You're the bad boy that I always dreamed of
Quarta-feira à noite, Elizabeth estava estirada no tapete
da sala de estar. O apartamento onde vivia com Emma, sua irmã mais velha,
ficava em um antigo prédio todo construído em tijolos laranja típicos da
paisagem urbana de Nova York. Nas paredes havia vários quadros, principalmente
de seus próprios desenhos. Sua mãe costumava ser pintora e lhe ensinou a lidar
com esse mundo, mas então ela se viu cansada demais para continuar. Agora seus
pais viviam em uma tranquila vizinhança em Boston.
Porém, nada disso
importava. Era quarta-feira á noite. O dia em que iria para o show do Arctic
Monkeys. Ela poderia simplesmente inventar qualquer motivo para recusar o
convite, mas não queria. Afinal, nenhuma garota sana no mundo recusaria. Não só
a ideia de revê-lo parecia excitante, mas Elizabeth também era uma amante da
música. Em sua mente, aquilo seria o casamento perfeito.
Os pensamentos
iam e vinham, mas todos eles giram em torno da mesma coisa. Como podia
sentir-se tão atraída por alguém que mal conhecera? Lembrava-se de cada detalhe
seu como se lembrava dos versos de sua canção preferida. Ele era muito mais do
que ela podia imaginar e sonhava como uma garota tola com a possibilidade de
Turner cair em suas graças.
- Você ainda está
ai? – perguntou Emma ao aparecer na sala.
Sua irmã parecia
uma versão mais velha de Elizabeth, porém seus cabelos eram loiros claros, como
o de seu pai.
- Estou pensando
– ela disse após estourar a bolha de um chiclete que mastigava há muito tempo.
- Escuta, se você
se arrumar logo posso lhe dar uma carona. Estou saindo e o lugar não fica muito
longe da casa de minha amiga. Saio daqui á dez minutos.
Grant não
desperdiçaria uma carona oferecida com tanta boa vontade, então se levantou e
foi até seu quarto. Queria estar deslumbrante, queria sentir-se tão sedutora
quanto Carmen. Abriu a porta de seu guarda-roupa e deparou-se com a bagunça de
vestidos justos e blusas de bandas, saltos e tênis, saias e calças
gastadas. Pegou uma jaqueta de couro e
uma bota de cano baixo do lado do guarda-roupa de Carmen, uma blusa cinza e uma
calça jeans preta do lado de Elizabeth.
“Pior do que está não fica” pensou
consigo.
Foi até o
banheiro, onde a luz era um tanto fraca e encarou seu reflexo. Soltou os
cabelos negros e longos e passou rímel em seus cílios que já eram alongados
deixando seu olhar ainda mais marcante. Ela era realmente bonita e não fazia ideia
disso.
- Elizabeth,
vamos logo! – ouviu a voz de sua irmã chamar do outro lado da porta.
Ela se olhou uma
última vez no espelho depois de trocar de roupa. Aquela sim era Elizabeth
Grant.
...
As luzes da
grande Nova York se tornavam flashes na janela do carro. Emma passava um pouco
da conta quando o assunto era velocidade, além de ser uma das motoristas mais
estressadas que já se vira.
- Tem certeza que
você tem idade o suficiente para entrar nesse show? Eu não vou voltar para te
buscar – falou quando parou a alguns metros antes da arena que iria ocorrer o
show.
- Meu nome está
na lista – Elizabeth respondera pela milésima vez a mesma pergunta enquanto
saia do veículo.
- Liza! – Emma a
chamara, então sua irmã abaixou-se se debruçando na janela aberta – Tome
cuidado.
- Eu vou, Emma.
Eu vou tomar cuidado.
Elizabeth arrumou
sua bolsa no ombro e caminhou em direção ao portão que agora estava vazio, pois
todos já se encontravam dentro do lugar. Dois seguranças, ambos vestidos com
ternos pretos, estavam parados ao lado de catracas de ferro. Com receio, Grant
se dirigiu até um deles e pigarreou antes que pudesse falar.
- Com licença,
senhor.
Ele a analisou
dos pés a cabeça e fez menção para que ela prosseguisse.
