Knee Socks - chapter 2 - In the right place and time

Saí do banho com a toalha enrolada nos cabelos, cansada e confusa sentei na ponta da cama. Acho que tinha perdido a linha do raciocínio quando fechei os olhos, era comum isso em mim, os abri novamente para que pudesse pensar melhor.
Parar pra pensar me ajudava a continuar. Olhando para as paredes do meu quarto eu pensava na vida. Ontem, hoje e amanhã.
Tudo estava bem, será mesmo? Acho que de algum modo nada era perfeito como parecia. Não que eu escondesse o que eu realmente era, mas medo, vergonha e repulsa do passado não são coisas que tornam um presente e futuro perfeito... Pensando nisso lembranças vieram em minha mente.

Flashback on

Minha cabeça rodava. Eu estava parada na porta do meu apartamento, eu sabia que ao entrar Carl começaria a falar, eu não estava com paciência pra isso. Abri a porta.

Ele estava sentado no sofá, seu rosto era tenso e de poucos amigos. Ele veio até mim.
_Onde você estava Brigg? – ele me perguntou sério.
_Por que você me pergunta algo que já sabe? – eu passei por ele sem olhar no seu rosto.
Andei até o meio da sala me jogando no sofá e largando minha bolsa no chão. Carl seguia meus passos.
_Isso tem que parar Brigg, tem que parar! – ele dizia repetidamente.
_Eu paro quando eu quiser você sabe... – eu não prestava atenção no que dizia.
Ele se levantou, parecia furioso.
_Você sabe que não é assim! – ele disse saindo do apartamento batendo a porta.
Fiquei imóvel no sofá, eu não me importava. Eu não estava em mim, mas eu era a única que não percebia isso. Talvez nunca largasse isso, talvez. Porque sabia que Carl sempre estaria ali.

Flashback off

Sentia a tristeza tomar conta de mim quando minha mente saia do transe que essas lembranças me deixavam. As paredes claras do quarto do mesmo apartamento me assombravam. Me levantei respirando fundo, fui até o armário e peguei uma caixinha de remédios: calmantes, eu precisava deles agora.

Na cozinha engoli o remédio amarelo com alguns goles de água. Suspirei ao olhar para sala e lembrar tudo outra vez.
_Passado Bridgitti, passado – eu dizia pra mim mesma.
Tentando ocupar minha mente com coisas boas, sorri ao lembrar de horas atrás, o que fora aquilo mesmo? A lembrança do rosto de Alex me fez sentir bem. Pensei mais sobre isso.
Ele havia me escutado falar com Mel, isso era fato. E o que eu disse sobre Alexa e ele era provável. Mas o que ele poderia me dizer? Obrigado? É, Eu sempre dava bons conselhos.
Voltei para o quarto, e deitei. Sem filmes, nem música, nem livros. Tudo que eu precisava era: eu, minha mente e lembranças boas. Resgatei aquelas que me faziam bem e adormeci num sono tranquilo e profundo. Sim, eu havia tomado calmantes.
O dia estava calmo, bem até eu encontrar Melanie no corredor da redação, ela estava vindo em direção a minha sala.
_Onde vocês esta indo? – ela me perguntou, estava visivelmente nervosa e impaciente.
_Eu estava indo levar isso pro Jeff...  – apontei para os papéis na minha mão.
_Preciso falar com você – ela me pegou pelo braço e voltamos o caminho para minha sala.
_Ok.
Me sentei na pequena poltrona perto da minha mesa, ela andava de uma lado pro outro falando.
_Eles estão chegando – ela olhava pra mim esperando que eu falasse alguma coisa.
_Eu o encontrei ontem – resolvi contar a ela.
_Encontrou quem Brigg, eu estou muito nervosa, os Arctic Monkeys estão chegando e eu nunca tive uma entrevista com uma banda tão importante, você sabe – ela parecia brava?
_Eu o encontrei ontem – eu repeti, ela abriu a boca para fala, mas eu a interrompi – encontrei Turner na cafeteria ontem, depois de falar com você no telefone – expliquei.
Eu a analisava, ela não parecia estar melhor, pelo contrario, a notícia só a afobava mais. Me arrependi de ter aberto a boca.

