Stuck On the Puzzle 10: I Bet You Look Goo On the Dancefloor.

N/A: Fiz esse capítulo baseado num show real, numa cidade real, até pus um vídeo. Talvez dois.












Ouço mais batidas na porta e torno a ignorar.


Eu queria morrer.


Toc-toc.


Dois últimos barulhos, então a cabeça da minha irmã aparece na greta.


“Ô de casa, posso entrar?”


“Entra” eu disse, sem muita animação.


Eu ainda pensava na conversa que eu havia acabado de ter com Alex. Minha consciência dizia que não fazia bem de modo algum e eu precisava me distrair com outra coisa, mas era mais forte que eu.


Ellie fechou a porta de logo sentou-se ao meu lado.


“E aí, ansiosa para o show de hoje?”


Mordi o lábio. Não era para eu estar tão nervosa, não desse jeito.


“Por que você não me contou que a gente ia vir para cá?” por incrível que pareça, eu não tinha gostado nem um pouco dali.


“Na verdade, foi meio que uma surpresa para mim. Poxa, meu pai deve estar puto!” riu.


Neguei com a cabeça. “Jimmy é super de boa com você.”


“Ele gosta que eu avise” disse. “‘Tá assim por que?”


“Assim como?”


“Sei lá, meio pra baixo.”


Encarei o teto, com a maior preguiça de responder.


Então, é que tem esse tal de Alex Turner me dando uma dor de cabeça...


Tudo culpa do namorado dela. Talvez fosse melhor se ele não tivesse me dito sobre o show do Queens. Ou se eu não tivesse esquecido o miojo na panela. Ou se eu não tivesse saído do quarto, como ela havia pedido. Ou se eu não tivesse ido embora do Brasil.


“Só ‘tô com sono.”


Ellie levantou-se e pôs as mãos na cintura.


“Nada disso! Eu vim aqui justamente para mandar você se arrumar.”


Não sei por que, mas eu juro que sentia uma pontada gelada na barriga a cada momento em que aquele assunto via à tona.


“Daqui a pouco.” Murmurei, contra o travesseiro.


“Não, não, não. Temos que ir mais cedo para o soundcheck.”


“E eu com isso?” perguntei, jogando os braços para cima.


“Todos estão indo e você não pode ficar sozinha aqui.”


“Por que não?” insisto, com desespero.


“Você não sabe o caminho para o lugar.”


“Não sei o caminho? Fala sério!” exclamei. “Olha só o tamanho desse lugar!”


Ellie respirou fundo e pôs-se ao lado da porta.


“Larga de ser teimosa e se arruma logo.”


Nisso, ela fechou a porta e foi embora.


Bufei de irritação enquanto me punha de pé.


“Que seja, loira oxigenada chata.” Reclamei.


Peguei a bolsa que eu carregava junto comigo e despejei na cama tudo o que havia dentro dela. Olhei para a multidão de itens misturados em um montinho por um tempo. Jaqueta, delineador, pulseiras, celular, meia arrastão... Analisei cada um até eu acordar para a vida e começar a separar tudo.


Antes de começar a fazer qualquer coisa, fechei as cortinas. Só para prevenir.


Tanta coisa... Por onde começar?




...


Alex POV.

“O que você fez com ela?” pergunta Matthew, atenciosamente.


“Merda nenhuma.” Respondi. Quer dizer, na minha cabeça, estava claro.


“O que?”


“Nada.”


Eu não havia contado nada sobre a conversa que eu havia acabado de ter com Marine. Sério? Sou tão transparente assim?


Bem, talvez depois de três garrafas de 500 mililitros de cerveja.


“Larga essa garrafa agora, temos um soundcheck em vinte minutos!” resmungou, tirando o objeto da minha mão.


“Nããão!” imploro.


“Anda, levanta! E vá chamar os outros também, eu vou falar com os roadies.”


Bufei, logo antes de um arroto que provavelmente deve ter chamado até a atenção de um urubu que voava por ali.


