BE CRUEL TO ME 12: WITH LOVE, ALEXANDER

   - A gente não ia tomar sorvete? – perguntou George assim que chegamos á minha casa.

   - Nós vamos, eu só tenho que achar uma coisinha antes. Lia, fica de olho nele, por favor. Eu vou lá em cima ver se eu acho o bilhete.

  - Se precisar de ajuda é só gritar.

  Subi as escadas correndo e fui direto ao cesto de lixo. Ele estava cheio de papéis diversos, alguns eram folhas de minha caderneta, rascunhos de ideias que haviam sido rejeitadas. Foi quando eu me arranhei com algo pontudo. Era um CD quebrado ao meio. Juntei as duas partes para poder ler o nome que estava escrito em preto. “Black Treacle”. Procurei mais rapidamente pelo bilhete até finalmente achar um fragmento de um papel que se encontrava rasgado. As palavras, sem dúvidas, foram escritas pela mesma pessoa que havia escrito no CD. Procurei pelos outros pedaços, até juntá-los todos um do lado do outro, deixando o bilhete com um aspecto de quebra-cabeça.  A sua letra não era das mais bonitas, porém, era legível. Respirei fundo e comecei a ler:

  Dear Eliza,

Desculpe-me por não ter te contado a verdade, por lhe magoar, por ser o responsável pelas suas lágrimas e pelas minhas. Não suporto a ideia de ter a machucado, machucado a mulher que eu mais quero ter em meus braços, ter ao meu lado e ver assim que eu abrir os olhos pela manhã.  Eu tento me concentrar para achar as palavras que quero lhe dizer, mas eu só consigo me lembrar de seu sorriso e de como você olha para o chão quando fica envergonhada. De como você gosta de sonetos, de como os seus lábios tem o gosto de algodão-doce. Eu amo os seus lábios, talvez só não os amo tanto quanto amo seus olhos, você diz que são olhos comuns, mas para mim eles são os mais belos olhos do universo.  Eu amo seu cheiro de jasmim e amo ainda mais quando ele fica em minha camisa. E agora eu estou aqui, no seu quarto ouvindo você chorar no andar de cima pensando que fui embora. Mas eu estou aqui, no seu quarto, sentando na cama que ontem eu pude toca-la por completo e me lembrando de como desejei que aquilo nunca acabasse. Estou aqui dizendo que o fato de perder todas as coisas que amo em você já é castigo o suficiente para o resto de minha vida.

Você só precisa saber de uma coisa: Eu amo você, Eliza. Amo cada centímetro seu.

You are the only ones who know.

With love, Alexander.

  

  Quando terminei, dei um suspiro de alívio.

  POV Alex

  Eliza não retornou nenhuma de minhas ligações. Fui á uma festa idiota só porque ela poderia estar lá. Mas não estava. Eu tinha a grande habilidade de sempre ferrar com tudo quando as coisas estavam bem. Dessa vez não havia sido diferente. Eu havia me apaixonado e agora isso parecia tão estúpido. Se o “eu” de alguns meses atrás me visse agora, falaria que eu era um babaca por ter caído nessa fria. A verdade é que não escolhemos quando ou como isso irá acontecer, de uma hora para a outra, quando percebemos, já é tarde demais. Alguns poderiam falar que eu fui o heartbreaker da história, mas a minha situação estava mais para heartbroken. Ou talvez, eu consegui não machucar só a ela, quanto a mim também. Mas no fim, tudo dava no mesmo, eu estava bebendo e fumando para tentar tira-la de minha cabeça. Tentando tira-la da cabeça, mas encarando sua fotografia. No dia em que ficamos juntos, eu tirei uma foto sua enquanto dormia. Era engraçado o jeito que ela dormia toda embrulhada pelas cobertas, posso jurar que a ouvi falando no meio da noite. Naquela manhã eu tive certeza, que com certeza ela era um disco raro. O mais raro que se pode ter. Como aquela foto, uma foto simples, mas que só o fato de ela estar ali, a torna rara e especial.

  Meu celular começou a tocar em algum canto do apartamento. Saí em procura do aparelho, afinal, eu ainda não tinha perdido as esperanças com Eliza. Assim que o achei, botei meus olhos no visor. Não era Eliza, mas era uma pessoa que podia ter notícias dela.

  - Lia! Aconteceu alguma coisa? Eliza está bem?

  - Escuta Alex, eu não tenho muito tempo. A minha vontade é de chutar a sua bunda, você é um babaca e não há pares de sapatos Louboutin no mundo o suficiente para mudar isso, mas, eu tenho um recado da Eliza para te dar.

