BE CRUEL TO ME 14: SOMETHINGS NEVER CHANGE

  - Muito prazer em conhecê–lo – a garota estendeu a mão para me cumprimentar.

  - O prazer é meu – respondi.

  Ela tinha um sorriso levado nos lábios. Sam era completamente o oposto de Eliza. Seus cabelos eram divididos ao meio, lisos e desgrenhados. Usava coturnos pretos que nem os cadarços ela se deu o trabalho de amarrar, sua calça preta era rasgada e vestia uma jaqueta jeans desbotada que estava por cima de uma camiseta um tanto larga, e pelo o que parecia, não usava sutiã. Vê-la ao lado da prima, me fez perceber o quanto realmente Eliza parecia delicada.

  - Sam vai fazer um curso aqui – falou ela.

  - Na verdade, eu vou servir de modelo nua para os escultores de artes plásticas.

  Engasguei-me com a minha própria saliva.

  - Quer um copo d’água, Al? – Eliza deu uns tapinhas nas minhas costas.

  Olhei para Sam e ela ria debochada.

  Engasguei-me mais uma vez.

  - Eu vou buscar um pouco de água antes que você morra asfixiado.

  Ela foi em direção a cozinha e eu sentei-me no sofá. Não demorou muito para que a garota viesse até mim.

  - Ora, ora. Quer dizer que a doce Eliza ficou a vida inteira lamentando as decepções amorosas e então, se amarrou logo com Alex Turner.

  Não a respondi.

  - Aqui, tome um pouco – disse Eliza voltando com um copo em mãos.

  Tomei tão rápido que acho que nem respirei. Quando terminei pude ver Eliza me olhando com os olhos arregalados.

  - Você quer mais ou...? – perguntou com o cenho franzido.

  - Seu namorado tem muita sede – falou Sam.

  - E fome – falei me levantando – Eliza, será que podemos ir jantar?

  - Agora? – ela olhou para o relógio na parede – Mas são só seis horas.

  - Eu não almocei direito. Será que podemos ir?

  - Na verdade, eu estou com fome também. Será que eu posso ir com vocês?

  Eliza e eu ficamos nos encarando. O estranho é que não precisávamos falar para tomar decisões. Ela me olhava fixamente e aquele olhar dizia “Não seja mal educado”, a primeira vez que eu o vi foi quando uma senhora pediu para estacionar na única vaga vazia do supermercado. E nem se quer era reservada para idosos.

  - Claro. Por que não? – respondi.

  - Legal. Eu vou trocar de roupa – Sam pegou uma mala enorme e foi a arrastando em direção ao quarto de hospedes que ficava de baixo das escadas, mas diferente do quarto de Harry Potter, aquele até que era um tanto grande.

  - É, eu também vou – falou Eliza.

  Abri um sorriso.

  - Eu vou com você.

POV Eliza

  Quando descemos para sala, Sam já estava a nossa espera. Ela me olhou dos pés a cabeça e sorriu.

  - Você está tão arrumada que me deu vontade de ir trocar de roupa – falou.

  - Ah, obrigada. Mas é só um vestido – disse um tanto envergonhada.

  - Eu iria assim para um casamento.

  Sam era o tipo de garota que não precisava de muito para ficar bonita. Sua roupa era larga ao corpo, mal penteava o cabelo, mas conseguia ficar arrumada. Ela era o tipo de garota que ficava sexy até usando um pijama. Feito que eu não conseguiria fazer nem usando a lingerie mais sensual do planeta.

  - Você está bonita assim, não precisa trocar nada. Não é, Al? – perguntei para chamar sua atenção, pois parecia que ele estava em Marte.

  - Hã?... É, legal. Podemos ir agora?

  - Claro – Sam foi andando em direção à porta da frente.

...

  Fomos ao restaurante que Alexander e eu sempre íamos. Afinal, era nosso restaurante favorito.

  - Lugar legal esse aqui – falou Sam enquanto nos sentávamos.

  - Nós gostamos muito daqui, desde nosso primeiro jantar – falei.

  - Vocês vêm muito aqui?

  - Na maioria das vezes.

  - E isso já não se tornou entediante?

  Engoli seco e fitei a mesa. Ela devia achar que eu era a pessoa mais sem graça do mundo.

  - Quando se está com Eliza, nada fica entediante – falou Alexander pela primeira vez desde que saímos de casa.

  Não pude deixar de abrir um sorriso.

...