“Eew!”


“Me poupe, sua bicha!” mostrei ambos os dedos médios para Matt.


“Você considera isso coisa de macho, mas para mim é anti-higiênico.”


What-fucking-ever” debocho, revirando os olhos. “Vou chamar o resto do pessoal.”


Pulei da cama e corri para a porta. Pelo menos era a minha intenção. Quando percebo, estou atirado no chão e com uma dor desgraçada no canto da testa, enquanto Matt me ajuda a levantar.


“Honestamente, Alex, um dia você morre.”


“Todos nós vamos.” Digo, acendendo um cigarro meio sem jeito.


“Precisa de ajuda?”


“Não, estou bem” fiz um gesto com a mão e saí do quarto. “Babaca.”


Passei reto em frente a todos os quartos em que deveria ter entrado para chegar em frente ao de Marine. Surpresa? Não. Nem eu mesmo estava, quem dirá a pessoa que está acompanhando as minhas inúteis trapalhadas de bêbado.


Bati na porta com força, apoiando-me na parede com o outro braço. A voz abafada de Marine soou, mas eu estava tonto demais para entender o que ela havia dito.


Em silêncio, me aproximei da janela. As cortinas estavam meio fechadas, embora houvesse ainda uma gretinha que me permitiu ver Marine de costas, abotoando um sutiã preto de rendinha e de meias arrastão. Eu já havia começado a inalar a fumaça, mas aquela visão me fez engasgar bonito pela primeira vez em anos.


Soquei o peito, deixando-me cair assentado no chão.


Eu queria voltar para a posição anterior. Não, era tonteira demais.


Alguns minutos depois, Marine apareceu completamente vestida na minha frente. Mesmo assim, não pude evitar de olhar para suas pernas.


Ah, juízo, que saudades de você...


“O que você ‘tá fazendo aí embaixo?”


O que você ‘tá fazendo na minha vida inútil e desmerecida? é essa a questão.


“Eu? Nada. O que você faz aí em cima?”


Marine riu pelo nariz. “Deixa de besteira. Vai se levantar ou não?”


Encarei suas botas brancas por um tempo.


“Alex?” ela disse, chamando a minha atenção.


“Ahn? Ah, sim, me levantar, é claro” respondi, tentando executar o ato, sem muito sucesso. “Ér... Uma ajudinha aqui? Por favor?”


Ela cruzou os braços e deu um sorriso que praticamente me deixava certo de que ela não iria fazer coisa alguma a respeito da minha queda.


“Na-na-não, você já ‘tá grandinho demais para precisar de alguém para te levantar.” Brincou.


“Ah, qual é?”


“Então como vai ser quando você ficar sozinho num bar no centro da cidade, enchendo a cara?”


Meu doce Deus, a menina era esperta. Ok, dessa vez ela me pegou.


“Nada acontece, porque sempre há uma fã por perto que me ajuda e ainda me possibilita acesso à certos bônus.”


Marine imitou o som de uma ânsia de vômito. “Você é nojento.”


“Nojento, eu? Aposto que você faz coisas muito piores com seu namoradinho.”


“Isso não importa, não agora” disse, irritada. “Vai logo, levanta daí.”


Bufei de preguiça e comecei a tentativa. A mesma falhou nas primeiras três vezes, e Marine ria como uma criança.


“Vocês, bêbados, fazem a minha alegria” comentou, feliz, fazendo sentir-me bem por um momento. “Isso aí, apoia na janela... Um pouco mais de força e você consegue.”


Era como se meus ossos estivessem finos e fracos, desgastados. A dor mortífera nas minhas costas pioravam toda a coisa, principalmente o fato de eu estar tão alterado que não lembrava nem o número do meu quarto.


Acreditem, isso aconteceu várias e várias vezes e o resultado não foi nada legal.
Estendi meu braço esquerdo para me apoiar também no banco que balançava. Uma pena que eu havia esquecido desse detalhe.