- Eu trabalho em
uma loja chamada The Radio e aparentemente meu nome é para estar em alguma
lista que permita minha entrada.
O segurança tirou
um celular do bolso de seu terno e perguntou o nome da jovem. Ao obter a
resposta, ele balançou a cabeça negativamente.
- Não há nenhuma
Elizabeth Grant na lista.
- Desculpe? Acho
que me desorientei um pouco – disse irônica.
- Há três
convidados da The Radio, mas a terceira não é Elizabeth Grant.
A garota sentiu o
sangue ferver de raiva. Como ousava alguém fazê-la de boba daquele jeito? Ela
virou as costas para o grandalhão e proferiu as mais feias palavras que já
havia ouvido. Tempo precioso perdido. Seus olhos se encheram de lágrimas, a
frustração a tomou de um jeito inexplicável.
Já caminhava na
direção contrária quando algo passou pela sua cabeça. Ela riu de si mesma e
então, deu meia volta.
- Não acredito
que ele fez isso – murmurou.
O segurança a observou enquanto se aproximava
dele. Ela andava com certo impacto, quase de um jeito mal.
- Com licença,
senhor – repetiu suas próprias palavras – Mas por um acaso a terceira convidada
da The Radio se chama Carmen?
O homem conferiu
a lista novamente com uma lentidão extraordinária. Ela sabia que ele estava
fazendo aquilo apenas para deixa-la nervosa.
Só pode ter sido combinado, falou para
si mesma.
- Carmen você
disse? – perguntou.
- É, Carmen – respondeu impaciente.
- Tem uma Carmen
aqui sim.
- Sou eu! – seus
indicadores apontaram para seu rosto, como se aquilo fosse deixar clara a
situação.
- Achei que você
fosse Elizabeth Grant.
- Carmen é um... apelido. Não sabia que eles iriam lhe
dar esse nome.
O segurança a analisou dos pés a cabeça e
então, pegou um crachá onde se podia ver o logo da banda acima do nome “Carmen”
gravado. Ele entregou o cartão de plástico nas mãos da garota e indicou uma
porta grande atrás de si.
- Na entrada
alguém irá lhe mostrar o caminho.
- Muito obrigada
– agradeceu enquanto botava o crachá pendurado em seu pescoço.
Ela passou pela
catraca e não pode evitar rolar os olhos. Só conseguia pensar em como ele havia sido patético ao fazê-la
passar aquela vergonha.
Parado logo ao
lado da entrada, estava um cara que aparentava ter seus trinta e poucos anos
vestindo uma camiseta da banda. O crachá preso em seu peito tinha seu nome e
foto. Robert era como ele se chamava.
- Posso ajuda-la?
– perguntou simpaticamente.
- Para onde isso
me leva? – ela segurou o crachá para que ele pudesse lê-lo.
Arctic Monkeys. Carmen. Free Access.
- Por aqui.
Robert saiu
andando pelo grande corredor e Elizabeth foi atrás dele. Após subir alguns
lances de escadas, virar para um lado e para o outro e abrir inúmeras portas de
ferro, eles chegaram a um corredor totalmente branco onde pararam.
- Última porta á
direita, se precisar de algo você sabe onde eu estou.
A garota olhou
para o homem simpático a seu lado e não pode deixar de pensar em como ele era
atraente. Ela então sorriu para ele e concordou com a cabeça.
- Obrigada pela
ajuda.
Ele sorriu em
retribuição e seguiu seu caminho de volta. Grant por sua vez, andou lentamente
até que a última porta á direita estivesse a sua frente. Ela hesitou em bater.
Ficou encarando as palavras “Arctic Monkeys” cravadas na madeira branca por
longos minutos. Tentou ouvir algo, mas as paredes deviam ser grossas. Ela então
apoiou seu peso na parede enquanto tomava a decisão de bater ou não bater.
Estava perdida em
situações imaginárias quando sentiu seu coração ir parar na garganta ao ouvir a
voz rouca atrás de si:
- Você vai
entrar ou vai ficar aí parada feito uma estátua?
