Ali estava
eu de novo, na casa de minha avó. A frente da casa continuava a mesma, e a
cidade, Eastbourne, como o mesmo ar puro de sempre, cheiro de brisa do mar. A
porta se abriu e o menininho saiu
correndo em direção aos meus braços.
- Liz! – ele me apertou forte com os seus
bracinhos.
- George, olha só como você cresceu!
- É porque eu fiz aniversário, eu fiz seis
anos.
- Eu sei, desculpe não poder ter vindo à sua
festa.
- Tudo bem Liz, eu te desculpo – dei um beijo
em sua testa.
- Lia – disse animadamente quando a viu
saindo do carro.
- Eu mesma! – ela correu e o abraçou.
- Gostei do seu cabelo, parece cabelo de
desenho – falou pegando alguns fios.
- Eu sei, não é? Fale isso para a sua irmã.
Eu tentei sorrir.
- Onde está a vovó?
- Fazendo bolo de chocolate.
Entramos na casa, era como reler um velho
livro. Todos os detalhes que você se lembra, estavam ali. A sala aconchegante,
a lareira acesa. Da cozinha vinha o cheiro de chocolate, o cheiro de meu bolo
preferido, mas que só a minha avó sabia fazer como eu gostava. E lá estava ela, enfeitando o bolo com
confetes, do mesmo jeito que costumava fazer.
- Vovó!
- Ah Deus, minha querida Eliza! – ela me
abraçou forte, fazia um tempo que não nos víamos.
Ela
continuava a mesma, os cabelos grisalhos e os casacos de lã – Como você está
linda. Olhe, como seus cabelos estão grandes. E Lia, como você está alta.
- São os saltos, senhora May.
- Deixe disso, senhora, conheço você desde
quando tinha o tamanho de um macaquinho – brincou ela a abraçando também.
- Lia era um macaco? – perguntou George.
- Não George, eu não era um macaco – disse
ela rindo.
-
Meninas, eu estava com tantas saudades de vocês. Mas, ao que devo essa visita
inesperada?
Pude ver Lia gelando.
- É... Bem, o ar de Londres está muito...
- Lia, não precisa.
- Se vocês não querem me contar, eu nãome
importo.
- Não é isso... Vó, lembra daquela música do
Elvis Presley que você sempre ouvia, que dizia “Well,
since my baby left me, I found a new place to dwell”...
- It’s down at the
end of lonely street, at Heartbreak Hotel. Eu lembro e ainda a ouço.
- Então, acho que esse é meu Heartbreak
Hotel.
- Oh querida, venha cá – ela me puxou para um
abraço e minhas lágrimas começaram a transbordar – Chore, chore. Chorar é a
única maneira de limparmos a alma.
- Eu estava sentindo tanta falta de vocês.
- Eu acho que vou chorar – falou Lia.
- Eu quero bolo – disse George nos fazendo
rir.
...
Instalei-me no meu antigo quarto. Era pura
nostalgia. Deitei-me nos lençóis que cheiravam a lavanda. Peguei minha bolsa e
de lá, tirei minha caderneta. Ela era roxa e
tinha uma fita com a palavra “Love” impressa em uma placa de metal. O que eu
achei a coisa mais irônica do mundo naquele momento. Abri e algumas folhas em
branco caíram. As analisei e então, percebi que a página do meio havia sido
arrancada, e com ela, as páginas em branco caíram, porém a página que fora
arrancada não estava ali. Não me lembrava de ter arrancado nada.
Enquanto eu ia folheando as páginas, me
deparei com a foto de Alexander. Por um instante, pensei em rasga-la, mas algo
dentro de mim me impediu de fazer isso.
Estava perdida em meus pensamentos quando meu
irmãozinho apareceu na porta.
- Eu trouxe bolo pra você – disse ele
colocando o prato na minha cama.
- Muito obrigada. Vem, senta aqui – o
coloquei no meu colo.
- Quem é ele, Liz? – perguntou pegando a foto
de minha mão- É o seu namorado? Ele é bonito.
Eu ri.
- É verdade, ele é bonito.
- Então por que você não está com ele?
- Sabia que beleza não é tudo, garotinho?
- Mas ele parece ser legal.
- Ás vezes ele era legal, mas ele foi muito
mal.
- Ele matou alguém?
- Claro que não, George!
- Vovó sempre diz que pra tudo tem um jeito,
menos pra morte. E que mesmo assim, o amor sempre é capaz...
- De curar tudo. É, ela dizia a mesma coisa
pra mim.
George largou a foto e me olhou.
- Você ama ele, Liz?
Eu suspirei.
- Eu não sei, mas eu sei que é hora de você
dormir.
- Posso dormir com você?
- Senhor George Marin Fordie ll, você está
com medo?