Mais uma vez, minha cabeça doía.


“Oh, merda.” Ela disse, ao assistir meu corpo atirado no chão novamente.


“Ai... Meu... Braço...” gemi, ao perceber que havia caído sobre ele.


Marine parou o balanço e ajoelhou-se ao meu lado.


“Você ‘tá bem?”


“Não” declarei o óbvio. “Em todos os sentidos.”


Ouvi a voz de Cook e Marine virou-se para trás. Lá estava ele.



Marine POV.

“Há quanto tempo ele está assim?” pergunta Jamie, preocupado.


“Alguns minutinhos.”


Ele respirou fundo e abaixou-se para ajudar Alex a se levantar.


“Cara, você não cansa de ser um pé-de-cana?” reclamou.


“Eu fodi tudo outra vez, não foi?” falou Alex, um pouco alto demais.


“Não, meu irmão. Vem, vamos desintoxicar você.”


Pelas veias que saltavam do braço de Jamie, vi que muita força fora precisa. Essa é a típica cena onde o responsável sai carregando o amigo bebum, e eu finalmente posso dizer que presenciei isso.


“Vá buscar sua irmã, não sei onde ela se meteu.” Advertiu o guitarrista.


No fim, eu estava parada na varanda, observando uma amizade verdadeira de longe. Jamie Cook consolando e carregando Alex Turner, que estava bêbado demais para se equilibrar sobre suas pernas. Me perguntei se algum dia encontraria algum amigo como Jamie.



(...)



“Coax me out my low, sink into tomorrow” a voz ainda um pouco alterada de Alex soou pelas caixas de som.


A casa era mais para um bar-restaurante, com um palco bem ali no meio. A decoração era igual à da cidade, para manter a aparência. Mesmo assim, aquela cabeça de alce pendurada estava me dando nos nervos.


Faltavam mais ou menos duas horas para que o show começasse e a área havia sido fechada especialmente para a banda até que tudo estivesse pronto.


O que mais me preocupava naquela hora seria a resposta que eu daria para Alex depois que eles terminassem. Até agora, nada havia realmente me impressionada além de uma música que começava com um solo estranho porém divertido na guitarra, e depois de um refrão ele voltava com alguns acordes diferentes e uma bateria fantástica.


Não que eu os ache uma bosta. Eles não eram, com certeza não. Só não faziam muito o meu tipo. Além disso, vale lembrar que minha opinião seria considerável para todos eles.
O soundcheck terminou algum tempo depois. Os rapazes aproveitaram a chance para fazer Alex alimentar-se o máximo possível para que o efeito da bebida passasse e ele não vomitasse no meio do show. Bem, foi isso o que Matt me disse quando sentou ao meu lado.


“Ele sempre soube se controlar, mas de uns tempos para cá ele chegou a vomitar durante umas três ou quatro músicas, alguns shows foram cancelados pela falta de juízo dele.”
“E o que ele tem a dizer sobre isso?” pergunto, curiosa.


“Bem... É isso o que me preocupa” respondeu, cabisbaixo. “Não podemos jogar tudo fora.”


“Vocês estão terminando a turnê, não estão?” lembrei. “Talvez essa pausa pressione um pouco menos a situação.”


Matt concordou com a cabeça, sem saber o que falar.


Enquanto conversávamos, Alex ria como uma arara. Ele se jogou para trás e fora carregado desajeitadamente por Nick e Jamie.


“Vocês são bons amigos” eu disse. “Não deve ser nada fácil ajudar alguém nesse estado.”


“Crise existencial, coração partido e ao mesmo tempo apaixonado. Não, não é” continuou. “Às vezes nem nós mesmos conseguimos.”


“Se vocês não conseguem, quem vai?”


Matt olhou para mim, apoiando-se no balcão.


“Essa sim é uma boa pergunta, menina.”




Matt POV.


