Stuck On the Puzzle 28: Keep Loving Me.

N/A: Tá acabando :-(

“Como consegue conversar e se trocar ao mesmo tempo?” perguntou Alex, de costas para mim.

“Anos de prática.”

“Como é?” ele inclinou um pouco o rosto.

“Bem, em geral, não consigo, mas a troca de roupa e a conversa para mim são excitantes, então...”

“Eu gosto dessa bota”, ele apontou para a minha Dr. Martens branca. “Por que não vai com ela?”

“Porque eu quero me sentir uma pirralha na pré-adolescência de novo.”

“Perdoe-me a palavra”, ele disse, ainda virado de costas. “Mas um par de All Star vermelho e de cano alto não vai fazer você se sentir o que você já é.”

“Ah, cala a boca.” Resmunguei, colocando meus colares.

Era finalmente a noite do show do Franz Ferdinand. Minha mãe não concordou em me deixar ir, por mais que Jimmy tivesse ajudado e oferecido para ir junto. A questão é que Julie havia dado duro para conseguir os ingressos e eu simplesmente não podia furar; digo, qual é, é Franz Ferdinand. Só um louco perderia o show desses caras.

Quando me dei conta, Alex tentava prender a risada. O idiota não aguentava e seu rosto já estava vermelho por conta disso.

“O que foi?”

Ele engoliu em seco e soltou um pequeno riso. “Nada, é que... Eu estava sentindo muita falta de te ver assim. Na verdade, eu estava sentindo sua falta.”

Não pude deixar de sorrir, e que merda. Ele viu.

“Eu... Meio que também senti falta de alguém me atormentando todo final de semana.”

Alex e eu ficamos quietos por um tempo. A situação estava desconfortável e estranha, ele coçou a cabeça e eu o nariz. Resolvi quebrar o silêncio e perguntei a ele como ele distrairia meus pais e ele disse que daria um jeito.

“Eu vou agora. Me dê cobertura, sim?” ele fez que sim com a cabeça. “Isso vai ser difícil, mas não deixe que a Julie te veja por nada nesse mundo. Combinado?”

“Combinado.”

Vesti um roupão enorme, assim como as calças cinzas que eu usava para ocasiões como essa. Amarrei meu cabelo num rabo arrumado e simples, chequei novamente se tudo o que era necessário estava dentro da bolsa e entreguei-a para Alex. Desci primeiro que ele e pedi para que ele ficasse no quarto de Ellie, onde havia uma janela que permitiria que eu visse ele e ele me visse, além de poder jogar a bolsa para mim.

“Não saia daí em hipótese alguma.”

“Olhando para você assim, de cabelo preso, roupão e cara limpa, parece até outra pessoa.” Ele riu, debochando.

“Cale a boca!”

Eu já estava indo embora, mas algo me fez parar e voltar a olhar para Alex, que já apoiava os braços na janela.

“O que foi? Esqueceu alguma coisa?”

“Bem...” eu disse, meio sem saber como falar aquilo. “Quer ir junto?”

Ele olhou para mim e riu. “Quem é você e o que você fez com a Marine que me odeia?”

“Qual é, eu não te odeio.”

“Não?” seus olhos brilharam.

“Eu não te suporto.” Sorri, cínica.

“Pelo contrário, você me ama.” Ele se aproximou e levantou meu queixo apenas com seu dedo indicador, acariciando mais abaixo com o polegar. Dei um tapa em seu pulso e ele riu mais ainda. “Bom show para vocês.”

“Boa noite, senhor Turner.”

Fechei a porta silenciosamente e desci as escadas, entrando na sala de televisão, onde Jimmy e mamãe repousavam no sofá enquanto assistiam à um filme de romance francês. Bom, pelo menos Jimmy assistia, pois mamãe havia apagado em seu ombro.

“Boa noite, Jimmy.”

Jimmy deu um sorrisinho. “Durma bem, pestinha.”

Sorri de volta para ele. Eu queria rir, eu era uma péssima mentirosa. Apesar de eu sentir muita falta do meu pai, Jimmy era ótimo. Essa seria minha última saída escondida antes de dar um tempo. Mamãe já desconfiava, Jimmy não ligava muito e André sabia e ameaçava a me dedurar caso eu ferrasse com ele. No final das contas, era melhor dar um tempo de qualquer jeito.

Encostei a porta de maneira mais delicada possível e passei pela cozinha. Avisei para Julie que ela deveria estar lá fora em dez minutos e conversei com Ellie em particular sobre Alex. Disse a ela que ele estava em seu quarto e pedi a ela que distraísse Jimmy e mamãe juntamente com ele caso eles “acordassem”.

Faltava uma hora para a abertura dos portões. O show era tarde da noite. Abri a porta de entrada e me encaminhei para o outro lado da casa.

Alex POV.

Fiquei perdido na vista daquela vizinhança até que eu visse Marine chamando por mim lá embaixo. Acenei e joguei a bolsa, por sorte ela pegara de primeira. Ela se dirigiu até uma lixeira e de lá retirou um saco preto e vazio. Se despiu do roupão e da calça, soltou os cabelos e sentou-se para colocar os tênis All Star que pareciam mais vermelhos escuros naquele ângulo. Quando terminou de amarrar desajeitadamente e apressadamente os cadarços pretos, se levantou e fez sinais com as mãos para que eu pegasse aquele saco mais tarde. Fiz que sim com a cabeça e ela sorriu para mim com aquele sorriso dela. Aquela porra de sorriso. Aquele sorriso que pertencia apenas a ela e seria somente assim. Não era um sorriso, era o sorriso. O sorriso Marine.

Sorri tolamente. Aquela sim era a Marine que eu conhecia.

Ouvi um barulho na porta e virei-me imediatamente. Por sorte, era apenas Ellie.

“Oi.” Ela acenou com a mão.

“E aí?”

“Ela já foi?”

“Sim.”

E então, estávamos apenas eu e Ellie na janela, observando poucas luzes acesas das outras casas e escutando o som não muito alto dos carros do outro lado da rua.

“Eu já volto. Vou te trancar aqui por alguns minutos, se quiser dormir aqui não tem problema. Mas é que eu preciso fingir que sou a Marine dormindo lá em cima”, ela disse vestindo uma meia cheia de desenhos no pé.

“Tudo bem. Acho que vou ficar por aqui, se não for muito incômodo.”

“De maneira alguma. Tem um colchão aí embaixo e os lençóis estão na parte de cima do armário” Ellie já ia saindo do quarto quando parou e me olhou severamente. “Tente não fazer barulho.”

Concordei, engolindo em seco assim que ouvi a porta ser trancada.

***

N/A: Foi mal pelo capítulo pequeno. Mesmo assim, seria legal se vocês comentassem.

Roupa da Marine: http://www.polyvore.com/keep_loving_me/set?id=150286994

Beijos. ♥