava
triste, eu podia sentir. Abaixei meu olhar para seus lábios e enfim fiz o que
tanto queria fazer. Beijei-lhe calmamente, não houve um contato com a língua no
primeiro instante, mas em alguns segundos, Alex entreabriu seus lábios e eu
pude aprofundar o beijo.
Suas mãos foram para os
meus cabelos, puxando-me mais para si. Minhas mãos se depositavam em sua nuca
e, em um momento oportuno, passei minhas pernas por seu tronco, sentando-me em
sua intimidade. Alex arfou entre o beijo, aproveitei o momento para buscar um
pouco de ar que já me faltava. Sem desgrudar de seus lábios, abri os olhos e
encontrei os dele totalmente fechados. Meus olhos sorriam, já que minha boca
estava ocupada entretendo-o. Suas mãos passeavam por minha cintura e erguiam a
minha blusa vez ou outra. Ele estava
rendido a mim, eu adorava aquilo. Eu adorava.
**
MINUTOS DEPOIS
[Jamie]
- Cara! Acho melhor
você se mandar logo. Ela vai aparecer. Você sabe como ela é astuta. – Disse
nervoso enquanto voltava para a minha cama.
Marco havia me contado
sobre o contrabando de órgãos, havia me contado que Skye tinha transtorno de
personalidade antissocial¹, que não havia empatia dela por pessoas e que
provavelmente ela se encaixava no grupo de sociopatas. Eu estava aterrorizado.
- Não vai ser preciso.
– A voz da ruiva interrompeu meus devaneios.
Vi Marco ficar pálido e
sua feição estava assustada. Antonie estava logo atrás de Skye, sorrindo maroto
enquanto olhava o loiro no canto do cômodo.
- Skye, eu posso
explicar... Eu... – Marco começou a dizer, mas Skye simplesmente não dava a
mínima para ele.
Ela olhava para mim.
Seu olhar queimava, soltava faíscas. Parecia que eu estava na beira de um
penhasco, no precipício, no abismo.
Skye desviou seu olhar
e se voltou para Marco. Até então, suas mãos estavam atrás de seu corpo, mas
quando foram reveladas, eu havia entendido o que ela escondia. Uma faca.
Antonie veio em minha
direção. Senti sua mão me puxar pelo braço, me fazendo levantar de supetão. Ele
torceu meus pulsos e levou meus braços para trás do meu corpo, prendendo em
algo frio, que deduzi ser uma algema. Logo em seguida, um pedaço de pano foi
para a minha boca, tentei comprimir os lábios, mas ele forçou minha mandíbula
até eu ceder. Minhas pernas tremiam, eu estava me borrando de medo. Skye olhava
a situação tranquilamente, como se aquilo fosse algo normal. Talvez fosse para
ela. Algemado e amordaçado e com medo. Antonie continuava me segurando firme,
tentei gritar, mas sabia que era em vão.
A atenção já não era
mais para mim, e sim para Marco. Skye se aproximou dele delicadamente. Pude
vê-la tocar os lábios do loiro com os dedos. Marco tentou afastá-la, mas ela o
impediu. Colou seus corpos, com a faca pronta e afiada na jugular do loiro. Ela
o beijou, um beijo intenso. Ele havia correspondido, deduzindo que deveria ser
o último beijo que daria. Enquanto os lábios ainda se tocavam, como uma poesia
obscura, o sangue começou a escorrer pelas mãos de Skye e logo Marco começou a
engasgar liberando todo o sangue em seu corpo. A ruiva se afastou, ela não
tinha expressão nenhuma no rosto. Ele caiu de joelhos em sua frente, a poça de
sangue já se formava ao redor dos dois, os olhos deles estavam marejados. Senti
um nó na garganta e tentei me controlar. Eu nunca havia visto ninguém ser morto
na minha frente. Aquela cena era demais para mim.
Skye se aproximou do
corpo já sem vida do loiro. Abaixou-se, limpou a faca na roupa dele. Um ato
repugnante e totalmente frio. Tentei controlar a minha vontade de vomitar, o
cheiro do sangue, os olhos ainda abertos de Marco pareciam olhar diretamente
para mim. Respirei fundo e me contorci, dando uma cabeçada em Antonie.
Eu tentei caminhar, mas
fui golpeado nas costas. Cai no chão, em frente ao corpo do antes vivo, Marco.
Fechei os olhos tentando não olhá-lo, mas meus cabelos foram puxados e pude ver
Skye me encarando firmemente.
- Você será o próximo
se não cooperar. – Ela disse me dando um leve tapa no rosto. Levantou-se e pude
ouvir sua voz ordenar. – Antonie, leve esse hóspede ao porão e depois se livre
do corpo de Marco. – Completou, com simplicidade.