_Como foi isso? Me explica direito, por favor – ela se sentou ao chão em minha frente.
Passei alguns minutos lhe contando como eu tinha percebido ele naquela cafeteria, o modo como ele me olhava e como me analisava como ele parecia um comum cidadão inglês, e o que havia dito pra mim.
_Parece que ele escutou o que você disse pra mim – ela finalmente disse.
_É, e provavelmente sobre Shumman – nós rimos.

Nessa hora Jeff abriu a porta colocou a cabeça na brecha da abertura, ele se dirigiu a Mel.
_Um bando de macacos chegaram aí – sorrimos, menos Mel, ela estava tensa – agora é com você Melanie.
Ela me olhou receosa.
_Você é ótima – eu disse aquilo pela milésima vez naquela semana – não esquenta a cabeça, relaxa, e que vai dar tudo certo, e sobre o que eu te contei – parei – esquece, não foi nada.
_Tudo bem, mas a parte que Alex Turner se interessou em você já esta registrada na minha mente – ela se levantava.
_Eu não disse isso – protestei.
_Eu não disse que você disse – ela retrucou saindo pela porta com um sorriso no rosto me deixando sozinha em minha sala.

Tinha bastante trabalho, e era nisso que eu tinha que me concentrar. Todas as lembranças que me vieram à mente ontem estavam me deixando meio confusa, pensar no Carl me doeu. Me pego pensando onde ele poderia estar agora, feliz espero. Jogo isso pra longe do meu foco e encaro meu notebook: preciso trabalhar.

Eu estava escrevendo sobre Michael Fassbender e suas transformações como ator, ele é incrível. Semana que vem eu iria entrevista-lo e já tinha tudo em mente. Agora tinha que preparar o artigo que estava trabalhando à semanas.
O tempo passou rápido, e eu imersa na filmografia de Michael não percebi isso. Como era fácil se esquecer do tempo pensando naquele homem, ri com a malícia de meus pensamentos.
Peguei minha bolsa e saí da minha sala, sentei no sofá que havia do lado de fora para esperar Mel, iríamos almoçar depois da entrevista dela com a banda.
Peguei meu celular e vi três ligações interacionais perdidas, vinham da França e eram de minha mãe. Desde que eu voltara pra cá ela sempre me ligava, ela era muito preocupada Eu pensava assim, mas a realidade era que ela não confiava mais em mim.
_Deixei você esperando – ouvi alguém me perguntar, tirando a atenção do meu celular olhei para cima.
Era Mel, estava acompanhada do pessoal da banda. Alex me olhava com um sorriso no rosto, provavelmente lembrando-se de ontem, eu corei boba. Mas que merda!
Nick, Matt e Jamie me cumprimentaram e eu sorri educada.
_Não, acabei de sentar aqui, muito trabalho – respondi.
_A moça dos bons conselhos tem nome? – Alex perguntou todos o olharam confusos sem entender, exceto Mel, claro.
_Brigitte Levitt – respondi o olhei nos olhos. Péssima ideia! – Mel, vamos almoçar? – me dirigi à Melanie.
_Claro! Pessoal, obrigado pela entrevista novamente – ela falava com eles – eu entro em contato com vocês, saberão quando a revista sair.
Jeff chegou agradecendo também, todos saímos pegando o mesmo elevador.
Quanto às portas metálicas se fecharam meu celular tocou, olhei no identificador de chamadas, era minha mãe. Ao que parece ela não iria esperar eu retornar mais tarde, atendi.
_Salut –disse atendendo.
_Salut, eu liguei pra você mais cedo querida, você não me atendeu – ela me acusava. Ri, sempre preocupada.
_Vi suas ligações mãe, esperava ligar mais tarde, no final do dia – tentei me defender.
_Ah sim, então como vão as coisas... – eu sabia do que ela falava.
_Estou bem mãe, tudo está bem por aqui, e então... Quando Pierre chegará em Londres? – mudei de assunto, meu irmão planejava vir pra cá passar uns tempos, férias ou algo do tipo.
_Em alguns dias, eu acho, mas ele falou que liga pra você.
_Está bem mãe, eu vou indo almoçar, amanhã te ligo e nos falamos com calma, pode ser? – o elevador tava chegando no térreo.
_Sim, sim, au revoir querida.
_Au revoir maman – desliguei.

