Still Take You Home: Epílogo: Até logo, meu amor.

N/A: Coloque essa música para tocar enquanto lê o capítulo, meninas. 

I can't get through
Knots in my mind
I resent
The self i can't find
I can't get through
A paper and a pencil
Are the best friends i've got
I went to downtown LA.
Got picked up by the cops
I didn't get what i wanted
But i didn't care a lot
I saw that life was kidding


Eu estava entediado com aquela virada de ano. Sheffield não era a mesma, minha vida não era a mesma e eu não era o que costumava ser. Classifico-me como um andarilho que dorme em uma casa de luxo, mas que o coração continua vagando vagabundo e sem rumo. Sem um rumo certo pelo menos. Eu olhava para aquelas pessoas e sentia um frio, um vazio e algo impreenchível. Era como se minha mente se recusasse a aceitar as minhas condições e mesmo assim, me traía, deixando-me pensar que aquilo fosse a minha sina.

Eu sinto falta da Califórnia e dos beijos molhados que trocava com uma jovem que eu costumava conhecer. Eu também sinto falta de mim, da vontade de crescer como musico, da vontade de encontrar o caminho do sucesso e poder fazer o que eu quisesse. Apesar de ter atingido esses objetivos, ainda me sentia como um jovem louco por uma banda de rock, só que mais velho e com cabelos grisalhos.
Ter quarenta e cinco anos e trinta anos de carreira tinha lá suas vantagens. Eu havia me tornado um dos músicos mais ricos do mundo, minha banda havia se tornado a com maior notoriedade no mundo contemporâneo, tinha uma legião de fãs fanáticos. Talvez a dor que estava enjaulada em mim, se manifestava mais quando via meus amigos casados e com filhos ou quando eu me pegava lembrando que a solidão não havia feito bem, não tanto quanto eu esperava.

(...)

A noite estava chegando, todos íamos para um parque que havia chegado ao centro de Sheffield. Não que eu estivesse empolgado, muito pelo contrário, eu estava devorando maços de cigarros atrás de maços de cigarro. Eu sentia meu estômago se contorcer e minhas têmporas já começavam a doer. Sentia um arrepio em minha espinha a cada vento gélido que batia em meu rosto. Aquele inverno havia nos castigado, as piores temperaturas dos últimos trinta e cinco anos. 

Direcionei-me para uma barraca onde se vendia bebidas. Traguei mais uma vez meu cigarro e pedi ao atendente uma dose de whisky. Assim que possuía o copo em minhas mãos, tratei de colocar para dentro todo o liquido. O senti descendo pela minha garganta e rasgando-a. Meus olhos se encheram de lágrimas devido ao grande teor de álcool e assim que me recuperei, fui de encontro a um banco que estava afastado de toda aquela aglomeração de pessoas.

Eu as olhava e não conseguia entender o motivo de serem felizes, ou pelo menos transparecerem toda aquela felicidade. Eu já havia experimentado essa sensação, eu havia gostado, mas a vida me tirou tudo o que eu presava. Conheci mulheres e mais mulheres, desde a mais pobre e feia até a mais rica e linda (ou feia), desde a mais gordinha até a mais magricela, eu conheci muitas mulheres, mas poucas me fizeram feliz por completo. Eu era jovem e estúpido, um bêbado metido a rock star e um imbecil machista. Se eu pudesse fazer as coisas diferentes, eu faria.

Look on
I'm warning you
I skipped a life
To be here
i've got no right
I'm bad luck
I used to feel a lot
Things used to be alright


- Com licença... – Ouvi uma voz calma e doce. Arrisquei olhar para cima ao sentir a presença de um corpo estritamente magro e elegante. As roupas eram alegres, um vestido e um sobretudo por cima e sapatos de salto alto. Meus olhos cansados se encontraram com os vivos e espertos da mulher a minha frente. Senti meu estômago se revirar e meus lábios foram mordiscados instantaneamente sem meu consentimento. O perfume clássico chegou ao meu olfato e respirei tudo o que eu podia. Extremamente bom. Fiquei fora da realidade por alguns segundos, mas fui despertado novamente por aquela voz. Totalmente peculiar e familiar. – Alex? – Ouvi meu nome e minhas pernas ficaram moles inconscientemente. Eu sabia quem era ela. Eu sabia que estava a minha frente à mulher que eu nunca esquecera. E eu estava incapaz de olhá-la.  – Ei... – Ela arriscou novamente, mas logo soltou um suspiro derrotado.

- Dezoito anos... – Sussurrei mais para mim mesmo do que para ela ouvir. Mas ela sorriu e eu pude saber que ouvira o que havia dito.

