Pomona, Califórnia, dois de Junho de
2011.
Nick POV.
“Onde está o Alex?”
perguntei, me espreguiçando.
“Eu não sei”, resmungou
Matt, bebendo mais uma cerveja. “O canalha não atende ao telefone.”
“Ele já é grandinho, então
que se vire.”
Nada disso importava. Eu me
preocupava com meu amigo.
A festa dos caras do The
Vaccines para celebrar a turnê na América do Norte havia sido mais do que
ótima, porém acabou com todos nós. Seria uma ressaca de quarenta e oito horas,
sem dúvidas. Meu medo era que Alex tivesse ido para um pub e exagerado ainda
mais na dose.
Fui para o seu quarto. Dessa
vez, alugávamos uma casa de praia isolada porque todos, do nada, resolveram
deixar o hotel. O quarto provisório de Alex era de frente para a piscina da
casa e o último do corredor.
Entrei. Olhei para os lados,
era uma bagunça pura. Talvez ele tivesse deixado um bilhete.
Revirei as gavetas, montes de
roupas, lençóis, tudo o que eu vi na frente até que seu caderninho caísse no
chão, bem à minha frente. Sem hesitar, peguei o caderno e abri-o. Lá repousava
toda a sua imaginação, sua criatividade e suas fantasias, tudo em algumas
folhas de papel.
Por um minuto, me senti mal,
era quase como ler o diário de alguém. Mas eram só letras de música, que seriam
ou já foram compartilhadas comigo e com todos os outros.
Folheei. All My Own Stunts, cheia de riscos e
correções. Library Pictures, ocupando
duas folhas. E então, apareceu uma inédita. O nome, aparentemente, era Love Is a Laserquest. Os versos estavam
mal escritos, a letra de Alex piorava a cada página virada. Não havia um
refrão. Eu só conseguia perceber semelhanças entre as palavras “pretend that you were just some lover”
até que algo inesperado aconteceu.
No meio do refrão, a frase “Eu
a amo” apareceu repetidamente, uma ao lado da outra, enfileiradas, cobrindo
muitas e muitas páginas.
“Merda”, sussurrei para mim
mesmo enquanto examinava os pedaços de papel.
Cinco páginas. Cinco páginas
cobertas pela mesma frase, se repetindo quase que infinitamente.
“Ei, caras?” falei, um pouco
mais alto. “Venham ver isso.”
Alex POV.
Bati na porta, com força.
Poderia aparecer a mãe, o pai, talvez a própria Marine ali, eu não me
importava. Eu só queria aquela porta aberta.
Estava igual a um
desesperado. Chegava a ser vergonhoso. Uma garota de dezessete anos, como eu
pude? Era tão anormal e bizarro que até eu me assustava com os meus
sentimentos.
“Sim?” Ellie apareceu ao
lado da porta. “Alex? O que você está fazendo aqui?”
“Ellie”, agarrei-a. “Eu
preciso falar com a Marine. Agora.”
“Agora?!”
“Agora ou nunca.”
Ellie olhou de volta para a
porta entreaberta.
“Eu sinto muito, mas agora
não vai dar.”
“Por que? Me diga por que,
Ellie!”
Ela respirou fundo. “Agora
não é uma boa hora.”
“O que você quer dizer com
isso?!”
Ellie me empurrou para mais
longe, como se quisesse que eu calasse a boca.
“Vem cá, o que deu em você?
Ficou maluco?”
“Sim.” Bastou essa resposta
para que a mão dela voasse diretamente no meu rosto.
“Alex, pelo amor de Deus”
ela segurou meu rosto, virando-o de volta para a frente por conta do tapa.
“Olha só para você. O que é isso? Isso tudo é por causa dela?”
Percebi que o “isso tudo”
referia-se não só à minha aparência horrível mas também ao meu desespero. Eu
havia perdido o controle e nada se resolveria até que eu olhasse em seus olhos
novamente.
Acenei com a cabeça,
respondendo à pergunta de Ellie. Pela sua reação, não era nada bom.
É óbvio que não.
“O negócio é bem pior do que
eu pensava...”
“Ela não faz nem ideia, não
é?”
Ellie deu de ombros, como se
dissesse “fazer o que?”
“Ela acabou de brigar com a
mãe e a amiga irritante dela está em casa. Essa amiga irritante ficaria mais
irritante ainda se te visse, e pior, se soubesse do rolo que você tem com a
gente. É por isso que não dá para ser agora.”
“Por favor, dê um jeito”
implorei. “Eu prometo levar você conosco na turnê, mas por favor, faça alguma
coisa!”
Ela respirou fundo. “Tudo
bem, tudo bem! Espere escondido aqui. Não prometo nada.”
Escondi-me atrás de um
arbusto ao lado da porta e esperei. Esperei cinco, dez, vinte minutos. Minhas
mãos pingavam de suor, não duvidava que a situação era a mesma no meu pescoço,
peito e costas.
Então, finalmente, Ellie
apareceu.
“Você tem quinze minutos, e
eu não contei para ela que você está aqui. Não vá na sala nem na cozinha, na
verdade permaneça no segundo andar e quando for embora, pule da janela. Boa
sorte.”
