Ouço mais batidas na porta e
torno a ignorar.
Eu queria morrer.
Toc-toc.
Dois últimos barulhos, então
a cabeça da minha irmã aparece na greta.
“Ô de casa, posso entrar?”
“Entra” eu disse, sem muita
animação.
Eu ainda pensava na conversa
que eu havia acabado de ter com Alex. Minha consciência dizia que não fazia bem
de modo algum e eu precisava me distrair com outra coisa, mas era mais forte
que eu.
Ellie fechou a porta de logo
sentou-se ao meu lado.
“E aí, ansiosa para o show
de hoje?”
Mordi o lábio. Não era para
eu estar tão nervosa, não desse jeito.
“Por que você não me contou
que a gente ia vir para cá?” por incrível que pareça, eu não tinha gostado nem
um pouco dali.
“Na verdade, foi meio que
uma surpresa para mim. Poxa, meu pai deve estar puto!” riu.
Neguei com a cabeça. “Jimmy
é super de boa com você.”
“Ele gosta que eu avise”
disse. “‘Tá assim por que?”
“Assim como?”
“Sei lá, meio pra baixo.”
Encarei o teto, com a maior
preguiça de responder.
Então, é que tem esse tal de Alex Turner me dando uma dor
de cabeça...
Tudo culpa do namorado dela.
Talvez fosse melhor se ele não tivesse me dito sobre o show do Queens. Ou se eu
não tivesse esquecido o miojo na panela. Ou se eu não tivesse saído do quarto, como
ela havia pedido. Ou se eu não tivesse ido embora do Brasil.
“Só ‘tô com sono.”
Ellie levantou-se e pôs as
mãos na cintura.
“Nada disso! Eu vim aqui
justamente para mandar você se arrumar.”
Não sei por que, mas eu juro
que sentia uma pontada gelada na barriga a cada momento em que aquele assunto
via à tona.
“Daqui a pouco.” Murmurei,
contra o travesseiro.
“Não, não, não. Temos que ir
mais cedo para o soundcheck.”
“E eu com isso?” perguntei,
jogando os braços para cima.
“Todos estão indo e você não
pode ficar sozinha aqui.”
“Por que não?” insisto, com
desespero.
“Você não sabe o caminho
para o lugar.”
“Não sei o caminho? Fala
sério!” exclamei. “Olha só o tamanho desse lugar!”
Ellie respirou fundo e
pôs-se ao lado da porta.
“Larga de ser teimosa e se
arruma logo.”
Nisso, ela fechou a porta e
foi embora.
Bufei de irritação enquanto
me punha de pé.
“Que seja, loira oxigenada
chata.” Reclamei.
Peguei a bolsa que eu
carregava junto comigo e despejei na cama tudo o que havia dentro dela. Olhei
para a multidão de itens misturados em um montinho por um tempo. Jaqueta,
delineador, pulseiras, celular, meia arrastão... Analisei cada um até eu
acordar para a vida e começar a separar tudo.
Antes de começar a fazer
qualquer coisa, fechei as cortinas. Só para prevenir.
Tanta coisa... Por onde
começar?
...
Alex POV.
“O que você fez com ela?”
pergunta Matthew, atenciosamente.
“Merda nenhuma.” Respondi.
Quer dizer, na minha cabeça, estava claro.
“O que?”
“Nada.”
Eu não havia contado nada
sobre a conversa que eu havia acabado de ter com Marine. Sério? Sou tão
transparente assim?
Bem, talvez depois de três
garrafas de 500 mililitros de cerveja.
“Larga essa garrafa agora,
temos um soundcheck em vinte minutos!” resmungou, tirando o objeto da minha
mão.
“Nããão!” imploro.
“Anda, levanta! E vá chamar
os outros também, eu vou falar com os roadies.”
Bufei, logo antes de um
arroto que provavelmente deve ter chamado até a atenção de um urubu que voava
por ali.
“Eew!”
