Agora que Alex havia
ressurgido das cinzas, minha vida havia se transformado num inferno.
Começou com Jamie mostrando
os solos de guitarra para Ellie. Eu não tinha nada contra, até gostava. Então
ele fez menção ao Alex, disse que ele estava na cidade para a gravação do novo
álbum ou algo assim. Foi aí que todo final de semana Ellie aproveitava a saída
da mãe e do Jimmy para chamar os dois para tocarem. O que significava que
finais de semana não eram mais os gloriosos dias de comemoração pela folga da escola,
e sim os dias em que Alex me enchia até que eu perdesse a paciência. O pior de
tudo era que eu já estava me acostumando àquela rotina. Por um lado, eu tinha
com quem discutir e descontar a minha raiva pelos deveres de casa e péssimas
notas em Física.
Naquela noite, os dois
resolveram botar pra quebrar e eu aposto que tinha dedo da Ellie naquilo, só
porque eu precisava estudar para a recuperação. O problema é que parecia
impossível naquelas condições. Não tinha uma bateria lá embaixo, mas era como
se tivesse. O barulho era extremamente alto.
Meu quarto era o sótão, a
porra do sótão, a parte isolada da casa e eu conseguia ouvir tudo direitinho.
Eu torcia para que algum vizinho enfurecido tocasse a campainha reclamando,
porém infelizmente isso não aconteceu.
Pelo jeito eu vou ter que
deixar esses livros para outro dia.
Mas se eles querem guerra, é
isso o que vão ter.
Alex POV.
Já haviam se passado algumas
semanas e as demos do próximo álbum estavam prontas. Jamie contou para Ellie e,
de acordo com ele, ela não sossegaria se não mostrássemos. Estávamos só eu e
ele na casa, com uma caixa de som, guitarras e um mp3 player. Matt queria sair
para beber e Nick o acompanhou.
O nosso quarto álbum teria o
mesmo título da música “Suck It and See”, a qual eu escrevi “sem querer” na
mesma época em que a trilha sonora de Submarine estava em produção. Analisando
aquela letra e várias outras prontas, eu ainda me via como um romântico sem
cura. E eu era. Não havia jeito algum de mudar isso. A única diferença era que
eu havia conseguido expressar aquilo somente através da música. E devo dizer,
nunca fui tão grato pela existência dela.
Dela e de outra pessoa também...
Outra pessoa que ligou uma
música alta bem no meio do meu solo em Don’t Sit Down e que me deixou puto da
vida.
A certeza de que Marine
tinha ligado aquela música só para nos irritar era absoluta. Não que eu
detestasse Metallica.
Sem tirar a guitarra pela
alça, subi até lá e peguei uma vassoura que estava encostada ali, para a minha
sorte. Comecei a bater a ponta na parede, mas de nada adiantou. O volume só
parecia ficar mais alto. Continuei a bater até ela aparecer.
“O que você quer?”
“Que você abaixe a música.”
“Não.” Cruzou os braços,
sorrindo.
“Não me venha com essa de ‘não’.
Você vai abaixar e ponto”, tentei subir mas ela me empurrou. “Ei! Mais cuidado,
por favor? Essa é a minha Les Paul personalizada e novinha!”
“Que se fodam você e sua
guitarra, eu não vou abaixar porra nenhuma!”
“Tudo o que eu estou pedindo
é para que você abaixe o volume! Eu quero treinar meus solos, porra!”
“Você acha que eu ligo? Vá à
merda!”
“EU COMECEI COM OS SOLOS E
EU PRETENDO TERMINAR!” berrei.
“Ah, isso ajudou bastante na
sua defesa, cuzão.”
“Eu só quero que você
abaixe! É pedir demais?”
“Eu não vou abaixar! A casa
é minha! Vai embora!”
Fuzilei-a com o olhar,
apoiando as mãos na cintura.
“Você não manda em mim.”
“Nem você em mim. Bom
ensaio, idiota.” Ela começou a subir as escadas, mas eu a puxei.
“Você está muito”, aproximei
nossos rostos. “Mas muito encrencada, garotinha.”
“Que porra está acontecendo
aqui?” gritou Ellie atrás de mim. O sorriso de Marine me deixou maluco de
raiva.
Eu estava mesmo puto e sua
expressão facial parecia dizer ‘missão cumprida’.
“Ellie, pode dizer ao seu
amigo para ele me soltar?” nós ainda trocávamos olhares que, se Ellie não
estivesse ali, poderiam provocar coisas nada boas.
“Alex, solta ela!” berrou
Ellie. Larguei-a, por mais difícil que fosse. A música ainda tocava.
“Vai embora”, ela disse,
olhando para mim.
“Eu ia, mas vou ficar só
para te irritar.”
“Não importa. A casa não é
sua. Vai embora.”
