“Segue a busca por
mais sobreviventes da tragédia que envolveu o boing 123 na terça feira. A
equipe de resgate ainda vasculha a área tentando encontrar algum resquício de
vida para assim se iniciar o trabalho dos bombeiros de retirar as peças do
avião, pelo menos o que sobrou dele” – O repórter do maior portal de notícias
da Itália dizia.
- Nate, já tem a lista
dos encontrados e dos desaparecidos? – O âncora do jornal perguntou em tom
sério. A tragédia havia chocado o país, que por muitos anos, não havia visto
nada parecido.
- Temo sim, Pete. – O
repórter se ajustou em frente às câmeras e com um pequeno pedaço de papel,
começou a citar os nomes. – Falarei sobre os corpos desaparecidos, pois os
encontrados irão para o I.M.L e serão identificados. Vamos lá... Por ordem
alfabética. Alex Turner, Alexandra Silva, Camille Papin,
Edward Keating, Jamie Cook, Louise Nanni e Matthew Pilgrim.''
Por quase trinta anos, eu me dediquei a ser a pessoa que o
mundo queria que eu fosse. Desde pequeno sendo educado por uma família
religiosa e tradicional que me incentivava a seguir meus sonhos, mas sempre me
lembravam de que era muito mais garantido trabalhar na empresa da família.
Passaram-se gerações e gerações e as tradições estavam sendo perdidas. Eu não
era mais o orgulho da família e muito menos o herdeiro de alguma coisa. O meu
sonho de ser rock star havia destruído o resquício de vínculo que eu possuía
com aquelas pessoas e com aquela casa, que um dia eu chamei de lar. E quem
diria que eu estaria sentindo falta dela.
Seria tudo mais fácil se minha cabeça não latejasse. Sentia
dores em todos os meus músculos, especialmente nos das coxas. Eu me sentia
mole, parecia dopado e tinha quase certeza de que estava. Não me sentia à
vontade, apesar de toda a gentileza que era me dada por Skye. Desde que nos
conhecemos, sinto uma vontade de toca-la e acaricia-la, mas logo me sentia
culpado e me lembrava da verdadeira mulher que eu amava. Porém, a ruiva dos
olhos de esmeralda tinha um olhar peculiar e um sorriso instigador que não
passavam despercebidos. Os cabelos bem alinhados na altura dos ombros e as
clavículas expostas, indicando o corpo magro, mas extremamente atraente, que
era exibido delicadamente por roupas justas.
Quando se passa muito tempo sozinho, os pensamentos se
afloram de uma maneira perturbadora. Em algumas horas, eu pude recorrer a
lembranças mais profundas e doloridas, da minha infância e da minha adolescência,
mas o melhor de tudo foi se lembrar dos momentos bons com os meus amigos, em
shows, em bares, ou em qualquer merda de lugar. O único problema disso tudo é
que, meu melhor amigo estava no quarto ao lado e eu não podia fazer nada.
(...)
- Boa tarde – Ouvi a voz da ruiva ecoar no cômodo. Ela
trazia uma bandeja com algumas frutas e um pequeno iogurte. – Tenho boas
notícias. – Ela disse. “Espero que eu vá para casa”, pensei.
- Hum, mal posso esperar. – Disse indiferente. Tentava
transparecer que eu não estava me importando com ela e muito menos com a
situação. Eu a tratava de modo indiferente e alheio a tudo o que ela me dizia.
No fundo, eu apenas queria que ela me deixasse ir ver Alex e pegar o próximo
voo para Londres.
- Deixa de ser rabugento. – Ela disse bufando, mas logo em
seguida, aquele seu sorriso típico apareceu.
– Hoje irei te levar ao quarto do seu amigo. Ele teve uma melhora
significativa e já consegue se comunicar. – Ela disse mostrando um entusiasmo
estranho. Se não fosse por seus olhos brilhantes, eu talvez... Talvez, acharia
que ela fosse algum tipo de psicopata. Talvez ela fosse.
- Pode ser agora? – Disse ansioso e pus-me a sentar a beira
da cama. Ela tocou minha bochecha com seus dedos magros e longos e eu desviei
espontaneamente. A pele formigava aonde a ruiva havia tocado, eu sentia minhas
bochechas corarem e me reprimi por isso.