- Não vai olhar para mim? – Ela disse com aquela voz que eu adorava ouvir pela manhã. Nunca me esqueci dos carinhos e do jeito manhoso dela. A juventude ainda estava no som de sua voz, mesmo dezoito anos depois. Olhei-a. Eu queria muito poder abraça-la e toma-la para mim novamente. Seus olhos continuavam com o mesmo brilho e seus cabelos ainda eram ruivos. Ela me olhava de uma maneira quente, suas bochechas coraram e ela sorriu de canto. Arrisquei tocar a maça de seu rosto com meus dedos. Sua pele estava quente, quando entrou em contato com a minha mão gélida, ela estremeceu, mas soltou um sorriso que eu não via há anos, que foi capaz de arrepiar todos os pelos do meu corpo. Ela continuava linda.

- Claire... – Sussurrei mais uma vez e ela assentiu com a cabeça. Passei minha mão para seu pescoço, tocando-a levemente. Eu queria saber se aquilo não era um sonho e eu não estava delirando. Ao sentir sua pele e seus poros se eriçarem, eu pude constatar que ela deveria estar tendo as mesmas sensações que eu.  – Por onde esteve? – Perguntei mais para mim do que para ela. Suas mãos retiraram as minhas de seu pescoço as entrelaçando com as próprias e pousando delicadamente em seu colo.

- Bem... Em todos os cantos. – Ela olhou para as pessoas que andavam a nossa volta. Olhei para ela e apetei sua mão, instigando-a a continuar. – Depois da Austrália, eu me mudei para França. Fui convidada a fazer pesquisa e assim, conseguia uma bolsa para meu mestrado. Eu pesquisava meios para despoluição dos rios de Paris e sua região. – Aquilo era típico dela. Conforme seus lábios se moviam, suas mãos começavam a suar frio e eu as apertava em modo compreensivo. – Esse meu trabalho teve sucesso e êxito. Fui para Dortmund, São Paulo, Buenos Aires, passei um tempo na Índia e no Afeganistão e agora estou em Londres para concluir meu doutorado e uma pesquisa cientifica que fiz.  – Suas covinhas apareceram em um sorriso tímido. Claire era mais nova que eu, devia ter quarenta anos ou trinta e poucos. Eu parei para pensar em tudo o que eu poderia ter feito com ela, o que poderíamos ter feito juntos e me perdi novamente em lembranças e pensamentos.  – E você? – Ela disse. Soltei um riso fraco.

- Você nunca pensou em me procurar? – Disse rapidamente. Ela me olhou e sorriu desviando o olhar para nossas mãos. Soltando-as dali. Senti falta e logo tratei de me aproximar dela. Não podia ficar sem senti-la novamente.

- As coisas ficaram difíceis, Alex. Eu te esperei, esperei que aparecesse na Austrália e fosse me ver. Pedir-me para voltar. – Ela suspirou. – Eu até soube que vocês fariam show lá, mas quando cancelaram, eu me senti estúpida e burra. Então me concentrei em salvar o Planeta. Nunca deixei de pensar um dia em você. Sempre tinha esperança de que um dia nos encontraríamos e viveríamos juntos. Sempre te amei com todas as forças, era tão intenso... Tão nosso. – Ela deu de ombros e aquele brilho em seus olhos já não estavam mais lá. – Sempre acompanhei sua carreira pela TV e pela internet e nunca me pareceu que você sentia a minha falta. Sempre rodeado de mulheres belas, modelos e atrizes. Sempre rodeado de dinheiro e fama. Eu era só a bióloga sonhadora que você teve um caso. – Eu não podia culpa-la pelo ressentimento que eu sentia em suas palavras. Eu era o culpado por não ter ido atrás dela. Eu queria ter feito tudo diferente com ela e aquele momento era oportuno.

- Claire... Eu fui estúpido. Em todos os momentos eu pensava em ir te procurar, mas eu era covarde, medroso. Eu era uma merda. Quer dizer, eu ainda sou. Você não tem ideia da falta que você fez na minha vida e o homem que eu me tornei por causa disso. Chegou um momento que eu decidi que era hora de seguir em frente, porque você não dava notícias. – Ri fraco. – Eu não a procurava também, não sei como pensei que eu iria saber coisas sobre você. – Ela me olhava e estava triste. Tão mais triste que eu.