Elizabeth se virou lentamente. Ao vê-lo sentiu seus
músculos ficarem paralisados. Teve que respirar fundo para controlar as batidas
de seu coração. Como um ser humano era capaz de provocar aquelas sensações?
Como Alex Turner conseguira deixa-la daquele modo proferindo apenas uma frase?
Entretanto, ela
não iria dar o braço a torcer. Acalmou-se á custo, endireitou sua postura e se
recompôs devidamente.
- Talvez virar
uma estátua seja mais interessante – apesar de tudo, seu tom era tranquilo.
Alex riu
debochadamente e tragou o cigarro que exalava o cheiro de nicotina.
- Ácida. Pelo
visto Carmen viera assistir o show.
- Na verdade não,
o nome no crachá está errado.
Turner permaneceu
a encarando até que a chama tivesse consumido por completo o cigarro entre os
dedos. Grant se esforçava para manter
sua feição serena para que ele não percebesse o nervosismo que tomava conta de
seu corpo.
Ele passou por
ela, tão perto que pode sentir seu perfume, para em seguida abrir a porta.
- Você vem? –
falou ao adentrar o camarim.
Ela o seguiu,
mesmo que uma voz em sua cabeça dizia para correr o mais rápido possível para
longe dali.
Ao passar pela
porta, correu os olhos pelo recinto. Havia sofás confortáveis, uma mesa com
comes e bebes, outra com pertences pessoais e o mais estranho: não havia
ninguém ali.
- Onde está todo
mundo? – ela perguntou com a voz trêmula.
- No bar.
Alex sentou-se em
um dos sofás com uma garrafa de cerveja na mão. Seus olhos iam dos pés á cabeça
de Elizabeth, mas o brilho em seus olhos não representava desejo, estava mais para curiosidade.
- Acho melhor eu
me juntar a eles, então.
- Quem escreveu a
música que você cantou outro dia? – Turner ignorara completamente sua fala.
Grant apertou a
barra da blusa com as mãos e franziu os lábios. Não gostava de falar sobre seu
processo criativo com desconhecidos.
- Eu.
- E o
instrumental?
- Sarah e Kyle me
ajudam nessa parte. Ela tem um pequeno estúdio na loja.
Turner deu um
gole no líquido e continuou a observe-la. Sabia que a sua frente estava um poço
de talento, tão fundo que poderia chegar ao núcleo da terra. Ela apenas tinha
que ser colocada na direção certa.
- Bem, eu tenho
que ir agora – falou se levantando – Nós vemos nos bastidores.
Já na porta, ele
virou-se para ela.
- Mando alguém
vir te buscar. Fique á vontade, Elizabeth
Grant a.k.a Carmen.
Grant não
conseguiu conter o sorriso.
Então, ela se viu
sozinha no camarim espaçoso. Sem nada para fazer, passou a vasculhar o recinto.
Ao chegar à mesa que continha alguns pertences pessoais, viu fotos polaroids espalhadas. Várias delas.
E em meio a
tantas, a que foi parar em suas mãos não poderia ter sido pior. A foto mostrava
Alex e uma mulher se beijando. Seu rosto não estava completamente á mostra, mas
é claro que ela devia ser muito bonita.
Elizabeth, por
algum motivo, não se sentiu muito bem. Jogou a polaroid na mesa novamente e se afastou dali. E quando Robert
apareceu na porta para leva-la ao backstage, ela apenas pediu para que ele a
guiasse até a saída. Sentiu-se como se fosse a grande rainha do desastre.
Já estou seriamente apaixonada pela história! A sua escrita é maravilhosa, o conflito e a divergência entre as personalidades da Carmen e da Elizabeth são fascinantes e o enredo em si é muito interessante. Mal posso esperar para ler como se desenvolverá a relação entre o Alex e a protagonista.
ResponderExcluirAguardo por mais ansiosamente ;)
POR FAVOR CONTINUA ESSA OBRA DE ARTE!! Eu to muito apaixonada por essa fic, meu Deussss. Alex é do jeitinho que eu imaginei! E Lizzie, nem se fala! Continua, vai! Amando muito!
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