Atravessei o arbusto,
espetando um pouco da minha perna e rasgando um pouco da minha jeans. Foda-se,
não era hora de pensar nisso.
Adentrei a casa. Olhei para
os lados. Do lado esquerdo, era possível ver a mãe de costas na cozinha. Do
outro, provavelmente a tal amiga que recebeu Ellie antes que eu fizesse
qualquer coisa. Silenciosamente, subi as escadas e procurei por Marine. Todos
os quartos estavam abertos e vazios. Exceto o banheiro, embora não fosse um
quarto.
Sem saber o que fazer, andei
de um lado para o outro até me aproximar da porta fechada. Toc-toc, bati.
“Já vai.” Ela disse.
Bati novamente. “Já vai,
Julie.” E de novo. “Eu já vou, porra!”
E mais uma vez, fazendo com
que ela abrisse a porta. “Julie, será que dá para... Alex?”
Ela arregalou os olhos,
ainda segurando a maçaneta. Estava assustada. Eu também estaria, no lugar dela,
e garanto que ela ficaria mais assustada ainda se soubesse o quanto eu sentia
falta de olhar naqueles olhos azuis.
Antes mesmo que ela pudesse
ter algum tipo de reflexo, empurrei-a para dentro e tranquei a porta.
“QUE PORRA É ESSA?”
“Shh....” coloquei meu
indicador em seus lábios. “Não grite.”
Eu a peguei de surpresa,
Ellie havia mesmo falado a verdade. Ela não sabia que eu aguardava por ela,
muito menos que tinha alguém aguardando por ela. Marine estava tão chocada que
não conseguia se mover direito.
“Eu só posso estar sonhando.”
Murmurou, passando a mão na testa.
“Eu também” ri, quase que
estranhamente. “Não acredito que é você na minha frente.”
Marine se virou para mim,
ainda assustada. “Cara, o que aconteceu com você?”
“Como assim?”
“Olhe-se no espelho, Alex.”
Ela apontou para o espelho enorme da parede. “Você já não faz isso há algum
tempo, faz?”
Obedeci-a. Não fui capaz de
focar em mim mesmo por mais de dez segundos, não só porque eu parecia um
viciado em cocaína louco, mas também por ela estar ao meu lado, olhando para
mim.
Encarei nossas silhuetas,
lado a lado. Marine parecia ter sido feita para mim, especialmente para mim,
não só um presente como um desafio. Naquele momento, eu pude finalmente
perceber e admitir para mim mesmo que eu não conseguiria viver sem ela.
Era doentio. Minha
atração por ela, minha necessidade de vê-la todo dia caso contrário eu iria
acabar comigo mesmo. Eu estava a um fio de perder o controle e agarra-la, ter
ela só para mim. Era loucura, loucura pura. E tudo isso por causa de uma
jovenzinha de dezessete anos, que já havia crescido demais.
“E-Eu...”
“Você precisa ir.” ela
tentou me empurrar numa tentativa inútil. “Vai logo.”
Sorri, ao assisti-la não
obter sucesso algum no que pretendia. Eu continuava parado, imóvel, no mesmo
lugar enquanto sentia a forcinha de suas mãos no meu peito.
“Eu vou”, eu disse. “Se você
me deixar falar.”
“Falar o que? Não tem nada
para ser falado entre nós dois. Vá embora, por favor.”
“Pelo contrário”, segurei
seu pulso. “Há muito a ser falado. Talvez não venha de você, mas de mim. Eu vou
explodir em mil pedaços se você não me escutar, Marine.”
Ela respirou fundo, abaixou
a tampa do vaso e se sentou, cruzando as pernas. Maldita.
“Tudo bem. Só não fode
comigo.”
Sorri, mas eu queria chorar.
Queria dizer que a amava tanto que chegava a doer. Olhar para ela doía. Puta
merda, não tinha dor pior.
“Eu fiz uma música para
você.”
Ela sorriu, mas logo se
desfez. “É sério?”
Concordei com a cabeça.
“Olha só a que ponto isso
chegou...”
“O que quer dizer com isso?”
perguntei.
“Que aconteceu o que não era
para ter acontecido.”
“E isso seria?”
Marine olhou para o lado e
fechou os olhos. “Não seja bobo, Alex, até um cachorro poderia perceber que
você se apaixonou por uma pessoa e essa pessoa sou eu.”
Suspirei. Ela infelizmente
estava certa.
“Não era para eu estar aqui,
pelo menos não ainda.” Me encostei na parede. “Eu vou embora amanhã à noite.”
Marine tentava ser durona,
mas dessa vez ela não havia conseguido.
Nem eu mesmo conseguia.
Marine POV.
As palavras de Alex vieram
de uma vez só. Não queria deixar transparecer, mas fora impossível, ainda mais
porque não nos víamos há quase dois meses.
“Pensei que havia voltado
para me irritar.”
Ele riu. “Não, desta vez
não.”
Cruzei os braços, me
levantando. “Chega de brincadeiras, Alex. O que você quer?”