“Me poupe, sua bicha!”
mostrei ambos os dedos médios para Matt.
“Você considera isso coisa
de macho, mas para mim é anti-higiênico.”
“What-fucking-ever” debocho, revirando os olhos. “Vou chamar o resto
do pessoal.”
Pulei da cama e corri para a
porta. Pelo menos era a minha intenção. Quando percebo, estou atirado no chão e
com uma dor desgraçada no canto da testa, enquanto Matt me ajuda a levantar.
“Honestamente, Alex, um dia
você morre.”
“Todos nós vamos.” Digo,
acendendo um cigarro meio sem jeito.
“Precisa de ajuda?”
“Não, estou bem” fiz um
gesto com a mão e saí do quarto. “Babaca.”
Passei reto em frente a
todos os quartos em que deveria ter entrado para chegar em frente ao de Marine.
Surpresa? Não. Nem eu mesmo estava, quem dirá a pessoa que está acompanhando as
minhas inúteis trapalhadas de bêbado.
Bati na porta com força,
apoiando-me na parede com o outro braço. A voz abafada de Marine soou, mas eu
estava tonto demais para entender o que ela havia dito.
Em silêncio, me aproximei da
janela. As cortinas estavam meio fechadas, embora houvesse ainda uma gretinha que
me permitiu ver Marine de costas, abotoando um sutiã preto de rendinha e de
meias arrastão. Eu já havia começado a inalar a fumaça, mas aquela visão me fez
engasgar bonito pela primeira vez em anos.
Soquei o peito, deixando-me
cair assentado no chão.
Eu queria voltar para a
posição anterior. Não, era tonteira demais.
Alguns minutos depois,
Marine apareceu completamente vestida na minha frente. Mesmo assim, não pude
evitar de olhar para suas pernas.
Ah, juízo, que saudades de você...
“O que você ‘tá fazendo aí
embaixo?”
O que você ‘tá fazendo na minha vida inútil e
desmerecida? é essa a questão.
“Eu? Nada. O que você faz aí
em cima?”
Marine riu pelo nariz.
“Deixa de besteira. Vai se levantar ou não?”
Encarei suas botas brancas
por um tempo.
“Alex?” ela disse, chamando
a minha atenção.
“Ahn? Ah, sim, me levantar,
é claro” respondi, tentando executar o ato, sem muito sucesso. “Ér... Uma
ajudinha aqui? Por favor?”
Ela cruzou os braços e deu
um sorriso que praticamente me deixava certo de que ela não iria fazer coisa
alguma a respeito da minha queda.
“Na-na-não, você já ‘tá
grandinho demais para precisar de alguém para te levantar.” Brincou.
“Ah, qual é?”
“Então como vai ser quando
você ficar sozinho num bar no centro da cidade, enchendo a cara?”
Meu doce Deus, a menina era
esperta. Ok, dessa vez ela me pegou.
“Nada acontece, porque
sempre há uma fã por perto que me ajuda e ainda me possibilita acesso à certos
bônus.”
Marine imitou o som de uma
ânsia de vômito. “Você é nojento.”
“Nojento, eu? Aposto que
você faz coisas muito piores com seu namoradinho.”
“Isso não importa, não
agora” disse, irritada. “Vai logo, levanta daí.”
Bufei de preguiça e comecei
a tentativa. A mesma falhou nas primeiras três vezes, e Marine ria como uma
criança.
“Vocês, bêbados, fazem a
minha alegria” comentou, feliz, fazendo sentir-me bem por um momento. “Isso aí,
apoia na janela... Um pouco mais de força e você consegue.”
Era como se meus ossos
estivessem finos e fracos, desgastados. A dor mortífera nas minhas costas
pioravam toda a coisa, principalmente o fato de eu estar tão alterado que não
lembrava nem o número do meu quarto.
Acreditem, isso aconteceu
várias e várias vezes e o resultado não foi nada legal.
Estendi meu braço esquerdo
para me apoiar também no banco que balançava. Uma pena que eu havia esquecido
desse detalhe.
