Still take you home 01: Internal conflict

(90 dias depois)

E ele estava lá, dormindo sereno, como se não houvesse nenhum problema no mundo. Permiti-me acaricia-lo com as pontas dos dedos, em suas bochechas magras e levemente rosadas. Era tão estranho o contato carinhoso no qual eu estava tendo, sabendo que assim que abrisse os olhos, eu daria com uma realidade que eu sabia que fazia parte da minha escolha, mas que eu não aceitava de jeito nenhum. Alex mexeu seus lábios, e eu afastei-me rapidamente, deitando-me de barriga pra cima encarando o teto branco. Passei a mão pelo meu cabelo alisando-o freneticamente, bufei em seguida e respirei fundo. Eu tinha uma decisão a se fazer e eu deveria fazê-la.

Tudo naquele quarto era agradável e convidativo, o próprio dono, que bastou pagar uma cerveja, sorrir de lado e morder os lábios para me conquistar. O que era um fato raro, não conseguia me aproximar de alguém tão intimamente sem me sair machucada. E isso, não era o que eu queria. Por isso, a situação entre mim e Alex se desenrolou sexualmente, apenas sexualmente. Não era para se ter sentimento, não era pra eu ter que tomar a decisão mais difícil desses longos três meses.

- Eu sabia que você ia sair de fininho, Claire. – Senti sua voz rouca e quase indecifrável atingir minha audição. Aquela voz que sussurrava mil besteiras em meu ouvido enquanto saboreava meu corpo. Estava na metade do caminho, com os sapatos nas mãos, parei no lugar e apenas fechei os olhos. Se eu saísse agora, encontraria Matt nu no sofá, se eu ficasse, teria que encara-lo. E isso não era uma boa ideia. – Fica. – Disse-me e abaixei a cabeça mordendo os lábios, já era difícil deixa-lo na cama sozinho após uma noite enlouquecedora de sexo, recusar um pedido desses, era quase suicídio. Mas eu precisava de força para por em pratica o que eu tinha planejado.

Alex brincava com o cordão da sua calça de moletom distraidamente, como se o que ele acabasse de pedir fosse relevante. Encarei-o por um minuto e engoli seco para conseguir falar. – Você sabe o que é sexo sem compromisso, Alex? – Disse com a maior convicção de que tudo daria certa, não dando espaço para falhas em minha voz. Ele levantou os olhos e me encarou, senti minha alma queimar com a intensidade dos seus olhos negros, sedentos, loucos para provar mais de mim. – Huh?- Disse-me e eu apenas cruzei os braços dando lugar à indignação. – Bom pelo menos você deveria saber que isso não incluí conversas pós-sexo. – Virei-me e sai do cômodo fechando a porta em seguida.  Encostei-me na porta e apenas tentei regular minha respiração. Uma sensação estranha estava percorrendo meu corpo, era como se aquele olhar que ele me lançou tivesse mexido com os meus parafusos e pudesse me controlar. Que diabos é esse homem? Em um impulso incontrolável e que provavelmente eu me arrependeria, abri a porta efusiva e o olhei, agora sorrindo daquele jeito travesso dele, como um garotão jogando um jogo de poker, eu sabia que estava perdida.

Alex levantou-se vindo em minha direção, soltei os sapatos e logo senti suas mãos grandes e finas tocando minha cintura e me colando em seu corpo. Levei minha mão para seu cabelo bagunçado e mordi os lábios, ainda olhando em seus olhos. Suas mãos passeavam por minhas costas e minha barriga. Sem pressa, como se ele quisesse aquele momento pra sempre, como se ele quisesse desfrutar cada parte do meu corpo. Minha pele ardia com seus toques, assim como meus olhos e a intensidade atingida pelos deles. Que diabos é esse homem? – Vou me arrepender disso. – Disse baixinho e ele sorriu de lado franzindo a testa.

- Clarei, Claire... – Disse ele passando as pontas de seus dedos em meu ombro. – Por que você complica tanto? – Disse e eu torci os meus lábios, pensativa. Eu definitivamente não poderia entregar os pontos agora. Era algo que não deveria acontecer. Não com o astro-do-indie-rock-dominador-pega-todas-de-los-angeles-. Não dava mais e eu precisava agir e não me render. Eu precisava sair e não me prender, porque é assim que as coisas são entre mim e o Alex.