Alex’s POV

Saímos da entrevista falando sobre as fotos que teríamos que tirar e essas coisas que complementariam a matéria sobre a banda. Melanie era uma pessoa legal, parecia meio nervosa durante a entrevista, mas tinha perguntas inteligentes. Ela era bonita, linda na verdade. Tinha os a pele clara, os cabelos loiros finos e lisos percorriam suas costas, seu olhos eram pequenos e azuis, extremamente magra e frágil.
Me perdi em pensamentos do fim de tarde anterior quando vi ao longe na direção em que caminhávamos uma mulher sentada em um pequeno sofá. Ela parecia esperar por alguém e olhava o celular. Parecia o lugar e a hora certa para observá-la.
Se Melanie era linda, essa desconhecida que eu nem ao menos sabia o nome era desconcertante. Seus cabelos eram negros como uma noite escura iluminada pelas estrelas que é sua pele clara e fina. Os lábios rosados carnudos e bem delineados concluíam sua beleza.
Seu olhos se ergueram quando Melanie falou com ela, elas eram amigas ao que pude notar, e assim pude ver aquelas lindas pedras esmeraldas que eram seus olhos, lindamente verdes. Ela corou quando notei que a olhava sorrindo. Será que eu havia me tornado um tolo por uma mulher que nem sabia o nome?

_Brigitte Levitt – ela me respondeu quando perguntei seu nome.
Sua voz não saía da minha mente, era como música para meus ouvidos. Doce, porem segura. Calma, porem direta.
Entramos no elevador todos juntos, inclusive o editor chefe e dono da revista Jeff Watson.
Fiquei ali parado a observando quando notei que ela falava alguma coisa. Mas que era aquilo?
Francês? Ela falava francês?
Vi Matt, Jamie e Nick me encarar não entendendo nada também, era muito confuso escutar alguém conversando em uma língua estranha. De todas aquelas palavras poucos conhecidas só consegui identificar o famoso “au revoir”. Ela desligou, e nos olhou confusa, com certeza sem entender porque a encarávamos assim.

Fim Alex’s POV

Eu deliguei o telefone. Estava morrendo de fome, e calculava mentalmente quanto tempo demoraria pra que o elevador finalmente parasse. Senti olhares em mim, congelei sem entender nada.
_Você fala francês? – era Nick perguntando.
_Ah, isso – eu ri – sim, falo.
_Ainda não conheço nenhum francês que não fale sua língua – disse Melanie.
_Francesa... – Matt parecia refletir, Alex sorriu olhando para mim.
_Nós duas na verdade – eu disse apontando para Mel.
_Oui – Jamie fez graça.
Todos riram enquanto as portas se abriam. Enfim o térreo, enfim teria meu almoço.

O dia parecia que só estava começando, e na verdade só estava mesmo.
O almoço foi como esperado, contive minha fome e pude dividir minhas expectativas quanto minha coluna sobre Michael com a Mel.
Parecia que todas aquelas lembranças da noite passada estavam distantes agora. Rindo e conversando com Mel tudo parecia estar esquecido. Era como sempre parecia, ate eu ficar sozinha com minha mente.
  

P.S: Ta aí o cap. 2 pra vcs (: E quero agradecer os comentários do capítulo anterior. Muito obrigada!!! é realmente estimulante. Mil beijos!! :33

7 comentários:

  1. Hm, esse passado misterioso de Brigitte Levitt... Quando vamos saber mais a respeito? (:
    A fic anda bem, só essa formatação do texto que está bagunçada e atrapalha a leitura, você consegue mudar?

    Aguardando próximos capítulos!

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    1. Quanto ao passado dela vc vai ficar sabendo ao passar dos capítulos, vem muita coisa por aí ... to cheia de ideias (: e a formatação mudarei a partir dos próximos capítulos (: Beijos

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  2. Tô bem curiosa pra saber sobre o passado da Brigitte.

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  3. Morro com esses mistérios sobre o passado!! Gostei muito da fic! :))))
    Quero mais!
    Beijos

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    1. Que bom que vc ta gostando, fico feliz!!! Vamos descobrir muito ainda sobre a Brigg.
      Beijos! (:

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  4. To amando a fic e to super curiosa!!

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  5. Bacana, bacana. Colocar um mistério depois da comédia, me deixou duplamente curiosa pelo que vem a frente.

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