“Eu fui convidado.”
Alertei-a.
“Estou desconvidando.”
“Você não manda nele!” disse
Ellie, agarrando o meu braço.
“Nem ele em mim. Se a casa é
de todo mundo por hoje, eu também tenho direito a uma música alta. Portanto,
aproveitem a noite, insuportáveis.”
Marine voltou a subir as
escadas e Ellie a interrompeu.
“Dá para abaixar essa droga
de volume?!”
“Eu abaixo se eu quiser.”
Disse, enfim se trancando novamente no quarto.
Eu ainda olhava para a
portinha fechada, perplexo, enquanto Enter Sandman atravessava o teto e as
paredes. Marine estava bem pior do que da última vez. Ela estava mais rebelde
do que uma garota de quatorze anos que não se dá bem com a família. Senti a
necessidade de sair dali antes que Ellie notasse alguma coisa.
Ah, a quem eu queria
enganar? Ela já havia notado mesmo.
(...)
Marine POV.
12:51 AM.
Ouço batidas no que pode se
chamar de chão do meu ponto de vista. Demoro para levantar da cama, mas chego
lá.
“Resolveu desligar a música agora?”
disse Alex, parado de braços cruzados no corredor.
“O que você quer?”
“Sua irmã e o Jamie foram
comprar mais cerveja e eles pediram para que eu te fizesse companhia” suspirou.
“Na verdade, Ellie pediu.”
Sorri falsamente. “Eu
agradeço, mas estou bem sozinha.”
Fui fechar a porta, mas Alex
foi surpreendentemente rápido o bastante para impedir.
“Você não entendeu. Eles vão
demorar.”
Deixei meu braço pesar sobre
o chão, sem saber o que fazer. Alex estava estranho.
“Eu trouxe comida, se você
me deixar entrar...”
“Deixa que eu desço.”
Cortei-o.
“O que foi? Você por acaso
está guardando um extraterrestre secreto no seu quarto?”
Só aí percebi o quanto ele
era alto perto de mim e como ele forçava a barra para dar uma de irmão mais
velho.
“Não” sorri. “O que você tem
aí?” apontei para a sua mão.
“Nuggets e ketchup. Você
quer?”
“Opa, eu quero sim.” Peguei
um nugget e molhei no ketchup. Em seguida, desci as escadas enquanto comia, mas
Alex não me seguiu.
Irritada, subi novamente e
só tive a visão de suas pernas cobertas por jeans e botas pretas em um dos
degraus para o meu quarto.
“Turner, o que você ‘tá
fazendo?” perguntei, e ele apareceu com um sorriso de lado.
“Só estava olhando.”
“Não tem nada para olhar aí,
desce logo.”
“Ah, agora quer a minha
companhia?”
“Não quero que você entre no
meu quarto.” Corrigi. “É diferente.”
“Por que?”
“Porque eu não quero. Fim de
papo.”
“Que seja, já entrei lá
mesmo. Gostei dos pôsteres.”
Filho da puta!
“Você é insuportável”, falei
em português.
“O que?”
“Nada.”
Não falamos mais nada depois
disso. Nós fomos para a sala, que já estava uma bagunça. Um amplificador ali,
outro aqui, uma guitarra lá, garrafas vazias e restos de comida em cima da
mesinha.
Alex e eu ficamos sentados
no sofá em silêncio, assistindo a um programa inútil. Vez ou outra eu sentia
que ele me observava, mas eu fingia que nada estava acontecendo. Se eu tivesse
sorte, nada estava mesmo.
Do nada, ele pegou sua
guitarra e começou a tocar e murmurar uma canção. Parecia não se incomodar com
o som da televisão.
Olhei para ele, ao mesmo
tempo desejando não ter olhado. Era uma visão magnífica. Um rapaz de cabelos
escuros e bagunçados tocando uma guitarra com latas de bebida ao lado. Não sei
por que, mas por um minuto senti pena dele. Imaginei que, no fundo, ele não fosse
tão feliz assim.
O que está acontecendo comigo?
“Hm-hm” tossi. “Música
legal.”
Ele não tirou os olhos da
guitarra. Procurava por um acorde. Mesmo assim, sorriu. “Obrigado, senhorita.”
“Qual é o nome?”
“Ainda não tem um nome. Mas
pretendo coloca-la no álbum.”
“Maneiro. Você pelo menos
tem uma ideia?”
Alex encarou a guitarra por
um tempo, hesitando em responder. Ele soltou um riso fraco e ergueu a cabeça.
“Acho que vou chama-la de The Hellcat
Spangled Shalalala.”
Não pude evitar uma risada.
Ele riu junto.
“É sério?”
“A-ham.”
“Cara, de onde você tira
esses nomes?” perguntei, curiosa. Alex apenas testou dois acordes e disse:
“Você não faz nem ideia.”