Eu concordava com Alex em muitas coisas, mas detestava ter que admitir que ele estava certo quando havia dito que Marine era apaixonante.


Sou um cara responsável e com juízo perfeito sobre esse tipo de assunto. Por sorte, eu estava vidrado na garota da festa. Não sabia como eu havia conseguido manter um assunto com aquela garota. Também não encontrava um adjetivo para descrever seus olhos, mas era verdade que alguém teria que ser muito corajoso e despreocupado para olhar para eles por mais de dez segundos.


Alex tinha mil motivos para se apaixonar por ela, e posso assegurar que todos procedem.  O problema é que nada poderia acontecer, de forma alguma.


Me levantei dali e fui em direção ao queridinho do cupido.


“Mas que droga!” exclamo, ao virá-lo e ver sua boca coberta de ketchup.


“O que é agora, hein?”


“Limpe essa boca, parceiro” ordeno, com um riso. “Está toda suja.”


“Não tem guardanapo” murmurou.


Respirei fundo e andei até o outro lado da bancada, encontrando um porta-guardanapos. Peguei dois e voltei ao lado de Alex.


“Sabe o que eu acho?” disse, esfregando o papel em seus lábios. “Devíamos tocar Joining the Dots hoje.”


“É, eu também acho.”


“Devíamos ter colocado no álbum.”


Fico em silêncio e paro de brincar com o palito que eu havia achado ali. Suspiro desconfortavelmente ao perceber que ele estava pior ainda.


“Algum convidado especial hoje?” puxo assunto.


“Josh Homme.”


“Cara isso é ótimo! Foi você quem chamou?”


“Hum-hum.”


Não gosto de ver Alex triste, principalmente quando ele é o cara que se junta a mim para fazer todos rirem. Ele era sentimental, isso era inegável. Pelo jeito, Alexa provocou algo nele, e não foi fraco. Eu tenho medo que isso vá além da conta, já que todos os amigos dele fora da banda não dão a mínima para como ele se sente e só se importam com o número de garrafas que ele é capaz de esvaziar.


Se bem que ele não tem tantos amigos assim.


“Matt...” hesitou. “Eu agradeço à tentativa de me consolar e acho que você é um bom amigo. Mas eu preciso de um tempo para mim, entende?”


Sorri, acenando com a cabeça.


“Você vai ficar bem, colega.” Digo, dando um tapinha em seu braço esquerdo.




(...)



Marine POV.


Meia hora antes da abertura das portas para a casa, fui direcionada para o backstage, onde fiquei sentada ao lado de Jamie e Ellie. Jamie afinava sua guitarra e tocava solos famosos, como o de Smells Like Teen Spirit do Nirvana. Ele acabou captando minha atenção ao tocar Seven Nation Army.


O produtor apareceu, avisando a ele que faltavam quinze minutos para o começo do show. A dupla que tinha feito a abertura já havia terminado, agora era só esperar.


Jamie disse à Ellie que iria cortar o cabelo e fazer a barba e ela concordou, dizendo que iria ficar lindo. Que pena, pois ele estava muito bonito daquele jeito. Não quero roubar o namorado de ninguém, maaaaaas...


“E você, Marine?” pergunta Jamie. “O que acha?”


“Acho o quê?”


“Devo mudar meu visual ou não?”


Olhei por alguns segundos e dei um sorriso discreto.


“Faça o que quiser.”


Fiquei de bobeira por tempo, andando pelo lugar e explorando cada parte dele. Funcionários andavam para lá e para cá sem parar, me dei de cara com três escadas no meio do caminho e por fim trombei no Josh Homme.


Para começo de conversa, achei aquilo bem suspeito. Como ninguém me avisou sobre a presença daquele cara no lugar? Que saco! Porém, isso era o de menos. Desfrutei de um papo longo e animado com um dos heróis da minha adolescência, e ele me disse que estava lá para colaborar com os caras do Arctic Monkeys. Andamos até uma parede cheia de pôsteres e apontou para um em particular, onde se via escrito as palavras “Arctic Monkeys tonight, at 10pm” e um subtítulo que dizia “with special guest Josh Homme from Queens of the Stone Age”.


