Old Yellow Bricks 02: For waiting eyes

Peguei meu livro e me despedi de seu Eduardo e fui para casa, pensando em mil coisas, na verdade em uma coisa só. Como poderia encher meus pensamentos dessa maneira? Me sentia uma criança apaixonada pelo Miguel de rebeldes, comparação ridícula, mas para mim fazia sentindo. Uma garota do subúrbio de uma grande cidade, pensando em um músico com um passado nada legal. Argh. A paisagem do caminho para casa era normal, algumas árvores com grandes sombras, várias casas brancas e tradicionais, um parque para crianças, um campo de futebol, uma praça, uma igreja e algumas lojas de conveniências.

Distraída não pude perceber quantas pessoas estavam passando por ali hoje, uma agitação fora do comum, senti uma coisa no meu estômago e estremeci ao lembrar o motivo disso. As pessoas, ou melhor, dizendo algumas meninas loucas pelo Turner indo vê-lo. Não estava aguentando de curiosidade. Senti minhas pernas tremerem ao pensar na possibilidade de pegar um táxi e ir ao aeroporto, mas temi quando percebi que essa era a minha ideia. “Seja corajosa” pensei comigo mesma. A minha sorte era que havia um táxi estacionado ali perto, fui até ele e entrei.

– Aeroporto, por favor – Disse vendo o tanto de dinheiro que eu havia ali. Não era o suficiente para uma corrida. – Senhor, com licença eu poderia pagar quando me trouxer de volta? – sorri meio encabulada. Ele assentiu, fiquei aliviada. Estava quase desistindo.
A medida que o aeroporto se aproximava, eu sentia calafrios e sensações estranhas dentro de mim, pude perceber aquela mesma movimentação que é obviamente pelo chegada da banda em nossa cidade.

– O senhor pode me esperar aqui? Não demoro – E sai do carro indo em direção ao portão de desembarque. Era impossível chegar perto, havia muitas pessoas por ali, de todas as idades, mas a maioria, jovens entre 16 e 25 anos todas muito bem arrumadas e eu ali com praticamente um pijama. Resolvi sentar em um banco e esperar algum lugar onde eu possa vê-los.

– Alex Alex seu lindo casa comigo – Ouvi uma garota gritar logo e em seguida todas as outras gritaram, começou uma histeria muito grande, tampei meus ouvidos com todo aquele barulho, meu coração acelerou, não ia aguentar, sai dali o mais rápido que pude, senti minhas pernas não me obedecerem, parecia que não chegava mais ao meu táxi. Finalmente o avistei e fui a sua direção, percebi uma multidão atrás de mim, mas que droga o que estava acontecendo agora. Entrei no táxi correndo e fechei a porta, respirei fundo. De repente a porta do lado se abre e alguém entra desesperado, olhei de relance e não pude acreditar. Ele estava no mesmo táxi que eu? Como poderia aquilo? Olhei para ele assustada, ele me olhou da mesma maneira, mas logo deu um sorriso. Eu estava ainda paralisada, só despertei do transe quando o motorista viu a confusão que poderia ocorrer e nos perguntou.

– Há algum problema de vocês dividirem o Táxi, bom você é famoso e você é uma garota não posso deixá-los na mão. – Ele falou meio encabulado. Afinal quem não ficaria assim com a presença do Alex Turner.

– Por mim não há problema algum, desde que me leve para casa – Ele disse, ainda estava chocada, ele estava a centímetros de mim. Ele me encarou junto com o motorista.

– E você senhorita? – O motorista disse. Despertei do meu transe e enfim respondi.

– Por mim tudo bem – E dei um sorriso tímido olhando para a janela.

– Está bem então, quem eu levo primeiro? – O mesmo perguntou. Alex me olhou e deve ter percebido que eu estava nervosa.

– Pode levar a jovem moça aqui – Ele disse com um sorriso e um olhar analisador. Olhei para ele finalmente, pude reparar em cada traço do seu rosto. Seu queixo perfeitamente alinhado com seus lábios, seus olhos de um preto intenso com uma coisa misteriosa em seu olhar, seu cabelo bem despenteado com um leve topete. Ele realmente havia mudado.

– Obrigada – Foi a única coisa que consegui falar e ainda saiu falha.