Mais uma vez, minha cabeça
doía.
“Oh, merda.” Ela disse, ao
assistir meu corpo atirado no chão novamente.
“Ai... Meu... Braço...”
gemi, ao perceber que havia caído sobre ele.
Marine parou o balanço e
ajoelhou-se ao meu lado.
“Você ‘tá bem?”
“Não” declarei o óbvio. “Em
todos os sentidos.”
Ouvi a voz de Cook e Marine
virou-se para trás. Lá estava ele.
Marine POV.
“Há quanto tempo ele está
assim?” pergunta Jamie, preocupado.
“Alguns minutinhos.”
Ele respirou fundo e
abaixou-se para ajudar Alex a se levantar.
“Cara, você não cansa de ser
um pé-de-cana?” reclamou.
“Eu fodi tudo outra vez, não
foi?” falou Alex, um pouco alto demais.
“Não, meu irmão. Vem, vamos
desintoxicar você.”
Pelas veias que saltavam do
braço de Jamie, vi que muita força fora precisa. Essa é a típica cena onde o
responsável sai carregando o amigo bebum, e eu finalmente posso dizer que
presenciei isso.
“Vá buscar sua irmã, não sei
onde ela se meteu.” Advertiu o guitarrista.
No fim, eu estava parada na
varanda, observando uma amizade verdadeira de longe. Jamie Cook consolando e
carregando Alex Turner, que estava bêbado demais para se equilibrar sobre suas
pernas. Me perguntei se algum dia encontraria algum amigo como Jamie.
(...)
“Coax me out my low, sink
into tomorrow” a voz ainda um pouco alterada de Alex soou pelas caixas de som.
A casa era mais para um
bar-restaurante, com um palco bem ali no meio. A decoração era igual à da
cidade, para manter a aparência. Mesmo assim, aquela cabeça de alce pendurada
estava me dando nos nervos.
Faltavam mais ou menos duas
horas para que o show começasse e a área havia sido fechada especialmente para
a banda até que tudo estivesse pronto.
O que mais me preocupava
naquela hora seria a resposta que eu daria para Alex depois que eles
terminassem. Até agora, nada havia realmente me impressionada além de uma
música que começava com um solo estranho porém divertido na guitarra, e depois
de um refrão ele voltava com alguns acordes diferentes e uma bateria
fantástica.
Não que eu os ache uma
bosta. Eles não eram, com certeza não. Só não faziam muito o meu tipo. Além
disso, vale lembrar que minha opinião seria considerável para todos eles.
O soundcheck terminou algum
tempo depois. Os rapazes aproveitaram a chance para fazer Alex alimentar-se o
máximo possível para que o efeito da bebida passasse e ele não vomitasse no
meio do show. Bem, foi isso o que Matt me disse quando sentou ao meu lado.
“Ele sempre soube se
controlar, mas de uns tempos para cá ele chegou a vomitar durante umas três ou
quatro músicas, alguns shows foram cancelados pela falta de juízo dele.”
“E o que ele tem a dizer
sobre isso?” pergunto, curiosa.
“Bem... É isso o que me
preocupa” respondeu, cabisbaixo. “Não podemos jogar tudo fora.”
“Vocês estão terminando a
turnê, não estão?” lembrei. “Talvez essa pausa pressione um pouco menos a
situação.”
Matt concordou com a cabeça,
sem saber o que falar.
Enquanto conversávamos, Alex
ria como uma arara. Ele se jogou para trás e fora carregado desajeitadamente
por Nick e Jamie.
“Vocês são bons amigos” eu
disse. “Não deve ser nada fácil ajudar alguém nesse estado.”
“Crise existencial, coração
partido e ao mesmo tempo apaixonado. Não, não é” continuou. “Às vezes nem nós
mesmos conseguimos.”
“Se vocês não conseguem,
quem vai?”
Matt olhou para mim,
apoiando-se no balcão.