***
N/A: Eu teria colocado The Hellcat Spangled Shalalala como tema do capítulo, mas daqui a pouco vocês vão perceber porque não. E aí, gostaram?
Que bom que vc não demora pra postar pq se não eu ia morrer de ansiedade. Alex frequentando a casa de Marine, com certeza ela não vai aguentar. Será que algum dia Ellie vai virar namorada oficial de Jamie?? E Rodrigo, quando ele volta pra fic? Ta meio sumido.
ResponderExcluir"What you waiting for, sing another fucking shalalala" ❤️
Amando a fic, por favor não pare de escrever, mil beijos ❤️❤️😍
amo quando me elogiam por isso ♥
Excluira marine não aguenta mesmo, mas ela adora quando ele tira ela da rotina, só não quer admitir. eu ainda não decidi um final para a ellie, então por enquanto só vamos caminhando!
e sobre o rodrigo, teoricamente ele fala com a marine todo dia, eu só não descrevo porque sinceramente? tenho preguiça ahsaauashuash e também que ninguém ia aguentar mela-cueca de casal toda hora, não é?
não vou parar de escrever nunca com um comentário desses. beijão e muito obrigada ♥
marineeeee, vamos pararrrr aproveita gata!!!
ResponderExcluiro que dizer desse cap que mal conheço mas ja considero pakas? ai ai esse alex indo na casa dela, uma hora vai \o/ HUSHAUDHASUHDUHSUA
isso aí, uma hora vai! SUHAUSHUAH
Excluirbeijo ♥
"Olhei para ele, ao mesmo tempo desejando não ter olhado. Era uma visão magnífica."
ResponderExcluirSinto a mesma coisa! haha ( mas nunca tive uma visão plena dele ao vivo :'(
Falando nisso, quanto tempo passou desde que o Alex foi pra Wales? E tipo, apesar de eles terem supostamente amadurecido, a Marine nos vem com uma declaração de guerra sahusha
E é isso mesmo? Vai ter uma música perfeita de SIAS pra cada capítulo? x3 Mal posso esperar pra quando ela estiver realmente caidinha pelo Alex!
( E sobre isso, como a Ingrid falou, o que vai ser do Rodrigo? )
Ai, mas é isso, continue com seus capítulos maravilhosos!
Bjs, Ana
você não sabe a tamanha vontade que eu tive de ser a marine nessa hora asuhsauhsahu :(
Excluirentão, eu coloquei na fic, mas você não deve ter visto. o alex foi para wales e ficou um bom tempo lá, não só para a produção do soundtrack de submarine mas também por lazer e para dar um trato nele (e nisso eu digo mudar o visual, deixar de ser tímido e etc.). quando a julie apareceu, já fazia uma semana desde então, e no capítulo "Fuck the People" a Marine diz que ela está vestida como no dia em que se conheceram, já faziam três meses.
"Sem olhar para trás, atravessei a rua e toquei a campainha da casa de Julie. Em segundos, ela estava ali com uma roupa parecida com a que usava no dia em que nos conhecemos, o que foi há três meses atrás... Cara, já fazia tanto tempo assim? Por mais que três meses não fossem muito tempo."
Tipo, três meses é pouco tempo demais em relação à umas coisas, mas é um outro universo e eles conseguiram mudar muito. Quer dizer, não são exatamente as mesmas pessoas que eram quando se conheceram.
Sobre o SIAS, ele vai ser muito presente agora, só que nem sempre vão ser temas de capítulos, mas aqui vai um spoiler: Hellcat, Love Is a Laserquest, Suck It and See e Evil Twin (mesmo sendo b-side) com certeza são.
Como eu disse para a Ingrid, teoricamente o Rodrigo ainda fala com a Marine todo dia, eu só não descrevo porque ia ficar o mesmo blá-blá-blá de sempre e praticamente ninguém aqui gosta dele.
Enfim, desculpa pela bíblia em forma de resposta, mas espero que suas dúvidas tenham sido esclarescidas. Qualquer coisa é só perguntar!
Beijão pra você, Ana ♥
Ansiosa pra saber porque o capítulo não se chama the hellcat spangled...
ResponderExcluirAin, a história tá numa parte tão bonita, gosto muito da ideia dele amadurecendo (apesar de quê, ele parece uma criança perto dela de vez em quando).
Quero mais, Gi!
acredite, algo grande está vindo por aí. e quem não vira uma criança perto da pessoa que gosta?
Excluirpode deixar que continuo, Isys. muito obrigada e um beijo ♥
Maissssss e logo por favorrrrrrr! Eu entro no blog a cada 2 horas na esperança de ver outra atualização :(
ResponderExcluirJá continuei!
Excluirbjos, gi <3