“Eu não tinha visto...” ri, sem graça.


Josh disse que iria para o seu camarim e nos despedimos. Em seguida, voltei para onde Jamie e Ellie estavam sentados, só que eles não estavam mais lá.


“Marine!” disse a voz de Ellie. Me virei para o lado de onde ela tinha vindo e a vi sentada ao lado da entrada para o palco.


“Onde você estava?” me aproximei e perguntei.


“No banheiro, retocando a maquiagem.”


Retocando até demais... Pensei, reparando na sua sombra cor-de-rosa exageradamente cobrindo suas pálpebras. Como diabos Jamie aguentava aquilo?


“Eles já vão entraaaaar, oh my god!” disse, dando pulinhos.


Cruzei os braços e revirei os olhos. O público já se ajeitava para ficar perto do palco, alguns ligavam suas câmeras e outras garotas gritavam o nome de Alex. Eu só queria ver no que aquilo iria dar.


Um dos caras que estava ao meu lado mostrou um joinha para cima, onde meu olhar se dirigiu logo depois. Alguém que estava ali puxou uma alavanca que fez um som enorme e assim a dupla que estava no controle de uma caixa cheia de botões coloridos tornou a agir. As luzes do palco se acenderam e a gritaria aumentou. Cinco minutos depois, os Arctic Monkeys adentraram o palco, cada um com sua maneira de andar. Nick de um jeito tímido, Matt fora rápido e direto, Jamie não estava nem aí e Alex era todo descontraído.


What’s up, Pioneertown!” disse Alex, levando a plateia à loucura.


Ellie juntou as mãos e sorriu como se estivesse vendo seu maior sonho ser realizado. Devo dizer que minha reação seria a mesma, se a banda no palco fosse o The Doors.


Alex encarou a plateia com um olhar baixo, e depois olhou diretamente para mim.


Looking good, eh?” disse, um pouco alto demais.


Que droga, que droga, que droga.



Ellie POV.


Eu nunca havia pulado tanto na minha vida.


Estava lá pela quarta ou quinta música. A primeira foi Dance Little Liar, junto com o Josh Homme. Os olhos de Marine brilhavam ao vê-lo tocando ali, a alguns metros dela. O fato é que a música que tocava no momento era Still Take You Home, e era impossível não ficar doida com cada acorde e ritmo.


Quando Matt encerrou a performance com uma batida alta e forte, gritei o mais alto que pude, aplaudindo. Jamie olhou para mim com um sorriso e eu joguei um beijo. Ele estava se saindo tão bem. Eu adorava a forma como ele tocava, sem tirar os olhos do instrumento.
Marine interrompeu minha sessão euforia para perguntar onde haviam refrigerantes, olhei para ela com desdém. Qual era o problema dela?


O show continuou. Crying Lightning, Potion Approaching, My Propeller... Todas tinham um espaço reservado no meu coração.


Eu me lembrava da primeira vez que eu havia escutado a banda, por meio de uma recomendação de uma amiga no ensino médio. Ela tinha o EP Who The Fuck Are Arctic Monkeys? autografado por todos os membros da banda, pois havia presenciado uma cerimônia de lançamento do debut album Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not em uma loja de discos em Sheffield, onde passava as férias na casa dos avós. Eu lembro do momento em que peguei o EP emprestado, analisei a arte e o nome das músicas, que haviam mexido com a minha curiosidade. Dancei com The View From The Afternoon, cantei junto com Cigarette Smoker Fiona, me apaixonei por Despair In the Departure Lounge e No Buses, e por fim não ficava um dia sem ouvir a própria “Who The Fuck Are Arctic Monkeys?”.