“Essa sim é uma boa
pergunta, menina.”
Matt POV.
Eu concordava com Alex em
muitas coisas, mas detestava ter que admitir que ele estava certo quando havia
dito que Marine era apaixonante.
Sou um cara responsável e
com juízo perfeito sobre esse tipo de assunto. Por sorte, eu estava vidrado na
garota da festa. Não sabia como eu havia conseguido manter um assunto com
aquela garota. Também não encontrava um adjetivo para descrever seus olhos, mas
era verdade que alguém teria que ser muito corajoso e despreocupado para olhar
para eles por mais de dez segundos.
Alex tinha mil motivos para
se apaixonar por ela, e posso assegurar que todos procedem. O problema é que nada poderia acontecer, de
forma alguma.
Me levantei dali e fui em
direção ao queridinho do cupido.
“Mas que droga!” exclamo, ao
virá-lo e ver sua boca coberta de ketchup.
“O que é agora, hein?”
“Limpe essa boca, parceiro”
ordeno, com um riso. “Está toda suja.”
“Não tem guardanapo”
murmurou.
Respirei fundo e andei até o
outro lado da bancada, encontrando um porta-guardanapos. Peguei dois e voltei
ao lado de Alex.
“Sabe o que eu acho?” disse,
esfregando o papel em seus lábios. “Devíamos tocar Joining the Dots hoje.”
“É, eu também acho.”
“Devíamos ter colocado no
álbum.”
Fico em silêncio e paro de
brincar com o palito que eu havia achado ali. Suspiro desconfortavelmente ao
perceber que ele estava pior ainda.
“Algum convidado especial
hoje?” puxo assunto.
“Josh Homme.”
“Cara isso é ótimo! Foi você
quem chamou?”
“Hum-hum.”
Não gosto de ver Alex
triste, principalmente quando ele é o cara que se junta a mim para fazer todos
rirem. Ele era sentimental, isso era inegável. Pelo jeito, Alexa provocou algo
nele, e não foi fraco. Eu tenho medo que isso vá além da conta, já que todos os
amigos dele fora da banda não dão a mínima para como ele se sente e só se
importam com o número de garrafas que ele é capaz de esvaziar.
Se bem que ele não tem
tantos amigos assim.
“Matt...” hesitou. “Eu
agradeço à tentativa de me consolar e acho que você é um bom amigo. Mas eu
preciso de um tempo para mim, entende?”
Sorri, acenando com a
cabeça.
“Você vai ficar bem,
colega.” Digo, dando um tapinha em seu braço esquerdo.
(...)
Marine POV.
Meia hora antes da abertura
das portas para a casa, fui direcionada para o backstage, onde fiquei sentada
ao lado de Jamie e Ellie. Jamie afinava sua guitarra e tocava solos famosos,
como o de Smells Like Teen Spirit do Nirvana. Ele acabou captando minha atenção
ao tocar Seven Nation Army.
O produtor apareceu,
avisando a ele que faltavam quinze minutos para o começo do show. A dupla que
tinha feito a abertura já havia terminado, agora era só esperar.
Jamie disse à Ellie que iria
cortar o cabelo e fazer a barba e ela concordou, dizendo que iria ficar lindo.
Que pena, pois ele estava muito bonito daquele jeito. Não quero roubar o
namorado de ninguém, maaaaaas...
“E você, Marine?” pergunta
Jamie. “O que acha?”
“Acho o quê?”
“Devo mudar meu visual ou
não?”
Olhei por alguns segundos e
dei um sorriso discreto.
“Faça o que quiser.”
Fiquei de bobeira por tempo,
andando pelo lugar e explorando cada parte dele. Funcionários andavam para lá e
para cá sem parar, me dei de cara com três escadas no meio do caminho e por fim
trombei no Josh Homme.
