BE CRUEL TO ME 10: THE LAST WORDS

“Pois julguei-o justo e o considerei brilhante; Você que é negro como o inferno e obscuro como a noite”.

POV Alex

  - Ficou muito boa – falou Matt orgulhoso de nosso trabalho.

  - Ficou mesmo. 

  - E aí, vocês querem sair e beber para comemorar o belo trabalho que fizemos com Black Treacle? – sugeriu Jamie.

  - Vão vocês, eu vou sair com Eliza.

  - Hummm – Nick riu.

  - Se Turner foi para Las Vegas apostar vai sair de lá namorando metade da cidade – Helders tirou sarro.

  - Cala a boca, vocês – falei pegando uma cópia do CD da gravação – Eu tenho que ir. Até mais.

  Quando já estava na saída pude ouvir Jamie gritando:

  - Eu aposto que ele vai dar aquele CD pra ela!

POV Eliza:

  - Desculpe aparecer assim, mas o que eu tenho para lhe falar é de extrema importância – disse a tal Arielle se sentando no sofá.

  - Não há problema, só não sei o que uma modelo iria querer comigo.

  - Na verdade, não tem muito haver com a minha profissão. Eu sou a ex-namorada do Alex.

  Fiquei pasma. Será que ela estava ali para me bater? Ou me chamar de vadia repetidamente?

  - Não se preocupe, eu não quero criar confusão. Eu só quero falar uma coisa, eu me sinto moralmente obrigada a fazer isso.

  - E o que seria isso?

  - Escute, você parece ser uma pessoa decente. Bem diferente de Alex. O que eu vou dizer a você, não é com intuito de causar discórdia. Apesar de estar com muita raiva dele, estou fazendo isso para impedir que você passe pela mesma coisa que eu.

  Respirei profundamente.

  - Prossiga.

  - Eu estava com ele quando vocês começaram a ficar.

  Por um minuto fiquei aliviada.

  - Eu sei disso, ele me contou. Nós já conversamos sobre isso.

  - Sabe também que você fazia parte de uma aposta entre Alex e seus amigos?

  - O-o que?

  - Eles apostaram cem libras que você não dormiria com ele, mas pelo jeito que ele chegou todo orgulhoso reclamando o prêmio no estúdio, ele conseguiu, não é? Tudo isso foi só para transar com você e provar para os outros quem é o macho alfa. No começo ele tinha me dito que a aposta era só um jantar mas...

  - Para. Por favor.

  Arielle se calou.

  Minha visão estava embaçada, meu coração pesava, meu estômago estava dando nós. Aquilo não podia ser verdade.

  - Por que eu deveria acreditar em você?

  - Sempre é assim com ele. Ele diz estar apaixonado e depois de um tempo, ele conhece outra. Sempre foi assim e sempre vai ser.

  - Alexander não faria isso comigo.

  - Alexander faria coisa muito pior. Olha só pra você, você tão inocente. Você não merece isso. Não deixe que ele corrompa sua vida.

  Não consegui mais segurar as lágrimas. Arielle se levantou e foi em direção ao corredor, mas antes, ela se virou, olhou para mim e disse:

  - Sinto muito por Alex ter passado em sua vida.

POV Alex

  Eliza havia deixado à porta aberta. A casa estava silenciosa.  Ela não estava na sala de estar, nem na cozinha. Subi o primeiro lance de escadas, seu quarto estava vazio. Subi o terceiro, a porta estava entreaberta, ela estava sentada no meio do tapete rodeada pelas estantes. Eu já havia a visto naquela situação, não era um bom sinal.

  Aproximei-me, havia um livro aberto em sua frente com uma frase em destaque pelo marcador e ela o encarava fixamente.

  - Está tudo bem? – perguntei cautelosamente,

   Ela permaneceu em silêncio. Instantaneamente, meu instinto foi abraça-la, porém, assim que encostei meu braço em seu ombro, ela falou baixinho:

  - Não toque em mim.

  - O que?

  - Eu disse para não tocar em mim – continuou no mesmo tom.

  - O que aconteceu, Eliza?

  Ela não me respondeu.

  - O que aconteceu? Você está me deixando preocupado.

  - E você se preocupa com os meus sentimentos? – falou normalmente.

  - Mas é claro que sim, o que você está falando?

  - Então você acha que meus sentimentos valem cem libras?

  Eu sabia do que ela estava falando, e sabia também quem tinha contado.

  - Arielle...

  - Sim, Arielle. Foi muito gentil da parte dela.

  - Você só pode estar brincando.

  - Por quê? Quer apostar?

  - Eliza, pare com isso, por favor. Eu já estou me sentindo culpado o bastante.