O som dessa banda me conquistou de imediato, e eu sabia que não iria conseguir sobreviver sem eles. E hoje aqui estou, namorando o guitarrista, por mais que seja em segredo. E quer saber? Eu não poderia estar mais feliz.



My propeller won’t spin
And I can’t get it started on my own
When are you arriving?
My propeller



Chegou a um certo ponto em que Alex berrava a letra ao invés de canta-la. Aquilo me deixou um pouco sem graça, mas o público pareceu adorar.
Novamente, olhei para Marine. Ela estava de braços cruzados, mexia a cabeça fraquinho de acordo com o decorrer da faixa e não parecia ter expressão facial alguma.


A música acabou e todos tiveram um tempinho para se recompor. Alex olhou para Matt, que fez um “sim” com a cabeça.


“This song is very good to me and the boys and” disse Alex, fazendo os fãs enlouquecerem. “I usually start it by screaming LAAAAADIEEESS!!


O mesmo grito de sempre, que fazia meu coração disparar. Alex tocou sua guitarra e olhou para Marine descaradamente. Voltei a olhar para ela, que estava com os olhos arregalados e sua boca formava um “O” perfeito. O que estava acontecendo ali? Eu perdi alguma coisa?


“Olha só quem conquistou o mais disputado...”


“Cale-se” resmungou.


“Marine, Marine, ‘tô de olho em você” provoquei, Marine mostrou ambos os dedos médios e eu ri de sua reação.




I wish you’d stop ignoring me because you’re sending me to despair
Without a sound you’re calling me
And I don’t think it’s very fair




Pobrezinha, parecia tão inquieta. Depois dessa, quem não ficaria?


Aquela era minha chance de provar que posso ser uma boa irmã.


“Vem” eu disse, colocando minha mão sobre seu ombro. “Vamos pegar um refrigerante.”



Marine POV.


Oh there ain’t no love no, Montague's or Capulets
Just banging tunes in DJ sets and
Dirty dancefloors and dreams of naughtiness




Por um minuto, desejei nunca ter aprendido inglês. Alex não tirou os olhos de mim durante a música inteira, cantando aquele tipo de letra ainda por cima só fez com que eu me sentisse pior ainda.


Uma benção espontânea fez com que Ellie me chamasse para pegar refrigerantes, acompanhei-a no mesmo minuto. Eu daria qualquer coisa para sair dali. Quem sabe havia um táxi passando pela estrada? Eu voltaria para casa e não teria que vê-los nunca mais na minha vida. Perfeito.


“No que tanto pensa?” disse Ellie, apoiando-se na bancada.


“Nada que importe” murmurei. “Já está acabando? Podemos ir para casa?”


“Ih, o que é isso? Tem treze anos agora?”


“Eu não quero ficar aqui.”


“‘Tá com saudade da casa da mamãe, ‘tá, bebezinho?” ela disse, apertando minha bochecha. Impedi-a imediatamente de continuar mais um segundo com aquilo.


Fiquei parada, sentindo o olhar de Ellie pesar sobre mim. Merda, eu detestava quando faziam isso.


“Vamos embora amanhã cedo, eu prometo” disse, pegando a minha mão. “Além do mais, é muita bronca para escutarmos, não é mesmo?”


Sorri, concordando. “É.”


A banda fechou com uma música chamada Fluorescent Adolescent, pelo menos foi esse o nome que Ellie me disse. Ela me perguntou sobre o que rolava entre mim e Alex e, por mais que não fosse nada além de um beijo roubado, eu pedi para que ela não tocasse no assunto novamente. Felizmente, ela respeitou isso.


Os fãs aproveitaram a presença no local para jantarem ou beberem. Percebi que algumas groupies caminhavam em direção ao camarim e olhei para Ellie.


“Vadias” disse, acabando com sua dose de vodka em uma só golada. “Vou lá cuidar do que é meu.”


“Ok.”


Respirei fundo. E agora, o que eu faria? Era melhor eu sair dali antes que algum idiota começasse a me cantar.