Para começo de conversa,
achei aquilo bem suspeito. Como ninguém me avisou sobre a presença daquele cara
no lugar? Que saco! Porém, isso era o de menos. Desfrutei de um papo longo e
animado com um dos heróis da minha adolescência, e ele me disse que estava lá
para colaborar com os caras do Arctic Monkeys. Andamos até uma parede cheia de
pôsteres e apontou para um em particular, onde se via escrito as palavras
“Arctic Monkeys tonight, at 10pm” e um subtítulo que dizia “with special guest
Josh Homme from Queens of the Stone Age”.
“Eu não tinha visto...” ri,
sem graça.
Josh disse que iria para o
seu camarim e nos despedimos. Em seguida, voltei para onde Jamie e Ellie
estavam sentados, só que eles não estavam mais lá.
“Marine!” disse a voz de
Ellie. Me virei para o lado de onde ela tinha vindo e a vi sentada ao lado da
entrada para o palco.
“Onde você estava?” me
aproximei e perguntei.
“No banheiro, retocando a
maquiagem.”
Retocando até demais...
Pensei, reparando na sua sombra cor-de-rosa exageradamente cobrindo suas
pálpebras. Como diabos Jamie aguentava aquilo?
“Eles já vão entraaaaar, oh my god!” disse, dando pulinhos.
Cruzei os braços e revirei
os olhos. O público já se ajeitava para ficar perto do palco, alguns ligavam
suas câmeras e outras garotas gritavam o nome de Alex. Eu só queria ver no que
aquilo iria dar.
Um dos caras que estava ao
meu lado mostrou um joinha para cima, onde meu olhar se dirigiu logo depois.
Alguém que estava ali puxou uma alavanca que fez um som enorme e assim a dupla
que estava no controle de uma caixa cheia de botões coloridos tornou a agir. As
luzes do palco se acenderam e a gritaria aumentou. Cinco minutos depois, os
Arctic Monkeys adentraram o palco, cada um com sua maneira de andar. Nick de um
jeito tímido, Matt fora rápido e direto, Jamie não estava nem aí e Alex era todo
descontraído.
“What’s up, Pioneertown!” disse Alex, levando a plateia à loucura.
Ellie juntou as mãos e
sorriu como se estivesse vendo seu maior sonho ser realizado. Devo dizer que
minha reação seria a mesma, se a banda no palco fosse o The Doors.
Alex encarou a plateia com
um olhar baixo, e depois olhou diretamente para mim.
“Looking good, eh?” disse, um pouco alto demais.
Que droga, que droga, que
droga.
Ellie POV.
Eu nunca havia pulado tanto
na minha vida.
Estava lá pela quarta ou
quinta música. A primeira foi Dance Little Liar, junto com o Josh Homme. Os
olhos de Marine brilhavam ao vê-lo tocando ali, a alguns metros dela. O fato é
que a música que tocava no momento era Still Take You Home, e era impossível
não ficar doida com cada acorde e ritmo.
Quando Matt encerrou a
performance com uma batida alta e forte, gritei o mais alto que pude,
aplaudindo. Jamie olhou para mim com um sorriso e eu joguei um beijo. Ele
estava se saindo tão bem. Eu adorava a forma como ele tocava, sem tirar os
olhos do instrumento.
Marine interrompeu minha
sessão euforia para perguntar onde haviam refrigerantes, olhei para ela com
desdém. Qual era o problema dela?
O show continuou. Crying Lightning, Potion Approaching, My
Propeller... Todas tinham um espaço reservado no meu coração.
Eu me lembrava da primeira
vez que eu havia escutado a banda, por meio de uma recomendação de uma amiga no
ensino médio. Ela tinha o EP Who The Fuck
Are Arctic Monkeys? autografado por todos os membros da banda, pois havia
presenciado uma cerimônia de lançamento do debut album Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not em uma loja de discos
em Sheffield, onde passava as férias na casa dos avós. Eu lembro do momento em
que peguei o EP emprestado, analisei a arte e o nome das músicas, que haviam
mexido com a minha curiosidade. Dancei com The
View From The Afternoon, cantei junto com Cigarette Smoker Fiona, me apaixonei por Despair In the Departure Lounge e No Buses, e por fim não ficava um dia sem ouvir a própria “Who The Fuck Are Arctic Monkeys?”.