  - É o mínimo que poderia sentir. Eu confiei em você! Eu sabia que ia me arrepender por ter lhe perdoado, só não imaginei que seria tão rápido assim.

  - Me desculpe – me ajoelhei ao seu lado – Eu sou um idiota, sinto muito.

  - Eu sinto muito, Alexander – ela olhou para mim – Eu estou sentindo muito. Eu não sou um brinquedo para você fazer o que bem entender, achei que soubesse disso.

  - E eu sei!

  - Jura? Quando descobriu isso? Quando foi pra cama comigo e depois foi se gabar para o seus amigos? – Eliza se levantou e foi até a janela.

  - Eliza, olha pra mim! – a segurei pelos ombros – Eu não sabia que ia me apaixonar por você quando concordei entrar nessa.

  - Ah, ótimo. Então gostar de mim foi só uma consequência. Um erro. Um defeito de fábrica.

  - Não fale assim, você não sabe o quanto dói ouvir você dizer isso.

  - Você foi o causador da dor, Alexander. Agora, faça o favor de se retirar.

  A soltei.

  - Eliza...

  - As pessoas tem o costume de decepcionar umas as outras. De ser diferente daquilo que dizem ser. Usufruindo das palavras de Shakespeare: Pois julguei-o justo e o considerei brilhante; Você que é negro como o inferno e obscuro como a noite.

  - Eu... Eu amo você – minha voz era falha.

  Eliza desviou o olhar para a janela e disse:

  - Eu não quero o ver nunca mais.

  Saí dali e pude sentir uma única lágrima percorrer a superfície de meu rosto. Antes de ir embora, fui ao seu quarto e deixei o CD em cima de sua cama. Sua caderneta estava aberta na mesinha que ficava ao lado. Peguei uma caneta e escrevi o que provavelmente, seria as últimas palavras minhas dirigidas a ela.

  Olhei para cama e lembranças da noite anterior só fizeram eu me sentir pior. Talvez, nunca tocaria aquele corpo novamente.

POV Eliza

  Ele me amava. Ele me usou e depois me exibiu como prêmio para os amigos dele. Disse se importar comigo mas esteve com outra pessoa o tempo todo. Machucou-me como ninguém havia machucado antes. E ele me amava. Isso me faz questionar, o que amor realmente significa? Afinal, o amor entre duas pessoas que se apaixonam é real? Será tudo uma ilusão de sua mente para lhe proporcionar momentos de felicidade? Porque minha mente é assim. Eu deito e me permito sonhar, os pensamentos me atacam brutalmente como um leão ataca sua presa. Eles se deliciam, dando-me expectativas e esperanças para depois essas serem arrancadas, deixando-me em sofrimento encarando a realidade. Ele havia me dado esperanças de que dessa vez, iria ser diferente. Mas como tudo que é real, eu acabei sozinha e magoada. Como sempre foi. Como sempre vai ser.

  Quem sabe seja hora de deixar tudo isso para trás e começar de novo. Longe das decepções.

POV Alex

  Minha cabeça latejava como uma bomba. Acordei no meio da sala, rodeado por garrafas vazias e cigarros pela metade. Há que ponto eu havia chegado. Tudo isso pra que? Para desistir dela? Deixar as coisas como estão? Eu fiz a bagunça e agora eu teria que arrumar. Não podia estragar tudo, não dessa vez.

  Tomei um banho, troquei de roupa e saí. Eliza teria que me ouvir.

...

  Estacionei na frente da sua casa. Dave estava do lado de fora trancando a porta.

  - Ei, o que você está fazendo? – gritei enquanto saía do veículo.

  - Você deve ser o Alexander – ele disse se virando pra mim.

  Só Eliza me chamava de Alexander.

  - Por que você está com as chaves dela?

  - Ela não está.

  - E onde ela está?

  - Ela foi para Eastbourne, para a casa da avó. Eu fiquei de olhar a casa já que Lia foi com ela.

  Fiquei sem reação.

  - Eu vou lhe falar uma coisa, eu a conheço há pouco tempo, mas nunca pensei que ela poderia ficar no estado que estava quando eu cheguei aqui ontem à noite. Não sei o que você fez para ela, mas seja o que for, não faça para mais ninguém.

  Dave foi andando na direção de seu carro, antes que ele pudesse entrar, eu perguntei:

  - Quando ela volta?

  Ele hesitou por um momento, mas disse:

  - Eu não tenho certeza se ela irá voltar. 

***

N/A: Espero ter causado as emoções que pretendia causar! Hahahaha foi meio curto, mas o que eu queria nele era só essas conversas. E o que irá acontecer agora, nem eu sei direito para falar a verdade. Eu tenho dois rumos que a história pode tomar mas ainda não decidi. Então, é isso, beijos e obrigada pelos comentários e por acompanharem!