  O jantar seguia tranquilo, tirando pelo silêncio quase absoluto de uma parte e inquietação da outra, e essa pertencia a minha prima.

  - Então, como vocês se conheceram?  - ela perguntou.

  Eu olhei para Alex para ver sua expressão, mas ele parecia distante.

  - Eu o conheci em um show. É, depois do show eu o conheci pessoalmente, sabe... Ele e o resto da banda.

  - Ah... E quem foi o prêmio de quem?

  Alexander ergueu a cabeça bruscamente e pela sua expressão parecia confuso.

  - Quero dizer, quem foi atrás... Quem pediu o número do telefone...

  - Eu não lembro, na verdade. O importante é que estamos aqui – peguei a mão dele que repousava sobre a mesa e pude senti-lo relaxar.

POV Sam

  Com certeza alguma coisa havia acontecido entre eles dois, e não foi amor à primeira vista. Quem diria que a santa da Eliza ia conseguir justamente aquele homem. Alex Turner, vocalista de uma banda foda, cara de quem fazia o que queria e foi logo se amarrar a chata da minha prima. Será que eles faziam tricô a noite e montavam quebra-cabeças? Se eu fosse ela não iria querer sair do quarto.

  Ele não aguentava me olhar nem por um segundo. Era só os seus olhos encontrarem os meus que ele os desviava. Não sei como Eliza não tinha percebido nada ainda.

  - Então, vamos? – perguntou.

  - Tudo bem – disse ele já se levantando.

 

  Estávamos na frente do restaurante e Turner mandou buscarem seu carro.

  - Ah droga, eu esqueci meu celular na mesa. Eu já volto – falou Eliza.

  - Não quer que eu pegue para você? – ofereceu-se Alex.

  - Não tem problema, eu pego.

  Então, ela adentrou o restaurante mais uma vez. Fiquei sozinha com ele. Para minha surpresa ele se aproximou violentamente.

  - What the hell is your problem? – perguntou baixo, mas a tensão em sua voz era clara.

  - Não sei do que está falando...

  - Ficar passando essa sua perna na minha por de baixo da mesa na frente de Eliza. Isso soa familiar para você?

  - Oh, disso você está falando. Vai dizer que não gostou?

  Ele ficou quieto.

  - Acho que isso responde minha pergunta.

  Turner se afastou e acendeu um cigarro.

  - Eu conheço seu tipo, garota – falou após uma tragada.

  Fui até ele e peguei o cigarro de sua mão, ele me olhou incrédulo. Puxei o máximo de fumaça que pude e a soltei em seu rosto.

  - Eu duvido disso.  

POV Eliza

  - Eu ainda não sei por que não podemos ir dormir lá em casa – falou Alexander se deitando em minha cama.

  - E eu já disse que não posso deixar uma convidada sozinha. É falta de educação – disse enquanto respondia um e-mail de Lia que estava em Nova York para a semana de moda.

  - Não acho que isso seria um problema, ela já é bem grandinha não acha?

  - Ela já é maior de idade, mas isso não significa que sua maturidade seja bem resolvida.

 Ele ficou fitando o teto. Havíamos colado várias estrelas florescentes nele, quando apagávamos a luz, ficava como o céu negro e estrelado.

  - Por que você não desliga esse computador?

  O olhei e ele permanecia mirando o teto. Fechei o notebook e coloquei na mesinha ao lado. Alexander não parecia estar bem, ele parecia distante e seu tom era melancólico.

Ás vezes eu me perguntava o que se passava em sua cabeça, mas acho que não havia resposta para isso.

  - Alexander...

  Ele suspirou, sentou-se e me puxou para perto. Depositou beijos em meu pescoço tais que me fizeram arrepiar. Acariciei sua nuca delicadamente enquanto suas mãos me forçavam ainda mais contra o seu corpo. Nossos lábios se encontraram e eu o beijei lentamente.

Ele foi interrompendo o beijo aos poucos e colou sua testa contra a minha segurando meu rosto com as duas mãos.

  - Tenho medo de magoá-la de novo... – disse com os olhos fechados.

  - Eu confio em você.

  - Posso não ser digno de sua confiança.

  Eu passei meus dedos sobre pelo seu rosto.

  - I know you are.

***

N/A: Só passando para dizer o quanto eu fique feliz com os comentários de vocês no capítulo anterior. Muito obrigada mesmo, meninas! Quero fazer de tudo para não as decepcionar. Beijões, Bel.