O som dessa banda me
conquistou de imediato, e eu sabia que não iria conseguir sobreviver sem eles.
E hoje aqui estou, namorando o guitarrista, por mais que seja em segredo. E
quer saber? Eu não poderia estar mais feliz.
My propeller won’t spin
And I can’t get it started on my own
When are you arriving?
My propeller
Chegou a um certo ponto em
que Alex berrava a letra ao invés de canta-la. Aquilo me deixou um pouco sem
graça, mas o público pareceu adorar.
Novamente, olhei para
Marine. Ela estava de braços cruzados, mexia a cabeça fraquinho de acordo com o
decorrer da faixa e não parecia ter expressão facial alguma.
A música acabou e todos
tiveram um tempinho para se recompor. Alex olhou para Matt, que fez um “sim”
com a cabeça.
“This song is very good to
me and the boys and” disse Alex, fazendo os fãs enlouquecerem. “I usually start
it by screaming LAAAAADIEEESS!!”
O mesmo grito de sempre, que
fazia meu coração disparar. Alex tocou sua guitarra e olhou para Marine
descaradamente. Voltei a olhar para ela, que estava com os olhos arregalados e sua
boca formava um “O” perfeito. O que estava acontecendo ali? Eu perdi alguma
coisa?
“Olha só quem conquistou o
mais disputado...”
“Cale-se” resmungou.
“Marine, Marine, ‘tô de olho
em você” provoquei, Marine mostrou ambos os dedos médios e eu ri de sua reação.
I wish you’d stop ignoring me because
you’re sending me to despair
Without a sound you’re calling me
And I don’t think it’s very fair
Pobrezinha, parecia tão
inquieta. Depois dessa, quem não ficaria?
Aquela era minha chance de
provar que posso ser uma boa irmã.
“Vem” eu disse, colocando
minha mão sobre seu ombro. “Vamos pegar um refrigerante.”
Marine POV.
Oh there ain’t no love no, Montague's or
Capulets
Just banging tunes in DJ sets and
Dirty dancefloors and dreams of
naughtiness
Por um minuto, desejei nunca
ter aprendido inglês. Alex não tirou os olhos de mim durante a música inteira,
cantando aquele tipo de letra ainda por cima só fez com que eu me sentisse pior
ainda.
Uma benção espontânea fez
com que Ellie me chamasse para pegar refrigerantes, acompanhei-a no mesmo
minuto. Eu daria qualquer coisa para sair dali. Quem sabe havia um táxi
passando pela estrada? Eu voltaria para casa e não teria que vê-los nunca mais
na minha vida. Perfeito.
“No que tanto pensa?” disse
Ellie, apoiando-se na bancada.
“Nada que importe” murmurei.
“Já está acabando? Podemos ir para casa?”
“Ih, o que é isso? Tem treze
anos agora?”
“Eu não quero ficar aqui.”
“‘Tá com saudade da casa da
mamãe, ‘tá, bebezinho?” ela disse, apertando minha bochecha. Impedi-a
imediatamente de continuar mais um segundo com aquilo.
Fiquei parada, sentindo o
olhar de Ellie pesar sobre mim. Merda, eu detestava quando faziam isso.
“Vamos embora amanhã cedo,
eu prometo” disse, pegando a minha mão. “Além do mais, é muita bronca para
escutarmos, não é mesmo?”
Sorri, concordando. “É.”
A banda fechou com uma
música chamada Fluorescent Adolescent, pelo menos foi esse o nome que Ellie me
disse. Ela me perguntou sobre o que rolava entre mim e Alex e, por mais que não
fosse nada além de um beijo roubado, eu pedi para que ela não tocasse no
assunto novamente. Felizmente, ela respeitou isso.