Entrei no backstage depois de dez minutos tentando convencer o guarda de que eu estava com a banda. Filho da puta! Por que aquelas piriguetes conseguiram e eu não?


Se não fosse por Nick, eu estaria ferrada.


Saí dali pela porta dos fundos. Apenas uma luz ali em cima estava acesa, mas os brilhos amarelados que vinham da cidade apareceram no horizonte.


Bom, eu estava com meu celular e a chave do quarto. Agora era só achar o caminho para o hotel. Não seria tão difícil assim.


“Vai à algum lugar, moça?” disse Alex, olhei para o lado como um reflexo. O cretino acendia um cigarro e usava óculos escuros.


Quem usa óculos escuros à noite?!


“Oi pra você também” disse, desanimada. “Por que ‘tá usando óculos escuros?”


“Para ninguém me reconhecer, oras.”


Cruzei os braços contra o peito. “E você está aqui fora sozinho por que?”


“O que você veio fazer aqui sozinha?”


“Eu perguntei primeiro.” Arqueei as sobrancelhas.


“Foda-se.”


“Nossa, quanta educação.”


“Obrigado, Marine” disse, se aproximando. Eu não estava gostando nada daquilo. “E aí, o que achou?”


“Achei o que?” irritei-o.


“Não seja boba, o que você achou do show?”


“Para falar a verdade, eu não prestei muita atenção...”


“Ah, Marine!”


“Brincadeira. Por que não me avisou sobre o Josh Homme?”


“Responda a minha pergunta que eu respondo a sua.”


Graças a Deus ele estava de óculos escuros, porque só aquele sorriso já estava me deixando furiosa.


“Tá bom, eu gostei de duas músicas.” Seu sorriso se alargou. Convencido.


“Quais eram?”


“Eu sei lá, eu não sei o nome.”


“Então canta para mim.”


“Eu não lembro.” Mentira. A música que eles haviam tocado com Josh estava presa na minha cabeça, mas eu não poderia dar à ele esse luxo.


“Nossa, mas você é chata, hein?”


“Nossa, mas você é chato, hein?” imitei-o, com escárnio. “Agora é sua vez.”


Quando percebi, estávamos caminhando juntos em direção à cidade.


“Porque eu quis.”


“Eu não quero uma desculpa esfarrapada” reclamei. “Eu quero a verdade.”


Ele parou de andar e olhou para mim, com os braços atrás das costas.


“A verdade?”


“A-ham.”


Alex fez uns sons estranhos antes de começar a hesitar em responder. Tornei a bocejar, explicitando meu desinteresse.


“Bom... Eu vi a forma como você olhava para ele naquele dia, e eu sei que não deu tempo de falar tudo o que você queria porque você provavelmente estava nervosa, então eu o chamei. Era para ser uma surpresa.”


Congelei e minha respiração falhou por um minuto. Ele só podia estar de brincadeira.


“Acredito mais na primeira...”


“É sério!” assumiu. “Eu queria fazer uma surpresa.”


“Além da que eu tive quando pisei nesse lugar? Bom, pelo menos compensou” falei, sendo o mais sincera possível. “Se isso for verdade e você não inventou essa desculpa de última hora só para flertar comigo, obrigada.”


“Disponha” disse, pretensioso. “Mas, e então, você vai querer dar uma volta comigo, como eu pedi hoje mais cedo?”


“Acho que já estamos fazendo isso.”


“É” refletiu. “Às vezes eu me esqueço de que nem toda resposta é dada em voz alta.”




***

N/A: Ok, antes de vocês irem, vamos deixar algumas coisas claras por aqui.


1. Essa é a roupa da Marine: http://www.polyvore.com/what-f_cking-ever/set?id=143424810

2. Eu sei, o capítulo ficou enorme, teve muita troca de POV, mas eu me empolguei e sabia que não ia dar certo adiar mais um capítulo para esse show tão esperado. Não deu tempo de revisar, então me desculpem qualquer repetição de palavra e blá blá blá.