- Como você tem se comportado bem... Acho que podemos fazer
isso agora. – A voz macia preencheu meus ouvidos e por um instante, desejei que
ela falasse novamente, só para que eu pudesse contempla-la. – Mas antes...
Coma. – Disse autoritária, mas logo aquele
sorriso apareceu. – Volto em dez minutos.
(...)
Algumas horas antes...
Acordei há poucas horas e senti minha cabeça latejar. Olhei
rapidamente para minhas mãos, que se encontravam muito feridas, com machucados
nas juntas dos meus dedos que iam até o meu punho. Para o meu azar, as dores
não eram apenas naquela região e sim em todo o meu corpo, pois em uma tentativa
falha de me levantar e apoiar os cotovelos na cama, falhei como era esperado. Voltei
a me deitar bruscamente.
Eu não sabia direito o que havia acontecido e muito menos
como eu havia parado naquele lugar que me dava calafrios. Lembrava-me do avião,
do Jamie e depois tudo era apenas um borrão incerto na minha mente. Parecia que
havia uma fumaça dentro da minha cabeça que me impedia de pensar com clareza.
Eu detestava isso. Logo desejei um cigarro e um copo com whisky.
- Oh fuck... – Pestanejei baixinho respirando fundo em
seguida. Será que eu estava em um hospital? Aquilo definitivamente não parecia
um, mas não descartei a hipótese. Talvez eu tivesse em uma aldeia ou em uma
casa de um camponês, ou talvez eu já estivesse no céu e não sabia. Não que eu
merecia ir para o céu, fiz coisas horríveis com as pessoas sem querer e me
arrependo amargamente. E como em um filme clichê e bobo, ouvi um barulho de
porta rangendo e assoalho sendo pisado, logo em seguida, pude ser contemplado
pela visão mais surreal de todos os tempos. Uma mulher que não aparentava ter
mais que trinta, com seus cabelos cobre e sua pele branca como a neve. Lábios
extremamente rosados e em um desenho que parecia ter sido esculpido a mão. Eu
podia estar na pior, mas com certeza aquela mulher parada a minha frente,
olhando-me de forma peculiar, me fez ficar animado. E não sei dizer se foi algo
bom.
- Boa dia. – Ela disse. A voz dela era tão suave, que
provavelmente naquele momento eu acreditei na hipótese de estar no céu. Fiquei
olhando-a curioso e intrigado, ela parecia confortável com a minha presença e
em nenhum momento desviou seu olhar do meu. Aqueles olhos que pareciam mais
duas grandes esmeraldas, que qualquer joalheiro do mundo, mataria por eles. –
Finalmente acordou. Eu estava começando a ficar preocupada. – Fui presenteado
novamente pelo tom rouco e calmo da ruiva.
- Onde exatamente eu estou e quem é você? – Disse baixo,
pois de repente um nó na garganta se formou e em um resquício de memória,
lembrei-me de Jamie. – Cadê O Jamie? – Disse mais assustado e ela tentou me
acalmar, tocando o meu braço.
- Well... I’m Skye. – Disse e mordeu o lábio inferior de uma
maneira tão sutil, que provavelmente ela mesma não teria percebido aquilo. Mas
eu percebi e meu amiguinho lá de baixo também. – Você e seu amigo sofreram um
acidente de avião e eu faço parte da equipe de resgate. Eu e mais alguns
colegas os trouxeram para essa cabana, pois o hospital está lotado. – Disse e
eu arqueei a sobrancelha em sinal de confusão. Fiquei esperando ela continuar. –
Estamos na Itália e seu amigo está no quarto ao lado esperando para falar com
você. – Ela disse e de repente seus olhos foram perdendo o foco, e ela pareceu
por um momento não estar ali. Levantou-se assustada e eu fiquei observando-a. O
rosto dela ficou pálido e ela involuntariamente começou a passar suas mãos em
seu pescoço em uma aparente angústia.
- Ei... Você está bem? – Perguntei meio incerto. Ela
assentiu e passou a não olhar para os meus olhos mais e sim para a bandeja que
ela trouxe consigo.
- Alex, coma. Depois Eu e Jamie voltamos para vocês
conversarem. – A voz não era mais da mesma forma. Não era mais aveludada e
macia, era apenas uma voz rouca e sem encanto. Eu não sei o que ocorrera ali,
fiquei sem entender, mas tratei de obedece-la e comecei a tomar uma sopa que
havia sido deixada ao lado da minha cama. Com muito esforço.