Os fãs aproveitaram a
presença no local para jantarem ou beberem. Percebi que algumas groupies
caminhavam em direção ao camarim e olhei para Ellie.
“Vadias” disse, acabando com
sua dose de vodka em uma só golada. “Vou lá cuidar do que é meu.”
“Ok.”
Respirei fundo. E agora, o
que eu faria? Era melhor eu sair dali antes que algum idiota começasse a me
cantar.
Entrei no backstage depois
de dez minutos tentando convencer o guarda de que eu estava com a banda. Filho
da puta! Por que aquelas piriguetes conseguiram e eu não?
Se não fosse por Nick, eu
estaria ferrada.
Saí dali pela porta dos
fundos. Apenas uma luz ali em cima estava acesa, mas os brilhos amarelados que
vinham da cidade apareceram no horizonte.
Bom, eu estava com meu
celular e a chave do quarto. Agora era só achar o caminho para o hotel. Não
seria tão difícil assim.
“Vai à algum lugar, moça?”
disse Alex, olhei para o lado como um reflexo. O cretino acendia um cigarro e
usava óculos escuros.
Quem usa óculos escuros à noite?!
“Oi pra você também” disse,
desanimada. “Por que ‘tá usando óculos escuros?”
“Para ninguém me reconhecer,
oras.”
Cruzei os braços contra o
peito. “E você está aqui fora sozinho por que?”
“O que você veio fazer aqui sozinha?”
“Eu perguntei primeiro.”
Arqueei as sobrancelhas.
“Foda-se.”
“Nossa, quanta educação.”
“Obrigado, Marine” disse, se
aproximando. Eu não estava gostando nada daquilo. “E aí, o que achou?”
“Achei o que?” irritei-o.
“Não seja boba, o que você
achou do show?”
“Para falar a verdade, eu
não prestei muita atenção...”
“Ah, Marine!”
“Brincadeira. Por que não me
avisou sobre o Josh Homme?”
“Responda a minha pergunta
que eu respondo a sua.”
Graças a Deus ele estava de
óculos escuros, porque só aquele sorriso já estava me deixando furiosa.
“Tá bom, eu gostei de duas
músicas.” Seu sorriso se alargou. Convencido.
“Quais eram?”
“Eu sei lá, eu não sei o
nome.”
“Então canta para mim.”
“Eu não lembro.” Mentira. A
música que eles haviam tocado com Josh estava presa na minha cabeça, mas eu não
poderia dar à ele esse luxo.
“Nossa, mas você é chata,
hein?”
“Nossa, mas você é chato,
hein?” imitei-o, com escárnio. “Agora é sua vez.”
Quando percebi, estávamos
caminhando juntos em direção à cidade.
“Porque eu quis.”
“Eu não quero uma desculpa
esfarrapada” reclamei. “Eu quero a verdade.”
Ele parou de andar e olhou
para mim, com os braços atrás das costas.
“A verdade?”
“A-ham.”
Alex fez uns sons estranhos
antes de começar a hesitar em responder. Tornei a bocejar, explicitando meu
desinteresse.
“Bom... Eu vi a forma como
você olhava para ele naquele dia, e eu sei que não deu tempo de falar tudo o
que você queria porque você provavelmente estava nervosa, então eu o chamei.
Era para ser uma surpresa.”
Congelei e minha respiração
falhou por um minuto. Ele só podia estar de brincadeira.
“Acredito mais na
primeira...”
“É sério!” assumiu. “Eu
queria fazer uma surpresa.”
“Além da que eu tive quando
pisei nesse lugar? Bom, pelo menos compensou” falei, sendo o mais sincera possível.
“Se isso for verdade e você não inventou essa desculpa de última hora só para
flertar comigo, obrigada.”
“Disponha” disse,
pretensioso. “Mas, e então, você vai querer dar uma volta comigo, como eu pedi
hoje mais cedo?”
“Acho que já estamos fazendo
isso.”