- Não, mas a vovó disse que eu não posso mais
dormir com ela. E meu quarto é escuro.
Não havia como eu dizer não para aquela
pessoinha na minha frente.
...
Na manhã seguinte quando acordei, estava
sozinha na cama. Peguei meu celular para ver as horas, mas o que me chamou
atenção foi o que estava em baixo dos números:
“Alexander
(19) missed calls”.
Eu havia deixado meu celular no silencioso,
mas por um lado, foi melhor assim. Só Deus sabe o que teria falado se eu
tivesse o atendido. Provavelmente, ele inventaria uma desculpa qualquer que me
fizesse acreditar que ele não era o vilão da história, e isso só me deixaria
com mais raiva. Raiva não era o que eu necessitava agora.
- Bom dia, bela adormecida! – era Lia.
- Bom dia.
- Que desanimação para quem atingiu a marca
de CINCO MILHÕES DE EXEMPLARES VENDIDOS DO SE QUARTO LIVRO!!
Eu arregalei os olhos.
- O que? Já? Mas, como assim? Como isso
aconteceu? Você só pode estar brincando.
- Não, eu não estou brincando. Aparentemente
a crítica do The Times desde o
lançamento, atiçou a curiosidade de muitos leitores. E desde a semana passada
as vendas elevaram drasticamente em todo o mundo, foi incrível! Você saiu em
vários jornais e revistas. Você é tipo, um ícone consolidado!
Eu levantei-me e corri para abraça-la.
- Lia!!!! Você ouviu o que você acabou de
falar? Isso é tão bom!
- Ah minha querida, escuta só essa crítica –
ela pegou seu tablet:
“O quarto livro
da já aclamada saga de Eliza Fordie ‘Velvet & Riddle – Mentes Sombrias’ não
hesita em tirar o fôlego de seus leitores em seu primeiro capítulo, onde vemos
o destino da vítima que no livro anterior se encontrava amarrada em um porão
ser traçado. Ao longo das páginas, a relação entre Alissa e Edgar só se torna
mais interessante e perturbadora fazendo com que o leitor suba pelas paredes e
trabalhe a mente para montar o quebra-cabeça de Velvet.
Mentes
Sombrias sem dúvidas é o melhor livro de Fordie até o momento. A tendência é
que a sua sequência seja ainda mais eletrizante. O melhor livro do gênero
Thriller de nossa década, digno da sucessora de um dos maiores mestres do
terror.”
- Digno da sucessora de um dos maiores
mestres do terror? Por favor, não me diga que ele estava falando do...
- Eu não sei! Mas não é demais?! E você vai ter
que ir para Londres hoje, dar uma entrevista para MTV.
- Como assim vou ter?
- Sabe, vai ser uma daquelas entrevistas com
fãs, ao vivo. Além do mais, é aniversário da emissora. Ontem teve uma festa,
você foi convidada, mas era óbvio que você não iria ir. Você é uma escritora
querida pelas pessoas. Não vai deixar eles na mão, não é?
Eu queria ficar mais tempo longe de Londres,
mas era por uma boa causa e depois eu poderia voltar para Eastbourne, então,
resolvi aceitar.
- Que horas saímos?
- Já! Imediatamente.
- Posso levar George? Quero ficar o maior
tempo possível com ele.
- Claro que sim! Podemos ir tomar um sorvete
depois.
...
Quando chegamos lá, logo me encaminharam para
o camarim. O maquiador estava a minha espera.
- Olá – o cumprimentei assim que entrei.
- Ah meu Deus, você é mais linda
pessoalmente. Olha essa pele, parece porcelana – disse ele analisando meu rosto
com os dedos.
- Hã, obrigada. Eu acho.
- Senta aqui, querida – me indicou a cadeira
na frente do espelho - Eu ia chamar a figurinista, mas esse seu look
está ma-ra-vi-lhoso. Eu adorei esse chapéu. Está suuuuuper na moda. Aliás, meu
nome é Fred, eu leio o seus livros, sabia? Eu tenho um pouco de medo, mas eu
adoro a Alissa! Ela é a femme fatale
em pessoa.
Sorri desajeitada.
- Muito obrigada, Fred.
- Você pode autografar o meu livro, depois?
Claro, se não for incomodar – perguntou ele passando blush com um pincel que
fazia um pouco de cócegas.
- Sem problemas.
- Posso fazer uma pergunta? Eu sei, você é
tipo um ícone da moda, mas é claro que você sabe disso. E uma super escritora
também, tão jovem, a flor da pele e deve se cansar dessas perguntas. Mas, você
pegou o gostoso do Alex Turner?
Pude sentir minha face queimar.
