I Wanna Be Yours



2010:

Fazia o possível para me aquecer em frente à lareira com meia dúzia de cobertores, vinho e cigarro enquanto a voz de Richard Hawley invadia a sala e Bob dormia em meus pés. Não existia estação mais deprimente do que o inverno. O frio era o de menos, o que realmente acabava comigo era por ser extamente a época em que eu e meus pais sofremos um acidente de moto, no qual minha mãe não resistiu.

Voltávamos de um jantar que minha avó havia dado em sua casa, e eu estava entre os dois. Tinha apenas dez anos. A estrada estava vazia, eu lutava pra não pegar no sono e meus pais cantavam alegres Heroes do Bowie enquanto viajávamos por aquela estrada imensa. Tudo tão escuro. Tudo tão calmo. Apenas o barulho da moto e a doce voz da mamãe que cantarolava DB
I, I will be king and you, you will be queen. Though nothing will drive them away. We can beat them, just for one day.


Surgiu uma luz, do céu ou do inferno, eu não sei, que cada vez mais enfraquecia o breu da noite. Ela parecia cada vez maior. Cada vez mais próxima. Senti Martha abraçando meu corpo e um estrondo invadir meus ouvidos. Nossos corpos foram arremeçados e a dor do impacto com o chão tomara conta do meu corpo. A luz desapareceu, o breu voltara e acompanhado do silêncio. Depois de alguns segundos eu não sentia mais nada, a não ser a minha mente que ia aos poucos despencando inconsciente. Meu corpo estava dormente, eu só conseguiar ouvir os gritos de papai chamando meu nome e o da mamãe.
Depois disso, eu não consigo lembrar de mais nada. Meu pai disse que a nossa sobrevivência havia sido um milagre de Deus. Eu acredito em sorte, porque se realmente fosse um milagre, mamãe também teria sobrevivido.

-- We can be Heroes, just for one day.
Proferi junto com a voz da mamãe, que ecoou pela minha mente.

Respirei fundo, enxuguei minhas lágrimas e resolvi ir para meu quarto. Antes, passei no estúdio pra dar boa noite ao meu pai.
Ele era produtor musical e dono do J. Tree Recording, que ficava dentro da nossa casa. Desde pequena ele me ensinara tudo sobre música e produção,  e agora eu era praticamente um ajudante dele nas gravações dos discos das bandas, que costumam se hospedar aqui por temporadas para compor, ensaiar e gravar.
Gosto de quando eles vêm, essa casa de alvenaria já é imensa e quando só está eu e papai ele parece triplicar de tamanho.

Morávamos em Joshua Tree, no Condado de San Bernardino. Era uma região praticamente deserta, tendo maioria como vizinhos: largartos, escorpiões e cobras. Mas eu gostava daquela solidão, apesar de tudo.

-- Pai?
Entrei assim que bati na porta. Ele parecia concentrado, analisava um álbum que possuia a capa em tons de roxo, mas não consegui distinguir de que banda era.
 Assim que notou minha presença, sorridente, tirou os fones.
-- Já vai deitar, querida?
-- Vou sim, estou cansada de não fazer nada. Mas ainda bem que as férias estão acabando, assim posso me ocupar com alguma coisa.

Não, não era pelas aulas que eu ansiava. E sim por eu dizer que iria estudar na casa de Katerine, mas na verdade era pra andar de moto, sem que papai soubesse.

-- Venha cá, quero te mostrar uma música.

Me aproximei, e sentei no chão sobre as minhas pernas. Ele desconectou os fones do som, fazendo com que a música saísse pelas caixas.

"With folded arms you occupied the bench like toothache, stood and puffed your chest out like you'd never lost a war. And though I tried so not to suffer the indignity of a reaction. There was no cracks to grasp or gaps to claw. And your past-times, consisted of the strange, and twisted and deranged. And I hate that little game you had called crying lightning' and how you like to aggravate the icky man on rainy afternoons."

Senti meu corpo estremecer, assim que a voz daquele homem se manifestou, como se tivesse um poder sobre mim. Aquelas guitarras, aquele baixo... por um segundo me imaginei pegando a estrada e aquela banda sendo a trilha sonora de todas as aventuras que viveria.

Era como se tudo aquilo tivesse sido composto pra mim, era como se eles me conhececem e soubessem dos meus segredos mais profundos, era como se houvesse uma ligação.

-- Esse álbum que você está ouvindo foi gravado aqui, ano passado. Você não os conheceu pois havia ido passar uns tempos com sua avó, lembra?

Visualizei a sala e os imaginei ali. Não sabia seus rostos, nem nomes, nem nada. Mas sabia que a dedicação por aquela banda era imensa, e eles amavam o que faziam.

-- Posso terminar de ouví-lo lá em cima?
-- É claro!

Subi as escadas correndo, parecendo uma pré-adolescente que acabara de descubrir a boyband do momento.
Coloquei o vinil no toca discos, e sentei na cama com a capa nas mãos. Arctic Monkeys. Havia dois deles em pé, e outros dois sentados no chão. Não conseguia analisar seus rostos direito, porque, de algum modo eles tentavam escondê-lo. Assim que cogitei a ideia de ir pesquisá-los na internet, papai abriu a porta.
-- Eles irão chegar amanhã.
-- Eles? Eles quem?
Papai riu do meu rosto confuso e apontou para onde uma música mais calma vinha, a tal de Cornerstone.

Aquela vontade de visitar o Wikepedia havia sido substituída pelo mistério de esperar até o dia seguinte para conhecê-los de um jeito melhor.



N/A: Guriasssss, voltei!! Depois de um ano e alguns meses! :( 
Então, resolvi deixar esse primeiro caítulo de IWBY como sinopse, pois estava ansiosa demais para publicar. Assim que eu voltar de viagem, semana que vem, posto o segundo capítulo dessa fic e o terceiro capítulo de Nº1 Party Anthem (nãaaaao!! Eu não desisti <3).
Eu tô bem inspirada com IWBY, é uma história que eu tô afim de postar há um bom tempo. Espero que tenham gostado dessa previazinha. Beijos, amores!

Nicole.

3 comentários:

  1. Que delícia de introdução Nic! Fiquei muito empolgada, é algo peculiar, único. Quero o segundo capítulo logo haha. <3 beiju

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  2. Nossaaaaa, tô apaixo. Quero segundo capítulo logo. Eu realmente adorei essa introdução e eu tô no mesmo feelings que ela: mistério de esperar até o cap seguinte para conhecê-la de um jeito melhor <3333

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