 *

 No caminho foi um silêncio total, eu olhava por uma janela e Alex pela outra, o motorista nos observava pelo retrovisor. Até que o silêncio foi quebrado por um celular tocando. O toque era Sheena is a punk rocker do Ramones, era o meu toque, mas quando fui pegar o meu celular não era o meu e sim o de Alex.
 Fiquei incrédula quando vi que nosso toque era igual. Ele atendeu.

– Oi mãe, estou chegando – Ele disse calmo, com a voz um pouco baixa. – Sim mãe vou chegar a tempo do jantar em família – Ele falava olhando para fora como estava a poucos minutos atrás. – Está bem, te amo tchau – E desligou o celular.

– Chegamos – O motorista falou. Olhei para o Alex e ele me deu um sorriso, retribui e disse ao motorista.

– Vou subir para pegar o dinheiro já volto – E já ia saindo do carro, mas antes que saísse Alex disse:

– Não precisa, eu pago – E sorriu. Sorri de volta, mas meu orgulho não deixava homem algum pagar as coisas para mim.

– Não tudo bem, eu pago – Disse o olhando sério. Ele analisou cada canto do meu rosto e da minha expressão.

– Quanto é a corrida? – Ele disse ao motorista me ignorando totalmente.
– 10 paus – O motorista respondeu e Alex entregou-lhe o dinheiro e me olhou com um sorriso de vencedor.

– Obrigada – Murmurei – Mas não precisava. – Sai definitivamente do carro e dei tchau para ambos.
Entrei em casa e me deparei com Luiza comendo na sala enquanto assistia a um filme qualquer ela me olhou e percebeu o quão pálida eu deveria estar. Ela veio em minha direção enquanto eu colocava a mão no coração e respirava fundo.

– O que aconteceu Maria? – Ela estava preocupada. Sentei-me no sofá e respirei fundo para que conseguisse dizer-lhe o que acontecera.

– Eu vi Alex Turner... É acho que o vi. – Disse a ela que colocou as mãos na boca e surtou dando vários gritinhos. A coisa chata esses gritos dela de felicidades, mas não deixei de sorrir.

– Como assim? Conta-me tudo agora – Ela disse se sentando ao meu lado para que eu contasse o quer havia acontecido.

*

Depois de uma manhã dessa eu decidi que passaria o dia todo em casa, só sairia para o trabalho à noite. (N/A: Em um mundo paralelo, Alex tem twitter) Peguei meu notebook e entrei no twitter para ver quais eram as novidades, peguei o meu fone e selecionei músicas que não eram do Arctic, não poderia ouvir aquela voz novamente, não agora. Quando abro meu twitter me deparou com um tweet do Alex Turner.

“Hello I'm back England that morning! I think it will be a good thing to be back home”

Bufei ao pensar nesse tweet, mas logo em seguida ele twitta algo um tanto quando suspeito.

“Eyes intriguing wish I could know your name”

Claro que eu sorri involuntariamente, mas logo esse sorriso se foi, meu pessimismo tomou conta de mim e pensei “claro que não é pra você” suspirei e twittei qualquer grande merda. Decidi que dormiria o resto da tarde, porque com certeza a noite a lanchonete iria bombar. Afinal era sábado.

18h20min

Ouço meu despertador tocar, abro os olhos e vejo pôr do sol que por sinal estava maravilhoso, me espreguiço e vou em direção ao banheiro para tomar um banho e me trocar, tenho que ir ao trabalho. Vesti meu uniforme, uma calça jeans e uma camiseta pólo escrito “mafia’s Bar” bem chamativo o nome não? Coloquei meu all star e desci, Luiza não estava em casa, deveria ter ido se encontrar com seus amigos ou dar uma volta no parque e flertar com os rapazes que corriam nos finais de tarde.

Fui caminhando mesmo até o meu trabalho não ficava muito longe e era ótimo caminhar um pouco, quer dizer, não tão ótimo, pois eu odiava andar, mas fazia bem e é isso que importa.
Nada muito de diferente na lanchonete hoje, meus colegas de trabalho já havia chego e estavam preparando as coisas. Fui até a cozinha ver se tinha algo para comer enquanto não começava o plantão do trabalho.

- Dia intenso? - Minha colega de trabalho Julie disse.

- Um pouco. - Sorri tentando parecer amigável e menos idiota.