3. Fiquem sabendo que só continuei porque também estou postando no Spirit e as leitoras de lá COMENTAM. Não estou dizendo que aqui não acontece o mesmo, mas puta merda galera, recebo em média 60 visualizações por capítulo, talvez até mais, e só acabo recebendo dois comentários. Isso é chato, poxa, é a única coisa que peço de vocês. Além disso, quando comentam, vocês me ajudam a perceber o que eu preciso melhorar, o que precisa ser deletado, o que precisa continuar. Eu sei que ninguém aqui gosta de comentar, mas qual é, o dedo de ninguém vai cair.
Não comecem com essa de que eu tô de cu doce, porque eu não tô. E se for pra ser leitora fantasma, não precisa ficar mais um segundo aqui. 

4. Se você for leitora fantasma e vier comentar só agora, entenda que eu não vou te xingar, mas vou te agradecer por finalmente ter comentado.

Enfim, era isso. 

Bjos, Gi.

6 comentários:

  1. Descobri sua fic e to apaixonada/ viciada
    Mega curiosa pra ver no que vai dar
    Beijinhos <3

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Aaaaaahhh cara, muito obrigada! Pode deixar que vou fazer o possível pra continuar rapidão.
      beijo, gi. <3

      Excluir
  2. Eu amo essa fanfic, sério, é uma das minhas preferidas aqui, se eu pudesse comentar por todas as leitoras fantasmas só pra te deixar mais animada eu faria isso hahahahahah amei esse capítulo e morro cada vez mais de curiosidade pra saber o que vai rolar...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. kalkkajdkhfkkajkhdjnshjdjshjnsdjh a socorro!!!!1 obrigada querida. vou tentar postar bem rapidinho, ok? <3

      Excluir
  3. Sabe, eu ainda to me sentindo idiota por não te me tocado que era o quarto 505 :S
    E desculpa não ter comentado antes amor, é que eu fiquei um tempo sem ter entrado no pc, eu sei que você já postou outro capítulo ( que inclusive eu já to indo ler ;) )
    Bem, o que posso dizer? Você sabe que eu amo detalhes e tem frases demais que eu poderia citar, então ficaremos com essa: “Eu? Nada. O que você faz aí em cima?”. Ai ai, morro com esse Alex desajeitado auhsuauahs Eu inclusive fiquei imaginado ele sujo que ketchup porquê não tinha guardanapo hahaha.
    Mas ele é um fofo tentando conquistar ela, nem que seja trazendo um outro cara que ela goste.
    E quem não amaria se dedicassem I bet you look good on the dance floor pra você? Marine, aparentemente, mas ok, eu também gosto de Dance Little Liar <3 auhsua
    Enfim, meu comentario tá gigante, mas vale pela demora. Amei o cap, bjs, Ana.

    ResponderExcluir
  4. Outra carente como a minha Bábsita!? awwwwwwwwwwwwn
    Eu andei afastada do blog pq tava sem computador, Gi but NOW I'M BACK BITCHEEEEEEEEEEES vou comentar tanto nessa porra que vocês vão me mandar calar os dedos! ashaushau
    Menina, eu tô amando a fanfic, tô até com medo do que vem pela frente pq eu sei que você já quase finalizando ela #SOS (espero só que vc não tenha matado a Lexa pra eles ficarem juntos numa boa ashaushaus). Adorei os povs (quero de todos os meninos!).
    Enfim, NEXT ATT >>>>>>>>>>>>

    ResponderExcluir

Não precisa estar logado em lugar nenhum para comentar, basta selecionar a opção "NOME/URL" e postar somente com seu nome!


Se você leu o capitulo e gostou, comente para que as autoras atualizem a fic ainda mais rápido! Nos sentimos extremamente impulsionadas a escrever quando recebemos um comentário pertinente. Críticas construtivas, sugestões e elogios são sempre bem vindos! :)