- Ah, me desculpe. Não é da minha conta! Eu
sou muito curioso, essa minha língua não tem limites. Porém, se você não quer
falar sobre isso querida, – ele virou a cadeira fazendo com que eu ficasse de
frente pra ele – se prepara porque eles vão te encher de perguntas sobre ele.
Vão sim, eu ouvi tudinho.
Alguém bateu na porta.
- Entramos em cinco minutos – era a
produtora.
- É melhor você ir indo, querida. E se
prepare, respira, conta até dez.
- Obrigada, Fred. Foi um prazer conhecê-lo.
- Imagina! E depois eu quero o autografo.
Fui ao encontro de Lia nos bastidores.
- Eles vão perguntar sobre o Turner – falei assim
que me aproximei dela.
- Grande novidade! Vieram perguntar dele até
pra mim.
- O que você disse?
- Eu não respondi, oras.
- Quem é Turner, Liz? – perguntou George que
estava em seu colo.
- O homem mal da foto.
- Homem mal da foto? – Lia perguntou confusa.
- Depois eu te explico.
- Eliza, você vai entrar em um minuto – a produtora
avisou.
- Eu vou me sentar com George, relaxa.
Inventa qualquer coisa, você é escritora, é boa nisso.
Ela saiu me deixando sozinha. Não demorou
muito para ouvir a voz da apresentadora falar:
- É com grande prazer que a recebemos:
Escritora prodígio, querida por seus fãs e leitores, ícone da moda e tudo isso
com apenas vinte e um anos. Por favor, palmas para Eliza Fordie!
Entrei com as pernas tremulas, havia um
número considerável de pessoas. Sentei-me na poltrona em frente à apresentadora,
que antes haviam me dito que se chamava Laura Whitmore.
- É um prazer recebê-la, Eliza. Como você
está?
- Obrigada, o prazer é meu. And well, I’m
fine.
- Você é tão meiga – disse ela rindo - Eu já
a havia visto em algumas entrevistas e, você me pareceu tão tímida.
- Isso é verdade. Eu tenho certa dificuldade
em falar com pessoas novas. Mas não é sempre, depende muito do lugar.
- Na
festa de lançamento do seu livro, podemos ver que seu relacionamento com os fãs
não se encaixam nesse aspecto, você parece se sentir bem ao lado deles.
- Absolutely. Eu não acho que eles são meus
fãs, eu acho que eles são pessoas que admiram meu trabalho, entende? Isso me
acalma um pouco. O mínimo que eles merecem é meu respeito e eu gosto muito
deles, na verdade. Eles são incríveis.
- WE LOVE YOU ELIZA! – alguém gritou na plateia
me fazendo rir.
- Parece que eles gostam de você também –
brincou Laura.
- Isso é ótimo! – disse rindo.
- Falando de seu livro, ele está sendo um
grande marco. Algo realmente grande, você esperava isso nesse momento?
- Bem, eu trabalhei bastante nele. Eu quis fazer
algo diferente do anterior, mas que seguisse a linha contínua da história. Eu
esperava que ele atingisse o alcance que os anteriores tiveram, mas não isso o
que se tornou. Foi surpreendente, parece que é ele que está convidando as
pessoas a lerem a saga, o que é engraçado porque ele é o quarto livro. Mas eu
estou realmente feliz com o resultado.
- E foi um livro muito bem falado pela
crítica...
- Sem dúvidas, isso ajudou bastante.
- Agora, falando sobre moda. Você se tornou
um ícone não só na literatura, mas também no mundo fashion.
- Na verdade eu fui saber disso só hoje – as pessoas
riram na plateia – Sério, eu não sabia disso.
- Você fez um ensaio pra Vogue e ganhou as capas de revistas como Marie Claire, Elle e Runway.
- Ah sim, foram todos muito legais. O ensaio
da Vogue foi muito legal.
- E você não sabia que havia se tornado um
ícone fashion? – perguntou a apresentadora em um tom divertido.
- Parece idiota, não é? Mas eu sou uma pessoa
um tanto desligada, eu sempre sou a última a saber das coisas.
- Eu sei como é – riu – Então, vamos as
perguntas da plateia? Let’s start it.
- Oi Eliza!Meu nome é Ashley e eu tenho
dezesseis anos – uma menina magra de cabelos ruivos segurava o microfone.
- Olá, Ashley!
- Eu adoro os seus livros e tudo mais. But...
Eu queria saber se você está namorando alguém agora.
- E então Eliza, seu coração tem dono? –
perguntou Laura.
- Eu
estou solteira, não estou com ninguém – tentei manter o tom divertido.
- AND
ALEX? – gritaram no meio da plateia.
Eu só
ri para disfarçar. Para o meu azar, quando percebi uma foto minha e dele do dia
que saímos para passear, estava no enorme telão.
- Essa foto foi tirada há algumas semanas,
vocês dois parecem felizes.