(...)
Tony veio em minha direção frustrado e nervoso. Bateu suas
mãos grandes na mesa e eu me assustei, olhando-o. Ele veio em minha direção me
puxando pelo braço e me levando até a cadeira próxima a mesa, me jogando em
cima dela e se ajoelhando a minha frente.
- Você é a porra de uma louca! – Ele disse em quase um
sussurro. Arregalei os olhos surpresa, sem entender o que estava acontecendo ali.
Ele se aproximou de mim e pude sentir o hálito forte de bebida bater contra o
meu rosto. Tentei não respirar aquilo, pois estava prestes a vomitar. – Por que
você é assim? – Ele gritou dessa vez e eu me assustei. Não sabia o que fazer,
não sabia como agir. Anthony sempre demonstrou gostar de mim e me desejava como
a maioria dos homens de toda aquela cidade.
- O que eu fiz dessa vez? – Tomei coragem e falei olhando
com os olhos semicerrados. – Você não conseguiu entrar na minha calcinha e está
bravo? – Debochei, não percebendo o que estava falando. Ele me olhava com
raiva. – É isso Tony? Você está louco para que eu chupe seu pau da melhor maneira
possível? Pois você sabe que eu faço isso muito bem. – Disse extremamente
irritada com a situação. – Marco sabe disso. – Foi à gota d’água. Anthony sempre
tivera inveja do seu amigo, principalmente porque eu e Marco éramos amantes. Anthony
veio a minha direção e apertou meu pescoço com sua mão direita, senti a
respiração falhar e meus olhos lacrimejarem. Sua outra mão foi em direção a
minha coxa, apertando-a tão forte, que senti que um pedaço seria arrancado
dali.
- Você gosta de foder né sua vadiazinha inglesa. – Ele cuspiu
as palavras na minha cara e em um lampejo, eu me dei em si e percebi o que
estava acontecendo. Maldita hora para acontecer isso.
- Tony... Me desculpa, me desculpa. – Disse suplicando.
Procurava loucamente por meus remédios, mas a força que era exercida em meu
pescoço estava me fazendo perdeu o ar e a visão escurecia lentamente. – Tony...
Meus remédios... – Disse em um sussurro, o que pareceu suficiente para que ele
voltasse a si e me soltasse.
N/A: Bem, mesmo com apenas dois comentários no capítulo passado, eu estava inspirada e decidi escrever esse. Ele é um pouco maior e contém mais detalhes sobre as personalidades que abordarei na história. Espero que gostem. Beijocas.
Meu deus, agora eu to realmente cogitando a possibilidade de a Skye ser uma psicopata hahah que medo! Ela ta mantendo os meninos em cativeiro?! Não tenho mais certeza de que ela é fofa como eu achava que seria no começo da fic...
ResponderExcluirJamie como sempre lindo, fofo, tudo de bom! Como eu amo o seu Jamie <3 de verdade.
E gente, os meninos tão se recuperando de um acidente e a Skye já tem esse ~efeito~ todo sobre eles? Gente! Bom, talvez o Alex seja meio pervertido mesmo hahah
E o que é essa treta? Só tem gente louca nessa equipe de resgate, socorro!
Me deixou super ansiosa pro próximo capítulo!
Beijos, Bea :*
Eu realmente não to sacando nada, mas acho que essa é a intenção. Deixar a gente com essa interrogação gigante quando começa o lado mistério da fic, haha. Eu tô curtindo o enredo, acho que é uma boa novidade, é diferente e isso intriga. Quero o proximo capítulo porque quero entender logooo!
ResponderExcluirDesde o capítulo passado que surgiu em mim uma pontinha de desconfiança em relação a Skye... Pensei ser coisa da minha cabeça, ou que a visão do Jamie tivesse me induzido. Mas esse cap me fez ter duas possíveis certezas: Ou ela é bipolar, ou é de fato psicopata. Ai, mentira, eu não tenho certeza nenhuma hahahah Não confio na Skye e preciso que ela me prove o contrário. Muuuuito curiosa pelo resto da história. Está incrível. Parabéns, meu amor.
ResponderExcluir(sim, eu comentei o cap passado. Desculpa pelo atraso)
Beijos, Téfa <3