- Porque estamos há três meses nisso – Disse abaixando e pegando meus sapatos, Alex continuava imóvel, agora me olhando com interesse. – E como sempre, tudo o que você tem a dizer são as mesmas coisas. – Passei a língua entre meus lábios. – Quer saber? Eu não vou ficar aqui acariciando seu ego, não vou ser mais a sua parceira pra fazer sexo a hora que você quiser. Então, para de me pedir pra ficar quando você sabe muito bem que eu tenho que ir embora. – Respirei fundo e abri a porta novamente. – Que droga Alex. – Sai fechando a porta e caminhando para a saída do apartamento, desviando meus olhos da Matt nu na sala com sua namorada.

**

 - Acho que está na hora de vocês realmente darem um basta nisso – Disse Kate enquanto levava cerveja a sua boca. – Digo isso numa boa, você sabe. – Cocei a nuca e tomei um gole da minha.

- Não consigo. – Disse e ela me olhou curiosa.

- Claire, a garota mais cobiçada, mais durona, mais linda e mais segura da universidade - Deu uma pausa para outro gole – Não conseguindo dizer não para um homem? – Sorriu debochada em seguida.

- Kate, é o Alex. – Disse fazendo um gesto de ‘’dã’’. Ela me olhou arqueando as sobrancelhas. – O que? Vai, desembucha e diz logo o que está pensando.

- Ou vocês conversam sobre isso, ou você desiste de vez – Disse objetiva, dei de ombros bebendo mais da minha cerveja. – Acontece que esse cara te laçou por completo e o sexo casual de vocês, não é tão mais casual assim. Porra, vocês vivem como um casal. – Revirei os olhos.

- Não é bem assim, a namorada dele está fora e eu sou apenas algo mais parecido com um groupie do que uma namorada. – Disse séria.

- Bom, Penny Lane, seu rockstar está entrando no bar neste momento . – Disse Kate desviando o olhar para trás de mim. Virei-me bruscamente não conseguindo ver nada. Senti a risada escandalosa de Kate invadir o local e eu apenas virei-me para frente cruzando os braços. – Viu só, você estremece só de imaginar ele perto. – Estralei os dedos e terminei minha cerveja, levantando-me.

- Vou para casa, não demore. – Disse para Kate que sorria curiosa.

- Vá para a direita, ele está lá. – Disse-me e eu apenas olhei para uma pequena mesa no canto da lanchonete. Alex estava lá sozinho e me encarava de modo amedrontador. Caminhei tranquilamente para a saída sem quebrar o contato visual, ele tamborilava seus dedos na mesa, eu sentia a tensão no ar. Desviei o olhar e sai do local, dirigindo-me para o único lugar onde eu poderia me refugiar.

- Deixa que eu te levo para casa. – Sua voz novamente soou pela rua vazia de Los Angeles, o vento cortando e gelado passou por ele trazendo-me seu perfume, fechei os olhos por um segundo e me permiti senti-lo.

- Não obrigada – Disse e continuei andando. Ouvi seus passos atrás de mim, pensei em acelerar, mas o fato era que eu não queria. Suas mãos estavam em meu braço, virou-me lentamente e travou os lábios em uma linha fina.

- Eu te levo. – Disse baixo e pegou na minha mão levando-me até seu carro.

N/A: Meninas, nesse momento estou tremendo. Já faz algum tempo que eu queria voltar a escrever fanfics, mas como eu nunca acho que está bom o suficiente, eu nunca termino. Mas recebi bastante apoio de algumas amigas que leram. (Inclusive esse capítulo é dedicado a Débora <3) Sobre o capitulo... Pode parecer confuso por enquanto, mas ele terá uma grande linha de flashbacks (like 500 dias com ela). Por favor, sejam sinceras... AAAAAAH e Penny Lane é uma menção do filme Almost Famous, indico pra quem não assistiu. Beijo, beijo. Anne.