Essa mulher me dava
muito medo, me causava a pior sensação do mundo. Pude sentir meu corpo ser
puxado e arrastado. Eu estava fraco e mal conseguia enxergar. Após pensar em
Alex e em que como ele estaria, tudo ficou completamente escuro.
________________
¹O Transtorno de Personalidade
Antissocial, vulgarmente chamado de Psicopatia ou Sociopatia, é um transtorno
de personalidade descrito no DSM-IV-TR, caracterizado pelo comportamento
impulsivo do indivíduo afetado, desprezo por normas sociais, e indiferença aos
direitos e sentimentos dos outros. A psicopatia é caracterizada,
principalmente, pela ausência de empatia com outros seres humanos (quando não
pertencente a família), resultando em descaso com o bem-estar do outro e sérios
prejuízos aos que convivem com eles. Esse desvio de caráter costuma ir se
estruturando desde a infância. Por isso, na maioria das vezes, alguns dos seus
sintomas podem ser observados nesta fase e/ou na adolescência, por meio de
comportamentos agressivos que, durante estes períodos, são denominados de
transtornos de conduta. Não demonstram empatia, são interesseiros, egoístas e
manipuladores. Conforme se tornam adultos, o transtorno tende a se cronificar e
causar cada vez mais prejuízos na vida do próprio indivíduo e especialmente de
quem convive com ele. (WIKIPÉDIA, Transtorno de Personalidade Antissocial).
N/A: Ei meninonas lindas. Obrigada pelos comentários no capítulo anterior. Significa muito para mim. Esse capítulo explica bem o que a Skye pensa e faz. Não decidi ainda se ela vai ser uma sociopata ou uma psicopata, por isso coloquei a definição como um todo na nota. Já escrevi o epílogo, mesmo faltando no mínimo +7 capítulos para o fim. Acredito que vocês vão me odiar no final haha. Btw, mais uma vez obrigada a todos. ♥
Ahhhhhhhhhhhhhh! Melhor capítulo até agora! Então eles são contrabandistas de órgãos! Agora a historia ficou séria. Seríssima.
ResponderExcluirNão acredito que o Marco morreu. Apesar dele estar do lado dos vilões, ele tentou consertar as coisas no final.
E a Skye? Eu estou realmente odiando ela agora! Tipo, de verdade.
E enquanto eu lia, eu fiquei gritando por dentro "meu Deus, Alex! Não cai na dessa guria!".
E agora??? O que vão fazer com o Jamie?
Tô roendo as unhas de nervoso com essa fanfic, Anne! Ansiossima pros próximos capítulos!
Beijos <3
Enfim revelado o que eles são Hahahaha. Precisei matá-lo, para mostrar como a Skye é uma louca obsessiva. Aliás, o Marco pelo menos contou a Jamie e no próximo capítulo, as coisas ficarão mais tensas ainda.
ExcluirObrigada Rapha, mais uma vez. <3
O QUE FOI ESSE CAPÍTULO??? Anne do céu, eu nem sei se vou conseguir comentar porque estou sem palavras. Meu deeeeeeeus, é muito pra minha cabeça. É Jamie descobrindo tudo, Skye e Alex se beijando (aliás esse Alex ta me irritando pra caralho. Até nessa situação o cara tenta pegar a mina) Marco morrendo e Jamie sendo re-raptado!!!! Esse é o capítulo em que tudo fica claro (mas eu já sabia de tudo isso MUAHAHAHA). Cara. CARA!!! Não consigo lidar com isso hahah
ResponderExcluirMe dá o próximo capítulo logo!!!
Beijos, Bea <3
Haha Alex é um galinha mesmo, desconfia de tudo, mas mesmo assim, da corda para a cobra haha. RE-RAPTADO ahahhahhahahhaha amei!
ExcluirObrigada Bea, é muito importante a sua opinião. <33
Anne ,mttttttttt agoniante, eu parava , gritava e voltava a ler kkk , uma pergunta agr, vcs não vao mais voltar com now them , mardy bum ?
ResponderExcluirEu não sou a autora de Now them, mardy bum. Mas a fic não foi abandonada, que eu saiba. :)
ExcluirAnne ,mttttttttt agoniante, eu parava , gritava e voltava a ler kkk , uma pergunta agr, vcs não vao mais voltar com now them , mardy bum ?
ResponderExcluirEu acerteeeei OMG! Eu acertei o que eles faziam e a doença dela. Nosfa jndjwududjdn Que bicha mais safada e que Alex mais besta. O Jamie, to com medo por ele. Não sei o que esperar do fim... Estou em choque ainda. A morte de Marco foi friamente executada, eu odeio a vadia da Skye kkkkkkk Ao mesmo tempo eu gosto de como você desenvolve ela. Tá muuuuito bom.
ResponderExcluirBeijos, Steph <3