I am a seperate entity
From the guy i was before
Here nobody wants me
I hoped for something more
I flip through empty pages
That i thought i wrote on
I can't tell what is dreaming


- Não vamos nos culpar por sermos tão jovens e burros, Alex. A vida é esse enfadonho de coisas ruins acontecendo. São esses casais confusos, relacionamentos complicados. Talvez fora o melhor para nós. – Ela disse me olhando novamente. Eu a olhei e suspirei cansado, passando minhas mãos pelos meus cabelos. Ela se aproximou de mim, nossos corpos estavam a míseros sentimentos e nossas bocas estavam próximas. Em meio a tanto frio, eu sentia sua respiração quente ir de encontro a minha boca e eu estava ali, olhando-a e a querendo, como sempre quis em todos esses anos. Ela tocou os fios de cabelo que estava em minha nuca, e os acariciou, fazendo-me fechar os olhos involuntariamente. Sua outra mão foi de encontro à maça do meu rosto depositando um carinho singelo ali. – Você continua lindo. – Ela sussurrou. Minhas mãos apertaram sua cintura em agradecimento. Suas mãos continuavam me fazendo carinho e sua boca continuava perigosamente perto da minha. – Sempre te amei, sempre irei te amar. – Senti um nó na minha garganta formar. Aquilo soava como uma despedida. E agora que eu estava tão perto dela, sentindo seu calor, seu amor, sua doçura... Eu simplesmente não podia deixa-la ir.

- Não. – Disse baixinho e pude senti-la se afastando um pouco do meu rosto, para me olhar nos olhos. Olhos cansados, olhos tristes. Ela depositou suas duas mãos em meu rosto e me olhava intensamente.


- Você precisa se libertar dessa dor Alex. Precisa ir buscar sua felicidade e sua liberdade. – Pude ver lágrimas tímidas escorregaram por sua face. – Você é incrível, você é novo e você pode conquistar mais o mundo do que já conquistou. Se permita, meu Alex. - Senti seus lábios se encostarem delicadamente nos meus, um afago foi feito no meu cabelo. A intenção não era aprofundar o beijo, não o fiz. Nem ela. Ficamos ali por alguns minutos até ela se separar de mim e me olhar novamente. Ela se levantou e apontou para uma garotinha que estava há alguns metros dali com um homem. Eles não estavam nos vendo, estavam entretidos com os jogos do parque. Ela sorriu em ternura a mim e eu não pude deixar de sorrir de volta. – Se cuida. – Ela beijou minha testa e foi em direção a sua família. 



N/A: Pois é meninas, finalmente o fim de Still Take You Home. Eu mudei totalmente o que havia escrito da outra vez. Eu achei uma forma mais bonitinha para finalizar essa história. Obrigada a quem leu a história, a quem acompanhou. Obrigada, obrigada. Com amorzinho, Anne. 

3 comentários:

  1. Essa fanfic foi uma das melhores que eu já li, esse final foi maravilhoso( me fez chorar), vou sentir sds dessa fic.

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  2. Anne, meu bem, estou chorosa. Esse capítulo foi lindo e carregado de sentimentos. Que bom ver que a Claire foi bem sucedida na vida, que construiu família e, mesmo tendo penado pelo Alex, aprendeu a lidar com o sentimento em relação a ele da forma mais positiva e madura. Tive peninha do Al... Espero que a Claire tenha libertado ele. Confesso que fiquei meio de core partido porque eles não ficaram juntos. Alex+Claire em cena sempre aquecia meu coração. Apesar disso, gostei de como conduziu o fim. Sua fic foi linda e impecável. Quero chorar porque acabou :( Enfim, é isso. Parabéns. Amo você.

    Beijos mil, Téfa <3

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  3. Ai gente!!! Como é que comenta depois disso?!
    Anne, não sabia que tu escrevia tão bem menina!!!! Li sua fic durante poucas horas e agora que acabei, desejei ter ido mais devagar. Adorei a Claire (que é você sim, não adianta negar) e também nutri vários sentimentos por esse Alex. Digo vários sentimentos porque não sabia se sentia raiva, impaciência ou desejo por ele. Embora ainda mantivesse "sua fama de mau", ele estava mais perdido que cego em tiroteio durante grande parte da história, o que faz todo sentido, afinal, ele estava numa impossible situation onde alguém iria sair perdendo. O surpreendente é que quem perdeu foi o próprio Alex. Sem namorada e sem o amor de sua vida, ou pelo menos a paixão de sua vida. Se agarrando a tudo o que foi e o que poderia ser, deixando-se tomar pela dor. Seu amor por Claire foi tão intenso que mesmo 18 anos não foram capazes de libertá-lo. Foi preciso que ela o fizesse. Pergunto-me se Claire foi realmente feliz, se superou Alex. Não acho que um amor tão intenso se vá sem deixar marcas, mas talvez as marcas dela nele foram mais profundas que as dele nela. Enfim... Isso é outra questão.

    Amei tudo.

    Bjos, Babs.

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