“Me despedir” disse,
tranquilo. “De uma maneira adequada.”
“E o que seria adequado pra
você?”
“Vá ao show de amanhã.” Ele
disse, mas antes que eu pudesse abrir a boca para responder ele continuou: “Sua
irmã também vai, pode levar a sua amiga, mas eu só te peço que vá. É o último
show da Califórnia e então você vai ficar livre de mim por um bom tempo.”
“Eu não sei não,” comentei. “Da
última vez que concordei com isso, fui parar no meio do nada.”
Alex agarrou-me pelos
ombros, me deixando cara a cara com ele. “Eu não vou deixar nada acontecer com
você.”
Olhei para o chão, tentando
não chorar. Era impressionante o quão Alex estava desesperado para passar mais
um tempo comigo.
“Tudo bem, tudo bem, mas com
uma condição.”
“Sim?” seus olhos brilharam
e eu sorri maliciosamente para ele.
“Distraia meus pais hoje à
noite.”
Foi uma troca de humor
esquisita e rápida, até ele mesmo estranhou.
“Como assim?”
“Eu vou sair hoje à noite, e
não importa se eles não deixaram, eu vou” eu disse, voltando à maquiar
meus olhos. “E eles precisam de uma distração para não desconfiarem que saí.”
Alex me lançou um olhar de
reprovação. “Que coisa feia, Marine, mentindo para os pais.”
“É isso ou nada de show, e
então nós nunca mais precisamos nos ver. A escolha é toda sua.”
Alex pensou por um tempo até
que concordasse.
“Certo, o que eu preciso
fazer?”
***
N/A: É isso aí galera, tecnicamente muito tempo se passou e isso significa que o fim tá chegando.
(P.S.: Alguém aí tá lendo (D)evil Twin?)
Como assim o fim já tá chegando? Mds. Alex ta mesmo apaixonado pra escrever cinco páginas inteiras com "eu a amo". Marine como sempre tentando fingir que não sente nada por ele. Imagina se Julie vê Alex na casa de Marine, ela ia ficar louca.
ResponderExcluir“Não era para eu estar aqui, pelo menos não ainda.” Me encostei na parede. “Eu vou embora amanhã à noite.” Não vai não, fica Alex 😭😭
Amei o capítulo, pena q já ta acabando 😭😭😭
Sim, eu to lendo (D)evil Twin e to amando 😄. Bjsss ❤️
Sim, tá chegando :-( mas pelo menos vai ter história com a Havana! E sim, Alex está mesmo muito apaixonado. E eu não quero que ele vá embora <//3
ExcluirMuito obrigada meu amor!
Bixa não pare! Continue assim fanfic! Que me matar igual a Bel com Be Cruel To Me? Meu Deus, vou sentir maior falta dela por ter acompanhado desde do primeiro capítulo. Estou apaixonada por essa fanfic e esse capítulo ficou divino. Adorei!
ResponderExcluirCara, que coisa linda que eu acabei de ler. Muito obrigada mesmo, é muito importante pra mim. <3
ExcluirNão sei o que falar, só sentir. Clichê, mas verdade. Tudo maravilhoso como sempre, mas eu já to sofrendo com o fim.
ResponderExcluirEu também :-( Muito obrigada querida <3
ExcluirA sua fanfic tá muito linda! Continua logo flor! Como assim tá chegando ao fim? Nãããão kkkk To acompanhando desde o começo e to sofrendo horrores com o Alex. To no aguardo do próximo capítulo. Beijos!
ResponderExcluirJá continuei, isso é bom ou ruim? skjfhsjhdjdf Beijão <3
Excluir“Ellie”, agarrei-a. “Eu preciso falar com a Marine. Agora.”
ResponderExcluir“Agora?!”
“Agora ou nunca.”
A princípio eu pensei que o 'agora ou nunca' era simplesmente desespero, mas não, ele ta indo emboraaaaa x0 Porém, não que ele não estivesse desesperado, aliás... "Estava assustada. Eu também estaria, no lugar dela" que bom que você tem consciência disso, porém, "Naquele momento, eu pude finalmente perceber e admitir para mim mesmo que eu" to com um problemão? não, obvio, "não conseguiria viver sem ela."
E o caderninho? escrever cinco paginas de 'eu a amo'... E ainda por cima escrevendo Love is a Laserquest... aiiiiii to mortinha - que nem o Ale-.
Mas enfim, todo esse desespero dele, que, devo dizer, estava transbordando dessas linhas, também me deixou desesperada. Fim? Nããão!!!
Ainda não tá com cara de 'felizes para sempre', mas eu sei que vai chegar, tem que chegar, mesmo que não seja bem assim, mas, bem!
Não posso esperar pela hora h, se é que me entende. Bom, bjs, e até o próximo!
Ana ;)
Vai chegar alguma coisa sim. Eu não ia deixar vocês sem nada.
ExcluirBeijão <3
Li esse capitulo e me senti desesperada junto com o Alex, sério!
ResponderExcluirHAHAHAHAH
gente, to com o core na mão sobre esse show, essa Marine, meo deeeeeeeeeeols