“É” refletiu. “Às vezes eu
me esqueço de que nem toda resposta é dada em voz alta.”
***
N/A: Ok, antes de vocês irem, vamos deixar algumas coisas claras por aqui.
1. Essa é a roupa da Marine: http://www.polyvore.com/what-f_cking-ever/set?id=143424810
2. Eu sei, o capítulo ficou enorme, teve muita troca de POV, mas eu me empolguei e sabia que não ia dar certo adiar mais um capítulo para esse show tão esperado. Não deu tempo de revisar, então me desculpem qualquer repetição de palavra e blá blá blá.
3. Fiquem sabendo que só continuei porque também estou postando no Spirit e as leitoras de lá COMENTAM. Não estou dizendo que aqui não acontece o mesmo, mas puta merda galera, recebo em média 60 visualizações por capítulo, talvez até mais, e só acabo recebendo dois comentários. Isso é chato, poxa, é a única coisa que peço de vocês. Além disso, quando comentam, vocês me ajudam a perceber o que eu preciso melhorar, o que precisa ser deletado, o que precisa continuar. Eu sei que ninguém aqui gosta de comentar, mas qual é, o dedo de ninguém vai cair.
Não comecem com essa de que eu tô de cu doce, porque eu não tô. E se for pra ser leitora fantasma, não precisa ficar mais um segundo aqui.
4. Se você for leitora fantasma e vier comentar só agora, entenda que eu não vou te xingar, mas vou te agradecer por finalmente ter comentado.
Enfim, era isso.
Bjos, Gi.
Descobri sua fic e to apaixonada/ viciada
ResponderExcluirMega curiosa pra ver no que vai dar
Beijinhos <3
Aaaaaahhh cara, muito obrigada! Pode deixar que vou fazer o possível pra continuar rapidão.
Excluirbeijo, gi. <3
Eu amo essa fanfic, sério, é uma das minhas preferidas aqui, se eu pudesse comentar por todas as leitoras fantasmas só pra te deixar mais animada eu faria isso hahahahahah amei esse capítulo e morro cada vez mais de curiosidade pra saber o que vai rolar...
ResponderExcluirkalkkajdkhfkkajkhdjnshjdjshjnsdjh a socorro!!!!1 obrigada querida. vou tentar postar bem rapidinho, ok? <3
ExcluirSabe, eu ainda to me sentindo idiota por não te me tocado que era o quarto 505 :S
ResponderExcluirE desculpa não ter comentado antes amor, é que eu fiquei um tempo sem ter entrado no pc, eu sei que você já postou outro capítulo ( que inclusive eu já to indo ler ;) )
Bem, o que posso dizer? Você sabe que eu amo detalhes e tem frases demais que eu poderia citar, então ficaremos com essa: “Eu? Nada. O que você faz aí em cima?”. Ai ai, morro com esse Alex desajeitado auhsuauahs Eu inclusive fiquei imaginado ele sujo que ketchup porquê não tinha guardanapo hahaha.
Mas ele é um fofo tentando conquistar ela, nem que seja trazendo um outro cara que ela goste.
E quem não amaria se dedicassem I bet you look good on the dance floor pra você? Marine, aparentemente, mas ok, eu também gosto de Dance Little Liar <3 auhsua
Enfim, meu comentario tá gigante, mas vale pela demora. Amei o cap, bjs, Ana.
Outra carente como a minha Bábsita!? awwwwwwwwwwwwn
ResponderExcluirEu andei afastada do blog pq tava sem computador, Gi but NOW I'M BACK BITCHEEEEEEEEEEES vou comentar tanto nessa porra que vocês vão me mandar calar os dedos! ashaushau
Menina, eu tô amando a fanfic, tô até com medo do que vem pela frente pq eu sei que você já quase finalizando ela #SOS (espero só que vc não tenha matado a Lexa pra eles ficarem juntos numa boa ashaushaus). Adorei os povs (quero de todos os meninos!).
Enfim, NEXT ATT >>>>>>>>>>>>