  - Fale!

  - Não é um recado que eu possa falar, muito menos por telefone. Encontre-me na ponte Westminster Bridge o mais rápido possível.

  - Westminster Bridge? Por quê? Não pode ser naquele pub que nos encontramos aquele dia?

  - Você vai ou não vai? Por que eu nem quero fazer isso.

  - Não, tudo bem. Eu vou estar lá.

  Ela desligou logo em seguida.

  Peguei minha jaqueta e as chaves do carro e fui encontrar Lia. Qualquer notícia de Eliza já valia em meio a todo esse silêncio.

...

  Estava entardecendo, as primeiras luzes de Londres estavam sendo acesas. Ao longe, avistei Lia. Fui andando até ela que estava encostada na mureta obsevando o horizonte.

  - Oi – a cumprimentei.

  - Você veio – ela disse se virando pra mim.

  - Claro que eu vim, eu preciso saber como ela está.

  - Sabe Turner, você pode ser o maior canalha do mundo, mas ás vezes parece que você gosta mesmo dela.

  - Eu a amo, Lia. Não sei como isso aconteceu, não sei nem quando. Mas eu a amo.

  - Você a magoou muito.

  - Eu sei, mas eu não posso desfazer o que já foi feito. A única coisa que resta é tentar consertar.

  Ela suspirou e balançou a cabeça.

  - Aqui está sua chance, Romeu.

  Ela indicou com a cabeça a silhueta de uma mulher que estava de costas e mãos dadas com um garotinho. Não era qualquer mulher. Fui andando um pouco trêmulo até ela e a cada passo que dava, meu coração batia mais rápido.

  - Eliza – ela se virou e seus olhos encontraram os meus.

  - Liz, é o menino da foto – falou o menininho que estava com ela – Ela tem uma foto sua.

  - Tem, é? – me abaixei para ficar na sua altura.

  - Alexander, esse é George, meu irmão.

  - E aí, cara? – levantei a mão para um high five, que ele logo retribuiu.

  - Gostei da sua jaqueta – George disse.

  - Obrigado! Logo você vai poder usar uma quando tiver sua banda de rock.

  - Não acho que ele tem jeito para ter uma banda – disse Eliza fazendo com que eu me levantasse novamente.

  - E por que não? – perguntei.

  - Bem, ele é muito bad boy para isso. Pelo visto, estrelas do rock têm sentimentos – um sorriso brotou em seus lábios me fazendo sorrir também.

  - Como eu tenho por você?

  - Algo do gênero...

  - Ela ama você! – gritou George.

  - Ama, Eliza? – perguntei olhando em seus olhos.

  - Isso você vai ter que descobrir.

  Tirei algumas mechas de cabelo de seu rosto e o acariciei delicadamente. Pude sentir sua pele arrepiar e um brilho surgir em seus olhos.

  - Beija logo, droga! – gritou Lia de longe.

  Eliza riu e o som de sua risada de volta em meus ouvidos fez com que eu a beijasse sem delongas. Sentindo o doce gosto de seus lábios novamente e me provocando arrepios.

  - Me desculpe – interrompi o beijo por um minuto.

  - Eu o perdoo. Nós somos seres humanos estúpidos, nos cometemos estúpidos erros.

  - Não sei se fico feliz ou ofendido com esse comentário.

  - Não precisa pensar nisso agora – ela voltou a me beijar.

  - Espera, você ouviu a música?

  - Aconteceu um problema com o CD. Longa história. Depois eu explico.

  - Não importa, eu posso canta-la pra você.

 

  E nos beijamos naquele começo de noite no meio da Westminster Bridge, iluminados pelo forte brilho de Black Treacle que iluminava o céu.

***

N/A: Meninas!!!!! O capítulo é curto, porque não tem que ficar enrolando e deixando as coisas meio zZzZZ E temporariamente, esse é o último capítulo de Be Cruel To Me. Digo temporariamente porque eu planejo não só um epílogo, mas algumas coisas extras que podem ser interessantes (por exemplo o que Dave fez, e o que ele exatamente fez). Isso só se vocês quiserem, é claro. Eu quero agradecer de coração a todas que acompanharam, pelos comentários, por terem sido tão legais comigo. Isso aqui é pra vocês, espero que tenham gostado do último capítulo. Eu também estou com o projeto para outra fanfic, mas isso vamos ver com o tempo. Enfim, é isso, muito obrigada novamente! Vocês são demais!! Beijos e até logo ♥