- ELA AMA ELE! – era a voz de um garoto. Não
era qualquer garoto, era meu irmão de seis anos.
- É seu irmão? – perguntou Laura rindo.
- É sim – respondi em meio a risadas e
constrangimento.
- Venha cá – ela o chamou.
George veio correndo e se sentou no meu colo.
- Ela ama ele?
- Ela tem uma foto dele – falou ele.
- George! – o repreendi.
- Seu irmão está lhe entregando! Quando você
conheceu Alex?
- Eu o conheci quando fui a um de seus shows,
nos conhecemos no camarim. Na verdade, não nos demos muito bem no começo.
- Então não foi amor à primeira vista?
- Não estamos juntos. Saímos algumas vezes,
mas não deu certo.
- OH GOD NO, YOU GUYS ARE MY SHIP!
- TORDIE FOREVER!
A plateia ficou gritando coisas, George ficou
histérico e começou a rir. Era impossível não rir junto.
- Vocês têm muitos cúpidos – Laura falou
assim que eles se silenciaram – Alex e os outros integrantes do Arctic Monkeys
compareceram ontem a festa de aniversário da MTV. E ele deixou um recado pra
você.
No telão eu vi o rosto de Alexander.
- Alex, me desculpe, mas eu vim recebendo
inúmeros tweets das pessoas pedindo para lhe perguntar sobre Eliza. O que você
tem a dizer sobre isso? – perguntou a entrevistadora.
- Eliza é uma pessoa maravilhosa, ela é um
gênio. Sinto muito pelo o que aconteceu, e eu, bem, você sabe o que eu tinha
pra dizer estava naquele pedaço de papel. Mas é isso, não tenho mais o que
dizer.
O vídeo se encerrou e minha cabeça estava a
mil.
- Iria
perguntar o que aconteceu, mas acho que isso já é demais, porém vou ousar a
perguntar: O que você acha de Alex Turner?
- Ele é imprevisível. Definitivamente.
- Ele é bonito – disse George fazendo as
pessoas rirem.
...
Assim que o programa foi encerrado, fui atrás
de Lia.
- Eu preciso passar na minha casa – disse a
puxando pelo braço.
- Por quê?
- Lia, você mexeu na minha caderneta?
- Não! Por que eu faria isso?
- Então aconteceu o que eu acho que
aconteceu.
- E o que aconteceu pelo amor de Deus?
- Alexander escreveu alguma coisa em minha
caderneta, mas ontem quando eu a abri havia várias folhas soltas e uma página
havia sido arrancada. Dave que me deu a bolsa com a caderneta, acho que ele
arrancou seja lá o que Alexander havia escrito.
- Mas se ele arrancou, deveria ser algo ruim.
- Isso eu só vou saber se eu achar o bilhete.
***
N/A: Oi!!
Como vocês perceberam, eu não postei o capítulo ontem porque como eu havia
dito, eu não sabia ao certo que rumo iria tomar. Eu fiz minha decisão e o resto
vocês irão saber depois! Não aconteceu muita coisa nesse capítulo, e espero que
isso não tenha o tornado chato demais Hahaha Obrigada por acompanharem e pelos
comentários, vocês são lindas!! Beijos.
Geooooorge! Seu piolhinho! Eliza devia te dar uns cascudos! UAHUAHUAHUAHAUAUHAUHAUHAUAHUA Awwwnn.. mas que fofinho que ele ééé! *-*
ResponderExcluirPôxa, adorei esse capítulo, quebrou um pouco a tensão e o drama dos outros com as fangirls na entrevista. "Tordie forever" Eu riii! Hahahahahahahahaha
Agora vamos achar o bilhete, né Eliza? Tô morrendo de curiosidade pra saber o que tem nele.
esse capítulo foi, sem dúvida, genial. estou morrendo de vontade de ler o próximo :*
ResponderExcluirG-zuis, to muito ansiosa pelo próximo capítulo *-*
ResponderExcluirGeorge seu pirralhinho fofo haha ,viro o cupido da fic hahah
ResponderExcluirPqp peloamordedeus posta o proximo logo eu to morrendo pra saber no q vai darr ahhhhh :P
Bjbj ,n demoraaa
Oh God! George you cute!
ResponderExcluirVocê encaixou o irmão dela na história tão bem! Fiquei feliz com essa atualização, sinto que agora as coisas vão pra frente de modo mais decisivo...enfim, aguarde ansiosamente o próximo capítulo, xx.
Esse George*-* Um cupido muito fofoooo ! Adorei muito o capítulo e estou esperando o próximo ;)
ResponderExcluir'' Ele é imprevisível. Definitivamente.'' TOTALMENTE IMPREVISIVEL.
ResponderExcluirTo ansiosa demais pra saber o que estava escrito. hahahah